• Nenhum resultado encontrado

Espiral da melhoria contínua do sistema de gestão ambiental O conceito de melhoria contínua (JOHNSTONE; LABONNE,

SUMÁRIO

2.2.5 Espiral da melhoria contínua do sistema de gestão ambiental O conceito de melhoria contínua (JOHNSTONE; LABONNE,

2009) está inserido no sistema e pode ser inviabilizado sem sua aplicação, com o estabelecimento de ações gerenciais obrigatórias especificadas da ISO 14001, pois diversos estudos destacam os efeitos positivos do SGA em integrar essas preocupações nas práticas cotidianas, buscando elevar a conscientização dos empregados e administradores em relação às questões ambientais, com maior rigor para os programas de prevenção da poluição (MELNYK et al. 2003; PUN; HUI, 2001; BOIRAL; HENRI. 2012). Para Harrington e Knight (2001, p. 79), a melhoria do SGA “apoia- se numa espiral de melhoria contínua, que contém cinco aspectos: política ambiental, planejamento, implementação, operação, verificação e a ação corretiva”. Assim, por meio da repetição desse ciclo, o SGA pode alcançar uma melhoria contínua ao longo do tempo, que é uma ideia básica do padrão da norma (MARAZZA et al. 2010). Na busca da melhoria contínua do SGA, deve-se verificar se está alinhada com o ciclo

do PDCA, ou seja, se existe a necessidade de planejar, executar, verificar e agir.

Langley et al. (2009) nos dizem que a ISO 14001 é baseada em um ciclo de Deming (ciclo PDCA), com quatro passos: (1) Plan– consiste no planejamento das ações para atingir as metas da gestão (ambiental e implementação do sistema); (2) Do–implementa a mudança decidida durante a fase do plano(conduzir o ciclo de vida da avaliação e gerenciar aspectos ambientais); (3) Check– verificar se os objetivos foram alcançados (realizar auditorias e avaliar a atuação ambiental); (4) Act–o planejamento é revisto, e o ciclo reinicia (comunicar e usar declarações ambientais e reivindicação para melhoria contínua). Um SGA é baseado no ciclo PDCA para melhoria contínua (MACDONALD, 2005) e é definido por Dalhammar (2000, p. 12) como “a parte do sistema de gestão geral que inclui a estrutura organizacional, atividades de planejamento, responsabilidades, práticas, procedimentos, processos e recursos para desenvolvimento, implementação e manutenção da política ambiental”. A associação do método PDCA com a norma ISO 14001, segundo Matthews (2003), dá-se a partir dos seguintes processos e atividades:

(1) Políticas ambientais – São divulgadas pela empresa aos stakeholders, com a explicitação da definição de objetivos e metas ambientais, bem como as intenções, princípios e diretrizes, em relação ao seu desempenho ambiental global (ISO 14001). A política ambiental, para Harrington e Knight (2001, p.34), é percebida como a “declaração da empresa, expondo suas intenções e princípios em relação a seu desempenho ambiental global, que prevê uma estrutura para ação e definição de seus objetivos e metas ambientais”.

A declaração de intenções, princípios e diretrizes, na definição da política ambiental da empresa, para ser duradoura, é o primeiro passo no processo da consolidação da “maturidade do SGA”, com ações que se materializam na concretude do grau de importância, definido nos requisitos da ISO 14001. As pesquisas evidenciam a importância de validar os requisitos da política ambiental de um SGA para os autores: Hillary (2004), Seiffert (2008), Heras e Arana (2010). Assim, o SGA das empresas deve assegurar que essas intenções, princípios, diretrizes e política ambiental sejam mantidos por todos os colaboradores e pela empresa.

(2) Planejamento – São os aspectos ambientais identificados e documentados no escopo do SGA, elementos das atividades, processos,

produtos de uma empresa. Assim, podem interagir com o meio ambiente, requisitos legais e outros requisitos, que são os procedimentos que a empresa estabelece na definição da sua política para implantar e monitorar e dar continuidade às boas práticas ambientais (SELL, 2006); objetivos e metas – devem atender de forma global à política ambiental da empresa para atingir o planejado, sendo quantificada e medida sempre que exequível a meta ambiental de desempenho, sempre que possível aplicável à empresa. Assim, a norma define que objetivos e metas devem ser mensuráveis, referente aos requisitos legais e outros, e comprometidos com a melhoria contínua (ISO 14001). O(s) programa(s), segundo Moreira (2001, p.157), “é (são) definido(s) com o desdobramento das metas em um plano de ação detalhado, no qual ficam determinados os meios (recursos) para alcançarem as metas, os responsáveis pelas ações e os prazos”. A partir da definição desse planejamento na busca da melhoria contínua, percebe-se que a empresa está alinhada com ações e programas que podem levar à consolidação da “maturidade do SGA”.

(3) Implementação e operação – Abordam-se: recursos, funções, responsabilidades e autoridades, que devem ser documentados e comunicados, a fim de facilitar a aplicação eficazdo SGA (ISO 14001); destaca-se que a administração deve fornecer os recursos necessários (humanos, financeiros, tecnológicos etc.) para a implementação e operação para o controle do SGA; treinamento, conscientização e competência; comunicação dos aspectos ambientais que devem ter sua divulgação em todos os setores da empresa, bem como aos stakeholders (SELL, 2006); a documentação do SGA, contendo a descrição de maneira genérica do funcionamento de todos os elementos do SGA, indicaa documentação específica de cada elemento; controle de documentos (ISO 14001).

Todos os documentos exigidos pelo SGA e por essa norma devem ter um controle operacional, em que a empresa precisa planejar as operações que sejam pertinentes aos seus aspectos ambientais significativos, identificando-os de acordo com a política, diretrizes, objetivos e metas ambientais (SELL, 2006). A preparação para o atendimento das emergências deve ser entendida como contingências para responder às situações imprevistas, identificar as possíveis e deliberar as formas de reduzir os impactos associados, fornecer os recursos e treinar uma brigada de emergência (MOREIRA, 2001).

(4) Verificação e a ação corretiva – A abrangem do monitoramento e da mensuração, que consiste em acompanhar dados e informações, sobre características dos aspectos ambientais, mais significativos, e comparar com padrões legais, aplicáveis com a realização de medições periódicas; avaliação do atendimento dos requisitos legais e outros; não conformidade e ações corretivas e preventivas; esses procedimentos devem ser definidos (SELL, 2006). Treinamento ambiental e comunicação ambiental (OLIVEIRA; SERRA, 2010; ISO 14001).

Ao identificar e corrigir a(s) não conformidade(s) e executar ações para mitigar seus impactos ambientais, investigar não conformidade(s), determinar sua(s) causa(s) e executar ações para evitar sua repetição, avaliar a necessidade de ações para prevenir não conformidade e implementar ações apropriadas para evitar sua ocorrência, registrar os resultados das ações corretivas e preventivas executadas e analisar a eficácia dessas ações, com controle dos registros documentados (SELL, 2006), além de estabelecer e manter registros da conformidade e os resultados obtidos; as auditorias são internas e realizadas em intervalos planejados, definidos, implementados e mantidos pela empresa para verificar a conformidade com o SGA (DUTRA;OLIVEIRA, 2006). Portanto, é importante verificar se os requisitos da norma foram implementados de forma correta e se fornecem informações à administração sobre os resultados das auditorias (SELL, 2006).

(5) Análise crítica pela administração – Inclui importantes mudanças para se integrar com a ISO 9001, na análise geral e crítica, que deve fornecer os meios para alcançar a melhoria contínua e asseverar a adequação, pertinência e eficácia do SGA, nas políticas ambientais, além das diretrizes, objetivos e metas ambientais.

As recomendações para a melhoria das saídas específicas da análise crítica incluem melhoria contínua, com decisões e ações para possíveis mudanças na política ambiental, nos objetivos, nas metas e outros elementos do SGA, no comprometimento com a espiral da melhoria contínua (ISO 14001). Para Rodríguez et al. (2011), os requisitos descritos na ISO 14001 para estabelecer e certificar o SGA, formalizado no escopo das seções, devem ser organizados em: requisitos gerais, política ambiental, planejamento, implementação e operação, verificação e ação corretiva, revisão pela gestão. Assim, garantem-se as ações para a operação, com a disponibilidade de recursos de toda a natureza, essenciais para estabelecer, implementar, manter e melhorar um

SGA, dentro dos conceitos de melhoria contínua para a “maturidade do SGA”.

Segundo Jänicke (2008), a modernização ecológica vinculada a um SGA pode ocorrer na forma de melhoria (tecnologia mais limpa) ou inovação radical (tecnologia limpa). A melhoria afeta dimensões diferentes, como intensidade de material (uso eficiente de materiais), intensidade de energia (uso eficiente de energia), intensidade de transporte (logísticas eficientes), intensidade de superfície (uso eficiente de espaço) ou intensidade de risco (relativo à planta, substâncias e produtos). Já a inovação está relacionada com o desenvolvimento de nova tecnologia que pode melhorar parte ou todas as fases do ciclo de vida do produto.

Essa visão sistêmica aponta para a implantação de políticas e diretrizes que orientem o processo decisório em todas as ações desenvolvidas para demonstrar, por meio do SGA, a permanente estratégia dos investimentos na geração dos resultados esperados, definidos nos objetivos traçados pelas organizações (JÄNICKE, 2008). Nesse sentido, destaca-se a estrutura do SGA que define o ciclo do PDCA, com a política ambiental, planejamento, implementação e operação, verificação e ação corretiva, análise crítica pela administração, para constatar a evolução do ciclo contínuo de melhoria, representado na figura 4.

Figura 4 - Fluxograma em espiral da melhoria contínua da ISO 14001

Fonte: Adaptado de Sell (2006).

Para Zobel (2013), no campo da estratégia ambiental, surgem estudos sobre sua formulação com Rao e Holt, (2005); sobre controle de desempenho, em Antonov e Sellitto, (2011), Sellitto et al. (2010), Sellitto et al. (2011), Sellitto et al. (2013); sobre coordenação e comunicação em Seuring e Muller (2008), Srivastava (2007); sobre as barreiras e motivações, em Seuring e Muller (2008), Holt e Ghobadian (2009), Zhu et al. (2005).

No campo da inovação ambiental, estudos sobre melhorias em processos surgem em Chiou et al. (2011); em produtos Srivastava(2007), Kleindorfer et al.(2005), e sobre inovação em mercado em Pajuri (2006), Kammerer (2009); Chapple et al. (2011). No campo de operações ambientais, usa-se a lógica de Hervani et al. (2005), que agrega compras, manufatura e distribuição verde, e da política nacional de resíduos sólidos da Lei 12.305/2010 (SARKIS, 2003), para o gerenciamento e tratamento de resíduos (SELLITTO et al. 2013).

Um ponto crítico é que a ISO 14001, além de exigir a completa conformidade com os regulamentos, não fixa os níveis mínimos de

Análise Crítica pela Administração(Act)

Política Ambiental (Pol.Amb)

Planejamento (Plan)

Verificação e Ação

Corretiva (Check) Implementação e

Operação (Do)

MELHORIA CONTÍNUA CICLO DO PDCA

desempenho ambiental que devem ser alcançados e avaliados anualmente, a fim de manter a certificação e não fornecer requisitos específicos ou métodos operacionais a serem utilizados para medir a melhoria contínua (BROUWER; VAN KOPPEN, 2008; ZOBEL, 2008, 2010, 2013). Na China, por exemplo, verificou-se que a ISO 14001 existe, mas é menos divulgada, que uma "inovação" e existe mais difusão de uma imitação. Assim, com a aprendizagem de outras organizações que têm SGA, é um aspecto importante a adoção da ISO 14001 (ZHU et al. 2012). A certificação da ISO 14001 na China está concentrada em indústrias orientadas para a exportação, o que evidencia o interesse pela busca de clientes internacionais, sendo um provável fator-chave por trás da adoção das normas (CARRUTHERS, 2005; YIN; MA, 2008).

No estudo dos autores Henry e Journeault (2008), foi reforçada essa consideração, indicando que a implementação de indicadores, que podem ser relacionados com a norma ISO 14031, é mais evidente em empresas com o SGA certificado pela ISO 14001. Desse ponto de vista, uma análise detalhada dos indicadores utilizados pela ISO 14031 em empresas certificadas pode revelar informações específicas e importantes sobre a melhoria do desempenho ambiental.A norma ISO 14031 define as diretrizes para a avaliação do desempenho ambientale a norma ISO 14032 apresenta os exemplos de avaliação do desempenho ambiental dos sistemas de gestão ambiental.

Baseados nos resultados do funcionamento do SGA, a empresa deve realizar uma análise crítica para atender às exigências dos stakeholders e aspectos legais, na busca constante da melhoria contínua (LAGODIMOS et al. 2007; SPECCHIARELLO; GIAGNORIO, 2009; BODAS, 2009). Além disso, com os avanços da consciência ambiental da sociedade e das empresas que investem na gestão ambiental, pode se aumentar o valor da empresa por meio do marketing de iniciativas verdes ou ambientais (WOOLVERTON; DIMITRI, 2010). Outro meio de aumento do valor das empresas ocorre quando elas adotam a ISO 14001, que tende a gerar um aumento no valor das ações negociadas (JACOBS et al. 2010).

2.3 MATURIDADE

Nesta seção aborda-se a maturidade da gestão de projetos e a maturidade do sistema de gestão ambiental. Destaca-se que esse tema não é estudado de forma sistematizada na área ambiental, embora os estudos que foram encontrados estejam direcionados para a gestão de projetos, desenvolvidos por empresas que têm uma estrutura própria para avaliar a maturidade, além das questões relacionadas com os conceitos sobre maturidade não serem apresentadas de forma clara para elucidar os estudos sobre esse tema. Webster (1988, p. 5) define “como sendo maduro o estado de pleno ou máximo desenvolvimento natural de uma organização, ou seja, é qualidade ou estado de ser maduro”.

Aplicando o conceito de maturidade, pode-se referir ao estado em que a organização está em perfeitas condições para atingir os seus objetivos institucionais em nível operacional, tático e estratégico (WEBSTER, 1988). Destaca, ainda, o autor que não se encontra um processo totalmente maduro na organização, pois, para alcançar o estágio máximo de maturidade, esta deve atingir o desenvolvimento total de sua missão em todas as suas operações. Portanto, nesse sentido, para falar de um certo grau de maturidade, é necessário fazer um esforço para medir ou avaliar a maturidade da organização.

O modelo de gestão de projetos na abordagem positiva representa as categorias de conhecimento sobre a maturidade do projeto (SKULMOSK, 2001). Para Antilla et al. (1998), existem quatro dimensões que são utilizadas para identificar o grau de maturidade da gestão do projeto. Estudar e discutir os conceitos das categorias de conhecimento e dimensões do nível de maturidade da gestão de projetos, com a finalidade de desenvolver o entendimento e a compreensão por meio do uso de escada de maturidade, em que os degraus são propostas para gestão de projetos, gestão de programas e gestão do portfólio. Além de estudar o grau ou nível de maturidade em relação à gestão, fundamentam e sustentam o objetivo maior desta tese, para criar uma escala de medida a fim de mensurar a “maturidade do SGA” nas empresas industriais. No quadro 10, pela exposição dos autores, visualizam-se as categorias de conhecimentos e as dimensões dos níveis de maturidade do projeto.

Quadro 11 - Categorias de conhecimento e dimensões identificados na gestão Categorias de conhecimento (Skulmosk, 2001) M at ur id ad e d o P ro je to Dimensões (Antilla et al. 1998) (1)Conhecimento sobre suposições

(As entradas);

(1)Medidas tomadas no nível estratégico (Gestão superior, nível-CEO); (2)Conhecimento sobre as formas de

trabalho

(Processos de trabalho);

(2)Medidas tomadas em nível tático (Gerência de linha, gestão de programas,gerenciamento de portfólio); (3)Conhecimento sobre os resultados

desejáveis

(As saídas);

(3)Medidas tomadas em nível administrativo;

(Administrativa apoiar as funções); (4)Conhecimento sobre a totalidade

(Visão sistêmica do todo).

(4)Medidas tomadas a nível operacional; (Gerenciamento dos participantes do

projeto).

Fonte: Elaborado pelo autor adaptado de Antilla et al. (1998); Skulmosk (2001).

Para Skulmosk (2001), essa visão da maturidade dentro da comunidade empresarial é mais bem explicada como a soma da ação (capacidade de agir e decidir), atitude (vontade de ser envolvido), e o conhecimento (compreensão do impacto da vontade e ação). Esse somatório de configurações para alcançar a maturidade empresarial depende de parâmetro de decisão para atingir os resultados esperados pela organização, envolvendo ação, atitude e conhecimento. Na abordagem seguinte, destacam-se os pontos sobre a maturidade na gestão e maturidade do sistema de gestão ambiental.