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2.1.4. Planejamento Estratégico em Instituições de Ensino Superior

2.1.4.1. O caso da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM)

Têm sido realizados alguns estudos sobre a implantação do planejamento estratégico em instituições de ensino. Estrada (2001), ao analisar os rumos do planejamento estratégico nas instituições públicas de ensino superior, expõe que as experiências com planejamento são episódicas e descontínuas, realçando que o planejamento constante, científico e sistematizado não tem sido uma prática das universidades, até anos bem recentes. Uma afirmação expressiva do autor é a de que “formalmente, até que existem planos, projetos, programas, metas, entretanto, não reúnem condições de serem colocados em prática ou torná-los sistemáticos” (ESTRADA, 2001, p. 3).

Utilizando-se do estudo de caso, o autor analisa a implementação do planejamento na UFSM, relatando que, em 1961, durante sua origem, era orientada por um planejamento físico estrutural, com base no Plano Diretor de Obras. O Plano Diretor ou Plano Piloto, como o chamaram, iria orientar e dirigir o nascimento e o crescimento da Universidade e era composto pelo estudo da capacidade da cidade universitária; da determinação dos cursos a serem ministrados e suas respectivas capacidades; da determinação das unidades arquitetônicas a serem construídas, com previsão das áreas de construção, e o esquema que indicava a construção progressiva das diferentes unidades da Cidade Universitária.

Em continuidade à evolução do planejamento nesta instituição, em 1979, é elaborado e publicado um dos primeiros documentos sobre o Planejamento da Universidade. Já com algumas características a mais de planejamento estratégico, em 1983, foram divulgados o Primeiro e o Segundo Ensaios do Plano Global da UFSM, elaborados a partir das sugestões dos Centros de Ensino, que propunham Diretrizes para a definição das Políticas, Diretrizes e Metas do Plano Global da UFSM, englobando (nove) áreas: Planejamento Global; Reforma da Estrutura; Ensino; Pesquisa; Extensão; Recursos Humanos; Assistência à comunidade Universitária; Avaliação e Controle, e Recursos Financeiros e Materiais.

Em 1986, dando continuidade às tentativas de adoção de um Plano Global que definisse os objetivos da Instituição, foi idealizado o Plano Estratégico 1987/1989, buscando

uma consciência de Administração por objetivos. Nos anos de 1990, elaborou-se uma proposta de Implantação do Sistema Integrado de Planejamento, Programação e Orçamentação (SIPPO 1990/1993), que utilizaria como instrumento de levantamento de necessidades, para a elaboração do Plano Anual (Metas), a técnica do orçamento Programa. Essa metodologia previa a programação do universo de atividades e projetos da Instituição, considerando o orçamento como um todo.

Estrada (2000), baseado nos estudos de John M. Bryson (1995), Bryson e Alston (1996), Gérard Arguin (1989) e Critiano Cunha (1995), analisou o processo de planejamento estratégico em tela referente aos períodos de 1986-1997, sob os seguintes parâmetros:

• Acordo inicial;

• Atribuições dos participantes;

• Filosofia e orientação da instituição;

• Avaliação do ambiente externo e interno;

• Integração do ambiente externo e do ambiente interno;

• Implementação das Ações Estratégicas;

• Reavaliação do processo.

Algumas das principais conclusões apontadas por Estrada (2000, 2001), a respeito do caso em análise, são:

• O modelo de implementação do planejamento estratégico proposto nunca é posto em execução de acordo com sua concepção teórica.

• A ausência de análise preliminar sobre a estrutura de poder, a cultura e o sistema organizacional na universidade, antes da implantação do Planejamento Estratégico, reflete diretamente na falta de comprometimento da própria cúpula da administração da Universidade e da comunidade universitária, para com os Modelos de Planejamento Propostos.

• Existência de dificuldades de envolver outros segmentos ou unidades da instituição, que estejam além dos responsáveis diretos pelo processo de planejamento.

• No momento da implementação, não é dada a importância necessária à elaboração e à ampla divulgação no Desenvolvimento e Estabelecimento da Missão.

• Não se encontraram relatos nem documentos sobre a Análise Ambiental Externa.

• A Análise Ambiental Interna na UFSM está sendo realizada apenas no nível do Ensino.

• Exposição apenas genérica dos Objetivos Gerais, as Diretrizes Gerais e as Linhas Gerais de ação da Universidade, entretanto com o amplo detalhamento, no que se refere ao Planejamento Tático e Operacional (Metas).

• A Reavaliação do Processo não consta nos modelos propostos pela universidade, entretanto essa etapa é realizada periodicamente, apenas para o aperfeiçoamento do Planejamento Operacional (Metas).

Bolzan et al. (2012) também buscou descrever a evolução, a metodologia de elaboração e o conteúdo do Plano de Desenvolvimento Institucional na UFSM. As autoras realizaram uma análise das metodologias de planejamento adotadas pela UFSM, com foco nos períodos de 2001-2005, 2006-2010 e 2011-2015.

Apesar de não prender sua atenção com relação à execução do PE na instituição, Bolzan et al. (2012) apresentaram o modelo adotado pela UFSM, como sendo adaptado de diversos autores, evoluindo, de forma progressiva, com preocupação no aprimoramento do processo de planejamento e gestão.

O PDI 2001-2005 introduziu a ideia de planejamento estratégico, realçando a necessidade de adaptar um modelo que melhor se ajustasse à Instituição. Esse modelo consistia, basicamente, na análise dos ambientes externo e interno; definição da missão, visão e valores; composição das diretrizes gerais, das quais foram derivados os objetivos e estratégias; estabelecimento de metas; plano de ação, e implantação e controle. Já o PDI 2006-2010 manteve a ideia do planejamento estratégico, aprimorando a interação com as unidades e subunidades, reforçando que a participação coletiva é fundamental para o desenvolvimento institucional.

Bolzan et al. (2012) não expôs se o PDI 2011-2015 seguiu os mesmos modelos adotados em 2001-2010, entretanto o caracterizou como um importante passo para consolidar a participação da comunidade, de forma mais eficaz, por meio de novas formas de diálogo, interações entre gestores, docentes, técnico-administrativos em educação, estudantes e comunidade externa.

Pontuou-se, também, o desenvolvimento do Sistema de Gerenciamento de Planos de Ação como a evolução mais significativa, tendo em vista que a informatização dos processos administrativos das instituições de ensino possibilita uma nova forma de registro e acompanhamento dos planos de ação, bem como seus erros e acertos e consequente aperfeiçoamento contínuo do processo.

2.1.4.2. O Caso do Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais