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Apesar de ter uma ação benéfica no nosso organismo, uma vez que estimula a síntese de vitamina D, permitindo o desenvolvimento ósseo e o bom funcionamento do sistema imunitário, o sol poderá trazer-nos algumas complicações, nomeadamente o aumento do risco de cancro da pele e o envelhecimento cutâneo precoce [59].

Em Portugal, a incidência de cancro da pele tem aumentado de uma forma drástica, estimando-se que sejam diagnosticados mais de 12.000 novos casos, onde cerca de mil serão melanomas [60].

Assim, é importante apostar na sensibilização da população no que concerne aos riscos que estão associados à exposição solar.

Cabe ao farmacêutico, como profissional de saúde, com um contacto privilegiado com a população, aconselhar sobre como aproveitar o sol de forma saudável, prevenindo os riscos associados a uma exposição solar intensiva e desprotegida e, reforçando a importância da adoção de comportamentos saudáveis ao sol.

2.2. A pele e os fototipos

A pele é o maior órgão do corpo humano, perfazendo cerca de um sexto do nosso organismo. É um órgão dinâmico e em constante mudança, sendo altamente sensível. Tem como principais funções a regulação da temperatura corporal e a proteção contra agressões externas [61].

A pele é constituída por três camadas (Figura 5). A epiderme é a cama mais fina e mais externa, constituída pelo extrato córneo e por uma camada inferior, onde se encontram os melanócitos que produzem melanina. Os queratinócitos presentes na epiderme são responsáveis pela proteção cutânea natural às radiações. A derme carateriza-se pela abundância em colagénio e fibras elásticas, conferindo à pele resistência e elasticidade. Contém vasos sanguíneos responsáveis pela nutrição e aporte de calor. Por sua vez, a hipoderme é constituída por uma camada de gordura que ajuda a isolar o corpo do calor e do frio, atuando não só como um depósito de calorias, mas também como proteção contra traumas físicos [62,63].

Quanto maior for a espessura da pele e a quantidade em melanina, maior é a proteção oferecida contra as radiações solares.

O fotótipo permite uma identificação da pele, tendo em conta as suas caraterísticas e a sua reação à exposição solar. A classificação de Fitzpatrick contempla a disposição genética e também a reação à exposição solar, podendo existir variantes dentro de cada fototipo [64].

Tendo em conta o fotótipo, a pele exige níveis de proteção solar diferentes, consoante o maior ou menor risco de desenvolvimento de cancro da pele [62].

2.2.1. A pele da criança

Os efeitos prejudiciais de uma exposição solar intensiva e desprotegida acumulam-se ao longo da vida desde a infância e são irreversíveis, sendo a exposição solar nas crianças determinante para o risco de cancro da pele na idade adulta.

Apesar de em termos estruturais a pele da criança ser semelhante à do adulto, esta acaba por ser mais fina e vulnerável, uma vez que a epiderme é mais fina e menos melanizada.

Assim, a pele das crianças é mais propensa a alergias e irritações, absorve mais humidade, mas também tende a perdê-la mais rapidamente, com maior tendência para a desidratação [65, 66].

O sistema imunitário e o sistema de pigmentação estão ainda pouco desenvolvidos, estando também os melanócitos mais sensíveis ao sol, pelo que uma exposição solar intensiva poderá originar alterações no DNA e, consequentemente, levar ao aparecimento de cancro [65].

2.3. Exposição solar e os seus efeitos

Apesar do sol ter efeitos benéficos no nosso organismo, a radiação solar pode ser prejudicial ao nível dos olhos e da pele.

Os principais efeitos da exposição solar são o bronzeado e as queimaduras solares, as fotodermatoses, o fotoenvelhecimento e o cancro da pele [67].

A hiperpigmentação da pele ou bronzeado que surge após a exposição solar é um mecanismo de defesa contra as queimaduras solares. Ocorre a formação de melanina, por exposição aos raios UVB, já que estes não têm grande capacidade de penetrar na pele e atuam ao nível da epiderme [68].

As queimaduras solares são caraterizadas pelo aparecimento de eritemas e, por vezes, bolhas na pele, resultantes de uma exposição intensa à radiação UV [69].

No que concerne a fotodermatoses, o seu aparecimento resulta da combinação de substâncias químicas, como medicamentos, com a exposição solar, podendo causar reações fototóxicas e fotoalérgicas.

Um dos principais efeitos crónicos da exposição à radiação UV é o fotoenvelhecimento, que se carateriza pelo aparecimento de rugas e manchas pigmentadas, já que a radiação poderá afetar o processo de produção de elastina e prejudicar a firmeza e elasticidade da pele, bem como a sua capacidade de retenção de água [70].

Uma das causas do cancro da pele é uma exposição solar intensiva e desprotegida, uma vez que os raios UV, mais propriamente os UVB, penetram a pele e

induzem alterações a nível do DNA. Contudo, o cancro da pele não está apenas associado ao sol, mas também a fatores genéticos e a deficiências imunitárias [69].

2.4. Cuidados ao sol

As agressões solares durante a infância degradam irreversivelmente o sistema de defesa cutâneo, sendo desta forma importante a adoção de comportamentos adequados e uma sensibilização da população para o uso do protetor solar de uma forma diária desde idades precoces [71].

A aplicação de protetor solar deverá ser feita durante todo o ano, fazendo parte da rotina diária. No que concerne aos protetores solares, são produtos que têm como função a diminuição do efeito da radiação sobre a pele.

Os protetores solares podem ser físicos ou químicos. No caso dos protetores solares físicos, estão mais indicados para crianças e indivíduos com pele mais sensível, dispersando a radiação que incide sobre a pele. Já os protetores solares químicos atuam por absorção dos raios UV.

O fator de proteção solar indica o tempo de resistência da pele à exposição solar com proteção, em relação ao tempo de exposição da pele sem proteção. O SPF refere- se, por defeito, à proteção solar contra os raios UVB.

O protetor solar deverá ser aplicado em todas as zonas expostas do nosso corpo, antes da exposição solar, e renovada a aplicação, de 2 em 2 horas, garantindo que toda a superfície corporal é protegida [72, 73].

A exposição solar entre o meio dia e as cinco horas da tarde deverá ser evitada ou reduzida, uma vez que é o intervalo de horas cujo índice de radiações é mais intenso e perigoso.

A exposição solar deverá ser progressiva e gradual, de modo a que a pele se possa adaptar às radiações solares.

As idas ao solário e alguns tratamentos como peelings deverão ser evitados, uma vez que deixam a pele mais sensível e aceleram o seu envelhecimento.

No caso dos bebés e crianças, a exposição solar deverá ser evitada em bebés com menos de 6 meses de idade. A partir de um ano de idade, a exposição solar deverá ser fora das horas onde o risco é mais elevado.

A ingestão de líquidos e frutas deve ser incentivada, pois permite a hidratação da pele. A utilização de chapéu e óculos de sol deverá também ser privilegiada [74].

Assim, os protetores solares são necessários, mas poderão não ser suficientes, sendo necessário ter em atenção o comportamento adequado, preferir as sombras e, escolher vestuário e os protetores solares ideais.

2.5. Projeto

Com a chegada do Verão e do tempo quente, a tendência da população é passar mais tempo fora de casa, estando assim mais exposta às radiações solares. Com o final do ano letivo, os pais aproveitam as férias para levar os filhos à praia ou à piscina. A sensibilização para os riscos associados à exposição solar intensiva deverá ser iniciada logo desde a infância.

Durante o estágio na FR, vários foram os utentes que se dirigiam à farmácia com queimaduras solares, inclusive muitas delas em crianças.

Assim, e sendo o farmacêutico um promotor da saúde na comunidade, deve oferecer conhecimento geral e aconselhar e divulgar informação sobre como aproveitar os dias de sol da melhor forma e com segurança, prevenindo os efeitos menos positivos do sol.

Deste modo, resolvi realizar uma palestra numa escola em Monte Córdova, a Escola Básica do 1.º Ciclo de Quinchães, onde preparei uma apresentação em PowerPoint que abordava os efeitos negativos e positivos do sol, os fotótipos da pele e os cuidados a ter numa exposição solar (Anexo XV). A apresentação foi feita a 53 alunos, do pré-escolar ao 4º ano (Anexo XVI).

As crianças mostraram bastante interesse no tema, fazendo várias perguntas pertinentes e dando vários exemplos de situações que tinham acontecido com o sol e protetores solares.

No final da palestra, foram oferecidos uns livros com desenhos para pintar sobre os cuidados com o sol, bem como algumas histórias, livros estes oferecidos pela Avène.

Foi entregue um diploma a cada criança e uma pequena amostra de um protetor solar. De modo a garantir algum retorno à farmácia, foi dado um vale de desconto de 20% na compra de um protetor solar. Ainda durante o estágio, tive a oportunidade de observar que alguns dos vales que foram entregues durante a palestra foram utilizados pelos pais das crianças da escola.

Para além da palestra realizada, na FR, foram entregues panfletos (Anexo XVII), a cada utente que vinha comprar um protetor solar, onde se focavam conselhos práticos para uma exposição solar segura, mais direcionada para os cuidados com as crianças.

O feedback por parte dos utentes foi bom, revelando que o panfleto apresentava conselhos práticos, simples e importantes para uma ida à praia descansada.

Tema 3: Saúde Masculina – a Disfunção Erétil

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