• Nenhum resultado encontrado

Cooperação da Enfermagem na instalação de novos serviços valorização e

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.3 A Enfermagem no HUWC na década de 1960 (1960-1969)

4.4.4 Cooperação da Enfermagem na instalação de novos serviços valorização e

Nesse período, de grande crescimento para a instituição, novos serviços foram implantados e a Enfermagem, na figura da enfermeira, participou ativamente de todos os processos, cooperando e desenvolvendo suas competências para coordenar, organizar e

administrar as atividades dos trabalhadores da equipe de saúde em relação ao atendimento ao paciente.

Destacamos a participação valorosa da enfermeira Maria José do Espírito Santo que com seu trabalho coordenou, nesse período, a implantação das unidades de Cardiovascular e UTI do HUWC.

Figura 23: Enfermeira Maria José do Espírito Santo na UTI do HUWC, 1975

__________________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________

Fonte: Arquivo pessoal da enfermeira Maria José do Espírito Santo (2012).

A enfermeira Maria José do Espírito Santo iniciou suas atividades no HUWC em 1959, trabalhando inicialmente nas Clínicas Cirúrgicas. Posteriormente passou a exercer funções nas Clínicas Médicas, onde assumiu, por um período, a chefia dessas unidades. Teve importante participação nos processos de planejamento e implantação da cirurgia Cardiovascular, das unidades de UTI e da nova Hemodinâmica do Hospital, a terceira ocorreu na década de 1980. As atuações conferiram à enfermeira um destaque notável na organização desses serviços. Teve papel fundamental no treinamento das equipes que constituiriam as referidas unidades, participando ativamente de todos os processos. Em seu depoimento fala sobre essa organização e destaca o profícuo trabalho que realizou com empenho, buscando sempre bases científicas através de sua qualificação para estruturar os serviços.

[...] Iniciei chefiando a clínica médica. [...] eu voltei para organizar a UTI. [...] Foi um trabalho que precisou de muito esforço, treinei o pessoal de enfermagem para trabalhar na unidade. Depois da UTI eu fui implantar o serviço de Hemodinâmica. Depois eu fui ajudar um diretor que entrou lá que era o Dr. José Carlos Ribeiro, fui para o centro de material (SANTO, 2012, p.1).

4.4.4.1 A Enfermagem no Serviço de Cirurgia Cardiovascular

No período de 1969 a 1973 a enfermeira Maria José chefiava o centro cirúrgico do HUWC. Esclarece que nesse período foi implantado o serviço de Cardiovascular no Hospital, iniciado com experiências em animais realizadas pelo Dr. Régis Jucá.

[...] implantamos o serviço de cirurgia Cardiovascular. Iniciamos com experiências com cachorros, o Dr. Régis realizava o procedimento e eu acompanhava o ato cirúrgico e o pós-operatório. [...] fui a enfermeira que implantou o serviço de Cardiovascular, implantamos eu e o Dr. Régis Jucá (SANTO, 2012, p. 3).

Preparou-se para organizar e atuar, juntamente com sua equipe, nas cirurgias cardíacas que seriam realizadas. Reporta-se à sua preparação em estágio realizado no Rio de Janeiro, do qual obteve muitos conhecimentos sobre os procedimentos cardiovasculares e afirma que o HUWC estava bem avançado na execução dos procedimentos.

[...] fiz um curso de cirurgia cardiovascular no Hospital Adventista Silvestre no Rio de Janeiro [...]. Foram noventa dias, adquiri muitos conhecimentos. Mas, em relação a eles estávamos bem estruturados e crescendo na mesma proporção de conhecimentos técnicos, principalmente no referente à perfusão extracorpórea (SANTO, 2012, p. 3).

A primeira cirurgia cardíaca extracorpórea, segundo Girão (1994), foi realizada em maio de 1970. Realizada com sucesso, Santo (2012, p. 3) discorre sobre o momento e relembra o quanto a equipe estava apreensiva com o procedimento.

[...] na primeira cirurgia em pessoas, estávamos muito ansiosos, mas seguros. Ele propôs trazer uma pessoa de fora do serviço para ajudar na cirurgia, uma auxiliar de Enfermagem que era muito experiente. Não aceitei, porque acreditava que estava preparada para o procedimento. Não tivemos nenhum problema. Na época eu pessoalmente preparava todo o material, que não era todo descartável, precisava muita atenção e cuidado, inclusive o material da extracorpórea.

As dificuldades pelas quais passava o Hospital, decorrentes da política cerceadora imposta pelo MEC, determinou um deslocamento dos procedimentos da área cardiovascular para o Hospital de Messejana, hoje referência em cirurgias e procedimentos da especialidade (GIRÃO, 1994).

4.4.4.2 A implantação da Unidade de Terapia Intensiva

No ano de 1975 houve a implantação da unidade de terapia intensiva (UTI) do HUWC, “composta por seis leitos contava com bom equipamento para monitorização eletrocardiográfica” (GIRÃO 1994, p. 52). Maria José do Espírito Santo foi a primeira enfermeira da UTI, escolhida pela a Direção Geral, Dr. Nogueira Paz e Dr. Arnóbio Pereira Machado para ser chefe de Enfermagem da referida unidade.

[...] de 1975 a 1980, trabalhei na UTI. Implantei esse serviço a convite do Dr. Nogueira Paes, diretor superintendente do hospital. Devido minha experiência em cirurgia e clínica médica fui indicada por ele para estar à frente desse projeto e ser a chefe da UTI. (SANTO, 2012, p.4).

Santo (2012) declara que fez um Curso de Terapia Intensiva em São Paulo, promovido pelo o Instituto Brasileiro de Desenvolvimento de Pesquisas Hospitalares no ano de 1975. Ao retornar planejou e implementou a UTI do HUWC. Realizou treinamento para a equipe de Enfermagem que iria atuar na unidade.

[...] Na implantação da UTI, planejei tudo e coloquei na unidade todo o material necessário para o seu funcionamento. Além do mais treinei o pessoal para o serviço. Eu inicialmente era a única enfermeira nesse serviço, ficava durante o dia e a noite ficava sob a responsabilidade da enfermeira do plantão noturno que cobria todo o hospital. Quando mais enfermeiras foram inseridas na unidade, ajudei no preparo delas. Acredito que ajudei a salvar muitas vidas (SANTO, 2012, p. 4).

Ximenes (2006) destaca as técnicas e procedimentos de Enfermagem que foram ensinados, que serviram de modelo para outros setores e para alunos que eram recebidos em estágios, provenientes da Universidade Estadual do Ceará (UECE), Universidade de Fortaleza (UNIFOR) e da própria Universidade Federal do Ceará (UFC), tais como: passar sonda nasogástrica em pacientes graves; realizar cateterismo vesical; colher sangue arterial; puncionar veia jugular e femural; medir pressão venosa central; fazer eletrocardiograma; aspirar paciente entubado; manusear o desfibrilador cardíaco; preparar bandeja para exames de laringoscopia, punção lombar em pacientes graves; fazer nebulizações em pacientes graves; preparo da equipe para o uso de equipamentos de uma parada cardiorespiratória; limpeza dos equipamentos usados após os procedimentos realizados; banho no corpo morto, usando a técnica; anotações nos prontuários e nos livros de ocorrências, entre outras atividades importantes na unidade.

Santo (2012, p.3) relata sobre a utilização da metodologia da assistência de Enfermagem que utilizou na UTI e as dificuldades iniciais que vivenciou para realizar esse trabalho.

[...] Ficaram comigo várias alunas, implantei a metodologia do cuidado. Tive certos desentendimentos com os médicos, porque quando eu implantei a metodologia tinham certos residentes que chegavam e eles diziam assim ‘a senhora só quer ser médica’ eu dizia ‘você está ficando doido meu filho, isso aqui é a prescrição de Enfermagem não estou entrando na sua seara, você está vendo algum medicamento aí?’ Até que eles se acostumaram e se acostumaram tanto que eu tive conhecimento de um que foi para o interior e tirou xerox da folha do plano para levar, essa história foi a Grasiela que me contou.

Ximenes (2006) destaca a equipe de Enfermagem que iniciou os trabalhos na UTI do HUWC. As enfermeiras mais antigas da UTI foram: Maria José do Espírito Santo; Madalena Saraiva Leão; Gerusa; Terezinha, Ditácia e Eugênia.

A equipe de auxiliares de Enfermagem pioneira da UTI era composta por: Maria Aldenita Gomes Paixão; Maria Liduina Gurgel; Maria do Socorro Silva; Maria Nazaré da Costa; Célia Alves Feitosa; Edna Alves da Costa; Tereza Souza Lima; Maria Rosimar Rodrigues; Maria Luiza Guerreiro; Maria Maizone de Melo; Maria das Dores Freitas; Maria Edite Oliveira; Maria Lucimar Pacheco dos Santos; Maria Iacy de Paula Ximenes; Sônia Maria do Carmo Tabosa; Maria Cristineuda L. Soares; Eunice de Oliveira Moura; Maria Solidade Morais; Mirian da Cruz Caminha; Maria Duardo Saraiva; Maria Cila da Costa; Maria Aurineide Lima da Silva; Maria Hélia Magalhães; Carlinda S. Freitas; Maria do Socorro D. da Rocha; Telma Lúcia A. Monteiro; Maria de Fátima Queiroz; Tânia Ferro; Maria do Socorro Chaves, Roberto Parente e Eliezer Mariano.

4.4.4.3 Mobilização de esforços para implantação da Hemodiálise

No ano de 1976, foi fundado no HUWC o Centro de Pesquisas em Doenças Hepato-Renais (CPDHR) da UFC, o qual viria a ser a base de todo o grande desenvolvimento no Estado das especialidades envolvidas. Hoje se configura numa das atividades que mais contribui para o prestígio do Hospital. A implantação do serviço de Hemodiálise ocorre nesse período.

Em setembro de 1977 foi realizado o primeiro transplante de rim HUWC. Ximenes (2006) destaca a equipe de enfermagem que fez parte do ato cirúrgico, composta pelas enfermeiras: Ivanilda Bruno Osório e Maria Luisa Sampaio Oliveira; e pelas auxiliares: Cecília Ramos, Francisca Pinheiro da Silva, Maria Irene da Silva, Maria Eliete Moreira Lima, Francisca Liselda M. Ribeiro, Lucineide Cavalcante.

4.4.4.4 Experiências que despontam e revigoram

Em 1973, a enfermeira Ivanilda, mantinha sua disposição para o trabalho, e após ter passado um período fora do Hospital, retornou e assumiu a chefia da Sala de Recuperação pós- anestésica (SRA), buscou aperfeiçoar sua prática e trouxe experiências que engrandeceram o serviço. Sempre inovadora, a enfermeira traz consigo lembranças de momentos que marcaram profundamente sua vivência na Enfermagem, sobretudo no HUWC.

Preocupada com o bem- estar do paciente, na SRA, procurou melhorar as condições de atendimento e qualificar ainda a equipe que atuava no serviço. Entre tantos inventos o colchão perfurado, criado pela enfermeira Ivanilda, foi utilizado na unidade, e

proporcionou a muitos pacientes uma posição confortável no leito em pós-operatórios, que a exemplo dos envelopes de seringas de vidro e de agulhas, não foi patenteado. Osório (2007, p.95-97) destaca,

[...] estavam realizando um tipo de cirurgia que era de fundamental importância à posição do paciente no leito, durante os primeiros dias de pós-operatório [...] Para pacientes submetidos a esse tipo de cirurgia, criei um colchão perfurado [...] Criamos um lençol para revestimento desse tipo de colchão [...] Tanto os envelopes como o colchão não foram patenteados. [...] resolvi oficializá-los nesse livro, o que naquela época me causou tanta satisfação.

4.4.5 O desprendimento para o cuidado qualificado: a projeção da Sistematização da