3. PROGRAMAS OPERACIONAIS
3.2. PROGRAMA DE GESTÃO DA PRODUÇÃO LENHOSA
3.2.3. Controlo de Invasoras Lenhosas
O controlo das espécies invasoras impõe uma seleção de metodologias mais adequadas para cada espécie, sendo este controlo mais eficaz quando a invasão das espécies é controlada nos estágios iniciais (Marchante et al., 2014). As ações no terreno requerem um adequado planeamento onde devem ser incluídas a delimitação da área invadida, a identificação das causas da invasão, a avaliação dos impactes, a definição de prioridades (quer em relação às espécies quer em relação às áreas a intervir), uma avaliação das metodologias de controlo mais adequadas e sua correta aplicação, e posterior monitorização da recuperação da área controlada. Independentemente da metodologia de controlo utilizada, esta deve sempre envolver 3 fases sequenciais:
Cedro-da-Madeira (Juniperus maderensis)
• Espécie rara na ilha da Madeira que contribui para a biodiversidade e qualidade cénica da paisagem dentro do PECOF.
• Apesar de ser uma espécie que está adaptada a zonas acima dos 1400 metros, pode ser plantada a cotas inferiores em áreas com temperaturas moderadas e disponibilidade de água.
Nesse sentido, os objetivos de gestão no controlo das espécies invasoras são os seguintes:
Reduzir a área ocupada e manter controladas as densidades de plantas invasoras com especial atenção nas áreas de recreio e lazer, e nas áreas destinadas à conservação da diversidade florística ou faunística ou onde houver a presença de espécies raras e nas áreas de recreio e lazer;
Limitar e priorizar o combate nas manchas colonizadas e impedir a dispersão das invasoras para áreas não afetadas;
Proteger as linhas de água (galerias ripícolas) da colonização por plantas invasoras ou intervir para controlo;
Intervir, de forma gradual, nas áreas com elevado risco de erosão;
Intervir em zonas de acesso às matas e nos percursos pedestres de modo a melhorar a visibilidade e a qualidade cénica da paisagem.
A metodologia de controlo das plantas invasoras a adotar em cada talhão/parcela de intervenção será selecionada tendo em conta os seguintes critérios:
A dimensão, características e respostas fisiológicas das espécies:
A sensibilidade da área a intervir (conservação, proteção, declive, erosão, etc.);
Custos inerentes ao processo.
Uma vez que muitos dos núcleos das espécies invasoras desapareceram com a passagem do fogo, especialmente nos casos de Cytisus scoparius e Ulex spp., é importante referir que, nestes e noutros casos, sempre que possível, será privilegiado o arranque manual das plântulas e indivíduos mais jovens, procedendo-se posteriormente à cobertura do solo com estilha
• Visa a redução drástica das populações, sendo a fase que normalmente implica custos mais elevados.
Controlo
inicial
• Acompanhamento das áreas controladas, para deteção e controlo da regeneração (por rebentamento de touça ou raíz, germinação da semente, etc.).
Controlo de
seguimento
• Visa o controlo eficaz de focos esporádicos da espécie invasora a longo prazo.Controlo de
manutenção
proveniente do material lenhoso destroçado. A regeneração natural de espécies autóctones deverá ser salvaguardada.
O recurso a fitofarmacêuticos de controlo de plantas invasoras, devido ao impacto negativo que poderão apresentar, nomeadamente na contaminação do solo, recursos hídricos e nas cadeias tróficas de fauna selvagem e doméstica, não será uma opção dentro do PECOF.
Para cada espécie alvo foi selecionado um conjunto de metodologias de controlo: o Cytisus scoparius e Ulex spp.
O controlo será realizado de acordo com as condicionantes dos locais e o estado de desenvolvimento das plantas, dando-se prioridade ao arranque manual por desenraizamento, nos casos das plântulas e indivíduos mais jovens. No caso dos indivíduos de maior porte deverão ser cortados junto à base com recurso a equipamentos mecânicos ou manuais, com o destroçamento do material cortado.
o Acacia spp.e Eucalyptus globulus
O controlo destas espécies terá diferentes abordagens que podem variar de acordo com as caraterísticas do terreno e o estado de desenvolvimento da planta. Plântulas e indivíduos mais jovens serão eliminados manualmente, por desenraizamento, enquanto as árvores de maior porte poderão ser preferencialmente descascadas, ou então cortadas junto à base com recurso a motosserras e posterior destroçamento do material lenhoso. Para estas espécies, em áreas onde o corte pode implicar efeitos colaterais ou em zonas ecologicamente sensíveis, deverá proceder-se apenas ao descasque, sem aplicação de herbicida. Este deverá ser realizado desde o local da incisão até ao solo e não deve permanecer nenhuma porção de casca ou de câmbio vascular em toda a parte descascada, desde o corte até ao solo, de forma a evitar que a árvore refaça a casca e sobreviva. O descasque deverá ser feito numa época em que as condições sejam favoráveis ao crescimento (normalmente temperaturas amenas e humidade) para que o câmbio vascular esteja a produzir células ativamente e seja assim mais fácil efetuar a remoção da casca. Em situações pontuais nos descasques poderão surgir rebentos na touça que deverão ser removidos antes de se efetuar o corte. É também importante que não permaneçam árvores adultas produtivas não controladas nas proximidades, sendo que existe a possibilidade de contacto entre raízes facilitando a sobrevivência das árvores que foram descascadas. O objetivo desta técnica é o de matar a árvore de pé, podendo este processo demorar algum tempo. Só se deverá proceder ao corte final quando a árvore estiver totalmente seca.
As ações de controlo de plantas invasoras impõem a implementação de um programa de acompanhamento e monitorização das áreas intervencionadas que deverá detetar e corrigir eventuais desvios e facilitar o sucesso dos resultados finais.
As técnicas a adotar nas ações de controlo dentro do PECOF destinadas a uma ou mais espécies de plantas invasoras estão resumidas na Figura 41 de acordo com o enquadramento que estas espécies têm no terreno.
A prevenção, sendo uma componente fundamental de um plano de gestão de invasoras deverá ser feita nos seguintes moldes:
Detetar precocemente novos focos de plantas invasoras através da inspeção periódica dos locais onde seja mais provável elas aparecerem (ex.: bermas da rede viária, áreas ardidas, zonas ripícolas, atividades que possam servir como entrada de espécies invasoras como o viveiro, e em locais onde foram controladas ou existiam antes dos incêndios);
Limitar a dispersão de invasoras evitando o transporte de sementes (equipamentos, nos veículos e pessoas ou transporte de solo);
Em zonas sujeitas a controlo de invasoras lenhosas deverá ser garantida a proteção da regeneração natural das espécies de interesse ecológico no sentido de garantir um elevado nível de ensombramento no solo;
Proceder à verificação dos impactos das operações realizadas na vegetação que se pretende proteger avaliando a sua sanidade e capacidade de regeneração;
Levar a cabo operações de reflorestações após a ocorrência de fogos florestais ou cortes;
Desenvolver iniciativas de sensibilização e de divulgação no sentido de facultar os visitantes do Parque (turistas, comunidade local, stakeholders, etc.) informação sobre métodos de prevenção, e dar a conhecer os trabalhos de controlo de invasoras que estão a ser aplicados no PECOF.
Controlo Inicial Descasque Corte moto-manual ou
mecânico
+
Arranque manual das plantas de menor porte
Controlo de Seguimento& Descasque + Corte + Arranque manual das plantas de menor
porte
Controlo de Manutenção
Corte ou Descasque
+
Arranque manual das plantas de menor porte
Tipologia da
Mancha Técnicas de Intervenção
Figura 41– Técnicas de intervenção para o controlo das plantas invasoras presentes no PECOF. Controlo Inicial
Corte moto-manual ou mecânico
Controlo de Seguimento& Corte moto-manual ou mecânico Fogo controlado Controlo Inicial Descasque Indivíduos isolados Núcleos de dimensões reduzidas Secagem total 6 Meses# 6 Meses# 1 Ano# Manchas contínuas* Indivíduos arbóreos
adultos sem feridas na casca
1 Ano#
Corte Final