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Nível 5 Alinhamento com os negócios

2.4 TEORIA DA RESPOSTA AO ITEM

2.4.3 Criação de escalas da teoria da resposta ao item

Para construir uma mesma escala baseada num conjunto de itens, as variáveis devem estar ligadas às teorias ou conceitos definidos no construto principal com o que a pesquisa visa medir (BAKER, 2009). Para Gil (2010), a escala Likert é de elaboração simples e tem caráter

ordinal, é uma escala em que o respondente registra sua concordância ou discordância / se se aplica ou não se aplica, no sentido crescente ou decrescente pela ordem, dentre outros enunciados. Ratifica Cozby (2011, p.118), que essa escala “permite ordenar os níveis das variáveis estudadas. Em lugar de categorias que são simplesmente diferentes, como numa escala nominal, as categoriais podem ser ordenadas da primeira à última”. É uma escala em que os participantes ou respondentes avaliam um fenômeno enunciado na escala, geralmente, cinco pontos, por exemplo: (5) aplica-se totalmente, (4) aplica-se, (3) nem sim nem não, (2) não se aplica, (1) definitivamente não se aplica.

A escala Likert é uma das ferramentas mais utilizada nas ciências sociais e Engenharia de Produção, especialmente, em levantamento de atitudes, opiniões, qualidade, resistência a mudanças, comportamento, avaliações, grau de maturidade da gestão organizacional, dentre outras.

Alexandre et al. (2003) exemplificam na figura 6, uma aplicação prática da escala Likert utilizando um caso particular para medir o grau de maturidade da gestão organizacional com aplicação do Modelo de Resposta Gradual da Samejima (1969).

Para o item 1, observa-se que existe uma região na escala da maturidade da gestão organizacional, em que cada categoria tem a maior probabilidade de ocorrer, enquanto para o item 2, as categorias um e três, além de sempre terem uma outra categoria com maior probabilidade de ocorrer maior que elas, elas têm probabilidades de ocorrências baixas, em torno de 0,20 (ALEXANDRE et al. 2003, p. 5; ALVES, 2011).

Figura 6 - Representação gráfica do modelo de escala gradual

Essas análises levam à reflexão da necessidade de existência das categorias dois e quatro. A probabilidade de uma organização sem maturidade estar na primeira categoria (categoria 0) de qualquer item é 1, e é por isso que um item com 5 categorias apresenta m = 4 valores para os dk, pois conforme citado acima, dk está associado à k-ésima categoria, onde os valores dos dk para o item 1 são: d1= 1, d2= -1, d3= -3 e d4= -5, e

para o item 2 são: d1= 0, d2= -1, d3= -2 e d4= -3, os quais ilustram itens de

diferentes questionários (ALEXANDRE et al. 2003,p.5). Esta representação gráfica da figura 6, como exemplo de aplicação da escala gradual, ilustrou de forma pedagógica a aplicação da TRI, a utilização da escala Likert para medir o grau de maturidade da gestão organizacional. 2.4.4 Interpretação da escala

O uso da TRI permite não só ordenar ou medir o “traço latente” de indivíduos e organizações, mas também fazer inferências qualitativas a seu respeito. Nesse sentido, os itens, por meio do parâmetro de dificuldade, e as habilidades ou conhecimentos, estão dispostos na mesma escala. O desenvolvimento da escala escolhida passa pelo processo de interpretação com a mudança de escala e da determinação dos itens e níveis âncora (NA) .

As escalas criadas pelos softwares são o resultado da métrica µ = 0 e σ = 1. A métrica (µ*, σ*) proposta para análise é utilizada para converter os valores negativos em valores positivos do θ, ou seja, do “traço latente”. Por exemplo, no caso do respondente com baixo nível de “maturidade do SGA” um θ = -3, com a métrica criada para uma escala µ*=50 e σ*=10, assim fica o θ* = 10.

Na interpretação da escala, utiliza-se o processo de âncoragem, em que a escala envolve um processo estatístico que identifica itens que fazem uma discriminação dos respondentes em níveis específicos e sucessivos da escala de habilidade ou conhecimento (BEATON; ALLEN, 1992). Assim, os itens que atendem a certos critérios probabilísticos são agrupados em um nível da escala e têm seu conteúdo interpretado e descrito por especialistas da área. A esses itens dá-se o nome de itens âncora (A), e aos níveis correspondentes, níveis âncora (NA) (ALVES, 2011). Então aqueles indivíduos com habilidade ou conhecimento igual ou superior a um nível âncora apresentam, com certa probabilidade, a aptidão interpretada dos itens âncora (A). Como a escala é do MRG

cumulativo, os indivíduos possuem também as características interpretadas dos níveis âncora (NA) inferiores (BEATON; ALLEN, 1992). Para determinar os itens âncoras(A) e níveis âncora (NA) consideram-se dois níveis consecutivos da escala Y e Z.

O posicionamento de determinado ponto na escala obedece à probabilidade de responder a esse item alinhado com o “traço latente”, assim eleva-se para determinado nível do “traço latente” para atender às seguintes condições {(P(Y)>=0,65; P(X)<0,5; P(Y) –P(X)>0,3)}.

Portanto, um item é âncora quando o nível Y da escala atende às seguintes condições: (1ª) item respondido em consonância com o “traço latente” por pelo menos 65% dos respondentes com o nível do “traço latente” (Y); (2ª) item respondido em consonância com o “traço latente” for menor que 50%, dos respondentes de um nível do “traço latente” imediatamente inferior a Y (denominado de X); (3ª) verifica-se a diferença entre da proporção dos níveis na sequência (Y e X), que devem apresentar pelo menos 30% (ANDRADE et al. 2000; BEATON; ALLEN, 1992). Estas três condições devem ser atendidas de forma concomitante para o que o item seja âncora (A), verificado na escala do “traço latente”. No caso de atender a duas condições, pode-se afirmar que o item é quase- âncora (QA) na escala do “traço latente”. Para Vargas (2007), os critérios são objetivos para definir um item âncora, mas na literatura existem autores que afirmam que podem existir falhas nessas condições, assim possibilita ser menos rigoroso nos critérios para validar itens âncora (A) por aproximação, além de considerar pequenas diferenças de valores para cumprir a condição ou critério definido.

Nesta tese, foram considerados os critérios definidos de forma objetiva pelas condições colocadas, ou seja, os itens para serem âncora devem atender às três condições apresentadas. Os níveis âncora (NA) da escala permitem interpretar e compreender o significado de cada ponto interpretado na escala. Um respondente posicionado em determinado nível da escala do “traço latente”, indica a medida que está sendo mensurada por meio dos itens, assim um respondente quando, responde o item é favorável à “maturidade do SGA”, ou seja, o “traço latente” da escala de medida.

Verifica-se o grau de interesse do respondente para mensurar a “maturidade do SGA” das empresas industriais. A “maturidade do SGA” é estimada para cada empresa industrial na escala contínua que varia de menos a mais infinito, com média zero e desvio-padrão um. Portanto, na interpretação da escala e definição dos níveis âncora (NA), os

respondentes são classificados em diferentes níveis de “maturidade do SGA”.

Outro procedimento para tornar a interpretação mais intuitiva é a mudança de escala; isto é possível porque a escala de habilidade ou conhecimento da TRI “é uma escala arbitrária onde o importante são as relações de ordem existentes entre seus pontos e não necessariamente sua magnitude” (ANDRADE et al. 2000, p.10). Este trabalho utiliza os critérios dados pelas Equações 8, 9, 10 e 11, para a mudança da escala do “traço latente” (maturidade do SGA). A interpretação da escala da maturidade do SGA, de cada item âncora e nível âncora da escala com o ancoragem do conjunto de itens. Entretanto, apresenta uma síntese interpretativa do conteúdo do conjunto dos itens âncora (A) de cada nível âncora (NA) para mudança da escala de (µ=1 e σ = 0) para (µ*=50 e σ*=10).

θ* = 10 x θ + 50 Equação 8

b* = 10 x b + 50 Equação 9

a* = a / 10 Equação 10

P(Ui = 1 | θ) = P(Ui = 1 | θ*) Equação 11

A TRI permite, ainda, a equalização posicionada sobre a escala com a mesma métrica, itens provenientes de testes diferentes e de habilidades ou conhecimento, diferentes de grupos amostrais diferentes de indivíduos (ANDRADE et al. 2000). Nesse sentido, existem dois tipos de equalização: (1) via população e (2) via itens comuns. Em relação à população, ocorre quando um mesmo grupo é submetido, aleatoriamente, a testes diferentes, assim deve-se fazer uma estimação dos testes conjuntos para garantir que os itens e os sujeitos estão na mesma escala de medida. Por meio dos itens comuns, acontece quando alguns itens comuns de testes diferentes são submetidos a grupos diferentes ou não fazem a unificação das métricas no processo de estimação (TEZZA, 2009). Quando há um ou mais grupos e testes envolvidos, têm-se as situações (ANDRADE et al. 2000): (1) um único grupo submetido a um único teste: não é necessário fazer equalização; (2) um único grupo submetido a testes totalmente distintos: faz-se a equalização via população; (3) um único grupo submetido a testes parcialmente distintos: faz-se a equalização via população; (4) dois grupos submetidos a um mesmo teste: faz-se a equalização via itens comuns (todos no caso); (5) dois grupos submetidos a testes parcialmente distintos: faz-se a equalização via itens comuns. (6) dois grupos submetidos a testes

totalmente diferentes: não é possível equalizar. Portanto, por meio do processo de equalização, é possível estar constantemente atualizando ou aprimorando um instrumento de medida com a introdução de novos itens, aproveitando os itens já calibrados (ANDRADE et al. 2000; TEZZA, 2009).

2.5 CONSIDERAÇÕES SOBRE O CAPÍTULO

O Capítulo II apresentou as definições e os conceitos que serviram para fundamentar a estrutura do construto teórico da tese. O conceito de gestão ambiental empresarial com uma visão geral define o compromisso para a redução de desperdícios, poluição, energia e utilização de recursos, além de definir objetivos, metas e preconizar o desempenho ambiental da organização (ZORPAS, 2010). As teorias evidenciam incentivos e oportunidades para alcançar os objetivos por meio da gestão ambiental, no processo de regulamentação das atividades empresariais. À medida que a gestão ambiental atende o interesse global dos negócios e da sociedade, existe uma preocupação com as operações das empresas produtivas no contexto social, econômico e ambiental.

Na discussão do sistema de gestão ambiental apresentam-se os elementos e aspectos mais importantes da sustentabilidade corporativa nos últimos anos das empresas (ZOBEL, 2013). O SGA usado pelas empresas está definido na norma ISO 14001, tendo por objetivo prover às organizações os elementos da gestão ambiental eficaz, passível de integração com outros aspectos, princípios e requisitos de gestão ambiental, de forma a auxiliá-las a alcançarem seus objetivos ambientais, econômicos e sociais.

O sistema de gestão ambiental abrange uma vasta gama de questões e aspectos com implicações nas políticas estratégicas e competitivas das empresas. Boiral e Henri (2012) defendem que as questões ambientais devem ser integradas na estratégia da empresa. A elaboração dos itens fundamentado no construto teórico com a justificativa por diversos autores, culminou com a consolidação do instrumento de pesquisa.

Neste sentido, é importante usar um instrumento de medida que quantifique a “maturidade do SGA”, em relação as suas práticas e ações que afetam toda a empresa a curto, médio e longo prazo. Para medir ou mensurar coisas intangíveis, as dificuldades aumentam quando se quer

mensurar conhecimento, cultura científica, qualidade, inovação, impactos ambientais e sistema de gestão ambiental (SOLIGO, 2012). Na seção 2.4, apresentou-se a decisão de escolha para o uso da Teoria da Resposta ao Item (TRI) pelas vantagens evidenciadas para medir ou mensurar o “traço latente”, ou seja, a “maturidade do SGA”, que não pode ser medido diretamente por outras ferramentas.

A conclusão do referencial teórico serviu de base para fundamentar o construto teórico da tese, que se vislumbrou com o “estado da arte” sobre o tema gestão ambiental, sistema de gestão ambiental e teoria da resposta ao item.