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3 COOPERAÇÃO TRANSNACIONAL PARA O COMBATE AO NARCOTRÁFICO NA COLÕMBIA NO SÉCULO XX E XXI.

4.2 COOPERAÇÃO COLÔMBIA – E.U.A EM COMBATE AO NARCOTRÁFICO

O Plano Colômbia consiste em um tratado entre os governos colombiano e americano. Foi concebido pelo presidente colombiano Andrés Pastrana (1998-2002) e apresentado ao então presidente norte-americano Bill Clinton (1993-2001), em busca de apoio político e financeiro. Com sinal verde do Congresso americano, o projeto visa o abafamento do narcotráfico entre os dois países e era projetado para contar com um orçamento de 7,5 bilhões de dólares aprovado diretamente pelo Congresso norte-americano, entretanto, havia três pilares principais que sustentam o projeto: I. Era necessário que o governo colombiano desembolsasse cerca de 4 bilhões de dólares para investimentos sociais e a substituição de plantios de coca para a população afetada pela violência; II. O governo americano desembolsaria 1,3 bilhão de dólares para a assistência técnica, militar e financeira para o combate ao tráfico na Colômbia; III. 1,7 bilhão de dólares cedidos por países europeus para a paz. O Congresso americano aprovou o desembolso de 1,3 bilhão sendo que 860,3

seriam destinados à Colômbia e outros 329 milhões divididos entre Bolívia, Peru e Equador. (VILLA, 2007).

Villa (2007) ainda comenta que existem pontos estratégicos do Plano Colômbia, eram eles: I. Pacificação; II. Melhoria da economia colombiana; III. O desenvolvimento social e democrático; IV. A luta contra o tráfico de drogas, o narcotráfico; V. Uma reforma do sistema judicial e a proteção dos direitos humanos. O autor ainda comenta que apesar dos pilares e pontos estratégicos serem desenvolvidos por ambos os governos e ainda de ter uma maior fatia financeira por parte da própria Colômbia, o Plano Colômbia mostrou que os Estados Unidos ainda alimentavam as poucas esperanças restantes dos países andinos, principalmente a Colômbia, em conseguir resolver o problema da produção de tráfico de drogas através de seus instituições nacionais.

Destra (2015), revela que as bases originais do acordo eram o financiamento de US$ 500 milhões a US$ 700 milhões, por ano, para a Colômbia investir em sistemas de combate ao narcotráfico nos anos entre 2000 e 2005. Nos cinco anos vigente do Plano, a ajuda estadunidense foi estimada em cerca de US$ 4,5 bilhões e embora houvesse a expiração formal do contrato, o governo norte-americano continuou com a ajuda monetária que em 2007, segundo dados oficiais, foram mais de US$ 700 milhões. Em 16 de março de 2009, o então presidente Uribe manifestou o interesse em continuar com o Plano Colômbia, fazendo o possível para manter a manutenção deste.

A maior parte do montante recebido dos norte-americanos foram gastos com a compra de helicópteros provenientes dos próprios americanos e no treinamento e equipamento de novos batalhões do exército colombiano. Os treinamentos e equipamentos mais uma vez partiam por militares e empresas estadunidenses. Diante de todos treinamentos e equipamentos oferecidos, o objetivo principal era eliminar guerrilhas e os grupos paramilitares através do combate às drogas, já que o comércio ilícito de drogas financiava estes mesmos grupos. (DESTRA, 2015).

Ainda na visão de Destra (2015), em 2004 houve uma alteração no Plano Colômbia, alterando seu plano de ação contra o narcotráfico na região Amazônica, surgiria o Plano Patriota. O Plano consistia em uma operação de ataque às áreas ocupadas pelas Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia, que no total abrangia uma área de mais de 250 mil km². Contou com o envolvimento de

aproximadamente 15 mil soldados que foram apoiados por forças de locomoção, esquadrão especializado em combate na selva e uma vasta gama de equipamentos de última tecnologia fornecido pelos EUA.

Nos seus primeiros anos de mandato, o presidente colombiano Uribe expandiu as forças de segurança em um terço, fez a contratação de mais de 60 mil soldados, 30 mil policiais suplementares e criou uma força batizada de “soldados populares” que foi o ingresso de cerca de 20 mil camponeses para realizar tarefas de meio período como guardas locais. O presidente ainda moveu de forma inteligente e estratégica seis novos batalhões do exércitos para o alto dos Andes, local que servia de refúgio das FARCs. Pensando na região, o governo decidiu pôr também criar brigadas móveis de ofensiva para ataques em específico naquela região, com treinamentos especiais nas condições específicas da zona de combate. (DESTRA, 2015).

Em resposta a intensificação por parte do governo de Uribe, Destra (2015) comenta que as FARCs ampliaram suas ações. Em fevereiro de 2005, guerrilheiros da frente 29 das FARCs cercaram a base de infantaria de Iscuandé, no departamento de Nariño, com o objetivo de invadir e tomar a base da marinha que ficava situada na fronteira desse município. A guerrilha utilizou de armamentos pesados como fuzis, explosivos fortes o suficiente para deixar a base em escombros e provocar a morte de 16 pessoas, incluindo um comandante da marinha. Diversos outros ataques foram promovidos e o guerrilheiro Raul Reyes, porta-voz do bloco sul das FARCs, declarou que a crescente onda de ataques realizados pelas FARCs não eram atos isolados e sim respostas e enfrentamento ao plano de segurança que vinha sendo realizado. Os ataques perduraram e somente no mês de fevereiro foram provocadas 178 mortes e 46 feridos entre guerrilheiros, militares, civis e até mesmo crianças, além de 8 sequestros relacionado ao contexto.

Na tentativa de cessar o combate, o presidente Álvaro Uribe promoveu um acordo humanitário em setembro de 2006, junto das FARCs. O acordo estabelecia uma “zona de encontro” para a negociação com os integrantes da guerrilha. Todavia as negociações não tomaram um rumo duradouro, pois no ano seguinte as FARCs confirmaram a morte de 11 dos 12 deputados estaduais que matinha como reféns. Segundo o comunicado das FARCS, um grupo armado não identificado teria invadido o acampamento onde estariam os ex-deputados e que na troca de tiros

eles viessem a óbito. Certamente o fato abalou o governo colombiano que em resposta, agora tendo o apelo popular ao seu lado, acirrou os embates e conseguiu por executar em setembro um importante guerrilheiro conhecido como “El Negro Acacio” cujo nome real era Tomás Medina Caracas. Outras duas operações resultaram em mais mortes, a primeira foi o bombardeiro da Força Aérea contra a frente 16 das FARCs, resultando em 17 membros mortos. A outra foi através de uma operação na região de Los Montes de Maria, área rural do município de Carmen de Bolívar, realizada pelas Forças Armadas contra a Frente 37 das FARC e resultando em 23 guerrilheiros em óbito. (DESTRA, 2015).

Destra (2015) expõe uma nova etapa entre o governo colombiano e americano em 2009, foi a permissão para que americanos utilizassem 3 bases em solo colombiano. Segundo o acordo, os EUA, durante dez anos, poderá manter cidadãos estadunidenses entre militar e civis no território colombiano em bases militares. O discurso oficial foi montado sob a promessa de que seriam feitos investimentos de 5 bilhões de dólares pelo acordo feito. Oficialmente o acordo prevê a possibilidade de utilização pelos EUA de até sete bases militares em solo colombiano e não 3 como havia sido dito. Além de manter o aporte de novos investimentos para o fortalecimento das Forças Armadas colombianas.

Segundo o jornal “El País”, o número de envolvidos no Plano Colômbia era de 268 militares e 308 civis estadunidenses, porém, pode chegar a 800 militares e 600 civis com o aval colombiano em relação as bases. Fora isso, aviões que deveriam pousar no aeroporto de Eldorado, em Bogotá, para receberem permissão de movimentação no espaço aéreo colombiano, agora não necessitam mais e tem caminho livre para o tráfego aéreo. Na prática o Plano Colômbia transformou-se em carta branca para a livre circulação americana em solo soberano. (DESTRA, 2015).

4 COMPARAÇÃO ENTRE O NARCOTRÁFICO COLOMBIANO E MEXICANO E

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