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O objetivo da Convenção é a proteção da saúde humana e do meio ambiente dos riscos

inerentes aos poluentes orgânicos persistentes31, pois são resistentes à degradação, se bioacumulam, são transportados pelo ar, pela água e pelas espécies migratórias através das fronteiras internacionais e depositados distantes do local de sua liberação, onde se acumulam em ecossistemas terrestres e aquáticos.

A convenção incorpora o princípio da precaução e, repetindo a Convenção de Roterdã, reconhece que os acordos internacionais na área de comércio e de meio ambiente devam se apoiar mutuamente. O Princípio 16 da Declaração do Rio sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento é reafirmado, estimulando-se a adoção pelas autoridades nacionais de medidas e instrumentos econômicos que visem à internalização dos custos ambientais, levando em consideração o critério de que quem contamina deve, em princípio, arcar com os custos da contaminação, em prol do interesse público e sem distorcer o comércio nem os investimentos internacionais.

Para a redução ou eliminação das liberações decorrentes de Produção e Uso Intencionais, cada Parte deverá proibir e/ou adotar as medidas jurídicas e administrativas que sejam necessárias para eliminar a produção, utilização, importação e exportação das substâncias químicas relacionadas no Anexo A; e restringir a produção e utilização das substâncias químicas relacionadas no Anexo B. O Anexo A trata, assim, das substâncias químicas a serem eliminadas e o Anexo B das substâncias químicas cuja produção deva ser reduzida.

A importação de substância química relacionada no Anexo A ou no Anexo B da Convenção será permitida apenas para sua disposição ambientalmente adequada ou para utilização ou finalidade permitida para essa Parte de acordo com uma exceção específica em vigor, ou uma finalidade aceitável para produção ou utilização, considerando as disposições relevantes dos instrumentos internacionais de consentimento prévio informado, sendo que o Estado que não seja Parte na Convenção deve fornecer uma certificação anual para a Parte exportadora, comprometendo-se a proteger a saúde humana e o meio ambiente, e a tomar as medidas necessárias para minimizar ou evitar liberações.

Determina-se a criação de um registro de exceções específicas com a lista dos tipos de exceções, das Partes que possuam exceções e das datas de expiração de cada exceção, salvo __________

31“São compostos altamente estáveis e que persistem no ambiente, resistindo à degradação química, fotolítica e biológica. Têm a capacidade de bioacumular em organismos vivos, sendo tóxicos para estes incluindo o homem.

Atuam negativamente sobretudo como disruptor dos sistemas reprodutivo, imunitário e endócrino, sendo também apontados como carcinogénicos. Outra característica muito importante é o facto de serem transportados a longas distâncias pela água, vento ou pelos próprios animais. Os POPs podem ser divididos em pesticidas (ex.

DDT, aldrina, toxafeno), em Policlorobifenilos (PCBs) e Dioxinas e Furanos, sendo estes resultantes sobretudo de incinerações industriais e de resíduos” (WIKIPÉDIA, 2009).

prorrogação, válidas por cinco anos após a data da entrada em vigor da Convenção.

Para reduzir ou eliminar as liberações da produção não intencional (substâncias incluídas no Anexo C), as Partes devem adotar medidas para redução das liberações totais derivadas de fontes antropogênicas, visando a sua redução ao mínimo ou a sua eliminação definitiva, através da elaboração de um plano de ação, promovendo o emprego das melhores técnicas disponíveis e das melhores práticas ambientais para cumprir seus compromissos.

Para reduzir ou eliminar as liberações de estoques e resíduos, as Partes devem assegurar que os estoques de substâncias químicas, incluindo os produtos e artigos que se convertam em resíduos, sejam gerenciados de modo a proteger a saúde humana e o meio ambiente, com o manejo, coleta, transporte e armazenamento de maneira ambientalmente saudável, de forma que o teor de poluente orgânico persistente seja destruído ou irreversivelmente transformado, ou disposto de outra forma ambientalmente saudável quando a destruição ou transformação irreversível não represente a opção preferível do ponto de vista ambiental, ou o teor de poluente orgânico persistente seja baixo, vedando seu transporte internacional e estabelecendo um plano de cooperação com a Convenção de Basileia.

A Conferência de Partes poderá incluir substâncias no rol de substâncias controladas (Anexos A, B e C32), ainda que não se tenha plena certeza científica dos riscos para a saúde humana, desde que a proposta de inclusão seja realizada com base num perfil de risco referido e numa avaliação de gerenciamento de risco.

A opção por arrolar as substâncias em Anexos, como nas demais Convenções, visa tornar a Convenção não estática, de forma que as listas constantes dos Anexos A, B e C possam ser alteradas por emenda aprovada pela Conferência de Partes.

A Convenção também reconhece as necessidades especiais dos países em desenvolvimento, mediante prestação de assistência técnica, oportuna e apropriada, a fim de desenvolver e fortalecer a capacidade de adimplir com as obrigações assumidas, inclusive, mediante transferência de tecnologia, fornecimento de recursos financeiros e adoção de instrumentos econômicos para a consecução dos objetivos.

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32 O Anexo A que visa à eliminação contém substâncias como aldrin, clordano, dieldrin, endrin, heptacloro, hexaclorobenzeno, mirex, toxafenoe, bifenilas policloradas (PCB), utilizadas em inseticidas, cupinicidas, aditivos para adesivos de compensados de madeira, tratamento de madeira, atividades agrícolas, solvente em agrotóxicos, uso em caixas de cabos subterrâneos e em diversos tipos de equipamentos, como transformadores e capacitores. O Anexo B que versa sobre restrições contém substâncias como o DDT, utilizadas como pesticidas.

Já o Anexo C que lista as substâncias de produção não intencional, contém substâncias como Dibenzo-p-dioxinas policloradas, dibenzofuranos policlorados (PCDD/PCDF), hexaclorobenzeno (HCB), Bifenilas policloradas (PCB), que são liberadas a partir de processos térmicos, químicos e industriais, como a incinerarão de resíduos, produção de celulose com utilização de cloro elementar, processos térmicos na indústria metalúrgica, queima de lixo a céu aberto, gasolina com aditivos à base de chumbo, tingimento de têxteis e de couro, refinarias para processamento de óleo usado, etc.

O Brasil promulgou a Convenção de Estocolmo por meio do Decreto nº 5.472, de 20 de junho de 2005 (DOU 21/06/2005).