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O Projecto Púngoè tem, como parte do seu conceito básico, a assistência às autoridades da bacia de Moçambique e do Zimbabwe para estabelecer a Gestão Integrada dos Recursos Hídricos na bacia do Rio Púngoè. Um dos principais princípios de políticas da GIRH é a participação das partes interessadas na gestão dos recursos hídricos da bacia. Na maioria dos países, isto é concretizado sob a forma de associações ou representações das partes interessadas que desempenhem um papel de consulta ou de tomada de decisões em relação às autoridades da bacia do sector público. Em relatórios anteriores do Projecto Púngoè, está documentado que o Zimbabwe e Moçambique têm quadros institucionais diferentes para a gestão da bacia hidrgráfica que resultam em diferentes papeis das partes interessadas. No Zimbabwe, o Conselho da Sub-Bacia do Púngoè (parte do Conselho da Bacia do Save) é um orgão de tomada de decisões relacionadas com a atribuição de recursos hídricos. Em Moçambique, o Comité da Bacia do Púngoè tem um papel de consulta em relação à ARA-Centro.

O desenvolvimento e o apoio às estruturas das partes interessadas em ambos os países têm sido parte das três componentes principais do Projecto Púngoè desde o seu início em 2002. No início do projecto, não havia nenhuma representação das partes interessadas na parte Moçambicana da bacia. O projecto apoiou a ARA-Centro no estabelecimento do Comité da Bacia do Púngoè, que foi criado oficialmente em Julho de 2004. O trabalho das partes interessadas da ARA-Centro na bacia do Rio Púngoè é inovador em Moçambique. A ARA-Sul, estabelecida há mais tempo, está orientada desde o início para a gestão das grandes barragens sob a sua responsabilidade. Por conseguinte, o foco da organização tem sido mais em questões técnicas e de gestão. Actualmente, a participação das partes interessadas na ARA-Sul está menos desenvolvida do que na ARA-Centro. Nesse contexto, as experiências da ARA-Centro de estabelecer e gerir a participação das partes interessadas através do Comité da Bacia do Púngoè pode beneficiar as outras ARAs no país, principalmente a ARA-Zambeze bem como a ARA-Centro Norte e a ARA-Norte que serão estabelecidas brevemente. Este seria um passo importante para a operacionalização da GIRH em Moçambique.

Conforme mencionado, até 2005 a Componente de Participação das Partes Interessadas do Projecto Púngoè centrou-se em grande medida na criação de um campo de jogo nivelado em termos de instituições das partes interessadas em ambos os lados da fronteira. Isto resultou num foco na assistência ao Comité da Bacia do Púngoè, conforme descrito. Com as estruturas das partes interessadas institucionalizadas em ambos os lados da fronteira, o passo lógico seguinte foi a troca de partes interessadas e das suas experiências na gestão dos recursos hídricos de ambos os lados. O primeiro passo nesse programa de troca foi cada lado conhecer melhor o outro, incluindo ambas as partes interessadas e a própria bacia. Para esse fim, a Visita de Estudo das Partes Interessadas de Novembro de 2005 foi implementada pela ARA-Centro e Conselho da Sub-Bacia do Púngoè com a assistência do Projecto Púngoè. Esta experiência tornou-se o primeiro passo no desenvolvimento da participação transfronteiriça das partes interessadas.

Neste contexto, é de notar que, em termos gerais, a participação transfronteiriça das partes interessadas não está bem desenvolvida no mundo e, em particular, na região da SADC. A cooperação transfronteiriça na gestão dos recursos hídricos está normalmente limitada a contactos a nível oficial, através de reuniões de delegações do governo ou em estruturas institucionalizadas tais como as Comissões Conjuntas de Águas ou a nível da SADC. Criar a interacção transfronteiriça das partes interessadas foi testado recentemente através do projecto ZACPRO 6.2 financiado pela Asdi na bacia do Rio Zamebze. Em Dezembro de 2005, realizou-se uma Conferência das Partes Interessadas a nível da bacia que juntou partes interessadas de todos os países do Zambeze. Estas experiências podem servir como exemplo para o projecto Púngoè desenvolver e testar outras actividades relacionadas que promovam a interacção transfronteiriça das partes interessadas.

Estratégia Conjunta para a Participação das Partes Interessadas

A contribuição da Participação das Partes Interessadas para o estabelecimento da GIRH será desenvolvida com base nas duas estratégias seguintes:

¾ Reforçar, alargar, intensificar e realçar a sustentabilidade das estruturas das partes interessadas;

¾ Centrar o trabalho das partes interessadas no ponto principal e nas actividades das organizações de gestão dos recursos hídricos e de outras organizações sectoriais relacionadas com os recursos hídricos.

De forma a tornar estas estratégias operacionais, sugere-se que as actividades específicas para a ARA-Centro e a ZINWA Save incluam, mas não estejam limitadas a:

ƒ Consolidar o Comité da Bacia do Púngoè estabelecido recentemente em Moçambique e a participação transfronteiriça entre o Comité e o Conselho da Sub-Bacia do Púngoè no Zimbabwe, através de reuniões e seminários regulares do Comité da Bacia, boletins informativos, publicações e viagens de intercâmbio bi-nacionais;

ƒ Envolver atempadamente as plataformas das partes interessadas no planeamento e desenvolvimento de infra-estruturas hidráulicas – tanto grandes como pequenas; ƒ Envolver as plataformas das partes interessadas nos requisitos de consultas

públicas formais para infra-estruturas hidráulicas e outras, conforme necessário no âmbito das leis de AIA em Moçambique e no Zimbabwe;

ƒ A cooperação transfronteiriça a nível das partes interessadas pode ainda ser reforçada através de uma Conferência das Partes Interessadas da Bacia do Púngoè, na qual o estado geral de desenvolvimento da bacia é discutido por todas as partes interessadas, incluindo os dois governos. Numa fase posterior, a conferência anual pode ser alargada para incluir as bacias do Buzi e do Save. Estas conferências anuais podem ter o carácter de eventos de promoção de investimentos;

ƒ Divulgação de informações sobre as bacias do Púngoè, Buzi e Save, incluindo as redes das partes interessadas através da Internet. Isto incluiria desenvolvimento adicional da página de Internet do Púngoè, estabelecimento das páginas de Internet do Buzi e do Save ou integração das mesmas numa pagina da Internet para várias bacias. Posteriormente, pode-se adicionar a funcionalidade da troca de informações caso necessário.

Planos Nacionais para a Participação das Partes Interessadas

Sugere-se que as actividades específicas da ARA-Centro incluam mas não estejam limitadas a:

ƒ Intensificar a interacção da ARA-Centro com as partes interessadas na bacia do Rio Púngoè através do estabelecimento de Comités da Sub-Bacia em algumas das sub-bacias com um numero considerável de partes interessadas e onde o uso da água ou outras questões relacionadas com a gestão dos recursos hídricos justifiquem um nível de estabelecimento de redes e de organização mais elevado; ƒ Alargar o trabalho das partes interessadas no Púngoè às bacias do Buzi e do Save

e estabelecer Comités da Bacia para estes dois rios, através da identificação das partes interessadas, expansão da base de dados das partes interessadas, seminários de mobilização das partes interessadas e formulação de estatutos e de regulamentos internos para os fóruns novos;

ƒ Continuar e intensificar a centragem do trabalho das partes interessadas no ponto principal e nas actividades de gestão dos recursos hídricos da ARA-Centro. Tal centragem já se verificou na área de licenças de uso da água que está completamente integrada no trabalho das partes interessadas. Outras áreas em que se pode promover a centragem do trabalho das partes interessadas nas actividades de gestão da ARA-Centro incluem: mitigação dos efeitos da prospecção/mineração de ouro, promoção da irrigação de pequena escala, monitorização hidrológica e aviso de cheias;

ƒ Promover a centragem da gestão participativa dos recursos hídricos na missão e foco das organizações sectoriais de partes interessadas, tais como as Associações de Agricultores provinciais (pequenos proprietários), as Associações de Investimento ou Associações empresariais provinciais, departamentos provinciais do Ambiente, Agricultura, Minas e Obras Públicas e outras organizações sectoriais relacionadas com a gestão dos recursos hídricos;

ƒ Alargar os recursos humanos da ARA-Centro de forma a corresponder ao trabalho de participação das partes interessadas, levando em consideração a intensificação do trabalho das partes interessadas no Púngoè, bem como a expansão geográfica para as bacias do Buzi e do Save. Outros recursos necessários para o trabalho intensificado e alargado das partes interessadas incluem transporte e equipamento informático;

ƒ Estabelecer o Conselho de Gestão da ARA-Centro e promover a participação activa das partes interessadas no mesmo bem como a interacção entre o Conselho e as partes interessadas.

Sugere-se que as actividades específicas no Zimbabwe incluam mas não estejam limitadas a:

ƒ Continuar e intensificar a centragem do trabalho com as partes interessadas na gestão da água do Rio Púngoè através de contactos regulares entre a ZINWA Save e o Conselho da Sub-bacia do Púngoè;

ƒ Reforçar a gestão do Conselho da Sub-bacia do Púngoè através da formação em GIRH dos conselheiros e outro pessoal. As actividades de capacitação devem focar: Aspectos Legais; Obrigações a nível Nacional e Internacional; Procedimentos para emissão de licenças: como é que o Conselho deve abordar os pedidos de licenças de água; Uso da água: necessidades para as culturas e monitorização do uso da água; e assuntos de Controlo de Poluição.

ƒ Aumentar a efectividade do Conselho da Sub-bacia do Púngoè para a monitorização do uso e qualidade da água através duma maior mobilidade do pessoal.

7 PROJECTOS E PROGRAMAS DE DESENVOLVIMENTO