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Parte III – Resultados

7.2. Discussão de Resultados

7.2.2. Coping diádico e ansiedade

Verificámos que durante a gravidez quanto mais positiva foi a perceção da mãe acerca de como o parceiro comunica o seu stresse, mais baixos foram os seus níveis de ansiedade. Para além disso que quanto mais negativa foi a perceção das mães acerca do apoio do parceiro em situações de stresse maiores foram os seus níveis de ansiedade durante este período.

Relembrando a H1: “Antes do parto, o coping diádico tem impacto sobre a ansiedade materna: Formas positivas de coping diádico estão associadas a baixos níveis de ansiedade, enquanto formas negativas estão associadas a altos níveis de ansiedade materna.”

Os resultados obtidos parecem apoiar esta hipótese, uma vez que se por um lado durante a gravidez, quanto mais positiva foi a perceção da mãe acerca de como o parceiro comunica o seu stresse, mais baixos foram os seus níveis de ansiedade, por outro quanto mais negativa foi a perceção da mãe acerca do apoio do parceiro em situações de stresse maiores foram os seus níveis de ansiedade.

Que seja do nosso conhecimento, não foi estudada a associação entre coping diádico e a gravidez. No entanto existem outros estudos que se debruçaram sobre o impacto da relação do casal nesta etapa. Biaggi et al. (2016) verificaram que a falta de suporte social e do parceiro é um dos maiores fatores de risco para a ansiedade na gravidez. Os estudos de Bayrampour et al. (2015) indicam que a baixa satisfação conjugal é um dos maiores fatores de risco para o desenvolvimento de ansiedade e também Clout e Brown (2016) verificaram que a insatisfação conjugal previu altos níveis de ansiedade durante a gravidez. Existem ainda outros estudos que indicam que uma relação problemática, pobre ou conflituosa pode atuar

como fator de risco de desenvolvimento de ansiedade durante a gravidez (Giardinelli et al., 2012; Martini et al., 2015; Nasreen et al., 2011). Por outro lado, o suporte percebido e a satisfação conjugal parecem funcionar como fatores protetores contra a ansiedade e depressão maternas (Lee et al., 2007). Fora do contexto da gravidez, Regan et al. (2014) verificaram que no caso de pacientes de cancro a sua perceção das estratégias coping diádico dos seus companheiros pareceram ter impacto sobre os níveis de ansiedade e depressão, em que perceções negativas de coping diádico são associados com altos níveis de ansiedade e depressão.

Verificámos também que quanto mais negativa foi a perceção das mães acerca do apoio prestado pelo parceiro em situações de stresse durante a gravidez maiores foram os seus níveis de ansiedade durante o período pós-parto.

Relembrando a H2: “Depois do parto, o coping diádico tem impacto sobre a ansiedade materna. Formas positivas de coping diádico estão associadas a baixos níveis de ansiedade, enquanto formas negativas estão associadas a altos níveis de ansiedade materna.”

Os resultados obtidos parecem apoiar parcialmente esta hipótese, uma vez que apesar de que quanto mais negativa foi a perceção da mãe acerca do apoio do parceiro em situações de stresse maiores foram os seus níveis de ansiedade nenhuma forma positiva de coping diádico se relacionou com os níveis de ansiedade.

Também no período pós-parto a alta satisfação conjugal foi associada a reduzidos riscos de ansiedade (Pilkington et al., 2015; Seymor et al., 2015), enquanto que Kohn et al. (2012), verificaram que mães muito ansiosas têm menor satisfação com a relação conjugal, percecionam os seus parceiros como oferendo pouco suporte e tendo bastantes comportamentos negativos. De acordo com diversos estudos o suporte com o parceiro está associado a baixos níveis de ansiedade no período pós-parto (Clavarino et al., 2010; Figueiredo et al., 2008; Whisman et al., 2011). Relembramos o estudo de Peñacoba-Puente et al., (2013), em que, apesar de não terem estudado o coping diádico verificaram que existe relação entre formas negativas de coping diádico e altos níveis ansiedade. Relembremos ainda os estudos de Regan et al. (2014), Gabriel, Untas, Lavner, Koleck, e Luminet (2016) e Randall, Totenhagen, Walsh, Adams, e Tao (2017), que embora se tenham focado em contextos distintos do período pós parto, verificaram que o coping diádico se parece associar com ansiedade e/ou depressão.

Verificámos ainda que quanto mais negativa foi a perceção da mãe acerca do apoio do parceiro em situações de stresse maiores durante a gravidez foram os seus níveis de ansiedade no período pós-parto.

Recordemos a H3: “O coping diádico tem impacto sobre a ansiedade materna durante a transição para a parentalidade: Formas positivas de coping diádico (pré-parto) estão associadas a baixos níveis de ansiedade (pós-parto) enquanto formas negativas (pré-parto) estão associadas a altos níveis de ansiedade materna (pós-parto).”

Os dados obtidos parecem confirmar parcialmente esta hipótese, uma vez que embora se tenha observado que quanto mais negativa foi a perceção da mãe acerca do apoio do parceiro em situações de stresse durante a gravidez maiores foram os seus níveis de ansiedade no período pós-parto, não foram observadas relações entre formas positivas de

coping diádico durante a gravidez e a ansiedade no período pós-parto.

Embora na parte qualitativa do estudo não tenha sido falado acerca de qualquer associação direta entre a relação do casal e a ansiedade, a maioria das mães falou acerca da importância do apoio do marido teve neste processo, quer a nível global, quer na prestação de cuidados do bebé e divisão de tarefas ou até mesmo durante a gravidez e o parto.

Por outro lado, 70 % das mães falaram acerca do impacto da relação na experiência de maternidade, quer de forma positiva, por exemplo no auxilio de ultrapassar dificuldades, quer de forma negativa, como contribuindo para alguma irritabilidade ou fases de maiores receios.

Estes dados tornam-se especialmente pertinentes quando contextualizados com a parte qualitativa do estudo. Todas as mães tiveram receios durante este processo, sendo que durante a gravidez estes estiveram presentes em 90% delas e durante o período pós-parto em 70%, sendo estes principalmente relacionados com a saúde e o bem-estar do bebé e com as competências próprias enquanto mães.

Assim, se por um lado estes resultados indicam que a perceção de coping diádico e a ansiedade se relacionam, quer durante a gravidez, quer durante o período pós-parto, por outro este parece ser um tema que está muito presente durante esta etapa.

Seguidamente são discutidos os resultados obtidos entre o coping diádico e a depressão.