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APOSTILA PARA A DISCIPLINA

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Academic year: 2019

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Texto

(1)

Curso

ecnico em Automa¸

ao Industrial

Professor:

MSc. Thiago Ribeiro de Oliveira

(2)

Sum´

ario

1 Introdu¸c˜ao `a Eletrˆonica de Potˆencia 1

1.1 Conversores Est´aticos de Potˆencia . . . 2

1.1.1 Eficiˆencia dos conversores. . . 5

1.2 Chaves est´aticas . . . 6

2 Dispositivos Semicondutores 8 2.1 Diodos de potˆencia . . . 8

2.1.1 Caracter´ısticas dinˆamicas do diodo. . . 10

2.1.2 Parˆametros de datasheet de diodos. . . 12

2.2 Tiristores . . . 12

2.2.1 SCR - Silicon Controlled Rectifier . . . 13

2.2.1.1 Parˆametros de datasheet de SCR . . . 14

2.2.2 TRIAC - Thyristor AC . . . 14

2.2.3 GTO - Gate Turn-off Thyristor . . . 15

2.3 TBJ - Transistor Bipolar de Jun¸c˜ao . . . 16

2.4 MOSFET - Metal-Oxide-Semiconductor Field Effect Transistor . . . 17

2.4.1 Parˆametros de datasheet do MOSFET . . . 19

2.5 IGBT - Insulated Gate Bipolar Transistor . . . 20

2.5.1 Parˆametros de datasheet do IGBT . . . 21

2.6 Compara¸c˜ao entre as chaves semicondutoras . . . 22

3 Conversores c.c./c.c. - Choppers N˜ao-isolados 23 3.1 Conversor Abaixador - Buck ou Step-down . . . 23

3.1.1 Dimensionamento dos componentes . . . 28

3.1.2 Regimes de condu¸c˜ao . . . 29

3.2 Conversor Elevador - Boost ou Step-up . . . 32

3.2.1 Dimensionamento dos componentes . . . 34

3.2.2 Regimes de condu¸c˜ao . . . 35

3.3 Conversor buck-boost - Abaixador-Elevador . . . 37

3.3.1 Regimes de condu¸c˜ao . . . 40

(3)

4 Conversores c.c./c.a. - Inversores 43

4.1 Inversor em ponte completa . . . 44

4.1.1 Opera¸c˜ao em onda quadrada . . . 44

4.1.2 Opera¸c˜ao em onda quase-quadrada . . . 45

4.1.3 Opera¸c˜ao por Modula¸c˜ao por Largura de Pulsos - PWM . . . 46

4.2 Inversores em meia-ponte . . . 50

4.3 Inversores trif´asicos . . . 51

4.4 Exerc´ıcios propostos . . . 53

5 Conversores c.a./c.c. - Retificadores Monof´asicos de Meia-onda 54 5.1 Retificadores de meia-onda n˜ao-controlados . . . 54

5.1.1 Carga resistiva . . . 54

5.1.2 Carga RL . . . 57

5.1.2.1 Defini¸c˜ao do ˆangulo de extin¸c˜ao . . . 59

5.1.3 Carga RL com diodo de roda-livre . . . 61

5.1.4 Carga RLE . . . 62

5.1.4.1 Defini¸c˜ao dos ˆangulos para carga RLE . . . 64

5.2 Retificadores de meia-onda controlados . . . 67

5.2.1 Carga resistiva . . . 67

5.2.2 Carga RL . . . 70

5.2.2.1 Defini¸c˜ao do ˆangulo de extin¸c˜ao . . . 71

5.2.3 Carga RLE . . . 72

5.3 Exerc´ıcios propostos . . . 73

6 Conversores c.a./c.c. - Retificadores monof´asicos de onda completa 75 6.1 Retificadores de onda completa n˜ao-controlados . . . 75

6.1.1 Cara resistiva . . . 75

6.1.2 Carga RL . . . 78

6.1.3 Carga RLE . . . 80

6.2 Retificadores de onda completa controlados . . . 84

6.2.1 Carga Resistiva . . . 84

6.2.2 Carga RL . . . 86

6.2.3 Carga RLE . . . 89

6.3 Exerc´ıcios propostos . . . 91

7 Conversores c.a./c.c. - Retificadores Trif´asicos 93 7.1 Revis˜ao sobre sistemas trif´asicos . . . 93

7.2 Retificador trif´asico de meia-onda . . . 95

7.2.1 Retificador n˜ao-controlado . . . 95

7.2.2 Retificadores Controlados . . . 97

7.3 Retificadores trif´asicos de onda completa . . . 100

7.3.1 Retificadores n˜ao-controlado . . . 100

(4)

7.4 Exerc´ıcios propostos . . . 103

(5)

Cap´ıtulo 1

Introdu¸c˜

ao `

a Eletrˆ

onica de Potˆ

encia

A eletrˆonica de potˆencia trata do processamento da energia el´etrica, enquanto, outras aplica¸c˜oes de dispositivos eletrˆonicos tratam do processamento de sinais, ou de informa¸c˜ao. Neste sentido, os circuitos de eletrˆonica de potˆencia ir˜ao alterar a forma como a energia el´etrica se apresenta, de modo a mold´a-la de acordo com a aplica¸c˜ao desejada Essa con-vers˜ao, por´em, dever´a ocorrer da forma mais eficiente poss´ıvel, ou seja, com baixas perdas energ´eticas, e resultar em um equipamento compacto e de baixo custo. A utiliza¸c˜ao de sistemas eletrˆonicos permite tamb´em que a¸c˜oes de automa¸c˜ao sejam incorporadas no trato com a energia, melhorando a qualidade dessa energia trabalhada.

Os circuitos eletrˆonicos de potˆencia atuam sobre sinais de tens˜ao e corrente, moldando a sua forma de modo a atender requisitos definidos pela carga a qual estes circuitos alimentam. Por realizarem a convers˜ao da forma da tens˜ao e/ou corrente para suprir a carga, os circuitos eletrˆonicos de potˆencia s˜ao denominados de conversores est´aticos. A aplica¸c˜ao desses conversores se estende por diversas ´areas, dentre elas pode-se citar:

´

Area Industrial:

• Acionamento de bombas, compressores, ventiladores e sopradores;

• Acionamento de motores de CNC;

• Acionamento de Robˆos Industriais;

• Fornos a arco e de indu¸c˜ao;

• Laser industrial;

• M´aquinas de solda;

• Eletr´olise;

• Laminadores;

• Motores para acinamento de esteiras e pontes rolantes.

´

(6)

• Tra¸c˜ao de ve´ıculos el´etricos (carros el´etricos, trens e metrˆos);

• Carregamento de baterias;

• Eletrˆonica automotiva.

´

Area residencial e comercial:

• Elevadores;

• Ilumina¸c˜ao;

• No-breaks;

• Refrigera¸c˜ao e Ar condicionado;

• Aquecimento de ambientes e fornos el´etricos;

• Eletrˆonica de consumo (TVs, microcomputadores, Sistemas de ´audio e v´ıdeo, etc.);

• Dom´otica (Automa¸c˜ao residencial e predial).

´

Area de Sistemas El´etricos de Potˆencia:

• Transmiss˜ao de energia em corrente cont´ınua (HVDC);

• Gera¸c˜ao de energia alternativa: Energia e´olica, energia solar fotovoltaica;

• Sistemas de compensa¸c˜ao de reativos;

• Filtros ativos e STATCOM.

1.1

Conversores Est´

aticos de Potˆ

encia

(7)

Figura 1.1: Simbologia dos conversores est´aticos de potˆencia.

• Conversor c.c./c.c. - Chopper. Converte um n´ıvel de tens˜ao cont´ınua em outro, pode elevar ou abaixar a amplitude do sinal cont´ınuo de entrada;

• Conversor c.a./c.c. - Retificador. Converte uma forma alternada em um sinal de corrente cont´ınua;

• Conversor c.c./c.a. - Inversor. Converte um sinal cont´ınuo em uma forma de onda alternada;

• Conversor c.a./c.a. - Gradador. Converte um sinal alternado em outro, mas man-tendo a mesma frequˆencia;

• Conversor c.a./c.a. - Cicloconversor. Converte um sinal alternado em outro, per-mitindo contudo a mudan¸ca da frequˆencia.

Os conversores est´aticos podem possuir diferentes caracter´ısticas em rela¸c˜ao `a forma com que processam a energia. Dentre essas caracter´ısticas, pode-se citar:

Frequˆ

encia de comuta¸c˜

ao

As chaves semicondutoras que comp˜oem um conversor ir˜ao comutar, ou seja, ligar e desligar, a uma certa frequˆencia, de modo a possibilitar o processamento da energia. A velocidade, ou a frequˆencia, com que essas chaves comutam podem definir a forma com que os conversores s˜ao constru´ıdos. Por isso ´e importante conhecer a frequˆencia de comuta¸c˜ao dos conversores. Pode-se definir duas categorias de frequˆencia de comuta¸c˜ao:

(8)

• Alta frequˆencia - Neste casso a frequˆencia de comuta¸c˜ao ´e mais alta do que a fre-quˆencia de linha, sendo que normalmente s˜ao necess´arias t´ecnicas de modula¸c˜ao para operar as chaves. Ex: fontes chaveadas de computador e inversores de frequˆencia.

Fluxo de potˆ

encia

Pode-se pensar que os conversores est´aticos s˜ao concebidos apenas para alimentar uma determinada carga da forma mais adequada, mas em muitas situa¸c˜oes, como por exemplo o carregamento de baterias, a pr´opria carga pode em alguns momentos servir como fonte de energia para o sistema. Assim pode-se definir duas formas de opera¸c˜ao em rela¸c˜ao ao fluxo de potˆencia entre carga e fonte:

• Conversores Unidirecionais - S˜ao aqueles que apenas permitem um fluxo de potˆencia da fonte prim´aria para a carga, ou seja, em um ´unico sentido;

• Conversores Bidirecionais, ou Revers´ıveis - S˜ao aqueles que permitem tanto um fluxo de potˆencia da fonte para a carga, quanto da carga para a fonte, ou seja, transferem energia em ambos os sentidos.

Muitas vezes, quando um conversor opera de forma revers´ıvel, a fun¸c˜ao de convers˜ao ´e alterada. Para compreender essa situa¸c˜ao tome um retificador bidirecional, como mostra a Figura 1.2.

Figura 1.2: Mudan¸ca de fun¸c˜ao por opera¸c˜ao revers´ıvel.

etodo de convers˜

ao.

Os conversores est´aticos podem ser associados de modo a formar uma fun¸c˜ao de con-vers˜ao diferente. Assim pode-se formar conversores indiretos e diretos, como exemplifica a Figura 1.3 para um cicloconversor.

´

(9)

Figura 1.3: Exemplo de um conversor indireto.

1.1.1

Eficiˆ

encia dos conversores.

Assim como nos circuitos lineares, os circuitos chaveados, ou seja, aqueles que se baseiam na comuta¸c˜ao de chaves, tamb´em sofrem perdas de energia em fun¸c˜ao de sua opera¸c˜ao. Essas perdas no entanto s˜ao inferiores `as observadas nos sistemas lineares, como reguladores de tens˜ao e amplificadores. As perdas presentes em sistemas chaveados ocorrem devido a trˆes fatores principais:

• Perdas por condu¸c˜ao - Devido `a resistˆencia de contato nas chaves e as resistˆencias s´erie dos elementos reativos;

• Perdas por comuta¸c˜ao - Devido aos tempos de comuta¸c˜ao das chaves e o cruzamento entre tens˜ao e corrente;

• Perdas magn´eticas - Devido `a movimenta¸c˜ao dos dom´ınios magn´eticos dos n´ucleos que comp˜oem os indutores e transformadores dos conversores.

Essas perdas fazem com que a potˆencia entregue pela fonte seja superior `aquela que o conversor entrega `a carga. Assim o rendimento (raz˜ao entre potˆencia de entrada e sa´ıda) do conversor ´e reduzido. O rendimento de um sistema ´e dado pela express˜ao abaixo:

η= PSaida PEntrada ×

100% (1.1)

Por exemplo, se um conversor consome 250W de sua fonte e fornece 200W para a carga, a sua eficiˆencia ser´a de:

η = 200

250 ×100% = 0,8×100% = 80%

Ou seja, 80% da energia consumida pelo conversor ´e utilizada para alimentar a carga e os demais 20%, ou 50W, s˜ao perdidos na forma de calor ou est˜ao armazenados nos elementos do circuito. Com isso, pode-se entender melhor o fato de os conversores indiretos serem menos eficientes do ponto de vista energ´etico. Para tal, considere o cicloconversor indireto mostrado na Figura 1.4.

Note que os conversores intermedi´arios possuem uma eficiˆencia de 86% e 92%. A eficiˆencia total do conversor ser´a o produto dos dois rendimentos:

(10)

Figura 1.4: Cicloconversor indireto, com a eficiˆencia de cada conversor.

1.2

Chaves est´

aticas

O principal elemento de conversores est´aticos de potˆencia, s˜ao as chaves est´aticas, ou os dispositivos semicondutores. O nome est´atico vem do fato de estes dispositivos realizarem a comuta¸c˜ao de grandezas el´etricas sem a presen¸ca de partes m´oveis. Pode-se dividir as chaves est´aticas em trˆes grupos:

• Diodos - s˜ao dispositivos n˜ao control´aveis, cujo ligamento e desligamento dependem

do circuito de potˆencia. Ex: Diodos e Diacs;

• Tiristores - s˜ao dispositivos cujo ligamento pode ser controlado, mas o desligamento depende do circuito de potˆencia. Ex: SCRs e Triacs;

• Chaves control´aveis - s˜ao dispositivos cujo ligamento e desligamento podem ser controlados. Ex: GTOs, TBJ, MOSFET, IGBT, IGCT, etc.

O emprego de cada uma das chaves depende da aplica¸c˜ao do conversor e quesitos como tens˜ao e corrente de opera¸c˜ao, velocidade de comuta¸c˜ao, etc. Em rela¸c˜ao aos n´ıveis de potˆencia e a frequˆencia de chaveamento das chaves est´aticas, pode-se definir regi˜oes de aplica¸c˜ao de cada chave, como mostra a Figura 1.5.

(11)
(12)

Cap´ıtulo 2

Dispositivos Semicondutores

Neste cap´ıtulo o funcionamento e caracter´ısticas dos principais dispositivos semicon-dutores utilizados em circuitos de eletrˆonica de potˆencia.

2.1

Diodos de potˆ

encia

Os diodos de potˆencia s˜ao constru´ıdos por meio de uma jun¸c˜ao PN, ou seja, da uni˜ao de um material do tipo P e outro do tipo N. A Figura 2.1 mostra o esquema de uma jun¸c˜ao PN e o s´ımbolo el´etrico de um diodo, com os seus terminais explicitados.

Figura 2.1: Jun¸c˜ao PN e diodo de potˆencia.

O comportamento de um diodo pode ser descrito por sua curva de corrente vs. tens˜ao (curva IxV) apresentada na Figura 2.2. Note que a curva possui uma forte caracter´ıstica n˜ao-linear1. Pode-se definir duas regi˜oes de opera¸c˜ao distintas:

• Regi˜ao de Polariza¸c˜ao Direta - Ocorre quando a tens˜ao entre os terminais de anodo e catodo ´e positiva (VAK ≥0);

• Regi˜ao de Polariza¸c˜ao Reversa - Ocorre quando VAK <0.

Na regi˜ao de polariza¸c˜ao direta, o diodo apresenta um comportamento exponencial, ou seja, `a medida que a tens˜ao terminal VAK aumenta, a corrente ´e incrementada de forma

exponencial. Esse comportamento faz com que haja um Joelho na curva, ou seja, um

1Rela¸c˜oes n˜ao-lineares s˜ao rela¸c˜oes entre vari´aveis que n˜ao seguem uma fun¸c˜ao de primeira ordem, ou

(13)

Figura 2.2: Curva caracter´ıstica de um diodo de potˆencia.

ponto a partir do qual o incremento da corrente com o aumento da tens˜ao VAK seja mais

intenso. Pode-se dizer, simplificadamente, que para tens˜oes abaixo da tens˜ao de joelho a corrente conduzida pelo diodo ´e insignificante e logo ap´os essa tens˜ao, a corrente aumenta muito, com pequenos incrementos na tens˜ao terminal. A tens˜ao de joelho, ou a tens˜ao terminal, costumam apresentar valores na ordem de 0,7V a 3V, dependendo do calibre de corrente do dispositivo.

Na regi˜ao de polariza¸c˜ao reversa, para baixas amplitudes de VAK, a corrente reversa

no diodo apresenta uma valor muito pequeno, na ordem de alguns pico-amp´eres a micro-amp´eres, de modo, que se pode desprez´a-la. Existe, contudo, um ponto de opera¸c˜ao, chamado de tens˜ao de ruptura, onde ocorre um novo joelho, e a corrente reversa se torna mais intensa. A inclina¸c˜ao dessa curva reversa, no entanto, ´e muito mais ´ıngreme do que a apresentada na polariza¸c˜ao direta, o que indica que pequenos incrementos na tens˜ao reversa ir˜ao provocar grandes incrementos na corrente reversa. Essa situa¸c˜ao normalmente faz com que a potˆencia dissipada no diodo seja t˜ao elevada que o dispositivo se queima. Assim, em uma aplica¸c˜ao real de diodo de potˆencia, a regi˜ao de ruptura deve ser evitada. Em eletrˆonica de potˆencia, no entanto, os valores de tens˜ao e corrente envolvidos nos circuitos s˜ao de magnitude muito superior `a queda de tens˜ao de polariza¸c˜ao direta (tens˜ao de limiar) e a corrente de fuga reversa. Neste caso, ao inv´es de se empregar as informa¸c˜oes contidas na curva caracter´ıstica do diodo, pode-se lan¸car m˜ao de um modelo mais simplificado, o que facilita a resolu¸c˜ao de sistemas e seus projetos. O modelo mais adequado para o estudo desenvolvido neste curso ´e o modelo do diodo ideal, o qual ´e representado pela curva caracter´ıstica mostrada na Figura 2.3.

(14)

Figura 2.3: Curva caracter´ıstica de um diodo ideal.

2.1.1

Caracter´ısticas dinˆ

amicas do diodo.

Discutiu-se anteriormente as caracter´ısticas est´aticas do diodo de potˆencia, contudo, o comportamento dinˆamico do diodo (transi¸c˜ao entre estado ligado e desligado) apresenta particularidades: O processo de ligamento de um diodo ocorre de maneira mais r´apida do que o seu processo de desligamento, principalmente porque, durante o desligamento, h´a a necessidade de se formar uma barreira de potencial nos arredores da jun¸c˜ao PN. Essa condi¸c˜ao forma o que se chama de recupera¸c˜ao reversa do diodo, a qual ´e representada pela Figura 2.4.

Figura 2.4: Processo de desligamento de um diodo de potˆencia.

Observe que quando um diodo desliga, a corrente que por ele flui diminui2. Quando

2A taxa de redu¸c˜ao da corrente (di/dt) depende de elementos do circuito no qual o diodo est´a inserido,

(15)

essa corrente chega a zero, por´em, a barreira de potencial ainda n˜ao est´a formada, logo n˜ao ocorre o bloqueio do diodo. A consequˆencia disso ´e que a corrente se torna negativa, o que indica que o diodo est´a absorvendo do circuito uma certa quantidade de carga el´etrica. Pode-se dividir o processo de desligamento do diodo em trˆes etapas:

• Intervalo t1 - Durante este intervalo de tempo, o diodo est´a conduzindo (corrente e queda de tens˜ao positivas). A corrente no diodo come¸ca a diminuir at´e atingir o n´ıvel zero;

• Intervalo t2 - Durante este intervalo, a barreira de potencial est´a se formando e corrente no diodo se torna negativa, contudo o diodo continua a conduzir (queda de tens˜ao positiva). Ao fim do intervalo, a corrente reversa atinge seu valor m´aximo (IRRM), indicando que a barreira de potencial se formou. O diodo come¸ca o seu

processo de bloqueio, o que pode ser percebido na redu¸c˜ao da tens˜ao terminal do diodo;

• Intervalo t3 - A barreira de potencial come¸ca a se alargar, de modo a balancear a for¸ca el´etrica provocada pela tens˜ao reversa aplicada ao diodo. `A medida que a barreira atinge sua largura adequada, a corrente no diodo se aproxima de zero e a tens˜ao, de seu valor reverso. A consequˆencia desse intervalo extra de absor¸c˜ao de carga ´e uma sobretens˜ao reversa sobre o diodo (VRRM).

Note que durante o desligamento, o diodo absorveu ao longo dos intervalost2 et3 uma quantidade de carga igual aQrr, a qual fica armazenada na barreira de potencial da jun¸c˜ao

PN. A soma desses dois intervalos representa o tempo necess´ario para o diodo efetivamente entrar em bloqueio e ´e chamado de tempo de recupera¸c˜ao reversa (trr). Cada modelo

de diodo apresenta um trr diferente, o que indica que limita a frequˆencia de comuta¸c˜ao

daquele componente, ou seja, diodos comtrrelevados n˜ao podem ser aplicados em circuitos

de chaveamento r´apido. O tempo de recupera¸c˜ao reversa tamb´em ´e respons´avel por grande parte das perdas de potˆencia em um diodo.

Existem tecnologias de diodo que apresentam trr muito baixos, pr´oprios para o uso

em sistemas de alta frequˆencia. Esses diodos, cuja constitui¸c˜ao ´e feita pela jun¸c˜ao de um semicondutor do tipo N com uma camada de alum´ınio, s˜ao conhecidos como diodos Schottky.

Pode-se agrupar os diferentes tipos de diodos e fun¸c˜ao de seu tempo de recupera¸c˜ao reversa, dando origem `as seguintes categorias:

• Diodos Schottky - Apresenta baixa tens˜ao limiar e trr muito pequeno;

• Diodos retificadores - Apresentam baixa tens˜ao limiar, por´em seutrr´e muito elevado,

na ordem de alguns microssegundos. Sua aplica¸c˜ao mais indicada ´e para sistemas que operem `a frequˆencia de linha;

(16)

implica em se dizer que a sobretens˜ao no diodo e poss´ıveis oscila¸c˜oes de tens˜ao s˜ao reduzidas.

2.1.2

Parˆ

ametros de datasheet de diodos.

A seguir s˜ao apresentadas alguns dos parˆametros mais significantes dos diodos disponi-bilizados nos datasheets dos fabricantes:

• VRRM - Tens˜ao de pico reversa repetitiva. Representa a m´axima tens˜ao reversa

poss´ıvel de ser aplicada repetidamente sobre o diodo que ainda garanta seu fun-cionamento;

• VRSM - Tens˜ao de pico reversa n˜ao-repetitiva. M´axima tens˜ao reversa que pode ser

aplicada sobre o diodo que ainda garanta a sua integridade;

• VF - Tens˜ao de condu¸c˜ao direta. Representa o valor da tens˜ao de limiar do diodo;

• IF RM - Corrente de surto repetitiva. M´aximo pico repetitivo que pode ser conduzido

repetidamente pelo diodo, que ainda garanta seu funcionamento;

• IF - Corrente m´axima direta. M´aximo valor de corrente cont´ınua pass´ıvel de ser

conduzido pelo diodo;

• IR - Corrente reversa m´axima. Corrente de fuga do diodo;

• IRM - Pico de corrente reversa. M´aximo valor de corrente reversa que o diodo pode

apresentar na recupera¸c˜ao reversa;

• trr - Tempo de recupera¸c˜ao reversa.

• Qrr - Carga absorvida pelo diodo durante a trr;

• rT - Resistˆencia de contato do diodo. Resistˆencia equivalente do diodo em estado

ligado;

• TJ - Temperatura de jun¸c˜ao m´axima. M´axima temperatura da jun¸c˜ao do diodo que

ainda garante o seu funcionamento;

• Rthjc - Resistˆencia t´ermica entre jun¸c˜ao e encapsulamento do diodo, dado emoC/W.

2.2

Tiristores

(17)

2.2.1

SCR - Silicon Controlled Rectifier

O SCR ´e o mais antigo e mais utilizado tiristor. Sua constru¸c˜ao permite manipula¸c˜ao de altos n´ıveis de potˆencia, ou seja, ele ´e capaz de conduzir v´arios KA e suportar v´arios KV. Contudo, como comentado anteriormente, esse dispositivo apenas permite que a sua condu¸c˜ao seja comandada, ou seja, ´e uma chave controlada durante o seu disparo e uma chave n˜ao controlada durante o seu bloqueio.

A Figura 2.5 apresenta o diagrama das jun¸c˜oes PN que formam o SCR e o seu s´ımbolo el´etrico. Note que o s´ımbolo do SCR se assemelha a um diodo com um terminal de porta, ou gatilho, isso porque a partir de um pulso de gatilho o SCR se porta exatamente como um diodo.

Figura 2.5: Camadas de um SCR e seu s´ımbolo el´etrico.

A curva IxV do SCR ideal ´e apresentada na Figura 2.6.

Figura 2.6: Curva caracter´ıstica de um SCR ideal.

Para que o SCR entre em condu¸c˜ao s˜ao necess´arias duas condi¸c˜oes:

• O dispositivo se encontrar em polariza¸c˜ao direta (VAK ≥0);

(18)

A dura¸c˜ao do pulso de gate dever´a ser tal que garanta que a corrente entre anodo e catodo, no momento da retirada do pulso, seja equivalente `a corrente de travamento (Latching Current) definida pelo fabricante do dispositivo. Se essa condi¸c˜ao n˜ao for sa-tisfeita, ap´os a retirada do pulso de gate o SCR se bloquear´a novamente. Contudo, se o SCR superar a corrente de travamento, ele apenas poder´a ser bloqueado se a corrente entre anodo e catodo cair abaixo do n´ıvel da corrente de manuten¸c˜ao (Holding Current), esta tamb´em definida pelo fabricante. O processo de desligamento tamb´em segue as eta-pas definidas para o diodo de potˆencia, ou seja, o SCR tamb´em exibe um per´ıodo de recupera¸c˜ao reversa.

2.2.1.1 Parˆametros de datasheet de SCR

Os SCR, possuem os mesmo parˆametros apresentados para o diodo. Contudo, de-vido `a possibilidade de se realizar o disparo do dispositivo, alguns parˆametros extras s˜ao relevantes para a escolha e dimensionamento adequado de um SCR.

• VDRM - Tens˜ao direta repetitiva. M´axima tens˜ao de bloqueio direta que pode ser

aplicada repetidamente ao SCR;

• IRD - Corrente de fuga direta. Corrente de fuga do SCR quando o dispositivo se

encontra bloqueado;

• tq - Tempo de comuta¸c˜ao. Intervalo de tempo entre a aplica¸c˜ao do pulso de gate e

a entrada em condu¸c˜ao do SCR;

• IL - Corrente de travamento;

• IH - Corrente de manuten¸c˜ao;

• IGT - M´ınima corrente de gate. Valor m´ınimo de corrente que garante a entrada em

condu¸c˜ao do SCR;

• VGT - M´ınima tens˜ao de porta-catodo. Valor m´ınimo da tens˜ao a ser aplicada entre

porta e catodo que permite o disparo do SCR; q

• IGSM - Corrente de gate. Corrente nominal de gate a ser aplicado no dispositivo.

2.2.2

TRIAC - Thyristor AC

O TRIAC pode ser visto como dois SCRs associados em anti-paralelo, como mostrado pela Figura 2.7. Esse dispositivo ´e bidirecional em corrente, ou seja, pode conduzir cor-rentes em ambos os sentidos, al´em de ser bidirecional em tens˜ao, ou seja, pode bloquear tens˜oes em ambos os sentidos.

(19)

Figura 2.7: S´ımbolo e diagrama de um TRIAC.

´e que apenas est˜ao dispon´ıveis dispositivos de calibre de corrente at´e aproximadamente 40Arms, ou seja, n˜ao se pode empregar TRIACs em aplica¸c˜oes de alta potˆencia.

Um circuito semelhante ao TRIAC ´e o DIAC (Diode AC), o qual se assemelha a dois diodos postos em anti-paralelo. A grande diferen¸ca neste dispositivo ´e que a tens˜ao limiar ´e maior do que o observado em diodos convencionais e que, ap´os a entrada em condu¸c˜ao dos diodos, a tens˜ao terminal que o dispositivo exibe ´e inferior `a sua tens˜ao limiar, como exemplifica a Figura 2.8.

Figura 2.8: S´ımbolo e curva caracter´ıstica de um DIAC.

2.2.3

GTO - Gate Turn-off Thyristor

(20)

Uma evolu¸c˜ao dos GTOs foi lan¸cado no mercado pela ABB. Os novos componentes s˜ao os IGCTs (Insulated Gate Controlled Thyristor) e s˜ao na realidade GTOs com um circuito de gate embutido, de modo que o comando externo pode ser feito por meio de sinais ´opticos enviados via fibra ´optica. Essa evolu¸c˜ao simplifica muito a montagem de sistemas e reduz o custo dos mesmos, por´em, a desvantagem ´e que apenas um fabricante fornece tais elementos, o que pode gerar problemas de dependˆencia comercial.

2.3

TBJ - Transistor Bipolar de Jun¸c˜

ao

O TBJ ´e um dispositivo de trˆes camadas, podendo se apresentar na forma NPN ou PNP, sendo a forma NPN, apresentada na Figura 2.9, a mais comum em sistemas de potˆencia. As trˆes camadas s˜ao denominadas:

• Base - respons´avel por regular a passagem de el´etrons pelo dispositivo;

• Coletor - respons´avel por coletar os el´etrons enviados pelo emissor;

• Emissor - respons´avel por emitir el´etrons para o dispositivo.

Figura 2.9: S´ımbolo de um TBJ.

Nesta configura¸c˜ao, o transistor ´e capaz de operar em trˆes regi˜oes distintas:

• Corte - ocorre quando a corrente de base ´e nula. Nesta regi˜ao o transistor n˜ao conduz corrente, atuando como uma chave aberta;

• Regi˜ao ativa - Nesta regi˜ao o transistor funciona como uma fonte de corrente;

• Satura¸c˜ao - Nesta regi˜ao o transistor atinge o limite m´aximo de corrente que o circuito onde ele est´a inserido permite. O transistor opera como uma chave fechada, e apresenta entre seus terminais de coletor e emissor, uma tens˜ao de satura¸c˜ao muito pequena.

(21)

Ib =

Ic

β (2.1)

Onde β ´e o ganho DC do transistor. O grande problema de se empregar TBJs em circuitos de potˆencia ´e o fato desses dispositivos, quando se eleva o calibre de corrente e tens˜ao desejados, apresentarem β muito pequenos. Com isso, a corrente de base que o circuito de driver deve injetar torna-se muito elevada. Desta forma, um circuito de potˆencia com TBJ deveria possuir fontes de corrente muito potentes apenas para ligar e desligar os transistores, o que ´e uma solu¸c˜ao muito onerosa e desinteressante. Por esse motivo, o uso de TBJ em circuitos de potˆencia tem se extinguido nas ´ultimas d´ecadas.

2.4

MOSFET - Metal-Oxide-Semiconductor Field

Ef-fect Transistor

O MOSFET ´e um tipo de transistor que utiliza uma tecnologia totalmente diferente da empregada nos TBJs. Um substrato de material semicondutor do tipo P ´e constru´ıdo com duas ilhas de material tipo N. Sobre o substrato e entre as duas ilhas ´e depositada uma camada de ´oxido de sil´ıcio e um contato met´alico, como mostra a Figura 2.10.

Figura 2.10: Estrutura de um transistor MOSFET.

Nas bordas das ilhas tipo N, existe o contato entre um material tipo N e outro do tipo P, formando uma jun¸c˜ao PN. Assim como nos diodos, a existˆencia de uma jun¸c˜ao PN gera uma barreira de potencial, a qual impede a troca de el´etrons entre os dois materiais. Para operar, uma tens˜ao VGB deve ser aplicada entre a porta e o substrato. Caso essa tens˜ao

seja suficientemente grande, um campo el´etrico no substrato ser´a gerado, afastando as lacunas pr´oximas ao contato com o ´oxido. Essa a¸c˜ao gera um canal depleto de lacunas entre as duas ilhas tipo N. Dessa forma, se uma diferen¸ca de potencial for aplicada entre as duas ilhas (VDS), haver´a movimenta¸c˜ao de el´etrons. A Figura 2.11 demonstra a forma¸c˜ao

do canal.

(22)

Figura 2.11: Estrutura de um transistor MOS tipo enriquecimento.

conectado ao substrato, terminal B, de modo que a forma¸c˜ao do canal se d´a ao se aplicar uma tens˜aoVGS e a forma¸c˜ao de uma corrente el´etrica apenas poder´a ser definida quando

uma tens˜ao VDS ´e aplicada. Nesta configura¸c˜ao, existem apenas 3 terminais:

• G - gate ou porta;

• D - Dreno, ilha respons´avel por drenar os el´etrons emitidos pelo terminal de fonte;

• S - Source (fonte). ilha respons´avel por emitir el´etrons pelo canal.

A satura¸c˜ao do MOSFET ocorrer´a sempre que a tens˜ao VGS aplicada for entre 15V e

18V, tens˜oes superiores a isso podem danificar a camada de ´oxido e queimar o MOSFET. Diferentemente do TBJ, um MOSFET saturado se comporta como um resistor, `a essa resistˆencia d´a-se o nome de RDSON, o qual ´e um parˆametro de datasheet importante.

OBS: Da forma como o MOSFET ´e ligado, se uma tens˜aoVDS negativa for aplicada ao

dispositivo, a camada de deple¸c˜ao entre o substrato e o terminal de dreno ser´a polarizada diretamente, fazendo com que o MOSFET se comporte como um diodo. Ou seja, o transistor possui um diodo parasita que pode entrar em condu¸c˜ao quando VDS < 0. O

s´ımbolo el´etrico de um MOSFET, com o seu diodo parasita, ´e apresentado na Figura 2.12.

Figura 2.12: S´ımbolo el´etrico de um MOSFET do tipo enriquecimento.

(23)

´

E importante frisar que a grande vantagem do MOSFET em rela¸c˜ao ao TBJ ´e que ele pode ser acionado apenas pela aplica¸c˜ao de uma tens˜aoVGS em torno dos 15V. N˜ao h´a a

necessidade de se possuir drivers com capacidade de corrente muito elevada, o dispositivo de acionamento apenas dever´a ser capaz de injetar um pulso de corrente em torno de 2A de pico para carregar as capacitˆancias de entrada do MOSFET e formar o canal entre os terminais de dreno e fonte.

As curvas de funcionamento de um MOSFET s˜ao apresentadas na Figura 2.13. Note que existe um atraso entre o comando de ligamento e desligamento dispositivo e sua efetiva comuta¸c˜ao. Esses tempos de atraso podem ser segregados em:

• Tempo de atraso (td) - Atraso entre o comando e a percep¸c˜ao do comando pelo

dispositivo;

• Tempo de subida (tr) e tempo de descida (tf) - Tempos necess´arios para a corrente

se elevar ao patamar desejado, quando em entrada em satura¸c˜ao, e de se reduzir a zero, em transi¸c˜ao para bloqueio.

Figura 2.13: Curvas de comuta¸c˜ao de um transistor MOSFET.

2.4.1

Parˆ

ametros de datasheet do MOSFET

Os parˆametros mais importantes fornecidos pelos fabricantes de MOSFET s˜ao:

• RDSON - Resistˆencia dreno-fonte em estado ligado. Resistˆencia de contato do

MOS-FET quando ele se encontra em satura¸c˜ao;

• VDS - Tens˜ao de dreno-fonte. Tens˜ao nominal de funcionamento entre dreno e fonte;

• VGS - Tens˜ao m´axima de gate-fonte. M´axima tens˜ao entre o gate e a fonte que pode

(24)

• VDSS - Tens˜ao de ruptura de dreno-fonte. M´axima tens˜ao que pode ser aplicada

entre os terminais de dreno e fonte do dispositivo;

• VSD - Tens˜ao direta do diodo parasita. Tens˜ao de condu¸c˜ao do diodo parasita;

• ID - Corrente de dreno. Corrente nominal de dreno do dispositivo;

• ISD - Corrente direta do diodo. Corrente m´edia nominal de condu¸c˜ao do diodo

parasita;

• ISM - Corrente de surto do diodo parasita. Corrente m´axima de surto que pode ser

conduzida pelo diodo parasita;

• Ciss - Capacitˆancia de entrada do MOSFET. Capacitˆancia vista pelo terminal de

gate;

• Coss - Capacitˆancia de sa´ıda do MOSFET;

• td - Tempo de atraso;

• tr - Tempo de subida da corrente;

• tf - Tempo de descida da corrente;

• TJ - Temperatura de jun¸c˜ao.

2.5

IGBT - Insulated Gate Bipolar Transistor

O MOSFET ´e uma chave muito r´apida, sendo que os tempos de transi¸c˜ao e atraso s˜ao da ordem de algumas dezenas a centenas de nanossegundos, contudo n˜ao se encontra no mercado MOSFETs de tens˜ao VDS superiores a 600V. Para aplica¸c˜oes de maior tens˜ao,

portanto, utiliza-se uma outra tecnologia de transistor, o IGBT. Esse dispositivo alia as caracter´ısticas de entrada de um MOSFET, sendo saturado quando uma tens˜ao de porta em torno dos 15V ´e aplicada, e as caracter´ısticas de sa´ıda de um TBJ, apresentando uma tens˜ao de contato pequena. O s´ımbolo el´etrico de um IGBT ´e mostrado na Figura 2.14.

Figura 2.14: S´ımbolo el´etrico e terminais de um IGBT.

(25)

caso a corrente que passe pelo IGBT seja muito elevada. As novas gera¸c˜oes de IGBT tˆem diminu´ıdo a influˆencia desse elemento parasita.

O IGBT ´e um dispositivo unidirecional em corrente e tens˜ao.

A Figura 2.15 abaixo apresenta as curvas de ligamento e desligamento do IGBT. Note que durante o desligamento, existe uma inflex˜ao na curva de corrente. Essa inflex˜ao ´e chamada de corrente de cauda, e faz com que o desligamento do IGBT seja muito mais lento do que o desligamento de um MOSFET.

Figura 2.15: Formas de onda de opera¸c˜ao de um IGBT.

2.5.1

Parˆ

ametros de datasheet do IGBT

Os principais parˆametros fornecidos pelos fabricantes de IGBT s˜ao:

• VCEsat, VCEon - Tens˜ao de satura¸c˜ao entre coletor-emissor. Tens˜ao de condu¸c˜ao

exi-bida entre os terminais de coletor e emissor do transistor, enquanto este se encontra em satura¸c˜ao;

• VBRCES - Tens˜ao de ruptura de coletor-emissor. M´axima tens˜ao entre coletor e

emissor que pode ser aplicada ao um IGBT;

• IC - Corrente de coletor. Corrente nominal de coletor;

• Eon - Perda de energia durante o ligamento do IGBT.

• Eof f - Perda de energia durante o desligamento do IGBT;

• td - Tempo de atraso do IGBT;

• tr - Tempo de subida da corrente;

• tf - Tempo de descida da corrente;

(26)

2.6

Compara¸c˜

ao entre as chaves semicondutoras

A Tabela 2.1 apresenta a compara¸c˜ao entre as chaves semicondutoras revisadas neste cap´ıtulo. Note que para cada aplica¸c˜ao de eletrˆonica de potˆencia, um tipo de chave ´e mais adequada.

Tabela 2.1: Compara¸c˜ao entre as chaves eletrˆonicas revisadas.

MOSFET IGBT TBJ GTO SCR Diodo

Tipo de co-mando

Tens˜ao Tens˜ao Corrente Corrente Corrente –

Potˆencia do circuito de comando

M´ınima M´ınima Elevada Elevada Baixa –

Circuito de comando

Simples Simples Complexo Muito Com-plexo

Simples –

Capacidade de corrente

Quando maior a ten-s˜ao menor a corrente

M´edia/alta M´edia Muito alta Muito alta Muito alta

Perdas de comuta¸c˜ao

Muito baixas

Baixa/m´edia M´edia/alta Alta Alta Alta

Velocidade de comu-ta¸c˜ao

(27)

Cap´ıtulo 3

Conversores c.c./c.c. - Choppers

ao-isolados

Os choppers s˜ao circuitos dedicados a converter uma tens˜ao cont´ınua em outra, al-terando caracter´ısticas como magnitude. Existem diversas topologias de choppers descri-tas na literatura e empregadas em aplica¸c˜oes de eletrˆonica de potˆencia ao redor do mundo. Contudo, todas elas derivam de trˆes estruturas b´asicas, sendo elas: o conversor buck, o conversorboost e o conversor buck-boost. Este cap´ıtulo ir´a apresentar essas trˆes estruturas b´asicas e discutir a sua opera¸c˜ao em regime de condu¸c˜ao cont´ınuo e descont´ınuo.

Os choppers empregam chaves est´aticas que permitam tanto o disparo e o bloqueio controlados, de modo que as principais chaves s˜aos os MOSFETs e os IGBTs.

3.1

Conversor Abaixador - Buck ou Step-down

O circuito da Figura 3.1 mostra a estrutura b´asica de um chopper abaixador. O seu objetivo ´e converter a tens˜ao cont´ınua de entrada em uma tens˜ao de sa´ıda de valor m´edio mais baixo. A t´ecnica de convers˜ao se baseia em ”picotar”(to chop) a tens˜ao de entrada, de modo que a sa´ıda do circuito seja um trem de pulsos, tendo como valor m´edio, a grandeza desejada.

Figura 3.1: Circuito de um conversor abaixador.

(28)

Figura 3.2: Forma de onda de comando e tens˜ao na sa´ıda do conversor abaixador.

Note que a chave fica ligada por um tempo ton e o padr˜ao chaveamento se repete a

cada per´ıodo TS. Dessa forma, o valor m´edio da tens˜ao de sa´ıda se torna:

VO =

E·ton

TS

(3.1)

TS ´e chamado de per´ıodo de chaveamento, e d´a origem a uma frequˆencia de

chavea-mento: fS = 1/TS. O controle do valor m´edio pode ser realizado ao se variar a raz˜ao

c´ıclica do conversor, a qual ´e definida como:

D = ton TS

(3.2)

De modo que:

VO =E·D (3.3)

Note que a raz˜ao c´ıclica apenas pode assumir valores entre: 0 D 1, de modo que a tens˜ao de sa´ıda sempre ser´a menor do que a tens˜ao de entrada. Por esse motivo, o conversor ´e chamado de conversor abaixador, ou conversorstep-down, do termo em inglˆes. Um dos problemas da estrutura apresentada acima ´e que a tens˜ao de sa´ıda apresenta uma caracter´ıstica pulsada. Para reduzir o ripple de chaveamento, utiliza-se um filtro passa-baixas, composto por um indutor e um capacitor na sa´ıda do conversor. A modifi-ca¸c˜ao ´e apresentada na Figura 3.3 e constitui o est´agio de potˆencia de um conversor buck convencional.

(29)

Figura 3.3: Circuito de um conversor buck convencional.

Circuito com a chave fechada

Com a chave fechada, a estrutura do conversor se torna como a demonstrada na Figura 3.4.

Figura 3.4: Circuito de um conversor buck com a chave fechada.

Percebe-se que a fonte de entrada ir´a injetar um corrente no circuito, pelo indutor do filtro. Essa corrente alimentar´a o circuito RC na sa´ıda do conversor. Se a tens˜ao na sa´ıda for considerada puramente cont´ınua, pode-se escrever a tens˜ao sobre o indutor do filtro, como sendo:

VL =E−VO (3.4)

Lembrando que a tens˜ao sobre um indutor ´e descrita pela equa¸c˜ao diferencial:

VL =L

dIL

dt ≈L ∆IL

ton

(3.5)

Pode-se verificar que existir´a um ripple de corrente no indutor, o qual ´e definido como;

∆IL=

(EVo)·D

L·fS

(3.6)

Circuito com a chave aberta

(30)

cir-culando. Nesse sentido, o circuito do conversor buck se torna como o apresentado pela Figura 3.5.

Figura 3.5: Circuito de um conversor buck com a chave aberta.

A tens˜ao sobre o indutor se tornar´a:

VL =−VO (3.7)

De modo que o ripple da corrente, pode ser novamente definido como:

∆IL = −

Vo·(1−D)

L·fS

(3.8)

Uma vez definidas as tens˜oes em cada estado da chave, pode-se definir as formas de onda no circuito, as quais s˜ao apresentadas na Figura 3.6.

Figura 3.6: Formas de onda de comando, tens˜ao e corrente no indutor do buck.

A equa¸c˜ao que define a rela¸c˜ao entre a tens˜ao de sa´ıda e de entrada do conversor buck pode ser extra´ıda da seguinte forma: Como se sabe que o valor m´edio de tens˜ao em um indutor deve ser nulo, pode-se combinar as tens˜oes derivadas anteriormente, de modo que:

(31)

(EVO)·ton =VO·(TS−ton) (3.10)

VO =

E·ton

TS

=E·D (3.11)

Obviamente, a express˜ao ´e a mesma encontrada para o conversor abaixador sem filtro. Observe, tamb´em que a opera¸c˜ao do conversor faz com que a corrente no indutor apresente um ripple triangular. Como a corrente de carga possui um car´ater cont´ınuo, esse ripple triangular ir´a ser absorvido pelo capacitor do filtro de sa´ıda. Mas, como a corrente em um capacitor pode ser definida como:

iC =C

dVC

dt (3.12)

A presen¸ca de uma corrente alternada no capacitor ir´a provocar o surgimento de um ripple de tens˜ao na sa´ıda do circuito. A Figura 3.7 mostra a forma de onda de corrente no capacitor e o detalhe da tens˜ao de sa´ıda. Note que sobre o valor m´edio da tens˜ao, existe um ripple. Esse ripple depender´a dos valores de indutˆancia e capacitˆancia utilizados no conversor.

Figura 3.7: Formas de onda de corrente e tens˜ao sobre o capacitor do filtro de sa´ıda de um buck.

A corrente nas chaves semicondutoras (transistor e diodo) ser˜ao uma parcela da cor-rente de indutor, uma vez que em cada intervalo de tempo ao longo do per´ıodo de chavea-mento, uma das chaves proporciona o caminho para a circula¸c˜ao da corrente. A Figura 3.8 apresenta as formas de onda de corrente em cada chave.

Assim, pode-se definir a corrente m´edia no transistor como sendo:

IT =IO·D (3.13)

Uma vez que o transistor conduz a corrente de carga durante o intervalo ton. Assim,

(32)

Figura 3.8: Formas de onda de corrente nas chaves de conversor um buck.

ID =IO·(1−D) (3.14)

3.1.1

Dimensionamento dos componentes

a) Indutor

Uma vez definidas as condi¸c˜oes de projeto do conversor, pode-se lan¸car m˜ao das equa¸c˜oes extra´ıdas anteriormente e determinar os valores adequados para o indutor. Con-siderando o regime de condu¸c˜ao cont´ınua, sabe-se que o valor do ripple de corrente ´e definido por:

∆IL=

(EVO)·D

L·fS

(3.15)

Assim, se parˆametros como a raz˜ao c´ıclica m´axima, tens˜ao de entrada, tens˜ao de sa´ıda, ripple de corrente desejado e frequˆencia de chaveamento forem conhecidos, pode-se definir o valor do indutor como sendo:

L= (E−VO)·D ∆IL·fS

(3.16)

b) Capacitor

O capacitor ´e calculado a partir da an´alise da carga absorvida durante um per´ıodo de chaveamento. Lembrando que:

∆Q=C∆Vc (3.17)

(33)

C = ∆IL(1−D) 4fS∆VO

(3.18)

Onde ∆VO ´e o valor de pico-a-pico do ripple de tens˜ao sobre o capacitor.

3.1.2

Regimes de condu¸c˜

ao

As an´alises feitas at´e o momento consideraram que a corrente no indutor ´e sempre positiva, independentemente da condi¸c˜ao da chave. Desta forma, todas as observa¸c˜oes feitas se referem ao regime de condu¸c˜ao cont´ınua. Contudo, se o ripple de corrente for muito elevado, ou se o valor m´edio da corrente de sa´ıda for diminu´ıdo, o circuito poder´a entrar em condu¸c˜ao descont´ınua. Nesta se¸c˜ao esse regime ser´a analisado.

Regime de condu¸c˜ao cr´ıtica, ou limite

Neste regime, o conversor opera no limiar entre a condu¸c˜ao cont´ınua e a descont´ınua. O ripple de corrente no indutor ´e suficientemente grande para fazer com que a corrente toque o n´ıvel zero, mas n˜ao h´a a existˆencia de um patamar nulo na corrente. A Figura 3.9 mostra essa condi¸c˜ao.

Figura 3.9: Forma de onda de corrente no indutor na regi˜ao cr´ıtica.

Note que neste caso, o valor m´edio de corrente pode ser definido como sendo:

IO =

ILmax

2 (3.19)

Onde o valor m´aximo de corrente ser´a igual ao do ripple de corrente, de modo que ∆IL =ILmax.

Utilizando as oberva¸c˜oes feitas para a condu¸c˜ao cont´ınua, pode-se definir que:

∆IL=

(EVO)·D

L·fS

(34)

A partir da express˜ao acima, pode-se definir um valor m´ınimo para o indutor do conversor, de modo que o mesmo atinja a regi˜ao cr´ıtica. Esse valor ´e interessante, uma vez que, al´em de servir para se projetar o conversor no regime cr´ıtico, pode servir de teste para definir o regime de condu¸c˜ao de um conversor.

Lmin =

(EVo)·D

2fSIO

(3.21)

O regime cr´ıtico pode ser atingido tamb´em por meio da redu¸c˜ao da raz˜ao c´ıclica de um conversor j´a estabelecido. Essa raz˜ao c´ıclica limite, ou cr´ıtica, pode tamb´em ser extra´ıda da express˜ao acima, de modo que:

DCrit = 1−K (3.22)

Onde: K = 2LfS R .

Regime de condu¸c˜ao descont´ınua

Caso o valor m´edio da corrente de indutor seja ainda mais reduzido, o conversor entra em regime de condu¸c˜ao descont´ınua, como exemplifica a Figura 3.10.

Figura 3.10: Forma de onda de corrente no indutor na regi˜ao descont´ınua.

Neste caso, o ripple de corrente continua possuindo o mesmo valor apresentado no caso anterior, sendo igual ao valor de pico da corrente de indutor (ILM AX).

Mas o valor m´edio da corrente se torna inferior ao observado na condi¸c˜ao limite:

IO =

ILmax

2 ·

(

1 tx TS

)

(3.23)

txrepresenta o intervalo de tempo em que a corrente do indutor se mant´em nula. Com

(35)

VO =

E·D 2K

[√

D2+ 4KD] (3.24)

Assim:

tx =

1 ( ED VO ) fS (3.25)

Exemplos de c´alculo

Considere um conversor buck com os seguintes parˆametros: Tens˜ao de entrada = 12V; Indutor = 100µH; Capacitor = 22µF; frequˆencia de chaveamento = 100kHz. Definindo-se que a tens˜ao de sa´ıda seja 5,0V, determine: a) O valor do ciclo de trabalho, b) O regime real de condu¸c˜ao para uma carga de R = 10Ω, c) A magnitude do ripple de tens˜ao na sa´ıda.

Resolu¸c˜ao

a) O valor do ciclo de trabalho, considerando o regime de condu¸c˜ao cont´ınua, pode ser definido como:

D= VO E =

5V

12V = 0,42 (3.26)

b) Para verificar o regime de condu¸c˜ao, pode-se utilizar a express˜ao do Lmin ou do

DCrit. Calculando-se o valor m´ınimo de indutor que leva o conversor a trabalhar na regi˜ao

limite:

Lmin =

(EVo)·D

2fSIO

= (12V −5V)·0,42

2·100kHz·(5V /10Ω) = 29,4µH (3.27) Como o indutor utilizado no conversor ´e superior a 29,4µH, o conversor ir´a operar em regime de condu¸c˜ao cont´ınua. Para fins did´aticos, a defini¸c˜ao do regime, por meio da raz˜ao c´ıclica cr´ıtica tamb´em ser´a realizado:

DCrit= 1−K = 1−

2LfS

R = 1−

2·100µH ·100kHz

10Ω =−1 (3.28)

O DCrit indicou um valor de raz˜ao c´ıclica imposs´ıvel de ser realizada, de modo que

se mostra que o conversor n˜ao opera na regi˜ao cr´ıtica. Al´em disso, como a raz˜ao c´ıclica utilizada pelo conversor ´e superior `a DCrit calculada, tˆem-se que o conversor opera em

regime de condu¸c˜ao cont´ınua.

c) O ripple de tens˜ao pode ser encontrado por meio da express˜ao de projeto do ca-pacitor do filtro. Para utilizar tal express˜ao, deve-se calcular primeiramente o ripple de corrente no indutor:

∆IL =

(EVo)·D

LfS

= (12V −5V)·0,42

(36)

Assim:

∆VO =

∆IL(1−D)

8fSC

= 0,294(1−0,42)

8·100kHz·22µF = 9,69mV (3.30)

3.2

Conversor Elevador - Boost ou Step-up

O conversor boost ´e um conversor elevador de tens˜ao, ou seja, a tens˜ao m´edia verifi-cada na sua sa´ıda ´e superior `a tens˜ao de entrada. A estrutura de um conversor boost ´e apresentada na Figura 3.11.

Figura 3.11: Circuito de um conversor boost.

Pode-se definir dois est´agios de trabalho para o conversor, determinados pelo estado da chave:

Conversor boost com chave fechada

Quando a chave ´e fechada, a tens˜ao de entrada ´e aplicada ao indutor, o qual ser´a carregado por uma correnteIL. Nesta condi¸c˜ao, o diodo ser´a reversamente polarizado, de

modo que n˜ao haver´a corrente circulando por ele. A carga ser´a alimentada pelo capacitor. A estrutura do conversor para este est´agio ´e apresentada na Figura 3.12.

Figura 3.12: Circuito de um conversor boost com a chave fechada.

A tens˜ao sobre o indutor se torna:

(37)

Assim, pode-se definir o ripple de corrente no indutor como sendo:

∆IL=

E Lton=

E·D LfS

(3.32)

Conversor boost com chave aberta

Quando a chave semicondutora se abre, a polaridade da tens˜ao sobre o indutor ir´a se alternar, de modo a garantir um meio de condu¸c˜ao para a corrente que por ele flui. Essa altera¸c˜ao de polaridade ´e discutida pela Lei de Faraday/Lenz e est´a relacionada com a varia¸c˜ao do fluxo magn´etico no interior da bobina. Com esta mudan¸ca de polaridade da tens˜ao no indutor, o diodo entrar´a em condu¸c˜ao, fazendo com que a estrutura do conversor se modifique para a mostrada na Figura 3.13.

Figura 3.13: Circuito de um conversor boost com a chave aberta.

Note que agora, o circuito RC de sa´ıda ´e alimentado pela corrente de indutor. A energia armazenada no indutor no est´agio anterior ´e gasta para alimentar a carga neste est´agio, desta forma, o capacitor ´e carregado mantendo a tens˜ao de sa´ıda constante. A tens˜ao no indutor pode ser definida como:

VL =VO−E (3.33)

Assim o ripple de corrente se torna:

∆IL =

VO−E

L ·tof f =

(VO−E)(1−D)

LfS

(3.34)

Uma vez conhecidos os est´agios de trabalho do conversor, pode-se fazer algumas ob-serva¸c˜oes. Note que, no primeiro est´agio armazena-se energia no indutor e no segundo, essa energia armazenada ´e gasta para carregar o capacitor e alimentar a carga. Esse com-portamento permite que a tens˜ao de sa´ıda se eleve acima do n´ıvel da tens˜ao de entrada. Para se poder determinar uma rela¸c˜ao entre as duas tens˜oes, novamente, ser´a levado em considera¸c˜ao o fato de o indutor exibir tens˜ao m´edia nula, assim:

E·D= (VO−E)·(1−D) (3.35)

(38)

VO =

E

1D (3.36)

Em rela¸c˜ao `as correntes conversor, pode-se observar que a corrente de sa´ıdaIO, apenas

se relacionada com a corrente no indutor,IL, quando a chave est´a desligada. Assim sendo,

diferentemente do que se observa no conversor buck, a corrente m´edia de sa´ıda n˜ao ´e igual `a corrente m´edia no indutor, mas sim uma fra¸c˜ao dela. Como o tempo em que o indutor fornece energia `a sa´ıda ´e igual a tof f, tˆem-se que:

IO = (1−D)·IL(med) (3.37) A mesma observa¸c˜ao pode ser feita em rela¸c˜ao `a corrente nas chaves:

ID =IO (3.38)

IT =D·IL(med) (3.39) A Figura 3.14 apresenta as formas de onda de corrente no indutor, na sa´ıda e nas chaves semicondutoras.

Figura 3.14: Formas de onda de corrente no conversor boost.

3.2.1

Dimensionamento dos componentes

Em regime de condu¸c˜ao cont´ınua, pode-se calcular os valores de L e C a partir de parˆametros de projeto, como as magnitudes de ripple de tens˜ao e corrente desejados. O valor do indutor pode ser extra´ıdo da equa¸c˜ao que define o ripple de corrente no indutor:

L= E·D fS∆IL

(39)

O capacitor ´e calculado a partir da carga absorvida pelo componente, ao longo do per´ıodo de chaveamento:

C = IO·D fS∆VO

(3.41)

3.2.2

Regimes de condu¸c˜

ao

Regime de condu¸c˜ao limite

Assim como ocorre com o conversor buck, `a medida que a corrente de sa´ıda diminui, o conversor boost pode entrar na regi˜ao de condu¸c˜ao limite, ou seja, neste ponto o ripple de corrente no indutor excursiona de zero a um valor m´aximo, marcando o limiar entre a condu¸c˜ao cont´ınua e a condu¸c˜ao descont´ınua. Nesta regi˜ao, o valor m´edio da corrente no indutor ´e igual `a metade do ripple de corrente:

IL(med) = ∆IL

2 = ILmax

2 (3.42)

Onde: ILmax=

E ·D LfS

.

Desta forma, pode-se definir um valor de indutor m´ınimo que faz com que o conversor boost trabalhe na regi˜ao limite. Esse valor m´ınimo ´e determinado como:

Lmin =

E·D(1D) 2fSIO

(3.43)

Regime de condu¸c˜ao descont´ınua

Na condi¸c˜ao de condu¸c˜ao descont´ınua, a corrente de sa´ıda cai a um patamar que for¸ca a corrente de indutor a manter um n´ıvel nulo durante um intervalo de tempo, como ´e mostrado na Figura 3.15.

O efeito desse patamar nulo na corrente j´a foi discutido anteriormente para o conversor buck. Haver´a uma altera¸c˜ao na rela¸c˜ao entre a tens˜ao de sa´ıda e de entrada, a qual ser´a definida como:

VO =

E 2

(

1 +

1 + 4D 2 K

)

(3.44)

Onde: K = 2LfS R

Exemplo de c´alculo

(40)

Figura 3.15: Formas de onda de corrente e tens˜ao no indutor do boost em condu¸c˜ao descont´ınua.

cont´ınuo. Determine: a)L e C, b) o ciclo de trabalho, c) especifique o transistor e o diodo a ser utilizado.

Resolu¸c˜ao

De acordo com o problema, o conversor dever´a exibir uma tens˜ao de sa´ıda igual a 30V, para uma entrada de 12V. Utilizando a rela¸c˜ao entre entrada e sa´ıda para um conversor boost em condu¸c˜ao cont´ınua, se pode encontrar o valor da raz˜ao c´ıclica:

1D= E VO

= 12V

30V = 0,4 (3.45)

D= 10,4 = 0,6 (3.46)

O problema tamb´em indicou que o conversor ir´a atuar em condu¸c˜ao cont´ınua, mesmo com uma redu¸c˜ao da corrente de carga. Note que quando a corrente estiver em 0,2A (valor m´ınimo), a condu¸c˜ao cont´ınua dever´a ser garantida. Uma forma de se fazer isso ´e definir que quando a corrente atinge seu valor m´ınimo, o conversor operar´a na regi˜ao limite, neste caso, pode-se definir que:

∆IL= 2·IO(min)= 2·0,2A= 0,4A (3.47) A partir dessa informa¸c˜ao pode-se encontrar o valor m´ınimo do indutor que v´a garantir a opera¸c˜ao em regime de condu¸c˜ao cont´ınua:

Lmin =

E·D(1D) 2fSIO

= 12V ·0,6(1−0,6)

(41)

O projeto do capacitor deve ser feito considerando a maior corrente de sa´ıda poss´ıvel. Isso porque, quanto maior a corrente de carga, maior ser´a o descarregamento do capacitor e logo, maior ser´a o ripple de tens˜ao. Assim, para este c´alculo, a corrente de sa´ıda de 3A dever´a ser utilizada:

C = IO·D fS∆VO

= 3A·0,6

20kHz·0,01·30V = 300µF (3.49) Agora, os dois primeiros ´ıtens do problema podem ser respondidos:

a) L360µH e C 300µF;

b) Ciclo de trabalho ´e igual a 0,6, ou 60%;

c) O transistor dever´a suportar uma corrente m´edia de:

IT =D·IL(med)=D·

IO(max)

1D = 0,6 3A

10,6 = 4,5A (3.50) A tens˜ao a ser suportada pelo transistor ´e aquela que aparece sobre ele durante o intervalo tof f:

VT =VO = 30V (3.51)

O diodo dever´a suportar uma corrente m´edia igual `a corrente m´edia na carga, assim:

ID =IO(max)= 3A (3.52)

A tens˜ao reversa sobre o diodo ocorrer´a no intervalo ton, de modo que:

T P Idiodo=VO = 30V (3.53)

3.3

Conversor buck-boost - Abaixador-Elevador

A Figura 3.16 apresenta o conversor buck-boost. Este conversor possui a capacidade de tanto elevar, quanto abaixar a tens˜ao de sa´ıda em rela¸c˜ao `a sua entrada. Contudo, isto ´e feito ao custo de se ter uma tens˜ao de sa´ıda com polaridade inversa `a entrada, ou seja, o conversor buck-boost possui uma caracter´ıstica inversora.

(42)

Assim como ocorre com os demais conversores, dependendo da condi¸c˜ao da chave semicondutora, a estrutura do conversor ir´a se modificar. Essas modifica¸c˜oes de estrutura ser˜ao discutidas a seguir.

Conversor buck-boost com a chave fechada

A Figura 3.17 mostra a estrutura do conversor com chave fechada. Nesta situa¸c˜ao, o indutor ´e carregado pela fonte de entrada e o capacitor se descarrega sobre a carga. Note que o diodo est´a polarizado reversamente. Este est´agio de funcionamento do conversor se assemelha ao primeiro est´agio de trabalho do conversor boost.

Figura 3.17: Circuito de um conversor buck-boost com a chave fechada.

Nesta situa¸c˜ao, a tens˜ao no indutor se torna:

VL=E (3.54)

De modo, que se pode descrever uma rela¸c˜ao entre o ripple de corrente e algumas vari´aveis do circuito:

∆IL=

E·D LfS

(3.55)

Conversor buck-boost com a chave aberta

Quando a chave semicondutora se abre, de acordo com a lei de indu¸c˜ao de Fara-day/Lenz, o indutor ir´a inverter sua polaridade de tens˜ao, com o intuito de for¸car a continuidade da condu¸c˜ao da correnteIL. Assim, o diodo entrar´a em condu¸c˜ao, o que faz

com que a estrutura do conversor se torne equivalente `aquela apresentada na Figura 3.18.

(43)

Note que a tens˜ao sobre o indutor aparece em paralelo com a sa´ıda, for¸cando uma polaridade negativa para VO. Nesta situa¸c˜ao, a tens˜ao sobre o indutor se torna:

VL =VO (3.56)

Novamente, pode-se escrever uma express˜ao para o ripple de corrente:

∆IL=

VO(1−D)

LfS

(3.57)

As formas de onda de tens˜ao no indutor ao longo do per´ıodo de chaveamento e a tens˜ao de sa´ıda resultante s˜ao apresentados na Figura 3.19.

Figura 3.19: Formas de onda de tens˜ao na sa´ıda e no indutor do conversor buck-boost.

Observe que a tens˜ao de sa´ıda apresenta um valor negativo, indicando a caracter´ıstica inversora do conversor. Como a tens˜ao m´edia no indutor deve ser nula, pode-se escrever:

E·D=VO·(1−D) (3.58)

De modo que, se pode extrair a seguinte rela¸c˜ao:

VO =E·

D

1D (3.59)

Observe que, se D < 0,5, o m´odulo da tens˜ao de sa´ıda ser´a menor do que a tens˜ao de entrada, ou seja, o conversor estar´a operando como um conversor buck, se, por outro lado, D > 0,5, a tens˜ao de sa´ıda ser´a maior do que a de entrada, ou seja, o conversor passar´a a operar como um conversor boost. Assim como ocorre com o conversor boost, a corrente m´edia de sa´ıda ser´a uma fra¸c˜ao da corrente m´edia no indutor, uma vez que existe transferˆencia de energia entre o indutor e a sa´ıda apenas durante o intervalo tof f.

(44)

IO =ILmed·(1−D) (3.60)

Em rela¸c˜ao `a corrente nas chaves, pode-se fazer considera¸c˜oes semelhantes, de modo que:

ID =IO (3.61)

IT =ILmed·D (3.62)

As formas de onda de corrente nos componentes do circuito s˜ao apresentadas na Figura 3.20.

Figura 3.20: Formas de onda de corrente no circuito do conversor buck-boost.

OBS: O dimensionamento do indutor e do capacitor segue as mesmas ex-press˜oes apresentadas para o conversor boost.

3.3.1

Regimes de condu¸c˜

ao

Regime de condu¸c˜ao limite

Na regi˜ao de condu¸c˜ao limite, o ripple de corrente no indutor toca o eixo zero, definindo o limiar entre a condu¸c˜ao cont´ınua e descont´ınua. Pode-se definir ent˜ao um valor m´ınimo para o indutor, para que o circuito atinja a regi˜ao limite:

Lmin =

ED(1D) 2fSIO

(45)

Regime de condu¸c˜ao descont´ınua

Na regi˜ao descont´ınua, o conversor apresenta um patamar nulo na corrente de indutor. Isso modifica a rela¸c˜ao entre as tens˜oes de entrada e sa´ıda. Para o conversor buck-boost, essa rela¸c˜ao se torna:

VO=

ED

K (3.64)

Onde: K = 2LfS R

3.4

Exerc´ıcios propostos

1. No conversor buck, por que a corrente m´edia no indutor ´e igual `a corrente na carga em regime permanente?

2. Uma vez determinado um circuito para um conversor buck, como se pode definir o regime de condu¸c˜ao do conversor?

3. Em um conversor buck, caso a tens˜ao de entrada varie (aumente ou diminua), o que deve ser feito para garantir que a tens˜ao de sa´ıda permane¸ca sempre constante?

4. Um conversor buck ´e alimentado por uma tens˜ao de entrada de 40V e fornece uma tens˜ao de 15V em sua sa´ıda, com uma frequˆencia de chaveamento de 10kHz. Nesta situa¸c˜ao, calcule os tempos ton etof f;

5. Projete um conversor buck, para alimentar uma carga que opere em 3,3V e consuma de 0,5A a 7A. A tens˜ao de fonte dispon´ıvel ´e 5V e a frequˆencia de chaveamento deve ser de 50kHz, sendo o ripple de tens˜ao na sa´ıda inferior a 5% e o regime de condu¸c˜ao cont´ınuo. Determine: a) o valor do indutor e do capacitor, b) o ciclo de trabalho, c) as especifica¸c˜oes das chaves semicondutoras, d) Esboce as formas de onda de das tens˜oes no diodo e no transistor;

6. Esboce as formas de onda de tens˜ao e corrente no indutor, de tens˜ao no diodo e de tens˜ao no transistor, para um conversor buck trabalhando em condu¸c˜ao descont´ınua;

7. Explique como um conversor boost consegue elevar a tens˜ao em sua sa´ıda em rela¸c˜ao `a sua entrada;

8. Para um conversor boost, mostre que a potˆencia de sa´ıda ´e igual `a potˆencia de entrada. [Dica: P = V.I];

(46)

trabalho, b) o regime real de condu¸c˜ao para uma carga de 20Ω, c) a magnitude do ripple de tens˜ao de sa´ıda.

10. Considere um conversor buck-boost, com os seguintes parˆametros: Tens˜ao de en-trada 12V; valor de indutor = 100µH; valor de capacitor = 22µF; frequˆencia de chaveamento = 100kHz e carga = 1Ω. Determine: a) O valor do ciclo de trabalho para se obter uma tens˜ao de sa´ıda igual a 48V e outra igual 5V; b) as especifica¸c˜oes dos semicondutores para ambas as situa¸c˜oes do item a);

(47)

Cap´ıtulo 4

Conversores c.c./c.a. - Inversores

Os inversores s˜ao conversores utilizados para se obter uma tens˜ao c.a. vari´avel a partir de uma tens˜ao c.c.. Esses circuitos encontram muitas aplica¸c˜oes nas ´areas industriais e comerciais, das quais pode-se citar:

• Acionamento de motores de indu¸c˜ao;

• UPS - Fonte ininterrupta de energia (”No-breaks”);

• Aquecimento por indu¸c˜ao;

• Compensador de reativos;

• etc.

Os inversores podem ser classificados em dois grupos distintos:

• Inversores n˜ao-autˆonomos - S˜ao inversores constitu´ıdos por tiristores e operados `a frequˆencia de rede. As topologias de inversores n˜ao-autˆonomos s˜ao idˆenticas `as de retificadores monof´asicos e trif´asicos de onda completa, com a diferen¸ca que o fluxo de potˆencia se d´a do lado c.c. para o lado c.a.;

• Inversores autˆonomos - Nestes conversores, a comuta¸c˜ao das chaves ´e definida pelo circuito de comando, sendo que para isso, ´e necess´ario o emprego de chaves do tipo transistor (MOSFET e IGBT).

O inversores autˆonomos ainda se distribuem em duas categorias:

• Inversores de tens˜ao (VSI - Voltage Source Inverter): Nestes inversores, a gera¸c˜ao da tens˜ao c.a. se d´a por meio da modula¸c˜ao de uma fonte de tens˜ao c.c. de entrada;

• Inversores de corrente (CSI -Current Source Inverter): Nestes inversores, a gera¸c˜ao da tens˜ao c.a. se d´a pela modula¸c˜ao de uma corrente c.c. de entrada. Normalmente esses conversores s˜ao utilizados em aplica¸c˜oes de potˆencia elevada.

(48)

4.1

Inversor em ponte completa

A Figura 4.1 apresenta a estrutura de um inversor monof´asico em ponte completa. Essa topologia com quatro chaves ´e tamb´em chamada de ponte H.

Figura 4.1: Estrutura de um inversor monof´asico em ponte completa.

Note que as chaves utilizadas no conversor s˜ao constru´ıdas com um transistor e um diodo em anti-paralelo. Essas chaves s˜ao bidirecionais em corrente e unidirecionais em tens˜ao. Esse comportamento ´e necess´ario, pois muitas vezes a corrente c.a. de sa´ıda est´a defasada em rela¸c˜ao `a tens˜ao.

O conversor ponte completa pode ser operado de diversas formas, de acordo com a sequˆencia de comando das chaves. A seguir ser˜ao discutidas algumas dessas t´ecnicas de opera¸c˜ao.

4.1.1

Opera¸c˜

ao em onda quadrada

Nesta t´ecnica de opera¸c˜ao do inversor, uma onda quadrada de frequˆencia controlada ´e imposta sobre a carga do inversor. A tens˜ao de sa´ıda do conversor ir´a depender da amplitude da fonte c.c. de entrada. A Figura 4.2 apresenta a forma de onda de sa´ıda do conversor, para a opera¸c˜ao em onda quadrada.

Note que o sinal de sa´ıda apresenta dois n´ıveis de tens˜ao (+E e -E), onde E ´e a tens˜ao da fonte c.c.. Para se estabelecer um sinal +E na sa´ıda do conversor, as chaves S1 e S4 devem ser acionadas simultaneamente, para se impor uma tens˜ao -E, por outro lado, as chaves S2 e S3 devem ser comandadas. ´E importante frisar que em nenhum momento duas chaves de um mesmo bra¸co (S1 e S2, ou S3 e S4) podem ser comandadas simultaneamente, se esta restri¸c˜ao n˜ao for obedecida, pode-se fechar um curto-circuito na fonte c.c..

(49)

Figura 4.2: Forma de onda de tens˜ao na sa´ıda para opera¸c˜ao em onda quadrada.

Vo1m = 4

π ·E (4.1)

A grande desvantagem da opera¸c˜ao em onda quadrada est´a no fato de esta t´ecnica apresentar uma tens˜ao de sa´ıda com um conte´udo harmˆonico muito elevado, como ilustra a Figura 4.3.

Figura 4.3: Conte´udo harmˆonico de uma onda quadrada.

Observe que as componentes de baixa frequˆencia apresentam uma amplitude elevada, o que obriga a utiliza¸c˜ao de filtros grandes, volumosos e caros para eliminar essas compo-nentes.

4.1.2

Opera¸c˜

ao em onda quase-quadrada

(50)

Figura 4.4: Forma de onda de tens˜ao na sa´ıda na opera¸c˜ao em quase-quadrada.

Esta modifica¸c˜ao melhora o conte´udo harmˆonico da tens˜ao de sa´ıda, reduzindo a am-plitude dos harmˆonicos de baixa ordem. Al´em disso, permite o controle da tens˜ao eficaz de sa´ıda, uma vez que a amplitude da tens˜ao fundamental ´e dada por:

Vo1m =

4

π ·E·cosα (4.2)

Apesar da redu¸c˜ao das componentes harmˆonicas, ainda ´e necess´ario utilizar grandes filtros para extrair do conversor um tens˜ao de sa´ıda senoidal.

4.1.3

Opera¸c˜

ao por Modula¸c˜

ao por Largura de Pulsos - PWM

Esta t´ecnica produz uma tens˜ao de sa´ıda muito pr´oxima de uma senoidal. A amplitude da componente fundamental de tens˜ao ´e sintetizada por meio da modula¸c˜ao da largura dos pulsos de uma onda quadrada de alta frequˆencia, de modo que a forma de onda desejada esteja contida no valor m´edio desse trem de pulsos. Esta modula¸c˜ao ´e chamada de modula¸c˜ao por largura de pulsos, ou PWM (Pulse Width Modulation) do termo em inglˆes. A ponte H pode ser operada de duas formas, para formar um sinal PWM:

PWM de 2 n´ıveis

Nesta configura¸c˜ao, o sinal PWM possui dois n´ıveis de tens˜ao (+E e -E), de modo que a sequˆencia de comuta¸c˜ao se assemelha `a discutida na opera¸c˜ao em onda quadrada. A diferen¸ca est´a no controle dos tempos de comuta¸c˜ao, o qual ´e feito por meio da compara¸c˜ao do sinal de referˆencia (o sinal senoidal que se deseja sintetizar) e uma portadora triangular de alta frequˆencia, como ilustra a Figura 4.5.

(51)

Figura 4.5: Circuito de comando das chaves de um PWM de 2 n´ıveis.

`a amplitude da portadora triangular, caso contr´ario a caracter´ıstica de modula¸c˜ao ser´a perdida, e o sinal sintetizado apresentar´a distor¸c˜oes.

Figura 4.6: Formas de onda de controle e de tens˜ao na sa´ıda de um PWM de 2 n´ıveis.

Pode-se definir duas rela¸c˜oes para o sinal PWM. A primeira ´e o ´ındice de modula¸c˜ao, o qual ´e a raz˜ao entre a amplitude do sinal de referˆencia e do sinal da portadora:

ma=

Vcontrole,m

Vtri,m

(4.3)

Esse ´ındice, como comentado anteriormente deve estar contido em 0 ma ≤1. Com

isso, a amplitude da componente fundamental do sinal de sa´ıda ser´a de:

Vo1m =ma·E (4.4)

A segunda rela¸c˜ao ´e a raz˜ao de frequˆencia:

rf =

mf

fm

(4.5)

Onde: mf ´e a frequˆencia fundamental da portadora triangular, e fm ´e a frequˆencia do

sinal de referˆencia.

(52)

desvantagem ´e que quanto maior a raz˜ao de frequˆencia, mais vezes em um per´ıodo as chaves ir˜ao comutar e maiores ser˜ao as perdas devido `a essa comuta¸c˜ao. Para compreender como que a raz˜ao de frequˆencia afeta o conte´udo harmˆonico, observe o espectro mostrado na Figura 4.7.

Figura 4.7: Conte´udo harmˆonico de um PWM de 2 n´ıveis.

Note que a componente de referˆencia aparece na regi˜ao de baixa frequˆencia do espectro do sinal PWM. Em alta frequˆencia aparecem os harmˆonicos da portadora triangular e raias de intermodula¸c˜ao, ou seja, de componentes de frequˆencia compostas por harmˆonicos da portadora somados com harmˆonicos do sinal de referˆencia. O primeiro conte´udo de alta frequˆencia surge nos arredores do primeiro harmˆonico da portadora triangular, assim sendo, se a raz˜ao de frequˆencia for suficientemente alta, um pequeno filtro passa-baixas ser´a capaz de eliminar esses componentes e deixar apenas o sinal de referˆencia. A Figura 4.8 mostra o sinal PWM filtrado por um passa-baixas.

(53)

Note que o efeito do filtro ´e defasar o sinal de tens˜ao e corrente. O que faz com que em alguns momentos, em uma chave, o diodo, e n˜ao o transistor, ´e quem esteja conduzindo.

PWM 3 n´ıveis

Outra forma de operar o conversor com modula¸c˜ao PWM ´e comandar cada bra¸co da ponte H de forma independente. O primeiro bra¸co ´e acionado com os comandos PWM discutidos anteriormente, o segundo bra¸co ´e comandado com sinais PWM gerados a partir do sinal de referˆencia deslocado 180o, como mostra o circuito de comando apresentado na Figura 4.9.

Figura 4.9: Circuito de comando de um PWM de 3 n´ıveis.

Essa modifica¸c˜ao do circuito de comando faz com que a forma de onda de tens˜ao de sa´ıda se torne como ´e mostrado pela Figura 4.10.

Figura 4.10: Formas de onda de comando e tens˜ao na sa´ıda de um PWM de 3 n´ıveis.

Imagem

Figura 2.4: Processo de desligamento de um diodo de potˆencia.
Figura 3.6: Formas de onda de comando, tens˜ao e corrente no indutor do buck.
Figura 3.7: Formas de onda de corrente e tens˜ao sobre o capacitor do filtro de sa´ıda de um buck.
Figura 3.8: Formas de onda de corrente nas chaves de conversor um buck.
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Referências

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