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Conversor Elevador Boost ou Step-up

No documento APOSTILA PARA A DISCIPLINA (páginas 36-41)

O conversor boost ´e um conversor elevador de tens˜ao, ou seja, a tens˜ao m´edia verifi- cada na sua sa´ıda ´e superior `a tens˜ao de entrada. A estrutura de um conversor boost ´e apresentada na Figura 3.11.

Figura 3.11: Circuito de um conversor boost.

Pode-se definir dois est´agios de trabalho para o conversor, determinados pelo estado da chave:

Conversor boost com chave fechada

Quando a chave ´e fechada, a tens˜ao de entrada ´e aplicada ao indutor, o qual ser´a carregado por uma corrente IL. Nesta condi¸c˜ao, o diodo ser´a reversamente polarizado, de

modo que n˜ao haver´a corrente circulando por ele. A carga ser´a alimentada pelo capacitor. A estrutura do conversor para este est´agio ´e apresentada na Figura 3.12.

Figura 3.12: Circuito de um conversor boost com a chave fechada. A tens˜ao sobre o indutor se torna:

Assim, pode-se definir o ripple de corrente no indutor como sendo: ∆IL= E Lton= E · D LfS (3.32)

Conversor boost com chave aberta

Quando a chave semicondutora se abre, a polaridade da tens˜ao sobre o indutor ir´a se alternar, de modo a garantir um meio de condu¸c˜ao para a corrente que por ele flui. Essa altera¸c˜ao de polaridade ´e discutida pela Lei de Faraday/Lenz e est´a relacionada com a varia¸c˜ao do fluxo magn´etico no interior da bobina. Com esta mudan¸ca de polaridade da tens˜ao no indutor, o diodo entrar´a em condu¸c˜ao, fazendo com que a estrutura do conversor se modifique para a mostrada na Figura 3.13.

Figura 3.13: Circuito de um conversor boost com a chave aberta.

Note que agora, o circuito RC de sa´ıda ´e alimentado pela corrente de indutor. A energia armazenada no indutor no est´agio anterior ´e gasta para alimentar a carga neste est´agio, desta forma, o capacitor ´e carregado mantendo a tens˜ao de sa´ıda constante. A tens˜ao no indutor pode ser definida como:

VL = VO− E (3.33)

Assim o ripple de corrente se torna: ∆IL = VO− E L · tof f = (VO− E)(1 − D) LfS (3.34) Uma vez conhecidos os est´agios de trabalho do conversor, pode-se fazer algumas ob- serva¸c˜oes. Note que, no primeiro est´agio armazena-se energia no indutor e no segundo, essa energia armazenada ´e gasta para carregar o capacitor e alimentar a carga. Esse com- portamento permite que a tens˜ao de sa´ıda se eleve acima do n´ıvel da tens˜ao de entrada. Para se poder determinar uma rela¸c˜ao entre as duas tens˜oes, novamente, ser´a levado em considera¸c˜ao o fato de o indutor exibir tens˜ao m´edia nula, assim:

E · D = (VO− E) · (1 − D) (3.35)

VO =

E

1 − D (3.36)

Em rela¸c˜ao `as correntes conversor, pode-se observar que a corrente de sa´ıda IO, apenas

se relacionada com a corrente no indutor, IL, quando a chave est´a desligada. Assim sendo,

diferentemente do que se observa no conversor buck, a corrente m´edia de sa´ıda n˜ao ´e igual `a corrente m´edia no indutor, mas sim uma fra¸c˜ao dela. Como o tempo em que o indutor fornece energia `a sa´ıda ´e igual a tof f, tˆem-se que:

IO = (1 − D) · IL(med) (3.37)

A mesma observa¸c˜ao pode ser feita em rela¸c˜ao `a corrente nas chaves:

ID = IO (3.38)

IT = D · IL(med) (3.39)

A Figura 3.14 apresenta as formas de onda de corrente no indutor, na sa´ıda e nas chaves semicondutoras.

Figura 3.14: Formas de onda de corrente no conversor boost.

3.2.1

Dimensionamento dos componentes

Em regime de condu¸c˜ao cont´ınua, pode-se calcular os valores de L e C a partir de parˆametros de projeto, como as magnitudes de ripple de tens˜ao e corrente desejados. O valor do indutor pode ser extra´ıdo da equa¸c˜ao que define o ripple de corrente no indutor:

L = E · D fS∆IL

O capacitor ´e calculado a partir da carga absorvida pelo componente, ao longo do per´ıodo de chaveamento: C = IO· D fS∆VO (3.41)

3.2.2

Regimes de condu¸c˜ao

Regime de condu¸c˜ao limite

Assim como ocorre com o conversor buck, `a medida que a corrente de sa´ıda diminui, o conversor boost pode entrar na regi˜ao de condu¸c˜ao limite, ou seja, neste ponto o ripple de corrente no indutor excursiona de zero a um valor m´aximo, marcando o limiar entre a condu¸c˜ao cont´ınua e a condu¸c˜ao descont´ınua. Nesta regi˜ao, o valor m´edio da corrente no indutor ´e igual `a metade do ripple de corrente:

IL(med)= ∆IL 2 = ILmax 2 (3.42) Onde: ILmax= E · D LfS .

Desta forma, pode-se definir um valor de indutor m´ınimo que faz com que o conversor boost trabalhe na regi˜ao limite. Esse valor m´ınimo ´e determinado como:

Lmin = E · D(1 − D)

2fSIO

(3.43)

Regime de condu¸c˜ao descont´ınua

Na condi¸c˜ao de condu¸c˜ao descont´ınua, a corrente de sa´ıda cai a um patamar que for¸ca a corrente de indutor a manter um n´ıvel nulo durante um intervalo de tempo, como ´e mostrado na Figura 3.15.

O efeito desse patamar nulo na corrente j´a foi discutido anteriormente para o conversor buck. Haver´a uma altera¸c˜ao na rela¸c˜ao entre a tens˜ao de sa´ıda e de entrada, a qual ser´a definida como: VO = E 2 ( 1 + √ 1 + 4D 2 K ) (3.44) Onde: K = 2LfS R Exemplo de c´alculo

Projete um conversor boost, para alimentar uma carga que opere em 30V e consuma de 0,2A a 3A. A tens˜ao de fonte dispon´ıvel ´e 12V e a frequˆencia de chaveamento deve ser de 20kHz, sendo o ripple de tens˜ao na sa´ıda inferior a 1% e o regime de condu¸c˜ao

Figura 3.15: Formas de onda de corrente e tens˜ao no indutor do boost em condu¸c˜ao descont´ınua.

cont´ınuo. Determine: a)L e C, b) o ciclo de trabalho, c) especifique o transistor e o diodo a ser utilizado.

Resolu¸c˜ao

De acordo com o problema, o conversor dever´a exibir uma tens˜ao de sa´ıda igual a 30V, para uma entrada de 12V. Utilizando a rela¸c˜ao entre entrada e sa´ıda para um conversor boost em condu¸c˜ao cont´ınua, se pode encontrar o valor da raz˜ao c´ıclica:

1 − D = E VO

= 12V

30V = 0, 4 (3.45)

D = 1 − 0, 4 = 0, 6 (3.46)

O problema tamb´em indicou que o conversor ir´a atuar em condu¸c˜ao cont´ınua, mesmo com uma redu¸c˜ao da corrente de carga. Note que quando a corrente estiver em 0,2A (valor m´ınimo), a condu¸c˜ao cont´ınua dever´a ser garantida. Uma forma de se fazer isso ´e definir que quando a corrente atinge seu valor m´ınimo, o conversor operar´a na regi˜ao limite, neste caso, pode-se definir que:

∆IL= 2 · IO(min) = 2 · 0, 2A = 0, 4A (3.47)

A partir dessa informa¸c˜ao pode-se encontrar o valor m´ınimo do indutor que v´a garantir a opera¸c˜ao em regime de condu¸c˜ao cont´ınua:

Lmin = E · D(1 − D)

2fSIO

= 12V · 0, 6(1 − 0, 6)

2 · 20kHz · 0, 2A = 360µH (3.48) Assim, qualquer valor acima de 360µH pode ser escolhido, que ainda assim o conversor operar´a em condu¸c˜ao cont´ınua ao longo de toda faixa de varia¸c˜ao da carga.

O projeto do capacitor deve ser feito considerando a maior corrente de sa´ıda poss´ıvel. Isso porque, quanto maior a corrente de carga, maior ser´a o descarregamento do capacitor e logo, maior ser´a o ripple de tens˜ao. Assim, para este c´alculo, a corrente de sa´ıda de 3A dever´a ser utilizada:

C = IO· D fS∆VO

= 3A · 0, 6

20kHz · 0, 01 · 30V = 300µF (3.49) Agora, os dois primeiros ´ıtens do problema podem ser respondidos:

a) L ≥ 360µH e C ≥ 300µF ;

b) Ciclo de trabalho ´e igual a 0,6, ou 60%;

c) O transistor dever´a suportar uma corrente m´edia de: IT = D · IL(med)= D ·

IO(max)

1 − D = 0, 6 3A

1 − 0, 6 = 4, 5A (3.50) A tens˜ao a ser suportada pelo transistor ´e aquela que aparece sobre ele durante o intervalo tof f:

VT = VO = 30V (3.51)

O diodo dever´a suportar uma corrente m´edia igual `a corrente m´edia na carga, assim:

ID = IO(max)= 3A (3.52)

A tens˜ao reversa sobre o diodo ocorrer´a no intervalo ton, de modo que:

T P Idiodo= VO = 30V (3.53)

No documento APOSTILA PARA A DISCIPLINA (páginas 36-41)

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