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Criação de conhecimento no blog de informática

4.2 ANÁLISE DOS BLOGS CORPORATIVOS

4.2.4 ANÁLISE DO BLOG DE INFORMÁTICA

4.2.4.2 Criação de conhecimento no blog de informática

Os entrevistados acreditam ser possível criar conhecimento por meio do blog (M04; U06; U14; U15). O moderador acredita que as experiências relatadas no blog podem ajudar os docentes a planejar suas aulas e resolver problemas técnicos e didáticos, talvez por isso, ele diz que gostaria que os relatos fossem mais detalhados. Ele menciona também a questão do receio da rejeição ao postar práticas pouco testadas e as que não obtiveram sucesso, aspectos importantes para a gestão do conhecimento (M04). Acreditam que as postagens do blog são relevantes em função de ser um local de especialistas em determinado campo de conhecimentos, onde uma ideia pode ser debatida a partir de sua formulação e ser aperfeiçoada no percurso (U06; U14). O entrevistado U15 dá um exemplo prático de como criar, registrar e utilizar posteriormente o conhecimento produzido:

[...] quando se pega um caso prático, por exemplo, a construção de um curso, a gente começa a buscar fontes específicas do segmento de conhecimento, tendências do mercado de trabalho, de regulamentações da profissão e tudo isso fica disponibilizado no blog. Isto fica referenciado para quando o curso entrar em prática, como subsídio aos docentes, que determinado tópico do curso vai ser abordado em função do perfil profissional que foi estudado por alguém, em algum lugar. Fica mais fácil entender as recomendações de abordagens pelos docentes que farão a execução daquele curso. Esta é uma forma de construir o conhecimento e dar uniformidade e alinhamento às ações docentes (U15).

Nessa resposta o entrevistado expõe o funcionamento do ciclo de gestão do conhecimento, com as pesquisas e discussões na fase de criação ou captação, seus respectivos registros para armazenamento para que possam ser recuperados posteriormente e aplicados em produtos ou serviços.

O entrevistado U12 explica que conhecimento tem uma complexidade impossível de ser resumida em uma página de blog, onde este na verdade, dissemina informações que podem ser transformadas em conhecimento quando interpretadas por alguma pessoa. O entrevistado procura esclarecer que conhecimento é algo de foro íntimo e depende da interpretação do sujeito sobre o objeto (texto, imagem, vídeo), pois o “conhecimento é criado

por meio da síntese de contradições”(NONAKA et. al., 2010, p. 27).

Os entrevistados são unânimes ao afirmarem que o blog é uma ferramenta que propicia a criação colaborativa de conhecimentos e torna os processos mais transparentes e

democráticos no sentido de sempre ser possível fazer considerações sobre determinado tema.

“O espírito colaborativo de construção do conhecimento permite um processo de melhoria contínua dos resultados do nosso trabalho” (U15). Um dos entrevistados trouxe um caso

específico onde ocorreu esta colaboração para um fim determinado:

A possibilidade de discutir e criar consenso entre vários docentes e coordenadores fisicamente afastados sobre um curso em fase de criação ou adequação, cria novo conhecimento para os docentes e para a instituição. Neste caso específico, toda a discussão foi feita pelo blog e quando o assunto estava bem discutido, foi convocada uma reunião presencial para fechar a proposta, construída coletivamente e colaborativamente (U14).

A maioria dos entrevistados acredita que os comentários que seguem as postagens ajudam a esclarecer e ampliar o conhecimento sobre determinado assunto. Os comentários geram discussões e estas podem moldar o conhecimento a partir da diversidade de opiniões influenciadas pelas experiências, trajetórias de vida e formação profissional que conduzem às mudanças de paradigmas de determinado campo de atuação, mas o problema é que são poucos os que se dispõem a entrar nas discussões (U12; U15).“As notícias são fatos dados e não instigam a discussão, mas quando se propõe a construir algo em conjunto, geralmente o

pessoal participa mais com suas opiniões e sugestões” (U14). Para o entrevistado U06, “os comentários são menos relevantes do que a postagem, pois normalmente não acrescentam

muito ao assunto”.

Os entrevistados percebem o blog como boa ferramenta para criar ou ressignificar conhecimentos e apresentam explicações variadas para suas afirmações. O entrevistado U06 disse que “a qualquer momento, de madrugada em casa, é possível acessar e fazer a

contribuição”, dando a entender que o trabalho já invadiu os espaços de lazer e isto é encarado

com naturalidade. Para o usuário U14 o blog é uma bela ferramenta “quando usado de forma a propor um desafio prático para ser feito por várias cabeças, ou para publicação de experiências docentes para assuntos específicos”. Os usuários entendem que o blog não deve ser utilizado para publicação de notícias, pois para informações gerais já há muitas fontes alternativas e ele perde grande parte do seu valor (U06; U12; U14; U15).

Os usuários entendem que o blog é uma ferramenta interessante para a criação de conhecimento, mas sempre expressam uma ressalva quanto à forma de utilização, como faz o usuário U15, se identificando com otimismo em relação ao blog, mas recomendando novo rumo às estratégias de utilização. Ele sugere movimentar o blog com mais veemência no sentido de estimular as pessoas à participação, mostrando os benefícios para começar a colher

as coisas boas que a ferramenta pode proporcionar. Ele acha “fantástico poder ver como um colega está trabalhando, como está tendo a experiência docente dentro de sala de aula e qual o

retorno que está tendo dos alunos” (U15).

Apesar da baixa participação dos usuários e da crítica em relação à forma como está sendo utilizado e conduzido, há uma percepção positiva dos entrevistados em relação à contribuição do blog à etapa de criação de conhecimento, tanto que o usuário U12 defende a ideia de que cada professor deveria ter o seu blog para estabelecer conexão com seus alunos, pois uma das vantagens do uso de blogs pelos professores é que os estudantes os adotam com facilidade por enxergarem neles, além de uma ferramenta de trabalho interativa, uma oportunidade de criar uma comunidade de interesses (AMARAL et al., 2009).

No item seguinte será analisada a contribuição do blog de informática à etapa de armazenamento de conhecimento.