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Parte III – Resultados

7.2. Discussão de Resultados

7.2.3. Coping diádico e depressão

Nos resultados da nossa investigação verificámos que quanto mais positiva, menos negativa foi a perceção das mães acerca do apoio prestado pelo parceiro em situações de stresse e mais positiva a perceção da mãe acerca de como o casal lida com situações de stresse menores foram os níveis de depressão na gravidez.

Relembremos a H4: “Antes do parto, o coping diádico tem influência sobre a depressão materna: Formas positivas de coping diádico estão associadas a baixos níveis de depressão, enquanto formas negativas estão associadas a altos níveis de depressão materna.”

Os resultados obtidos parecem apoiar esta hipótese uma vez que se por um lado quanto mais positiva foi a perceção da mãe acerca do apoio do parceiro em situações de stresse e acerca de como o casal lida com situações de stresse menores foram os seus níveis de depressão, por outro quanto mais negativa foi a perceção da mãe acerca do apoio do parceiro em situações de stresse maiores foram os seus níveis de depressão.

Embora o coping diádico não tenha sido diretamente associado a estados de depressão durante a gravidez, a relação conjugal e o suporte social têm sido associados a estados de depressão. Diversos autores distinguem a falta de suporte social e do parceiro como dos maiores fatores de risco para depressão na gravidez (Bayrampour et al., 2015; Biaggi et al., 2016; Martini et al., 2015; Nasreen et al., 2011; Westdahl et al., 2007). Da mesma forma, o suporte percebido e a satisfação conjugal atuam como fatores protetores contra ansiedade e depressão maternas (Lee et al., 2007; Marchesi et al., 2009; Martini et al., 2015; Nasreen et al., 2011; Zeng et al., 2015). Por sua vez, Fincham, Beach, Harold, e Osborne (1997), encontraram casualidade de satisfação conjugal para depressão. De acordo com Miller et al. (2013), em circunstâncias gerais, um indivíduo insatisfeito com o seu casamento tem tendência para estar deprimido. Fora do contexto da transição para a parentalidade, Regan et al. (2014) e Gabriel, Untas, Lavner, Koleck, e Luminet (2016) verificaram que o coping diádico se parece associar com ansiedade e depressão.

Verificámos que quanto mais positiva foi a perceção da mãe acerca de como o casal lida com situações de stresse e quanto mais positiva e acerca do apoio prestado pelo parceiro em situações de stresse menores foram os níveis de depressão no período pós-parto.

Relembrando H5: “Após o parto, o coping diádico tem influência sobre a depressão materna. Formas positivas de coping diádico estão associadas a baixos níveis de depressão, enquanto formas negativas estão associadas a altos níveis de depressão materna.”

Os resultados obtidos aparentam apoiar parcialmente a hipótese, uma vez que apesar se ser sido verificado que quanto mais positiva foi a perceção da mãe acerca do apoio do parceiro em situações de stresse e da forma acerca de como o casal lida com o mesmo, menores foram os seus níveis de depressão não existiram relações significativas entre coping diádico e a depressão materna.

Também no período pós-parto o baixo suporte social e a baixa satisfação conjugal são indicados como riscos para o desenvolvimento de depressão pós-parto (Munaf &

Siddiqui, 2013; O'hara & Swain, 1996; Webster et al., 2011). Clout e Brown (2016) verificaram que a expressão de afeto e a satisfação diádica durante a gravidez previram significativamente altos níveis de depressão no período pós-parto. Recordemos ainda Fincham, Beach, Harold, e Osborne (1997), que encontraram relações de causalidade entre determinadas facetas da relação e a depressão e o estudo de Miller et al. (2013), em que se verificou que de forma geral, um indivíduo insatisfeito com o seu casamento tem tendência para estar deprimido. Relembremos ainda Regan et al. (2014) e Gabriel, Untas, Lavner, Koleck, e Luminet (2016) que embora se tenham focado em contextos distintos da transição para a parentalidade, verificaram que o coping diádico se parece associar com ansiedade e depressão.

Observámos ainda que quanto mais positiva foi a perceção da mãe acerca de como o casal lida com situações de stresse durante a gravidez menores foram os seus níveis de depressão no período pós-parto.

Tendo em consideração a H6: “O coping diádico tem influência sobre depressão materna durante a transição para a parantalidade: Formas positivas de coping diádico (pré- parto) estão associadas a baixos níveis de depressão (pós-parto), enquanto formas negativas (pré-parto) estão associadas a altos níveis de depressão materna (pós-parto).”

Os resultados obtidos parecem também apoiar parcialmente a hipótese, uma vez que apesar de que termos verificado quem quanto mais positiva foi a perceção da mãe acerca de como o casal lida com situações de stresse durante a gravidez menores foram os seus níveis de depressão no período pós-parto, não foi encontrada relação entre formas negativas de

coping diádico durante a gravidez e a depressão materna no período pós-parto.

Na parte qualitativa do estudo 70 % das mães falou acerca do impacto da relação na experiência de maternidade, quer de forma positiva, por exemplo no auxilio de ultrapassar dificuldades, quer de forma negativa, como contribuindo para irritabilidade e outras emoções negativas.

Por outro lado, 80% das mães falaram acerca da importância do apoio do marido teve neste processo, quer a nível global, quer na prestação de cuidados do bebé e divisão de tarefas ou até mesmo durante a gravidez e o parto.

Estes dados tornam-se especialmente pertinentes quando contextualizados com a parte qualitativa do estudo. Oitenta por cento das mães tiveram receios durante este processo, sendo que durante a gravidez estes estiveram presentes em 60% e durante o período pós-parto em 70% destas mulheres, como sensibilidade emocional, irritabilidade, impaciência e stresse.