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4. RESULTADOS

4.2. CORRELAÇÃO ENTRE AS VARIAÇÕES PERCENTUAIS (Δ%) DAS

A Tabela 19 apresenta as correlações entre as variáveis bioquímicas e perfil antropométrico para os grupos controle e experimental. Quanto a estas variáveis não foi possível observar correlações significativas, devido aos baixos valores encontrados. Isto indica que estas não apresentam relações entre si, com independência entre as mesmas tanto para a atividade programada em fitness, quanto autosselecionada para o grupo de masculino.

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Tabela 19 - Correlação r de Pearson entre variáveis bioquímicas e de perfil antropométrico para os grupos: experimental (GE

– fitness, n= 53) e controle (GC – autosselecionada, n = 55)

Δ% GL(mg/dL) CT (mg/dL) HDL (mg/dL) LDL (mg/dL) VLDL (mg/dL) TG(mg/dL) GE GC GE GC GE GC GE GC GE GC GE GC ∑doc (mm) 0,102 0,060 0,260 0,099 0,017 -0,145 0,266 0,069 -0,093 0,269 -0,067 0,221 %G 0,105 -0,035 0,147 0,053 0,102 -0,152 0,023 0,113 0,222 0,053 0,181 0,030 MCG (kg) 0,094 -0,052 0,189 0,040 0,119 -0,120 0,079 0,091 0,177 0,083 0,145 0,055 MCM (kg) -0,122 -0,043 -0,025 -0,076 -0,049 0,139 0,087 -0,118 -0,170 0,034 -0,137 0,042 IMC (kg/m2) 0,026 0,036 0,223 0,014 0,179 -0,114 0,128 0,012 0,021 0,251 0,023 0,240 Nota: ∑doc (TR E SE) = somatório de dobras cutâneas tricipital e subescapular; %G= percentual de gordura corporal; ; MCG= massa corporal gorda; MCM= massa corporal magra; IMC= índice de massa corporal; GL= glicose; CT= colesterol total; HDL= lipoproteína de alta densidade, LDL= lipoproteína de baixa densidade; VLDL=, TG= triglicerídes; VLDL-col = lipoproteína de muito baixa densidade; CT = colesterol total. *p<0,05 Significante. ‡Elevada correlação valores de r ≥0,600.

No que concerne às correlações entre as variáveis de desempenho físico e perfil antropométrico (Tabela 20), não há valores elevados para o r de Pearson.

Tabela 20 - Correlação r de Pearson entre variáveis: desempenho físico e perfil antropométrico para os grupos: experimental

(GE – fitness, n= 53) e controle (GC – autosselecionada, n = 55)

Δ% ∑doc (mm) %G MCG (kg) MCM (kg) IMC (kg/m2) GE GC GE GC GE GC GE GC GE GC 9MIN (m) 0,112 0,162 0,199 -0,064 0,100 0,112 0,162 0,199 -0,064 0,100 FMB (cm) 0,208 0,213 0,236 -0,139 0,047 0,208 0,213 0,236 -0,139 0,047 FSH (cm) 0,053 -0,033 -0,007 0,035 0,128 0,053 -0,033 -0,007 0,035 0,128 RMLAD (rep) 0,008 0,236 0,209 -0,206 0,062 0,008 0,236 0,209 -0,206 0,062 AGILQ (s) 0,075 -0,088 -0,068 0,042 0,087 0,075 -0,088 -0,068 0,042 0,087 VEL20m (s) 0,065 0,003 0,077 0,203 0,219 0,065 0,003 0,077 0,203 0,219 FLEXs/b (cm) -0,045 -0,008 0,016 0,078 -0,040 -0,045 -0,008 0,016 0,078 -0,040

Nota: ∑doc (TR E SE) = somatório de dobras cutâneas tricipital e subescapular; %G= percentual de gordura corporal; %G= percentual de gordura corporal; MCM= massa corporal magra; IMC= índice de massa corporal; 9MIN (teste de nove minutos); FMB (teste de força explosiva de membros superiores com medicine Ball); FSH (teste de força explosiva de membros inferiores); RMLABD (teste de resistência muscular localizada para peitoral e abdominal); AGILQ (teste de agilidade quadrado); VEL20m (teste de velocidade dos 20 metros); FLEXs/b (teste de flexibilidade sem banco); *p<0,05 Significante. ‡Elevada correlação valores de r ≥0,600.

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Conforme a Tabela 21 as variáveis bioquímicas e desempenho físico não apresentaram elevadas correlações. No entanto, foi observado em algumas variáveis, apesar da baixa correlação, valores significativos, tanto para o GE: VEL20m e HDL (p = 0,012), quanto para o GC: FMB e GL (p = 0,038); FSH e CT (p = 0,014); FSH e LDL (p = 0,009); RMLAD e HDL (p = 0,045); RMLAD e VLDL (p = 0,002); RMLAD e TG (p =0,001); AGILQ e LDL (p = 0,001).

Tabela 21 - Correlação r de Pearson entre variáveis bioquímicas e desempenho físico para os grupos: experimental (GE –

fitness, n= 53) e controle (GC – autosselecionada, n = 55)

Δ% GL (mg/dL) CT (mg/dL) HDL (mg/dL) LDL (mg/dL) GE GC GE GC GE GC GE GC 9MIN (m) 0,182 0,007 0,148 -0,242 -0,108 0,088 0,196 -0,168 FMB (cm) -0,004 -0,282* 0,105 0,039 0,097 -0,048 0,035 0,062 FSH (cm) 0,09 -0,134 -0,083 0,329* -0,101 -0,178 0,042 0,351* RMLAD (rep) -0,072 0,015 0,017 -0,18 -0,08 0,271* -0,023 -0,168 AGILQ (s) -0,002 -0,219 -0,11 0,241 -0,014 -0,222 -0,161 0,433* VEL20m (s) -0,032 -0,102 0,187 -0,154 0,342* -0,105 -0,016 -0,051 FLEXs/b (cm) 0,008 -0,011 -0,156 -0,195 -0,128 -0,064 -0,134 -0,195 VLDL (mg/dL) TG(mg/dL) GE GC GE GC 9MIN (m) -0,008 -0,246 0,016 -0,251 FMB (cm) 0,166 -0,051 0,196 -0,053 FSH (cm) -0,135 0,009 -0,129 -0,024 RMLAD (rep) 0,079 -0,413* 0,047 -0,446* AGILQ (s) 0,096 0,031 0,057 -0,068 VEL20m (s) 0,055 -0,105 0,025 -0,123 FLEXs/b (cm) 0,036 0,014 0,034 0,006

Nota: GL= glicose; CT= colesterol total; HDL= lipoproteína de alta densidade, LDL= lipoproteína de baixa densidade; VLDL=, TG= triglicerídes; VLDL-col = lipoproteína de muito baixa densidade; CT = colesterol total. 9MIN (teste de nove minutos); FMB (teste de força explosiva de membros superiores com medicine Ball); FSH (teste de força explosiva de membros inferiores); RMLABD (teste de resistência muscular localizada para peitoral e abdominal); AGILQ (teste de agilidade quadrado); VEL20m (teste de velocidade dos 20 metros); FLEXs/b (teste de flexibilidade sem banco); *p<0,05 Significante. ‡Elevada correlação valores de r ≥0,600.

 

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ATIVIDADE FÍSICA AUTOSSELECIONADA OU PROGRAMADA? EFEITOS DE 16 SEMANAS SOBRE COMPONENTES BIOQUÍMICOS, FÍSICOS E ANTROPOMÉTRICOS DE ADOLESCENTES

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Este estudo analisou, no contexto das aulas de educação física, o efeito da prática de atividade física sob duas condições: programada em fitness e autosselecionada em esportes, sobre componentes bioquímicos, físicos e de perfil antropométrico de adolescentes brasileiros da região nordeste (João Pessoa, Paraíba). Diante dos resultados observados acatou-se a hipótese de que não existe diferença entre a atividade física programada em fitness e atividade física autosselecionada em esportes quando se analisa componentes bioquímicos, glicose, perfil antropométrico e desempenho físico após um período de 16 semanas de intervenção. A prática da atividade física programada ou realizada de forma autosselecionada, provocou efeitos semelhantes, justificando que um programa de atividades físicas, principalmente no ensino médio, deve ser diversificado, estimulando tanto à prática do fitness, quanto de modalidades esportivas. Contudo, vale ressaltar que, independente do tipo de intervenção aplicada, o acompanhamento das variáveis antes e após o experimento indicou que o tempo influenciou a maioria das medidas, isto é, os grupos (experimental ou controle) e sua interação com tempo não foram fatores preponderantes nas alterações observadas. Fato verificado principalmente para as variáveis bioquímicas e de desempenho físico.

Desta forma, às variáveis dependentes analisadas, apresentaram baixas correlações entre os pontos de corte determinados para o estudo com os grupos de atividades físicas. Isto indica que estas variáveis não estão relacionadas umas com as outras e são independentes tanto para os exercícios programados na intensidade, bem como para os autosseleccionados, uma vez que as variações possíveis associadas às intervenções não foram identificadas. Portanto, afirma-se, para esta amostra, que o importante é praticar a atividade física, seja autosselecionada, ou prescrita conforme padrões estabelecidos na literatura. Vale destacar que em adolescentes alterações nessas variáveis nem sempre ocorrem de forma tão sensível em razão das adaptações metabólicas decorrentes do processo de treinamento, mas em conjunto ás alterações do crescimento, composição corporal e maturação sexual próprios dessa fase da vida do jovem. Então, de acordo com os resultados dessa pesquisa, sugere-se que um programa de atividade física, principalmente no ensino médio, seja diversificado, estimulando tanto à prática do fitness quanto de modalidades esportivas, mesmo que o estudante selecione a atividade de maneira mais espontânea, de acordo com a sua preferência, é importante um rodízio de atividades.

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Segundo Ghorayeb et al. (2013), crianças e adolescentes são caracterizados como indivíduos que praticam atividades físicas e esportivas de modo variável, engajando-se na maioria das vezes em esportes recreativos em que atingem níveis de moderada a alta intensidade, se mostrando tão competitivos quanto aos níveis atléticos, em alguns casos superando até esses níveis, mesmo sem realizar treinamentos sistemáticos, afirmação que reforça os resultados encontrados nessa pesquisa, em que não houve diferença entre as práticas físicas desenvolvidas nesse estudo.

Quanto ao emprego das cargas para os grupos pesquisados, cita-se que, a intensidade do grupo que realizou as atividades autosselecionadas (GC) foi administrada pelo próprio adolescente, após a escolha do esporte a ser praticado (basquetebol, voleibol, handebol, futsal e natação), sendo assim, o mesmo executava as atividades da maneira que achava confortável. Segundo o ACSM (2011), crianças e adolescentes devem priorizar atividades físicas lúdicas e jogos, que deem maior ênfase ao volume do que a intensidade.

Para o grupo que participou da atividade física programada (GE), a intensidade foi controlada de acordo com a literatura (WHO, 2010), sendo, para o componente cardiorespiratório utilizada a frequência cardíaca, dentro da zona aeróbia, de 70 a 80% da máxima, e para os exercício de força os adolescentes foram motivados a executar o máximo de repetições durante um minuto, utilizando, principalmente, o peso do próprio corpo como sobrecarga. Em ambos os grupos estudados a duração das sessões foram estabelecidas em 50 minutos, tempo de duração das aulas de educação física no IFPB. Isto pode ser considerado uma limitação desta pesquisa, visto que, o tempo das aulas foi abaixo das atuais diretrizes de prescrição de exercício, para crianças e adolescentes (6 – 17 anos), que recomendam, pelo menos, 60 minutos atividade física com intensidade de moderada a vigorosa todos os dias e a realização de exercícios vigorosos e de fortalecimento muscular pelo menos três vezes por semana (WHO, 2010).

Em relação à atividade autosselecionada, nesta investigação, com amostra de adolescentes brasileiros, a mesma não demonstrou causar maiores efeitos sobre as variáveis bioquímicas, antropométricas e nas medidas físicas em comparação com grupo experimental que apresentou melhores resultados nos teste de capacidade cardiorrespiratória e força. Isto pode ter sido ocasionado pela escolha de intensidades incapazes de provocar alterações significativas nestas medidas. Nesta linha, algumas pesquisas relatam que a escolha da intensidade dos exercícios foi aquém do preconizado pela literatura (Ekkekakis & Lind, 2006;

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Krinski et al., 2009), ou que as repostas fisiológicas foram inferiores ao recomendado (Pintar et al., 2006; Hills et al., 2006). Não obstante, pesquisas demonstram que os sujeitos são capazes de autosselecionar um ritmo de caminhada efetivo para melhorar a aptidão cardiorrespiratória (Santos et al., 2009). Fato confirmado por Glass e Chvla (2001) que avaliaram indivíduos jovens (homens e mulheres) e observaram que os mesmos autosselecionaram intensidades moderadas para o exercício aeróbio. Os indivíduos são capazes de autosselecionar estímulos fisiologicamente adequados para a ocorrência de modificações orgânicas benéficas à saúde (Dishman et al., 1994; Parffitt et al., 2006).

Ressalta-se que a maioria das pesquisas (Buzzachera et al., 2010; Santos et al., 2009; Krinski et al., 2009) que abordam tal modalidade de prática física (autosseleção) como um tipo de atividade em que apenas a intensidade é modulada pelo praticante. Contudo, nesta pesquisa com adolescentes brasileiros, a autosseleção foi caracterizada não apenas pela escolha da intensidade em que foi executado o exercício, mas também pela opção do tipo de modalidade esportiva (Basquetebol, Voleibol, Handebol, Futsal e Natação), assinalando que os jovens praticaram os esportes que julgaram ser mais prazerosos. Neste contexto, Parffitt, Rose e Burgess (2006) explicaram que as atividades capazes de proporcionar um prazer individual apresentam uma maior probabilidade de sucesso relativo à adesão. Da mesma forma (Ekkekakis & Lind, 2006; Dishman et al., 1994) tem considerado a preferência individual ao prescrever a intensidade em programas de exercícios, possibilitando aos indivíduos um sentimento de posse sobre seu comportamento físico, o que por sua vez pode levar os mesmos a experiências mais prazerosas. Todavia, variáveis que medem os níveis afetivos ou perceptuais associadas à prática de atividade física autosselecionada não foram analisadas neste estudo. O exercício em ritmo autosselecionado é recomendado devido à facilidade e segurança de sua prática, além de um estado de conforto propiciado pela autosseleção da intensidade de exercício físico (Buzzachera et al., 2010), favorecendo uma maior adesão.

Krinski et al. (2009) compararam as respostas fisiológicas de variáveis cardiorrespiratórias entre gêneros durante a atividade de caminhada em ritmo autosselecionado. Os resultados não indicaram diferenças entre homens e mulheres, no entanto a velocidade de caminhada (km/h) selecionada foi superior no grupo masculino. Os autores concluíram que ambos os gêneros autosselecionam um ritmo de caminhada considerado não efetivo para manutenção e melhora da aptidão cardiorrespiratória, visto que,

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apenas 5,6% das mulheres e 17,6% dos homens alcançaram a intensidade recomendada para o percentual de VO2máx proposta pelo ACSM (Haskell et al., 2007). O mesmo foi observado neste estudo, visto que os adolescentes que autosselecionaram a intensidade e a modalidade desportiva a ser praticada apresentaram mudanças em poucas variáveis físicas, isto pode ter ocorrido por causa da liberdade deste grupo em praticar o exercício sempre numa intensidade que lhe seja conveniente e prazerosa, estando abaixo da magnitude, indicada na literatura, que provoque a sobrecarga necessária para que ocorram mudanças nestas variáveis. Porém, os resultados relacionados à aptidão física apresentado pelas meninas foram melhores que o dos meninos.

A intensidade autosselecionada pode ser abaixo do limiar ventilatório (Ekkekakis et al., 2005), já que exercício em alta intensidade causa uma maior sensação de desconforto (Emmons & Diener, 1986). Isto pode estar atrelado à maioria dos indivíduos intuitivamente ajustarem seus ritmos de exercício em uma intensidade capaz de propiciar uma maior sensação de prazer e conforto (Lind et al., 2005). Entretanto, Cox et al. (2003) observou em sua amostra (126 mulheres sedentárias), a execução do exercício físico em uma intensidade superior aquela previamente prescrita (moderado), desta forma, os autores concluíram que os sujeitos buscam se exercitar em uma intensidade autosselecionada em vez de seguirem uma intensidade prescrita. Pesquisas de Glass e Stanton (2004), Foch (2007), observaram, que indivíduos sedentários quando não supervisionados tendem a autosselecionar uma intensidade inferior à recomendada pelo ACSM.

Ainda não é claro quanto de exercício físico é necessário para se obter efeitos benéficos sobre os níveis de lipoproteínas plasmáticas (Fernandes et al., 2011). Em pesquisa de meta-análise desenvolvida por Leon e Sanchez (2001), foi observado que não existe uma relação direta entre a intensidade do exercício físico e melhora no perfil lipídico, ou seja, não há uma relação dose-resposta. Vale salientar que a presente pesquisa reporta dados experimentais com uma população pouco investigada (os adolescentes brasileiros) em relação ao método da autosseleção, o que contribuí para o avanço do conhecimento científico a respeito dos efeitos desta estratégia de praticar o exercício físico sobre o comportamento de variáveis fisiológicas (bioquímicas, físicas e antropométricas). Sendo que, para este estudo, foi caracterizada como a autosseleção a escolha da modalidade esportiva e da intensidade, colaborando para um maior entendimento a respeito da efetividade desta atividade quando também há opção por uma modalidade a ser executada.

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No que diz respeito às variáveis que representam o desempenho físico, o tipo de atividade apresentou diferenças, entre as duas intervenções, apenas para a capacidade cardiorrespiratória, em ambos os gêneros do sexo, sendo maiores os valores do grupo que praticou o exercício programado. Além disto, para ambos os grupos e sexos a aplicação de exercícios supervisionados ou autosselecionados aumentaram os níveis de força, resistência, velocidade e flexibilidade. Fato asseverado pelos resultados, que apontaram efeito do tempo para a maioria das medidas, com exceção para o teste de força de membros superiores – medicine ball (FMB) e teste de agilidade do quadrado (AGILQ). Sendo que, para os praticantes do exercício programado (GE) as alterações foram observadas em mais variáveis, visto que, os valores foram maiores no pós-teste para as medidas da prova de nove minutos (9MIN), força de membros superiores (FMB), força de membros inferiores (FSH), resistência muscular abdominal (RMLABD), teste de velocidade (VEL20m) e flexibilidade sem banco (FLEXs/b), enquanto que no GC houve uma melhora no RMLABD, AGILQ, Vel20m e FLEXs/b. Ou seja, houve um efeito do grupo apenas as medidas dos testes de 9MIN e FMB, sendo que foi observado melhor desempenho do grupo que praticou a atividade prescrita. A melhora do componente AGILQ, no grupo controle, condiz com estudo de Farinatti e Ferreira (2006), que descreve, nos programas de educação física escolar, um predomínio de jogos e atividades lúdicas que favorecem de forma exagerada as capacidades motoras coordenativas, tendo por outro lado, certa relutância e indisponibilidade em se aplicar programas em que as capacidades motoras condicionais força, resistência muscular e resistência cardiorrespiratória, sejam solicitadas.

Farias et al. (2010), em artigo com delineamento semelhante ao desenvolvido nesta pesquisa, verificou o efeito da atividade física programada sobre os testes de aptidão física em adolescentes durante um ano de período letivo. Amostra foi composta de 383 alunos, divididos em dois grupos: caso, com 186 (96 meninos e 90 meninas) e controle, com 197 (108 meninos e 89 meninas), com idade entre 10 e 15 anos. O grupo caso foi submetido à atividade física programada e o grupo controle com aulas convencionais de educação física escolar. A aptidão física foi avaliada por testes de sentar-e-alcançar (flexibilidade), resistência muscular (flexão e extensão do cotovelo) e aptidão cardiorrespiratória (corrida e caminhada de nove minutos). Segundo os autores o desempenho motor não apresentou melhora significativa quando envolveu a variável tempo do pré para o pós-teste, em ambos os grupos, mas quando comparado (tipo) o grupo caso (intervenção) com o controle, mostrou diferença significativa com melhora nos testes de força e resistência em ambos os sexos para o caso. Estes resultados

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corroboram, em parte, com os achados desse estudo, mesmo com o tempo de intervenção tendo sido diferente. Desta forma, analisando o presente estudo (16 semanas) a variável tempo apresentou diferenças significativas em todas as atividades motoras, apesar do baixo tamanho do efeito, o que não ocorreu no estudo realizado por Farias que teve duração de 12 meses, porém as variáveis força (FMS) e resistência (9MIN), em ambos os estudos, apresentaram melhora significativa no grupo caso. No estudo de Farias et al. (2010), os meninos de ambos os grupos apresentaram predomínio nos testes de força e resistência e de uma forma geral, os valores foram maiores nos meninos em relação às meninas para resistência muscular e aptidão cardiorrespiratória e menor para flexibilidade, e todos aumentaram no pós-teste em relação ao pré-teste e foram maiores no grupo caso em relação ao controle. Na presente pesquisa, as meninas, de uma forma geral, apresentaram predomínio nos testes de força, resistência e flexibilidade em ambos os grupos, com valores maiores do que os dos meninos, sendo que no grupo caso os resultados foram mais expressivos para mais variáveis, achados, estes, diferentes do estudo de Farias et al. (2010).

Araujo e Oliveira (2008), objetivando descrever a aptidão física relacionada à saúde, flexibilidade, força/resistência muscular localizada e capacidade aeróbia, em 288 estudantes do ensino fundamental de escolas públicas municipais na cidade de Aracaju (SE), dos quais 146 eram do sexo masculino e 142 do sexo feminino, com idades entre 10 e 14 anos, encontraram baixas variações significativas quando comparados ambos os sexos, exceto aos 11, 12 e 13 anos de idade, para resistência abdominal, aos 12 anos, para força/resistência de braços e a capacidade aeróbia (VO2 máx.) e aos 10, 12 e 14 anos, todos em favor do sexo masculino, no entanto, os autores não avaliaram outro grupo de intervenção, apenas comparam as diferenças entre os sexos e as faixas etárias, o que pode ter sido uma limitação do mesmo. Desta forma, os achados da presente pesquisa são importantes, pois apresentaram as diferenças e os benefícios de duas modalidades de intervenção. Vale salientar que devido os resultados apresentados apontarem para a maioria das aptidões terem sido influenciadas pelo tempo, deve-se considerar que essas alterações podem ser atribuídas à influência das transformações fisiológicas e anatômicas decorrentes das descargas hormonais, que são aumentadas nesta fase do crescimento, influenciadas pela quantidade de atividade física (Mota, 2000).

Um total de 22 adolescentes, do segundo ano do ensino médio em uma escola pública de Mondai / SC foram analisados por Willms e Fachineto (2011) em relação às suas respostas

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fisiológicas - VO2max, freqüência cardíaca de repouso, pressão arterial sistólica e diastólica em repouso, e respostas metabólicas - gasto energético de repouso (GER), antes e depois das aulas de educação física, que envolvem atividades aeróbicas. Esses pesquisadores encontraram diferenças significativas em todo o grupo de estudantes e concluíram que a atividade física aeróbica, durante as aulas de educação física, pode contribuir para a saúde dos estudantes do ensino médio. O estudo corrobora os resultados desta pesquisa, uma vez que houve uma melhora no condicionamento físico após a aplicação de um programa de atividade física.

O estudo de Levandoski et al. (2007) também encontrou resultados semelhantes aos do presente estudo. Os autores com o objetivo de traçar um perfil de desempenho físico a partir de testes físicos e motores, numa amostra de 15 atletas adolescentes de futsal de Ponta Grossa, média etária de 16,27 anos, encontraram, 31,27 repetições para flexão de braço, 37,53 resistência abdominal, 1,71 m de impulsão horizontal, 6,47 s no teste de agilidade e 1.888 m na corrida de 12 minutos, valores estes próximos aos encontrados nos alunos do ensino médio, aqui realizados, tanto para o GC, quanto para o GE.

As variáveis antropométricas arroladas neste estudo, com adolescentes brasileiros, não foram influenciadas pelo tempo, tipo de intervenção, bem como não houve interação entre estes fatores. Apenas a estatura e IMC apresentaram alterações significativas em ambos os grupos. No entanto, em uma observação meramente descritiva, estes valores variaram muito pouco entre as fases de medidas (pré x pós). Esta diferença pode ser explicada pelo simples

fato da amostra estar em fase de crescimento (RÉ, 2011).

Em um estudo transversal conduzido por Nielsen e Andersen (2003) com jovens, 13.557 moças e rapazes de 15 a 20 anos de idade, demonstrou níveis baixos de condicionamento físico e altos de IMC para esta faixa etária. Fato não observado, na presente pesquisa, apesar das alterações ocorridas no IMC os adolescentes não apresentaram valores acima do normal.

Ademais, as classificações do somatório de dobras cutâneas e do percentual de gordura foram elevadas apenas para o grupo feminino, tanto para o exercício programado em fitness quanto para o autosselecionado, visto que, as maiores frequências se concentraram nas categorias moderado, moderado alto e alto. A literatura explica esta diferença pelo fato dos níveis séricos de lipídeos e lipoproteínas serem superiores nas crianças e adolescentes do sexo feminino, sendo esta alteração mais expressiva durante a adolescência. Em média, as meninas

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apresentam níveis superiores. de colesterol total, HDL colesterol e LDL colesterol (Brotons et al., 1998).

Freitas et al. (2010) em um estudo com delineamento transversal registrou, através de questionário, o sedentarismo, IMC, pressão arterial e glicemia em estudantes, de 12 na 17 anos, na cidade de fortaleza e concluiu que o sedentarismo era mais proeminente no sexo feminino e naqueles com excesso de peso, e que as atividades mais praticadas eram o