• Nenhum resultado encontrado

PROFESSORES

A partir das últimas duas décadas temos presenciado algum tipo de incentivo e investimento dos órgãos federais, estaduais e municipais na inserção de tecnologias de informação e comunicação à educação, sendo que nos últimos anos os investimentos nessa área vêm crescendo, principalmente no que se refere aos cursos voltados a educação a distância (nível graduação e pós-graduação). Propostas de inclusão digital fizeram com que o Governo Federal, através do Ministério da Educação (MEC) e do Programa Nacional de Informática na Educação (PROINFO), transformasse o uso de computadores uma realidade em grande parte das escolas públicas brasileiras. Em Florianópolis, algumas escolas básicas (1ª a 8ª série), escolas desdobradas (1ª a 4ª série), o Espaço Multimídia Infantil (EMI)13 e o Núcleo Centro de Educação de Jovens e Adultos, já estão equipados com salas informatizadas, sendo que algumas desde 199714. Dessa forma, as escolas pretendem auxiliar professores e alunos no desenvolvimento das suas atividades pedagógicas com a implementação e funcionamento destes espaços.

Observamos nas análises documentais e nas entrevistas (com a coordenadora do NTE e salas informatizadas de algumas escolas), que o NTE da Secretaria de Educação de Florianópolis tem como finalidade direcionar o trabalho educativo no âmbito das tecnologias nas unidades escolares da rede municipal de ensino de Florianópolis. Composto por professores da rede municipal, de diferentes áreas de formação, com especialização em informática educativa (oferecida pelo PROINFO), o NTE foi criado em 1998, tendo sofrido algumas alterações de ordem organizacional ao longo do período. Atualmente, apresenta como principal função coordenar a implantação e implementação das salas informatizadas nas       

13

O EMI é destinado às crianças matriculadas nas creches da rede municipal de educação, buscando articular o uso de vários recursos digitais ao fazer pedagógico. Tem por objetivo o desenvolvimento da criança em sua totalidade, reconhecendo-a como um sujeito de direitos, constituído de múltiplas dimensões humanas, as quais podem ser contempladas incorporando a mídia às atividades pedagógicas desenvolvidas na creche.

14

Considera-se como sala informatizada e EMI o ambiente implantado nas escolas com o objetivo de fundamentar ações pedagógicas voltadas para o uso das TICs e da informática como dispositivos capazes de ampliar os processos de aprendizagem, com a escola se tornando um centro de acessibilidade digital e também de produção, sistematização e busca pelo conhecimento.

escolas e desenvolver programas de formação continuada, organizados no formato de cursos, oficinas e seminários para os professores da rede municipal, procurando sensibilizá-los e prepará-los para o uso pedagógico das TICs nas suas práticas educativas. Por outro lado, a pesquisa constatou que os professores que mais participam dos cursos de formação continuada promovidos pelo NTE são, na maioria das vezes, aqueles professores que têm afinidades com a área específica. Isso tem restringido que demais professores das escolas também se preparem, adquiram habilidades e sintam-se encorajados para propor estratégias de ensino-aprendizagem na perspectiva das TICs - com as, para as e através das TICs. Dessa forma, pensar como garantir o acesso de todos os professores aos cursos de formação continuada sinalizaria uma alternativa para minimizar os problemas relacionados à formação profissional e ampliar o trabalho com as TICs nas escolas.

À medida que as TICs ganham maior inserção no campo educacional, desempenhando importante função na universalização e qualidade da educação, implica uma formação adequada e mudança de perfil do profissional da educação para enfrentar esses novos desafios. Concorda com isso, Nelson Pretto (1996, citado por FONSECA E FERREIRA, 2006, p. 67) ao falar sobre o papel do professor e da escola na atualidade.

A tarefa do professor na modernidade será de constituir-se num centro irradiador de conhecimento, de comunicador, de articulador das diversas histórias das diversas fontes e informação. Quanto à escola, esta deve ser o espaço de reorganizar os conteúdos das mídias e re-significá-los na referência às circunstâncias vividas.

Portanto, podemos pensar que a implementação das TICs na educação não significa a simples inserção de tecnologias nesse processo, mas exige mudanças nas formas de agir do professor. Usar as TICs apenas como recurso didático é reduzir o seu potencial interativo e inovador. No entanto, entendemos ser um desafio para as escolas alterar as estruturas físicas e funcionais, bem como as lógicas dos conhecimentos para que possam, realmente, programar novas perspectivas pedagógicas e a ação docente. As escolas, assim como os professores carecem de mais aprofundamento e reflexões acerca da realidade representada pela presença das TICs na sociedade e sobre o possível deslumbramento frente às ferramentas tecnológicas.

4.1.2 Organização e estruturação do Núcleo de Tecnologia Educacional e das salas informatizadas

Conforme os dados obtidos em 2007, o Núcleo de Tecnologia Educacional supervisiona e coordena o trabalho com tecnologia educacional em 25 escolas da rede municipal, em três Escolas Desdobradas, uma Creche (Educação Infantil) e um Núcleo de Educação de Jovens e Adultos (EJA), que possuem salas informatizadas, sob a orientação de um professor coordenador em cada unidade escolar. Cabe destacar que o processo de implantação das salas informatizadas é gradativo, através do recebimento de novos computadores provindos do MEC/PROINFO. Em 2007, doze escolas receberam novas máquinas e mais duas salas informatizadas foram implantadas. Boa parte dessas máquinas é utilizada para substituir as mais defasadas.

De modo geral, cada sala informatizada está equipada com quinze computadores, um servidor, duas impressoras, um scanner, um gravador de CD, uma câmera fotográfica digital, uma filmadora VHS, dois aparelhos de ar condicionado, rede local e internet, mas esses números podem variar entre as escolas, conforme a necessidade e número de alunos de cada uma. O EMI dispõe de oito computadores, uma impressora, um scanner, gravador de CD, rede local, internet, softwares educativos15, impressora, televisão, vídeo, fitas infantis e documentários, aparelho de som, livros infantis e de pesquisa, filmadora, câmera fotográfica digital. Em cada sala informatizada há um professor-coordenador (também chamado de coordenador da sala informatizada) que organiza o trabalho desenvolvido, oferecendo aos professores assessoria técnica e pedagógica. É possível perceber que as coordenadoras das salas, buscam tornar o espaço aconchegante e agradável para os seus usuários, além de manter o local organizado e os equipamentos em condições adequadas para o seu funcionamento. O trabalho realizado na sala informatizada é desenvolvido em parceria entre a coordenadora, os professores e alunos.

Abaixo, trazemos algumas fotografias para ilustrar como estão organizadas as salas informatizadas nas escolas da rede municipal de Florianópolis:

      

15

Nome genérico dado aos programas usados na operação de computadores e dispositivos conectados. Geralmente, são divididos em aplicativos (programas que fazem o trabalho) e softwares de sistemas (que gerenciam o computador).

 

Fotos 1 e 2: Sala informatizada da escola Adotiva Liberato Valentin

 

A sala informatizada funciona em conjunto com os outros ambientes escolares, havendo um horário semanal não fixo, definido de acordo com as atividades/projetos que os professores pretendem desenvolver e/ou desenvolvem nesses locais. Todas as turmas, professores e funcionários da escola podem utilizar a sala. Além disso, em algumas escolas, pessoas da comunidade também utilizam a sala informatizada para realizar pesquisas, trabalhos escolares e verificar e-mails, bem como as turmas da educação de jovens e adultos (EJA) que funcionam, em algumas escolas, no período noturno.

As salas informatizadas encontram-se em fase de transição do sistema operacional Windows para o sistema operacional Linux, que opera através de software livre. Isso tem provocado problemas para algumas escolas, visto que o funcionamento deste programa é diferente do anterior e carece de adaptações das ferramentas disponíveis na sala informatizada com o novo software e de pesquisas, que pretendem ampliar e aperfeiçoar as formas de uso do sistema Linux nas escolas. Além disso, outro fator que tem contribuído para o não uso da sala informatizada refere-se aos espaços físicos. Em algumas escolas, foram “improvisados” locais relativamente pequenos para receber a sala informatizada, que dispõem de um número reduzido de computadores, tendo em vista a quantidade de alunos, criando, dessa forma certa dificuldade em atendê-los em atividades pedagógicas. Durante as aulas, na sala informatizada, é possível observar em escolas com mais alunos, um computador sendo dividido por três ou até quatro alunos.

Os problemas de infra-estrutura referentes a instalações elétricas, suporte de rede, manutenção, equipamentos e de espaço físico mostram que as entidades envolvidas e responsáveis como o MEC/PROINFO, Prefeitura Municipal, NTE e as escolas, além de garantir máquinas e equipamentos tecnológicos para educar com as, para as e através das TICs requer ambientes de aprendizagem planejados e organizados para atender aos interesses

e necessidades de alunos e professores, caracterizando esses locais, cada vez mais como espaços de ampliação e aperfeiçoamento da aprendizagem.

A aproximação ao campo teve papel fundamental para que pudéssemos identificar as contribuições e possibilidades das TICs quando integradas as atividades pedagógicas, especialmente na Educação Física escolar, bem como as limitações que se colocam como desafios aos agentes da educação e ao processo de ensino-aprendizagem nas escolas da rede municipal de Florianópolis.

A partir destas informações e do nosso interesse em contribuir com a recepção e apropriação crítica e criativa das TICs na Educação Física, propusemos a realização de uma interlocução com professores e com a rede municipal de ensino, na qual desenvolvemos diversas atividades pedagógicas colaborativas, tais como: formação continuada dos professores, construção de blogs, produção de vídeos, encontro dos blogueiros, participação em eventos e seminários. Dessa forma, apresentamos a seguir a descrição dessas atividades colaborativas realizadas ao longo desta experiência, que envolveu três escolas municipais de Florianópolis e um grupo de dez professores, sendo estes de diferentes áreas e setores da escola (Educação Física, Pedagogia, Sala Informatizada e Biblioteca.)

4.2 A INTERLOCUÇÃO COM OS PROFESSORES E COM A REDE MUNICIPAL