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3 PERCURSO METODOLÓGICO

3.1 O estudo

O presente relatório de pesquisa retrata um estudo histórico social, de caráter descritivo, com abordagem qualitativa, num recorte temporal que abrange o período de 1952 a 2012. O tempo transcorrido representa 60 anos da inserção da Enfermagem no HUWC, cenário desta pesquisa.

De acordo com Wood e Haber (2001) estudos sócios históricos compreendem a análise dos grupos humanos no seu espaço temporal e discute os variados aspectos do cotidiano das diferentes classes e grupos sociais.

Minayo (2002) concorda quando compreende que o estudo histórico social fundamenta-se nas questões referentes à organização da sociedade em geral, pois as sociedades humanas existem num determinado espaço cuja formação social e configurações são específicos, vivendo o passado, refletindo para o futuro, numa ligação constante entre o que se está posto e o que está sendo construído. Padilha e Borenstein (2005, p. 577) esclarecem que “um dos objetivos da investigação histórica é lançar luzes sobre o passado para que este possa clarear o presente, inclusive fazer perceber algumas questões futuras”.

A abordagem qualitativa, por incorporar uma dimensão integral e favorecer o aprofundamento do tema escolhido, apresentou-se mais adequada ao desenvolvimento deste estudo, pois essa abordagem, na pesquisa social, conforme Minayo (2002) baseia-se em um nível de realidade, que não pode ser quantificado ao reproduzir dados subjetivos. Permite tratar o mundo dos significados das ações e relações humanas.

Segundo Marconi e Lakatos (2002, p. 269), a abordagem qualitativa “preocupa-se em analisar e interpretar aspectos mais profundos, descrevendo a complexidade do comportamento humano. Fornece análise mais detalhada sobre as investigações, hábitos, atitudes, tendências de comportamento”.

Para o presente estudo utilizou-se como modalidade de pesquisa a História Oral que se constitui estratégia de captação de informações relativas a experiências vividas, sejam elas pessoais ou coletivas. De acordo com Michel (2009) é um método que utiliza como fontes de informação, pessoas, em relatos escritos ou falados, cuja experiência de vida esteja diretamente relacionada com o objeto de estudo. Para o autor, na história oral se procuram

obter depoimentos orais de pessoas que testemunharam acontecimentos importantes para a compreensão de fatos sociais e determinantes para análise do tema em estudo.

Considerado por Meihy e Holanda, (2010) um recurso inovador para a elaboração de documentos, arquivamentos e estudos referentes à vida social. É realizada exclusivamente com base na vivência e experiência do sujeito entrevistado.

Meihy (2005) ressalta que a História Oral veio servir aos anônimos como abrigo de suas vozes, dando sentido às suas experiências vividas, fazendo com que estes se sintam sujeitos sociais, legítimos fazedores de história. De acordo com Grele (2001) desenvolveu-se inicialmente após a II Guerra Mundial, tendo como grande marco a criação do primeiro projeto formal de História Oral, na Universidade de Columbia, Nova Iorque.

Por se tratar de uma história do tempo presente, a História Oral para Meihy e Holanda (2010), é conhecida por história viva e também como história dos contemporâneos, tendo que responder a um sentido de utilidade prática e imediata. Isto não quer dizer que ela se esgote no momento da apreensão e da eventual análise das entrevistas, pois mantém um compromisso de registro permanente que se projeta, sugerindo que outros possam usá-la, como afirmam os autores.

Na proposta de Meihy e Holanda (2010), há três gêneros básicos de História Oral: História Oral de Vida, História Oral Temática e Tradição Oral.

Os autores definem cada um deles, e dessa forma a História Oral de Vida é considerada o depoimento de um indivíduo acerca de sua experiência de vida. Para tanto, deve-se dar espaço para que o faça com a maior liberdade possível, podendo conduzir seu depoimento sozinho, com o mínimo de interferência do entrevistador. O que importa é a vida do narrador, a história de sua vida pessoal. O uso de questionários ou perguntas indutivas é inapropriado, devendo-se adotar entrevistas livres, ou seja, perguntas amplas que ofereçam subsídios para que o narrador comece a falar. Estas podem ser divididas em blocos que orientem a sequência da narrativa.

Já na História Oral Temática, empregam-se documentação oral e as fontes escritas, que também são cabíveis. Pode-se utilizar um questionário com questões capazes de atender ao que se busca. A participação do entrevistador como condutor dos trabalhos é mais evidente. E por tratar-se de um tema já estabelecido, a História Oral Temática oferece subsídios para que o pesquisador possa dar conta de esclarecer ou expressar sua opinião sobre o assunto; a objetividade está presente (MEIHY; HOLANDA, 2010).

E na Tradição Oral, trabalha-se com grandes mitos, visões de mundo, valores, crenças e tradições antigas de uma comunidade. Neste gênero, o sujeito da pesquisa é mais

coletivo e menos individual, sendo ela utilizada em trabalhos com tribos, clãs, sociedades urbanas e industriais entre outros (MEIHY, 2005; MEIHY; HOLANDA, 2010).

Para este estudo, diante das descrições dos gêneros básicos de História Oral, optamos pela História Oral Temática, por julgar ser o melhor gênero que se enquadra às necessidades da pesquisa, pois, permite a aplicação de um questionário no qual a história da entrevistada seja direcionada às questões dos objetivos da mesma. Assim, Meihy e Holanda (2010) referem que, de regra, a História Oral Temática aborda questões externas, objetivas, factuais e temáticas.

Meihy e Holanda (2010) apontam, que quando recorremos à história oral não significa a ruptura com o uso de fontes documentais, mas a sua complementação. Nesse contexto, foram utilizados fontes (primárias e secundárias) para compor os dados deste estudo.

As fontes primárias, como definem Padilha e Borenstein (2005), caracterizam-se por tratarem de informações de primeira mão, como os documentos originais, as relíquias ou objetos. Complementam que as fontes primárias são os contatos mais diretos com os acontecimentos ou situações históricas, podem ser tanto manuscritas como impressas.

Para este estudo o primeiro grupo de fontes primárias foi formado por relatos orais de pessoas que participaram ou observaram diretamente o fato. Outras fontes primárias foram os documentos históricos, tais como: registros, atas, anais, regulamentos, circulares, ofícios, memorandos, relatórios hospitalares, relatórios de gestão, regimento interno, relatório da coordenação e superintendência de recursos humanos, entre outros que datam desde a fundação do hospital até os dias atuais.

As fontes secundárias, definidas por Padilha e Borenstein (2005), caracterizam-se por serem relatos de segunda ou terceira mão dos acontecimentos históricos.

Para o estudo foram utilizados livros texto, periódicos, crônicas, coletâneas, revisões de literatura, artigos e outras obras de consulta.

Dessa forma este trabalho utilizou como fontes primárias a documentação oral, obtida mediante as entrevistas, e documentos escritos, como legislações, projetos, atas e regimentos. Como fontes secundárias, foram utilizados livros, artigos científicos, dissertações, teses e pesquisas, entre outros materiais que deram subsídios para contemplar os objetivos propostos.