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69 Para a criança, o brincar é uma maneira de liberar energias, mas infelizmente seu espaço para o lazer nas

para o desenvolvimento motor dos escolares do Ensino Fundamental I O trabalho realizado baseou-se no aspecto dos jogos, utilizando os conteúdos pré-estabelecidos

69 Para a criança, o brincar é uma maneira de liberar energias, mas infelizmente seu espaço para o lazer nas

grandes cidades é cada vez menor e perigoso, ficando em sua casa estando com seu tempo disponível jogando jogos eletrônicos, como o celular e o computador que torna o lugar das atividades culturais e sociais.

6. O BRINCAR NO PASSADO E NO PRESENTE

Há muitos anos as crianças eram vistas como um adulto infantil. Elas ficavam na maioria do seu tempo com seus pais, realizando deveres domésticos, não eram estimuladas a brincar e a brincadeira era vista como futilidade.

Os dias agora mudaram e o brincar é essencial para o desenvolvimento integral da criança. De acordo com a Declaração Universal dos Direitos da Criança, “Toda criança tem direito à alimentação, habitação, recreação e assistência médica”. Portanto, cabe à família, escola e sociedade garantir e colocar em prática este direito. Hoje, os jogos, brinquedo e a brincadeira tomaram conta do mundo infantil, encontramos no mercado brinquedos para todas as idades e gostos.

No entanto, nosso dia a dia também é movido pela compreensão de que a criança precisa entender quando é hora de brincar e ir assumindo algumas responsabilidades desde cedo. Nessa perspectiva, Santos (2000, p. 57) destaca que:

Culturalmente somos programados para não sermos lúdicos. Basta lembrarmos quantas vezes em nossas vidas já ouvimos frases como estas: “Chega de brincar, agora é hora de estudar”; “Brincadeira tem hora”; “Fale a verdade, não brinque”; “A vida não é uma brincadeira”. E assim fomos construindo nossas ideias sobre o lúdico.

Brincamos por instinto, desde quando éramos bebês, brincamos com nosso próprio corpo à medida que vamos crescendo precisamos controlar essa nossa vontade, em prol de regras impostas pela sociedade. Brincar, brinquedo e brincadeira usos e significações, descreve que o papel do brincar emerge na sociedade contemporânea para resgatar os valores mais essenciais dos seres humanos, todos fundamentais e pertencente, dito como:

- ter capacidade, competência na cura psíquica e física, forma de conversa entre iguais e entre as várias gerações;

- instrumento de progresso e ponte para o aprendizado;

- possibilidade de resgatar o patrimônio lúdico-cultural nos diferentes contextos socioeconômicos; - potencialidade criativa;

- inserção em uma sociedade regrada;

- momento de comunhão com os outros, de se colocar no lugar do outro (empatia); - de ganhar hoje e perder amanhã;

- de liderar e ser conduzido; - de falar e de ouvir;

- incentivo ao trabalho solidário, em equipe, a uma postura mais cooperativa e ecológica; - caminho de entendimento e conquista de potenciais ocultos;

- incentivo à liberdade, à livre escolha, à modificação e à tomada de medidas.

O brincar sempre esteve presente no cotidiano das pessoas, independentemente de classe social, raça, gênero e cultura. Isso mostra a grande riqueza do brincar para o avanço humano. Diante do exposto, torna-se fundamental com que venhamos formular o próprio conceito de brincadeira, visando à construção do conhecimento e da identidade da criança.

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7. CONCEITUANDO O BRINQUEDO E BRINCADEIRA

O brinquedo e a brincadeira estão diretamente ligados ao ato de brincar. Brincar - Essa palavra tem origem latina. Vem de vinculum que quer dizer laço, algema, e é derivada do verbo vincire, que significa prender, seduzir, encantar. Vinculum virou brinco e originou o verbo brincar. Para Vygotsky (1998), o brincar da criança é imaginação em ação, ela se envolve em um mundo ilusório e imaginário onde seus anseios podem ser realizados no momento em que quiser. Esse mundo é o brincar.

Corroborando com Froebel (2001), a brincadeira é a atividade espiritual mais pura do homem neste estágio e, ao mesmo tempo, típica da vida humana enquanto um todo, ou seja, quando a criança brinca, ela expressa sentimentos de alegria, sensação de liberdade, contentamento, descanso interno e externo. Ainda, o autor considera a brincadeira como ação metafórica, livre e espontânea, sendo assim, importante para o desenvolvimento da criança.

8. A LUDICIDADE NOS DIFERENTES TIPOS DE AMBIENTES

A área da psicologia preserva o valor dos brinquedos no crescimento da criança, pois estes auxiliam no desenvolvimento cognitivo e motor. Ao brincar ou jogar a criança desenvolve infinitas capacidades e competências.

Ela demonstra sentimentos e emoções, aumentando assim o conhecimento e habilidades motoras, cognitivas, afetivas e sociais, construindo assim a sua identidade. De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais – PCN´s – de Educação Física (1997, p. 27):

O processo de ensino e aprendizagem em Educação Física, portanto, não se restringe ao simples exercício de certas habilidades e destrezas, mas sim de capacitar o indivíduo a refletir sobre suas possibilidades corporais e, com autonomia, exercê-las de maneira social e culturalmente significativa e adequada.

O aluno precisa ser considerado num todo, o professor precisa desenvolver diferentes situações para inter-relacionar os aspectos cognitivos, afetivos e corporais, pois as situações lúdicas, competitivas ou não, são contextos apropriado para o aprendizado, pois aprovam a atividade de uma extensa movimentação que buscam a atenção do aluno na tentativa de executá-los de forma satisfatória e adequada (PCN, 1997). Sobre a importância da brincadeira para o desenvolvimento infantil, Kishimoto (2002, p. 150) enfatiza que:

Crianças que brincam aprendem a decodificar o pensamento dos parceiros por meio da metacognição, o processo de substituição de significados, típico de processos simbólicos. É essa perspectiva que permite o desenvolvimento cognitivo. Uma educação que expõe o pré-escolar aos contos e brincadeiras carregadas de imagens sociais e culturais contribui para o desenvolvimento de representações de natureza icônica, necessários ao aparecimento do simbolismo. Possibilitar que o ser humano se desenvolva pelo movimento (enativo). pelo grafismo e imagens mentais (icônico) e atinja o lógico-científico (simbólico) significa respeitar suas formas de representação do mundo.

A escola já reconhece o quanto é importante as atividades, porém ainda resiste, pois se preocupa demasiadamente em transmitir conteúdos de forma tradicional, teoria + avaliação = ao resultado de aprendizagem. Os jogos passam a ficar em último plano.

Os tempos mudaram e a escola também precisa acompanhar essa mudança, o professor de Educação Física precisa entender que o lúdico também ajuda no crescimento do educando, mas não é o brincar por brincar ou o jogar por jogar. O professor precisa acompanhar cada atividade, observar, realizar anotações, se necessário intervir, envolver em algumas atividades a fim de interagir com o educando e assim contribuir na sua formação como sujeito. Para Moyles (2002, p.137):

O brincar dirigido tem abordagem formativa, no sentido que a intervenção se destina, seguindo-se a observação do brincar livre, a ampliar o desempenho e a aprendizagem da criança e oferecer-lhe alguma coisa a partir da qual ela possa começar a pensar sozinha.

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