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2. AS NOVAS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E DA COMUNICAÇÃO

2.4.2. Criação de conteúdos pelo docente

Para uma docência eficaz na área da Química, no Ensino Superior, é necessário que o docente se vá munindo de vários componentes lectivos de diferente natureza 173 para poder conjugar os conhecimentos teóricos com uma visão da realidade, uma vez que uma das maiores dificuldades dos alunos na aprendizagem da Química é a correcta e total percepção dos processos e fenómenos descritos pelo docente em sala de aula. Desta forma, ao longo de alguns anos ensinando Química, qualquer docente terá uma vasta colecção de conteúdos que pode usar livremente para permitir aos seus alunos uma melhor compreensão da matéria leccionada. Estes conteúdos têm diversas origens e são de diferente natureza, provavelmente a maioria é baseada em sistema informáticos. A este conjunto de conteúdos informáticos (ou informatizáveis) reunidos, tal como numa biblioteca, denomina-se actualmente MEDIATECA VIRTUAL. É com base neste tipo de conteúdos que se elaboram aulas com a componente presencial apoiada numa componente informática, o denominado Blended learning.

Com o passar do tempo, o docente começa a sentir alguma dificuldade em seleccionar quais os conteúdos a disponibilizar aos alunos e de que forma os encadeará, de modo a seguirem uma lógica de raciocínio sem grandes saltos nem transições bruscas. Agrava-se a situação pela necessidade de possuir diferentes programas de software para poder gerir a sua mediateca virtual, com a necessidade de mantê-los nas suas versões mais actualizadas e com as suas licenças de funcionamento válidas.

Para a elaboração de uma aula multimédia é necessário que o docente seleccione, de entre a sua MEDIATECA, os diferentes tipos de conteúdos que podem compor uma aula multimédia. Alguns desses conteúdos requerem um tratamento prévio podendo ser necessário cortar partes deles ou intercalá-los entre si. Desta forma, torna-se necessário criar um guião do que será a aula multimédia, para que ao iniciar o trabalho com a componente informática todos os conteúdos estejam devidamente prontos a usar. Este trabalho é feito sabendo exactamente o que se espera obter no final, uma aula multimédia apta a ser visionada em sala de aula ou disponibilizada através de uma página Web para ser acedida pelos alunos aquando do seu auto estudo.

Uma vez que uma aula multimédia pode incorporar diferentes conteúdos, é necessário tratá-los previamente para que sejam introduzidos na aula de uma forma simples e rápida. Assim os conteúdos devem ser separados previamente para serem trabalhados de acordo com a sua natureza:

• Filmes de experiências realizadas, em diferentes formatos, desde AVI, FLV, WMV e MPEG;

• Simulações e animações computacionais especialmente em formato SWF; • Imagens e diagramas em vários formatos maioritariamente JPEG, TIF e GIF; • Teste de questões para resolução dos alunos em formato HTML e XHTML; • Narração áudio, música.

Havendo muitas origens de conteúdos, deve-se usar preferencialmente aqueles que são criados pelos docentes ou fornecidos gratuitamente pelas editoras, os quais não levantam problemas quanto a legalidades. Existe uma enorme variedade de conteúdos disponíveis na internet para livre uso, apenas requerendo que sejam respeitados os direitos do seu criador, muitos deles distribuídos segundo licenças de CREATIVE COMMONS segundo as suas diferentes modalidades.

Os conteúdos disponíveis na internet levantam alguns problemas. Ainda que seja autorizada a sua utilização, muitos deles estão alocados em servidores, não podendo ser copiados. Esses conteúdos estão dependentes de uma ligação funcional à internet e do facto de continuarem disponíveis, dado que muitas vezes são retirados ou recolocados noutros servidores. Outra dificuldade inerente a estes conteúdos é a de funcionarem apenas online, dependendo de uma aplicação que está instalada num determinado servidor.

Há ainda um conjunto de conteúdos que, apesar de não serem informatizados, podem ser informatizados, tais como:

• Textos antigos, diagramas e imagens apenas em papel;

• Modelos mecânicos, tais como modelos de “paus e bolas” para representar moléculas e as suas ligações;

• Experiências laboratoriais;

• Filmes em formatos como o VHF, 8mm.

É necessário realizar previamente a informatização dos conteúdos acima descritos. Ainda que se tenha envolvido bastante tempo, isso permitirá uma fácil utilização desses recursos futuramente e de outra forma, ficariam perdidos. Assim, é necessário digitalizar os documentos em papel, converter filmes em formatos digitais e filmar experiências e modelos mecânicos sob diferentes ângulos e perspectivas.

Tal como foi referido, no caso dos conteúdos não se encontrarem informatizados, requerem um tratamento prévio. Para a sua informatização é necessário recorrer a alguns programas de software e equipamento específico, nomeadamente:

• Scanner com OCR (reconhecimento óptico de caracteres);

• Equipamento de filmagem digital, capaz de gravar directamente em formato digital, sendo o mais usado MPEG;

• Equipamento para digitalizar filmes em formatos analógicos, como um leitor de VHS ligado a uma placa de vídeo no computador através de um programa de tratamento de vídeo;

Os conteúdos devem ser organizados segundo um guião ao longo de uma linha temporal, de acordo com a sequência lógica a ser transmitida aos alunos, sempre atentos aos aspectos pedagógicos, tais como:

• Iniciar com um breve resumo dos tópicos a abordar;

• Ir fornecendo os conteúdos por grau crescente de dificuldade e complexidade;

• Acompanhar os conteúdos mais complexos e elaborados com descrições mais detalhadas e/ou vídeos ilustrativos;

• Ao intercalar conteúdos, ter cuidado com a coerência entre os sinais, símbolos, constantes e demais conceitos que sejam usados repetidamente. Dada a natureza dos conteúdos multimédia, contendo muita informação, foi constatado que cada tema não deveria ultrapassar os 15 minutos de duração, permitindo aos alunos uma melhor percepção do mesmo, bem como permite ao docente uma melhor gestão dos seus conteúdos multimédia. Desta forma, uma aula pode ser organizada como uma sequência temporal de conteúdos seleccionados, todos eles independente entre si mas cuja sequência permite a total compreensão de uma temática.

A organização de uma aula multimédia em módulos permite que os utilizadores, alunos e docentes, usem apenas os conteúdos pretendidos sem terem de visionar uma sequência completa de eventos quando a dúvida é específica e localizada. De igual forma, também tem vantagens óbvias para o docente que a cria, pois mais facilmente os poderá modificar ou até mesmo combinar segundo uma nova sequência. Os programas lectivos não são estáticos, vão evoluindo ao longo dos anos, bem como podem ter diferenças mais ou menos significativas em função dos cursos a que são leccionados. Ao optar por elaborar aulas com base em módulos, o docente pode ter a liberdade de enriquecer a aula com mais módulos para os cursos em que se justifique. Como exemplo salienta se o tema sobre o comportamento dos gases: quando leccionado a um curso de engenharia convém focar especialmente casos reais e equações que possam descrever esses sistemas, enquanto

que ao ser leccionado a um curso de Química o docente poderá valorizar os aspectos teóricos e de dedução das diferentes equações a utilizar na diferentes situações.

A etapa seguinte é a criação da aula através das ferramentas informáticas, quer o docente sozinho quer com a ajuda de Engenheiros Informáticos (ver subcapítulo 3.3. ). Tal como qualquer trabalho desta natureza, em que se envolvem conhecimentos de diferentes áreas, o trabalho nunca está terminado, estando em constante aperfeiçoamento em virtude das novas necessidades que vão surgindo ou apenas das dificuldades sentidas em algum ponto.

Dada a variedade de conteúdos e a possibilidade de combinar dois ou mais simultaneamente, é muito útil a criação de modelos padrão de modo a facilitar a utilização desta aplicação pelo docente, quer este tenha desenvolvido todo o trabalho ou em colaboração com Engenheiros Informáticos. As aulas elaboradas conjuntamente com especialistas da Informática são uma forma de poupar o docente a uma aprendizagem de aspectos demasiado técnicos, tais como as linguagens de programação ou códigos informáticos, de modo que o processo seja o mais simples possível.