• Nenhum resultado encontrado

3. DIAGNÓSTICO ORGANIZACIONAL

3.6. Elementos críticos para implementação do PE

3.6.4. Cultura Organizacional

Quando questionados se a cultura existente no Campus é favorável ao processo de planejamento, 42,85% dos entrevistados apresentaram respostas negativas; 42,85%, respostas positivas, e outros 14,28% ficaram no intermediário.

Os entrevistados apresentam aspectos em que a cultura é favorável, como também aspectos em que a cultura é desfavorável, permitindo inferir que há abertura para que a cultura

organizacional favoreça o planejamento. Todavia ainda há pouca exploração nesse sentido, o que faz com que uma cultura favorável ao planejamento ainda não tenha se consolidado. Isso é perceptível na fala dos entrevistados, conforme pode ser observado a seguir:

Eu acho que tá se criando. Tá se criando porque assim, por exemplo, logo quando eu comecei não existia... literalmente não existia planejamento por “n” motivos, desde a inexperiência das pessoas que faziam... tavam à frente... eu acho que tá se criando uma cultura, por exemplo, esse semestre foi a primeira vez que os coordenadores vieram antes pra tentar fazer um planejamento pra apresentar... pra... ao pessoal na semana que os professores chegam, que até então não existia isso, então assim tá tentando se criar uma cultura. Não é ainda bem difundido, mas ela tá começando... já existe uma chaminha lá acesa. (Entrevistado 03)

Há. Favorável há. Falta só o link do planejamento estratégico, mas com o Campus organizado entre seus setores, bem definidos, detalhado por cada setor, embora não tenha isso formalizado no papel, mas na prática isso ocorre, então ele é bastante favorável. (Entrevistado 04)

Veja só existe, mas eu considero falho. Porque eu acho que o planejamento aqui ainda é feito muito por setor, não é uma coisa integrada. (...) a maioria dos setores ainda trabalha muito fechado lá, entendeu? (Entrevistado 05) Eu acho que sim, só que vai precisar de uma estimulação de uma orientação pra poder ser implementado isso. (Entrevistado 08)

Quando questionados se, no Campus, as pessoas têm o hábito de participar do planejamento, os resultados são negativos para 71,42% dos entrevistados, enquanto 14,28% apresentam respostas mais positivas, e o mesmo percentual manteve-se neutro.

Dentre as limitações para uma maior participação, são citadas: a dificuldade de reunir todos os servidores em um mesmo horário e local, já que, principalmente os docentes, pois parte deles trabalham durante em uns dias da semana, e outra parte em outros; falta de crença no planejamento, e falta de um maior envolvimento com os objetivos institucionais.

É complicado você conseguir reunir os professores pra... porque assim eu acho que devido a gente não saber como funciona o planejamento ou não ser passado essa informação para mim, muitas vezes todo mundo acha que é uma balela (...) muita gente acha ‘ah...isso é só perda de tempo’, no geral. (Entrevistado 03)

O que falta ainda pra um melhor planejamento é essa cultura do pertencimento. Eu acho que ainda muita gente não se sente pertencendo ao Campus Afogados, então eu acho que isso aí é o que dificulta o planejamento e a vontade, por exemplo, eu não me sinto, eu não pertenço a esse lugar, então eu não paro pra planejar pra... tá entendendo? Falta essa questão assim, essa... vestir a camisa do IFPE. Eu sinto isso, então o que dificulta o planejamento na minha opinião é isso. Essa vontade de participar e de planejar. (Entrevistado 10)

Uma característica realçada por alguns entrevistados, como sendo fator que limita a prosperidade de uma cultura de participação voltada ao planejamento, consiste numa certa falta de envolvimento de alguns com os objetivos institucionais, o que um deles chama de ‘não vestir a camisa’; outro, de ‘sobreposição do interesse pessoal sobre o institucional’, ou o fato de a ‘instituição ter que se adequar à disponibilidade dos servidores e não o contrário’, conforme menciona um terceiro.

Com relação à cultura ser, ou não, favorável a mudanças, as respostas ficaram bem divididas, já que cinco entrevistados afirmaram que SIM; seis afirmaram que NÃO, e três não se posicionaram. Novamente, expõe-se a questão dos vários interesses pessoais como um limitador à mudança, já que qualquer mudança pode afetá-los. Para conclusões mais contundentes acerca desse assunto, recomenda-se a realização de estudos mais aprofundados sobre esse aspecto, já que as respostas foram tão antagônicas, conforme reflete a fala dos entrevistados:

Eu acho que a cultura que tem aqui no Campus é muito... muito fechada a mudanças. (Entrevistado 05)

Eu acredito que seja bem receptiva. (Entrevistado 06)

Considerando a existência de uma abertura para a construção de uma cultura favorável ao planejamento, certamente o trabalho para o desenvolvimento da mesma é fundamental, pois questões culturais têm forte influência no sucesso ou fracasso do modelo de planejamento estratégico adotado (ESTRADA, 2000; MAGALHÃES, 2009; PICCHIAI, 2010). Ademais, caso esse aspecto não seja bem desenvolvido, uma possível resistência da cultura organizacional é apontada por Bodini (2002, apud VIDIGAL e CAMPOS, 2015) como uma das razões pelas quais a implementação do planejamento estratégico, por vezes, não é bem-sucedida.

3.6.5. Participação no Planejamento Estratégico

Quando questionados se o planejamento ocorre de forma participativa, seis entrevistados (42,85%) afirmaram, categoricamente, que NÃO; três (21,42%) afirmaram que SIM. As de mais respostas foram parciais e demonstram tentativas de fazer um planejamento participativo, entretanto, com limitações que, na maioria das vezes, ocorrem por dificuldades em envolver as pessoas no processo, como pode ser observado a seguir:

Quem participa são todos os.. eu não sei se administrativo também participa.. mas todos os docentes participam... quando se é feito o planejamento, seja da coordenação, seja do PDI, todo mundo é convidado a dar sugestões, lê o documento, dar suges.. melhorias... acrescentar. (...) uma parte planeja e o todo... vamos dizer assim... eh... e o resto né... todas as pessoas fazem uma apreciação do planejamento que foi feito, podendo ter... podendo acrescentar ou podendo corrigir ou sugerir mudanças no planejamento. (Entrevistado 02) Seria interessante se todos participassem, mas como a gente nem sempre conta... pode contar com a colaboração de todos né. Aqueles que participam sempre conseguem fazer alguma coisa né, botar pra frente. (Entrevistado 06)

Existe a possibilidade da contribuição não é, os setores eles solicitam essa contribuição essa participação, então pra mim ela é participativa, embora que as pessoas não queiram participar. (Entrevistado 07)

Com relação aos instrumentos utilizados para que as pessoas possam participar, foi apontada a existência de reuniões, consultas por e-mail e compartilhamento de documentos via google drive.

Nove entrevistados indicaram que a maioria das pessoas não tem interesse em participar do planejamento, enquanto outros quatro afirmaram que há interesse pela maioria das pessoas em participar. Apenas um dos entrevistados afirmou ser bem distribuído, e que existem, tanto pessoas com interesse, quanto pessoas sem interesse em participar, conforme falas abaixo:

A grande maioria sim né, mas sempre tem alguns que só querem fazer o mínimo e ir embora. (Entrevistado 06)

A maioria não, embora sejam consultadas mas a maioria não tem muito... aceita o que é colocado embora não cumpra não é, não participa. A maioria não participa. (Entrevistado 07)

Eu acho que poucas pessoas e acho que isso mais... principalmente por causa da parte política como eu tava falando assim... (Entrevistado 13)

As falas dos entrevistados permitem ter uma ideia sobre a percepção existente em relação a esse aspecto e, em análise do gráfico a seguir, uma impressão geral acerca do tema pode ser melhor observada.

Gráfico 5 - Interesse em participar do Planejamento

Fonte: Dados da pesquisa (2016).

A baixa percepção do planejamento como participativo induz a hipótese de que o este não o é como deveria. Existem algumas intenções de torná-lo mais aberto à comunidade, entretanto esses esforços enfrentam, ainda, dificuldades para envolver as pessoas. Diversos autores reconhecem que a participação no processo de planejamento traz inúmeros benefícios para sua implementação, pois, além de democrático, proporciona maior legitimidade ao processo, auxilia no desenvolvimento de uma cultura favorável ao planejamento, fortalece a identidade organizacional e dificulta o desenvolvimento de barreiras à sua implementação (MAGALHÃES, 2009; ATHANÁZIO, 2010; FALQUETO, 2012).

Outro aspecto a ser considerado é que a participação no planejamento estratégico reforça o caráter institucional dos objetivos lá estabelecidos, fortalecendo-o como instrumento necessário para manter os rumos do sistema de ensino e minimizar dos efeitos da descontinuidade administrativa, ocasionada pelas constantes mudanças na direção dessas instituições e do MEC (FORPLAD, 1995).

Apesar do empenho para atrair a atenção dos entrevistados para o planejamento estratégico em si, infere-se pelos seus discursos que a opinião acerca da participação foi exposta em relação ao contexto de suas atividades como um todo e ao planejamento do Campus. Esse fato dificultou a apresentação de conclusões mais precisas acerca da participação no planejamento estratégico. Todavia, considerando o contexto geral em que as respostas foram apresentadas, percebe-se que esse resultado também ecoa no objeto desta pesquisa.