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7.2 Microciclo padrão

9 CONTROLO DA ATIVIDADE

No processo de treino, a observação assume-se como uma capacidade essencial na análise e avaliação das prestações dos jogadores e das equipas e, como tal, na própria atividade do treinador, permitindo-lhe receber informação das prestações dos jogadores e da equipa no sentido de contribuir para o melhoramento dos mesmos (Aranha, 2007). Achamos importante que a observação deve ser seguida de um momento de reflexão daquilo que observamos. Neste sentido, os momentos de reflexão estiveram presentes diariamente através da realização de relatórios de treino. Nestes relatórios tivemos como objetivo avaliar as prestações dos jogadores em todos os treinos, no que se refere ao empenho, motivação, concentração, espirito de sacrifício, bem como a aspetos tático- técnicos.

Assim sendo, para percebermos a qualidade do nosso trabalho, para além dos relatórios de treinos, fizemos outros tipos de controlo da atividade no que se refere: avaliações individuais dos jogadores nas componentes táticas, técnicas, físicas, sociopsicológicos e avaliações coletivas; observação dos nossos jogos do campeonato; gestão dos tempos dos microciclo de treino; tempo total de treino e de jogo realizado por jogador.

No início e no final da época fizemos uma avaliação individual dos jogadores (anexo 1) e uma avaliação coletiva da equipa (anexo 2) com o objetivo de analisar a evolução dos jogadores e da equipa a todos os níveis, comparando depois os resultados obtidos no final da época com os resultados retirados no início da época e percebermos em que aspetos houve ou não evolução. A avaliação final realizou-se sete meses após termos realizado a avaliação inicial. Em cada situação do jogo foram registadas as situações nas quais os jogadores e a equipa tiveram insatisfatório, satisfatório e excelente nas suas ações. A avaliação individual dos jogadores foi realizada através da observação direta em contexto de jogo reduzido GR+4x4+GR, numa estrutura em losango (GRx1x2x1) e num espaço de 30x25m. A avaliação coletiva da equipa foi realizada através da observação direta no primeiro jogo do campeonato num sistema tático GRx2x3x1.

As semanas de treino foram preparadas com base na observação que fazíamos dos nossos jogos (anexo 3), onde registávamos os comportamentos bons e menos bons que a equipa manifestou no jogo e, partindo destes registos, planeamos o ciclo semanal de treino com o objetivo de melhorar as fragilidades que tivemos nesse jogo. Além disso, para a avaliação da performance da equipa, também procedemos ao registo de alguns dados quantitativos tais como: número de golos marcados, de remates (remates bem sucedidos e mal sucedidos), de cantos. Durante a semana de treinos, pretendíamos sempre trabalhar o nosso modelo de jogo, sem descurarmos a nossa forma de jogar em função do adversário, mantendo os nossos princípios do início ao fim do jogo. Assim, cada ciclo de treino foi planeado em função do jogo anterior.

Na observação feita à nossa equipa, procuramos observar em que momento (os) teve mais dificuldades, quer a defender, quer a atacar ou a transitar. Privilegiamos a observação coletiva da equipa, mas como a dinâmica coletiva é realizada através de comportamentos individuais de cada jogador, que na sua interação originam a dinâmica da equipa, acabamos por observar as prestações individuais dos jogadores principalmente no que toca ao posicionamento e as missões que tinham que realizar dentro do terreno de jogo, bem como o seu estado mental e físico.

O controlo dos tempos de treino (anexo 4) também foi para nós um especto pertinente no processo ensino-aprendizagem porque permitiu-nos, por um lado ter uma noção acerca do tempo que os jogadores estão em atividade de um modo geral, refletindo sobre as implicações metabólicas, técnicas, táticas e psicológicas dos jogadores, sendo que diferentes tempos aplicados ao mesmo exercício proporcionam diferentes adaptações. Por outro lado, permitiu-nos refletir sobre as formas de exercício (complementar, fundamental fase I, fundamental fase II, fundamental fase III) mais privilegiadas por nós durante os treinos. Todos os exercícios realizados foram em contexto de jogo, embora de formas diferentes de jogo, sendo que pretendíamos utilizar exercícios, cujas suas estruturas estivessem o mais próximo possível do nosso jogo. Na grelha elaborada por nós, verificou-se que os exercícios com a forma fundamental fase II e fase III, foram aqueles que em média mais tempo tiveram em cada microciclo.

Demos mais importância a estas formas porque são aquelas que estão mais próximas do jogo real, ou seja, todos os momentos de organização (organização ofensiva, organização defensiva e transições ataque-defesa e defesa-ataque) estiveram bem patentes no jogo, respeitando a essência do jogo de cooperação e oposição. Cremos que estes exercícios são os mais motivadores para os jogadores visto que eles gostam de competição, de fazerem muitos golos, divertindo-se e criando o espírito de grupo no jogo.

De acordo com o estabelecido pelo clube, as sessões de treino tiveram um tempo teórico de 75 minutos (das 19.00h às 20.15h), verificando-se que na prática esse acordo não foi possível ser comprido, existindo por vezes um desfasamento com o tempo prático, derivado a condicionantes tais como o número insuficiente de jogadores, sendo necessário esperar que aparecesse um número considerável de jogadores para que o treino tivesse alguma dinâmica. Em média calculou-se que o tempo útil total de treino global foi de 63 minutos, acabando por estar em consonância com o tempo total (60 minutos) de jogos realizados para o campeonato em que estávamos inseridos. O tempo útil total de treino global foi calculado pelo tempo total de prática menos o tempo total em inatividade, visto que se perdeu em média 10 minutos por treino para a construção dos exercícios, instruções dos exercícios e beber água. No que respeita ao tempo dedicado ao retorno à calma, gastou-se em média três minutos com alongamentos que se realizaram no final de cada treino e que são fundamentais para uma melhor recuperação do jogador.

Durante a época desportiva, fizemos o registo da assiduidade dos jogadores, com o intenção de obter o tempo total de treino (anexo 5) realizado por jogador ao fim da época desportiva, de forma a verificar se a evolução dos jogadores se fazia acompanhar da sua presença aos treinos. O cálculo do tempo total de treino por jogador foi feito pelo seu número de presenças total de treinos a multiplicar pela média do tempo útil de treino global (63 minutos). Além disso, fizemos também o registo de minutos total de jogo por jogador (anexo 5), indo, deste modo, ao encontro dos nossos objetivos gerais para a época desportiva: Permitir que os jogadores tivessem experiências competitivas a nível federado; Desenvolver uma cultura tática dos jogadores, tornando-os autónomos em campo, preparando-os, deste modo, para o próximo ano competitivo e incutir nos jogadores atitudes e valores sociais e humanos

10 - CONCLUSÃO

No final deste relatório de estágio, podemos afirmar que o desenvolvimento deste trabalho foi muito enriquecedor, pois permitiu-nos aprender novos conceitos e novas formas de aprendizagem. O trabalho realizado durante uma época desportiva ao serviço dos infantis C do Moreirense FC foi uma experiencia que nos amadureceu como treinadores de futebol. Apesar de todas as adversidades, foi muito gratificante, pois permitiu-nos aprender e evoluir muito. A confrontação com os problemas do dia-a-dia, tornou-nos mais fortalecidos a nível pessoal e profissional, estando mais preparados para resolver futuramente certos problemas com mais facilidade. Além disso, foi incrível o conhecimento adquirido ao contactar com os jovens jogadores, na forma como tínhamos de lidar com eles e com os pais quando estes estavam insatisfeitos com algo relacionado com os seus filhos nos treinos e jogos. O contacto com outros treinadores também nos amadureceu profissionalmente através da troca de ideias sobre o treino de futebol. A vontade de querermos realizar um bom estágio e de sabermos sempre mais, fez-nos desenvolver competências ao nível da organização, planificação, gestão em geral dos treinos mas essencialmente melhoramos muito ao nível da intervenção antes da prática (demonstrações e explicações dos exercícios), durante a prática (feedbacks) e após a prática (análise da prática). Ficamos mais preparados para desenvolver estratégias adequadas de modo a transmitir aos jogadores o que pretendemos deles, relativamente a tudo que esteja relacionado com o processo de treino.

No processo de formação de jogadores, sentimos que não podemos implementar a nu e cru a nossa forma de jogar, sem antes perceber as características dos mesmos jogadores. Assim sendo, tivemos que conhecer muito bem as capacidades e particularidades de cada jogador e adaptarmos as nossas ideias de jogo aos jogadores que tínhamos. Nem sempre temos os jogadores que desejaríamos treinar e, por isso, temos que nos ajustar aos seus níveis de prática, nunca exigindo deles aquilo que eles não podem dar. Assim, aprendemos que de nada nos serve sistematizar ideias se depois não as conseguimos por em prática. Ou seja, para criarmos uma forma de jogar, teremos que ter jogadores com determinadas características e capacidades.

Retemos ainda deste trabalho que a escolha dos jogadores para jogo, é um momento de muita reflexão, pois temos de em conta determinados aspetos que irão conduzir a equipa ao sucesso, levando-nos a crer que a condução de uma equipa de futebol é um acontecimento sensível que merece ser devidamente pensado e avaliado.

O processo ensino-aprendizagem pressupõe que tenhamos uma intervenção consciente, apoiado em conhecimentos científicos atualizados sobre os diversos domínios que o compõem. Deste modo, partilhando com Garganta (1987) a ideia que o futebol assume-se como um fenómeno dinâmico que requer uma boa compreensão tática, de tal forma que um jogador competente a nível técnico poderá não o ser ao confrontar-se com um adversário, levou-nos a refletir sobre a metodologia e os seus meios a utilizar no nosso processo ensino-aprendizagem. Assim sendo, os jogos reduzidos foi a ferramenta base de todo o nosso processo de formação de jovens jogadores. A manipulação das variáveis (espaço, tempo, número de jogadores e tarefa) dos exercícios, com o devido respeito pela lógica interna do jogo e pelos princípios da especificidade e complexidade tática crescente, permitiram o sucesso deste estágio. A interação de todos estes fatores permitiram-nos definir, direcionar e modificar o processo de formação e desenvolvimento dos jogadores.

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