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3. PROGRAMAS OPERACIONAIS

3.2. PROGRAMA DE GESTÃO DA PRODUÇÃO LENHOSA

3.2.1. Intervenções/Ações a Realizar

Atendendo às diferentes situações identificadas quanto ao tipo de coberto florestal e aos objetivos de gestão pretendidos pelo PECOF, da qual deram origem à delimitação de parcelas associadas a cada talhão, enuncia-se o conjunto de ações a desenvolver para cada caso em particular.

3.2.1.1. Reconversão de Povoamentos de Espécies Invasoras

As áreas sul do PECOF, perto da casa do Barreiro, são dominadas por povoamentos queimados de acácia e eucalipto em simultâneo com alguma regeneração natural de espécies autóctones (Parcelas A1.1 e A1.2). Está objetivado a reconversão destas áreas em povoamentos de elevada densidade de espécies folhosas, ecologicamente adaptadas, e com menor inflamabilidade e maior resiliência ao fogo como a faia-das-ilhas (importante para o efeito de ensombramento e consolidação do terreno), o loureiro, o castanheiro e a nogueira, reduzindo assim a possibilidade de ocorrência de incêndios florestais (modelos de silvicultura – Tabelas 38 e 39).

Atendendo à importância estratégica que estas áreas possuem em termos de proteção contra incêndios, como também a nível paisagístico, a sua reconversão será prioritária. Durante o primeiro ano irá ser realizada a redução progressiva da mancha florestal de invasoras, realizando de imediato a plantação. Nos anos subsequentes à plantação serão realizadas a reposição de falhas, operações de limpeza e a monitorização e controlo de rebentação e de regeneração de acácias e eucaliptos (ver ponto 3.6.). Sempre que surjam exemplares de espécies de interesse ecológico deverão ser mantidos.

As intervenções no controlo da vegetação espontânea deverão assumir um carácter seletivo, apenas nas linhas de plantação, por meios motomanuais ou mecânicos (dependendo do declive), no sentido de fomentar a proteção do solo, a proteção contra agentes erosivos e agentes bióticos, e na conservação/fomento da biodiversidade.

3.2.1.2. Reflorestação das Áreas Atualmente Desarborizadas

Áreas muito afetadas por incêndios florestais desde 2010 e que, devido aos trabalhos de corte, limpeza e remoção do material vegetal ardido, encontram-se presentemente sem vegetação arbórea (parcelas A2.1, A2.2, A2.3, A2.4, A2.5, A2.6 e A2.9). Os objetivos fundamentais para estas áreas são a recuperação do coberto vegetal através de plantações de espécies autóctones folhosas e algumas exóticas de interesse ecológico, e o controlo de espécies invasoras lenhosas. Nas encostas ao redor da Ribeira das Cales (Parcela A2.2) irão ser privilegiadas espécies

autóctones adaptadas a zonas de vale e ensombradas como o folhado, o vinhático, o til, o loureiro, a faia-das-ilhas e a urze. No sentido de evitar um efeito artificial na paisagem na instalação destes povoamentos mistos, a mistura entre espécies, especialmente nas encostas mais húmidas desta área, será realizada em quincôncios aplicado em curva de nível, seguindo um padrão aleatório, evitando-se a plantação pé a pé ou em linhas alternadas, podendo proceder-se à criação de mosaicos com várias manchas monoespecíficas. Nos locais onde surge regeneração natural de espécies de interesse ecológico estas serão mantidas e privilegiadas em relação à plantação.

As Parcelas A2.1, A2.3 e A2.5 são áreas importantes no PECOF em termos de representatividade de área e em termos paisagísticos, muito expostas aos visitantes do Parque, e inclusive, ao centro da cidade do Funchal. Nesse sentido será implementada uma floresta mista com espécies indígenas e exóticas folhosas adaptadas a climas de montanha como o loureiro, a faia-das-ilhas, o castanheiro e a nogueira (modelo de silvicultura – Tabela 38). Estas últimas espécies serão privilegiadas nas zonas mais frescas de vale. Serão usados compassos de plantação adaptados às espécies em questão e seguindo as orientações do PROF-RAM, aplicados em curvas de nível, considerando o estado de degradação em que o solo se encontra e as suas baixas taxas de infiltração. No entanto, podem existir áreas onde a presença de terreno pedregoso ou mais instável, não permitam os espaçamentos sugeridos para estas espécies. São áreas com alguma regeneração natural e, em certas partes, com exemplares de plantas autóctones (basicamente loureiro e faia-das-ilhas) originários de projetos de reflorestação executados antes dos incêndios florestais de 2010 e 2016, que sobreviveram aos mesmos. Novamente, sempre que surja regeneração natural de espécies de interesse ecológico e exemplares de projetos de reflorestação antigos, estes serão mantidos e privilegiados em relação à plantação.

A Parcela A2.8, em tempos caracterizada por apresentar um povoamento puro de cipreste, está presentemente sem cobertura vegetal devido aos incêndios florestais. Os objetivos do Parque para esta área são o de aproveitar e gerir a forte regeneração natural desta espécie (modelo de silvicultura – Tabela 42) e de outras de interesse ecológico lá representada e o controlo de espécies invasoras lenhosas.

Ao longo da estrada que liga o portão sul ao portão norte do PECOF serão instaladas faixas com castanheiro (Parcela A2.6; modelo de silvicultura – Tabela 39) até à altitude máxima recomendada para esta espécie (1300 metros), sendo, em altitude mais elevadas, substituído pelo loureiro (Parcela A2.9; modelo de silvicultura – Tabela 38). Tendo em conta que se trata de uma estrada tipicamente muito requisitada pelos visitantes, estas faixas terão como objetivos o melhoramento da qualidade cénica da paisagem e a redução do risco de incêndios florestais. No

seguindo um padrão aleatório, evitando-se a plantação pé a pé ou em linhas alternadas. A regeneração natural, como também a vegetação autóctone de projetos de reflorestação aplicados no passado, serão salvaguardadas. O controlo da vegetação espontânea será efetuado com maior regularidade em toda a área destas parcelas.

Nas encostas declivosas desarborizadas a Oeste do Parque (parcela 2.4), de forma a fomentar a estabilização e o encobrimento do solo, serão executados trabalhos de adensamento/plantação, onde acessível, de piorno por sementeira (espécie com boa adaptabilidade a escarpas rochosas e com boa capacidade de cobrir áreas com espécies invasoras), de azinheira e de urze (modelo de silvicultura – Tabela 41). Serão igualmente efetuados trabalhos regulares de controlo de invasoras lenhosas.

Na grande maioria destas áreas o controlo da vegetação espontânea deverá ser realizado de modo seletivo, em faixas ou apenas ao redor da planta, por meios motomanuais ou mecânicos (dependendo do declive), favorecendo a proteção do solo, a proteção contra agentes erosivos e agentes bióticos, e a conservação/fomento da biodiversidade.

3.2.1.3. Condução de Pinhais, Soutos e de Outras Resinosas

As intervenções a realizar nestas parcelas/talhões (A3, A4, A5.1, A5.2, A5.3) enquadram-se no processo habitual de condução de povoamentos (jovens e adultos) de pinheiro-bravo, castanheiros, Pinus radiata e de ciprestes, com a concretização de desramações como medida de proteção contra incêndios e segurança dos visitantes do Parque, podas fitossanitárias, controlo da vegetação espontânea em faixas, e o controlo de invasoras lenhosas (modelos de silvicultura – Tabelas 37, 39 e 42)

A regeneração natural das espécies em questão, como também outras de interesse ecológico, deverá ser acautelada.

3.2.1.1. Gestão dos Urzais

Estas áreas podem ser divididas, no que à gestão diz respeito, em 3 grandes áreas:

 Urzais em recuperação

Trata-se na sua maioria de áreas enquadradas em área protegida, nomeadamente no Sítio do Maciço Montanhoso Central da Rede Natura 2000, atingidas pelo incêndio de 2010 (Parcelas B1.1, B1.2, B2.1 e B2.3). As intervenções nestas áreas serão, portanto, reduzidas baseando-se apenas no controlo pontual e seletivo de espécies invasoras lenhosas (basicamente giesta e carqueja), e no adensamento de pequenas áreas com espécies autóctones típicas deste tipo de ecossistemas. Efetivamente, na Parcela B1.2, o adensamento a realizar irá privilegiar a introdução da sorveira e da uveira-da-serra (modelo de silvicultura – Tabela 43) através da implementação, seguindo um padrão aleatório, de pequenos núcleos, no sentido de garantir uma maior representatividade destas espécies, de aumentar a biodiversidade, fomentando, igualmente, a recuperação de espécies raras e consideradas de extrema importância não só para o PECOF, como também para a Região.

 Urzais ardidos

A recuperação destes urzais será efetivada através da plantação de piorno (Teline maderensis e Genista tenera) e o estabelecimento, de modo aleatório, de pequenos núcleos de uveira-da-serra e sorveira (Parcela B1.3; modelo de silvicultura – Tabela 43). A regeneração natural do urzal e de espécies de interesse ecológico será acautelada. Será indispensável que as operações de controlo de infestantes sejam garantidas (basicamente em giesta e carqueja), certamente com diferentes intensidades e de modo pontual, nos anos subsequentes à realização das plantações.

 Urzais em áreas com declives muito acentuados

Áreas com difícil acesso (Parcelas B3.1, B3.2, B4.1, B4.2) onde, sempre que possível, e tirando partido das acessibilidades existentes através dos percursos pedestres, irão ser realizados trabalhos de controlo de invasoras lenhosas e adensamentos com piorno (sementeira). A regeneração natural de espécies ecologicamente relevantes será salvaguardada nas áreas intervencionadas.

3.2.1.2. Beneficiação de Áreas de Enquadramento

Nas parcelas que englobem infraestruturas de recreio e lazer e casas de apoio, terão na envolvente destas um tratamento especial através do aproveitamento da regeneração natural de ciprestes e beneficiação e adensamento de pequenos bosquetes com vegetação autóctone diversa, em particular de cedro-da-Madeira, em continuidade com alguns exemplares adultos de variadas espécies resinosas já aí representados. É possível encontrar exemplares adultos de cipreste, pinheiro-bravo e Pinus radiata. Pelo contrário, deverá ser eliminada a representação de espécies invasoras lenhosas. As espécies lenhosas de grande porte presentes irão ser intervencionadas. Devido à sua dimensão e no caso de decrepitude impõem uma intervenção com poda e desramação de alguns e abate de outros, para salvaguarda da segurança dos visitantes, e de forma a contrariar uma possível ocorrência de acidentes.

Nas bermas dos percursos pedestres será fomentado, sempre que possível, a diversidade de ambientes recorrendo a diferentes composições de espécies e estratos compostos por espécies autóctones arbóreas e arbustivas.