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Capítulo IV – Aplicação dos princípios na prática pedagógica

4.1 Aplicação de fundamentos e análise de resultados

4.1.1 Controlo do fole – dinâmicas e articulações

- Vídeo 1.1 – Controlo do fole (16-01-15): Antes TA - Vídeo 1.2 – Controlo do fole (18-06-15): Antes TA - Vídeo 1.3 – Controlo do fole (18-06-15): Após TA

As experiências abaixo descritas foram desenvolvidas ao longo da aula nº 30 e de uma aula extracurricular, dias 16 de janeiro e 18 de junho, respetivamente. Na aula nº 30 foram gravados dois vídeos: um antes da aplicação dos princípios da Técnica Alexander e outro após. Pelo facto de os vídeos terem sido gravados com má qualidade sonora, as diferenças de execução do aluno não foram percetíveis, apesar de se terem revelado ao vivo. Decidi não fazer uma comparação entre ambos os vídeos neste projeto de investigação, tendo, portanto, ocultado o vídeo referente aos exercícios após a aplicação dos princípios. Pelo sucedido, optei, posteriormente, por

regravar o aluno numa aula extracurricular, com o mesmo tipo de exercícios. Foi utilizada a gravação da primeira sessão (execução do aluno antes da aplicação dos princípios) como meio de comparação com as gravações da aula extracurricular, de forma a conferir-se a evolução do aluno a longo prazo.

Em ambas as aulas, o aluno foi solicitado a executar um conjunto de exercícios presentes no manual Technique I, de Claudio Jacomucci (figura 30). Estes exercícios são caracterizados por variadas articulações de fole, com diferentes aberturas, dinâmicas e durações de notas. Têm como principal objetivo o natural controlo do fole, através de uma maior constância de movimento do braço esquerdo e duma tomada de consciência propriocetiva da quantidade de esforço necessária. Solicitei que executasse os exercícios conforme representados na partitura, para os quais não revelou grandes dificuldades.

Figura 30 - Exercícios de controlo do fole - dinâmicas e articulações. Aula nº30 – 16 de janeiro de 2015 (vídeo 1.1)

Nesta aula, foram executados os exercícios 1a, 1b, 2a, 2b, 2c, 3a, 3b e 3c. A execução inicial foi algo controlada, apesar de revelar, por vezes, indícios de desconhecimento das reais capacidades técnicas do fole. Senti falta de controlo do mesmo num grande âmbito de dinâmicas, nomeadamente no movimento gradual em crescendo e diminuendo e durante aberturas de fole maiores, realçadas com pequenos indícios de desconforto corporal. Tecnicamente, o aluno parece conseguir dominar razoavelmente o fole somente em dois aspetos: menos força de braço; mais força de braço. Claramente possui menor controlo do fole na execução dos exercícios a fechar. É de notar, em vários pontos (por exemplo, 2:19), que o aluno sente mais dificuldades em dominar o instrumento, principalmente no impulso de fechar o fole. O instrumento não se encontra totalmente estabilizado no seu corpo, não havendo uniformidade de forças e equilíbrio. O som produzido possui inconsistência em termos de dinâmica e o ataque é impreciso. Em 2:29, observa-se um conjunto de contrações do ombro esquerdo sempre que o fole é impulsionado. Em certa parte, este movimento poderá ser atenuado. O mesmo corresponde a uma sensação de contração muito interiorizada, não necessária a um impulso de fole do caráter

apresentado. Estas contrações poderão estar, igualmente, relacionadas com uma má utilização do Controlo Primário.

Foi feito, em seguida, um trabalho de inibição de tensões com o acordeão, direcionado para os exercícios em questão. Pedi que libertasse tensões no pescoço e que sentisse uma expansão desde a cabeça ao cóccix. Ao colocar-lhe a minha mão esquerda sobre o seu ombro esquerdo e a mão direita na parte superior das costas, solicitei que executasse novamente alguns dos exercícios, focando-se no Controlo Primário e na expansão das zonas referidas. O aluno relatou sentir-se melhor e mais confortável, no entanto, ao voltar a executar os exercícios sozinho, notei que retornou às suas sensações anteriores, contraindo o ombro e o pescoço em impulsos de fole fortes. Ainda assim, foram notadas algumas melhorias, nomeadamente nas viragens de fole constantes (3a) e na progressividade dos crescendos e diminuendos (1a, 1b).

Aula extracurricular – 18 de junho de 2015 (vídeos 1.2 e 1.3)

Nesta aula, foram executados os exercícios 1a, 1b, 2a, 2b, 2c, 3a e 3c. Naturalmente, ao abordar diferentes questões técnicas e artísticas durante várias aulas, o aluno começa a revelar um melhor domínio do instrumento no seu todo. No vídeo 1.2, apesar de serem visíveis algumas tensões corporais em momentos específicos de dificuldade técnica, consegue mostrar, em relação ao vídeo da aula de 16 de janeiro, maior confiança na busca do som pretendido. Os crescendos e diminuendos são conseguidos de forma mais natural e gradual, assim como as viragens de fole. O aluno adquiriu, também, um maior âmbito de sonoridades com o instrumento, compreendendo agora mais dinâmicas. Esta aquisição de novas competências técnico-artísticas deve-se muito, na minha opinião (e ao visualizar os vídeos), a uma maior fluidez de movimentos corporais. Sente-se uma melhor conexão entre o aluno e o instrumento, em relação a aulas passadas. Aparenta um melhor uso do Controlo Primário, embora este se deteriore em momentos que exijam mais força do braço esquerdo (viragem de fole acentuada e dinâmicas fortes).

Após trabalho na posição de repouso construtivo, onde apliquei algumas ideias sugeridas pelo professor Pedro Couto Soares61, seguimos com uma abordagem dos exercícios focada nos princípios base da Técnica Alexander. Solicitei ao aluno que, durante a execução dos mesmos, pensasse “para cima e para a frente” e libertasse tensões no pescoço, alongasse as costas e soltasse mais o ombro esquerdo, responsável pela abertura do fole. Foram visíveis grandes melhorias na qualidade de som e controlo do instrumento, nomeadamente a partir do exercício 2c (vídeo 1.2, 1:28; vídeo 1.3, 1:44). O aluno consegue manter uma melhor constância sonora em qualquer dinâmica. É de notar maior unificação e conforto corporais, assim como um melhor uso do Controlo Primário. No vídeo 1.3 (2:02), o aluno revela um ótimo domínio das viragens de fole, notando-se boa uniformização das dinâmicas do acorde

em ambos os movimentos. No mesmo vídeo, (2:23), o aluno revela um controlo mais preciso de articulação com o fole (em comparação com o vídeo 1.2, 2:13). Consegue maior definição nos ataques dos acordes e dos silêncios, através de movimentos mais eficientes e maior estabilidade postural.

4.1.2 Bellows shake e Ricochet