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Coordenação da Estratégia de implementação - Actores e Responsibilidades

Responsibilidades

5.2.1 Coordenação a nível internacional

A gestão integrada dos recursos hídricos partilhados na bacia do Púngoè, em semelhança a outras bacias hidrograficas na África Austral, é orientada pelo Protocolo Revisto da SADC sobre Sistemas Hidrográficos Partilhados (2000). Do mesmo modo, cada país é orientado pela sua própria legislação nacional e políticas que definem os termos em que os recursos hídricos estão protegidos, utilizados e geridos dentro dos seus limites soberanos e em cooperação com estados ribeirinhos vizinhos no que diz respeito a cursos de água partilhados. Assim sendo, os termos de qualquer acordo transfronteiriço de gestão dos recursos hídricos entre Moçambique e Zimbabwe relativa à Bacia do Púngoè, bem como qualquer estratégia para o desenvolvimento destes e outros sistemas hidrográficos partilhados devem respeitar os enquadramentos legais, de política e institucionais nacionais e regionais.

De acordo com o Protocolo da SADC, uma Instituição de Gestão da Bacia Hidrográfica deve:

ƒ Desenvolver uma política de monitorização para sistemas hidrográficos partilhados; ƒ Promover a utilização equitativa de sistemas hidrográficos partilhados;

ƒ Formular estratégias para o desenvolvimento de sistemas hidrográficos partilhados; ƒ Monitorar a execução dos planos de desenvolvimento de recursos hídricos

integrados em sistemas hidrográficos partilhados.

Para além disso, o Protocolo da SADC estabelece várias das funções principais da Instituição de Gestão da Bacia Hidrográfica no que diz respeito às políticas e legislações nacionais dos recursos hídricos; pesquisa, informação e manuseamento de dados; controlo e utilização dos recursos hídricos; protecção ambiental; e um programa de monitorização hidrometeorológica.

Tanto Moçambique como o Zimbabwe têm de gerir os seus recursos hídricos com recursos financeiros e humanos qualificados limitados. Estas limitações foram consideradas ao recomendar a instituição de coordenação e de gestão para a bacia do rio Púngoè.

A gestão operacional da bacia do Rio Púngoè no lado Moçambicano foi atribuída à ARA-Centro. A função de planeamento permanece com o Ministério de Obras Públicas e Habitação / Direcçao Nacional de Águas, DNA. No lado Zimbabweano, a gestão operacional foi atribuída ao Departamento de Recursos Hídricos, DWR. Actualmente, a coordenação do desenvolvimento e gestão dos recursos hídricos transfronteiriços partilhados do Púngoè é da responsabilidade da Comissão Conjunta dos Recursos Hidricos (CCA).

Moçambique e o Zimbabwe são partes da Comissão Conjunta de Águas que lida com todos os recursos hídricos de interesse comum, apesar de permitir disposições distintas para as bacias dos rios Limpopo e Zambeze.

Apesar de não estar realçado no Protocolo Revisto da SADC, é de notar nos princípios fundamentais ta GIRH que o planeamento e implementação integrada e participativa são muito importantes. Assim sendo, é necessário considerar a representação trans-sectorial e das partes interessadas neste nível.

Tendo em consideração os recursos financeiros e humanos qualificados limitados das instituições dos recursos hídricos em ambos os países e o acordo da CCA, cujas cláusulas não contradizem o conteúdo recomendado para o acordo, propõem-se as seguintes estratégias:

Coordenação a Nível Internacional

¾ A CCA deve permanecer responsável pela coordenação do planeamento conjunto do desenvolvimento dos recursos hídricos e da gestão operacional da bacia do Rio Púngoè.

¾ No âmbito da CCA é necessário criar uma Comissão Técnica Conjunta (CTC) ou uma comissão da bacia para fiscalizar e monitorar a implementação do acordo do Púngoè. A CTC deve incluir membros das agências operacionais responsáveis pela gestão da bacia em cada país, nomeadamente a ARA-Centro em Moçambique e a ZINWA Save no Zimbabwe.

¾ A implementação do Acordo do Púngoè e da Estratégia Conjunta deve ser discutida pelo menos duas vezes por ano nas reuniões da CCA/CTC.

¾ Formalizar um processo no qual as opiniões trans-sectoriais e das partes interessadas a nível nacional são consideradas na tomada de decisões a este nível. Para este fim, propõe-se representação trans-sectorial e das partes interessadas nestas reuniões.

5.2.2 Coordenação a Nível da Bacia Nacional

No Zimbabwe, a coordenação e cooperação inter-sectorial é da responsabilidade do Conselho da Bacia do Save que tem um papel de tomada de decisões no que diz respeito a atribuições de água bem como outras questões relacionadas com os recursos hídricos. Em Moçambique, a ARA-Centro deve, de acordo com os seus estatutos, estabelecer um Conselho de Gestão como um órgão responsável pela tomada de decisões. A composição do Conselho de Gestão está definida de forma clara nos Estatutos. O Conselho de Gestão será composto por 9 membros. Os membros devem ser representantes das seguintes partes interessadas: Ministério de Obras Públicas e Habitação, Ministério da Agricultura e Desenvolvimento Rural, Ministério da Indústria e Comércio, Ministério de Minas e Energia, Governadores Provinciais de Manica e de Sofala, um representante das organizações de Consumidores de Água e dois representantes dos Comités da Bacia.

É de notar que as Organizações de Bacia para o Buzi e o Save ainda não estão estabelecidas. No entanto, o Comité da Bacia do Púngoè está criado e operacional. Verificam-se também algumas mudanças na configuração Ministerial, ou seja, o Ministério da Agricultura e Desenvolvimento Rural é actualmente designado de Ministério da Agricultura e o Ministério de Minas e Energia foi dividido em dois. Mais importante, é de notar que não existem mecanismos claros para o estabelecimento do Comité da Bacia. Entre outros aspectos, os custos deste comité não estão claros.

A nível Provincial e distrital, o Ministério de Obras Públicas e Habitação está representado no governo local, e pelo planeamento do abastecimento de água e do saneamento. A implementação e operação são realizadas através da DNA. A DNA está representada a nível provincial e distrital e faz parte dos comités técnicos inter-sectoriais a nível descentralizado.

De forma a reforçar a estrutura institucional para a coordenação e implementação da Estratégia da DGIRH a nível nacional propõem-se as acções seguintes. Os detalhes destas

acções estratégicas são fornecidos no Cap. 6, Anexo II e no Documento de Projecto para a segunda fase do Projecto Púngoè (PP2).

Coordenação a Nível Nacional

¾ Estabelecimento de um Conselho de Gestão na ARA-Centro de forma a assegurar o envolvimento trans-sectorial e das partes interessadas na tomada de decisões e a supervisar a implementação da Estratégia. Para este fim, a ARA-Centro deve estabelecer uma ligação com as outras ARAs para a troca de informações e com a DNA para clarificar os mecanismos para a sua criação.

¾ Continuar a descentralizar a ARA–Centro, estabelecendo um escritório local em Chimoio e nas unidades da sub-bacia. Um escritório em Chimoio facilitaria também a interacção das partes interessadas uma vez que a maioria das partes interessadas no Púngoè e no Buzi se encontram a uma distância razoável de Chimoio. Para além disso, a cooperação transfronteiriça pode ser facilitada por um escritório local em Chimoio, devido à proximidade de Chimoio com a fronteira. ¾ Reforçar a ARA-Centro em termos de melhor planeamento, gestão e geração de

rendimentos.

¾ Reforçar o Conselho da Sub-Bacia do Púngoè (PSCC) no Zimbabwe em termos de melhor planeamento, gestão e geração de rendimentos.