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Cura interior seguida de conversão

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4 ESTUDO DE CASO: AS PRÁTICAS DA RCC NA PSP, EM

4.3 ANÁLISE DE DADOS DA PESQUISA EMPÍRICA

4.3.6 Cura interior seguida de conversão

CASO 12

PERFIL: Servidora pública, 38 anos, solteira, católica (já foi protestante).

P1 “Eu já estava afastada da Sara Nossa Terra, mas não tinha encontrado nenhuma igreja que preenchesse o vazio que eu estava sentindo, já tinha ido em várias igrejas católicas e evangélicas, mas eu achava tudo muito monótono e vazio, quando participei de uma missa de libertação na quarta-feira com o Pe. [...] [X] meu coração se encheu de alegria, eu percebi que o Espírito Santo estava ali, então resolvi continuar e servir na Pastoral de intercessão.”

P2 “Sim. Fui liberta da rejeição que eu tinha por Nossa Senhora e também de tantos outros preconceitos que eu tinha da Igreja Católica.”

P3 “Devo esta cura e libertação ao Nosso Senhor Jesus Cristo e à Nossa Senhoria que intercedia por mim junto a Jesus mesmo quando eu não queria ser sua filha.”

P4 “Foi bastante significativo porque me fez conhecer melhor a igreja católica e voltei a freqüentá- la. Hoje tenho uma fé consolidada, sei a importância da Eucaristia e de viver os sacramentos da igreja, já não estou mais presa às orientações de leigos que se passam por doutores da Bíblia Sagrada.”

CASO 13

PERFIL: Administradora de Empresas, 36 anos, solteira, 1 filho, católica

P1 “Fui uma serva escolhida do Senhor Jesus Cristo, pois nas primeiras missas de cura e libertação em que participei, já fui logo servindo. Com 4 anos em que eu freqüentava a [...] [PSP] entrei na Pastoral de Apoio e nem sabia o porquê de estar lá, só havia recebido o chamado a servir e fui, e assim fui conhecendo mais e mais o Poder de Deus.”

P2 Sim. Por muitas. Eu tinha muito medo antes de freqüentar as missas na [...] [PSP]. Tinha medo do escuro, de pessoas mortas, de dormir sozinha. E todos esses traumas me foram libertos freqüentando e perseverando em orações nas missa.”

P3 “Minha cura só foi concretizada por que a fé professada na paróquia [...] [PSP] é uma fé viva e intensa. Devo essa cura ao Poder do Espírito Santo que é muito abrasador nesta paróquia. Sentimos lá, algo extraordinário que só quem vive e presencia, sente.”

“E sem desmerecer o instrumento de Deus chamado padre [...] [X], que é um canal de graças usado e chamado, através do Poder do Paráclito, a interceder pelos Filhos de Deus com a força incondicional e inabalável de Maria, nossa Amada Mãe do Céu.”

P4 “Tudo. Isso é a minha vida. Ser Renascida em Pentecostes. Ser uma pessoa que conhece o poder do Espírito Santo. Saber que Deus tem algo a mais para nós. Que somos seres humanos passíveis de erros, mas temos em Deus todo especial que age com amor e misericórdia para nos salvar. Depois de conhecer a [...] [PSP] compreendi as evidências de nossas vidas, de saber porque motivo estou neste mundo.”

“Não somos deste mundo. Pertencemos ao Reino de Deus, mas fomos usados aqui na Terra para testemunhar o Poder do Espírito Santo em nossas vidas.”

“Preciso chegar ao céu. E isso só será possível se com as minhas atitudes cristãs e de Renascida em Pentecostes, eu consiga levar outras pessoas ao céu.”

CASO 14

PERFIL: Universitária, 17 anos, solteira, católica

P1 “Eu freqüento a paróquia [...] há quatro anos e desde então recebi muitas bênçãos na minha vida, na minha casa e na minha família, tanto que estes também participam comigo das Missas de Cura e Libertação.

P2 “Eu achei um motivo para me afastar de vez da Igreja [...] durante este período ficamos longe, muita coisa aconteceu em nossas vidas.” “Meu irmão [...] decidiu deixar de ser catequista e de ir às missas. Minha mãe começou a mostrar sintomas de depressão [...] Comecei a ir muito mal nos estudos e discutia muito com os meus pais.”

“Nas férias do ano de 2005, minha prima me chamou [...] para ir a sua Igreja, Igreja Videira em Células. E eu fui. Chegando lá eu gostei muito. As pessoas eram gentis, amáveis, e muito

simpáticas. Além do mais o pastor não era daqueles de exigir ou ficar pedindo dinheiro ao povo durante o culto, que além do mais era muito divertido.”

“Num dia, havia tido um assalto numa casa próxima a nossa, e justamente na quarta-feira minha mãe queria ir para a Missa de Libertação e não podia me deixar sozinha. Ela queria que eu fosse, mas eu gritava dizendo que não ia.”

“Mas eu tive uma surpresa. Ao dar o primeiro passo adentrando a igreja, eu senti uma voz que me dizia: ‘Filha, esse é o teu lugar. Estive este tempo todo a te esperar!’. Arrepiei-me muito e naquelas outras missas que se sucederam, fui sendo liberta de tudo o que havia me retirado da Igreja de meu Pai e de todos os pensamentos que me levavam a acreditar que o meu lugar era em outra Igreja, onde lá seria salva.”

P3 (não identificado).

P4 “Hoje sou totalmente liberta, participo das missas na paróquia com minha família e hoje, por incrível que pareça, apesar da idade, 17, sou coordenadora de uma das pastorais daqui: PASTORAL.COM. Fiz Seminário de Vida no Espírito Santo e sou muito feliz com tudo o que aconteceu, pois hoje posso dizer com toda a certeza de que a verdadeira, uma e Santa Igreja de Jesus Cristo é a Católica Apostólica Romana.”

CASO 15

PERFIL: Copeira, 47 anos, casada, 2 filhas, católica.

P1 “Estava passando pro vários motivos financeiros, familiar, depressão, etc.” P2 Sim, por vários.

P3 “Primeiro a Deus, depois ao padre [...] [X], pois [...] é um homem cheio do Espírito Santo, ele é um grande instrumento de Deus.”

P4 Esse acontecimento significa a minha conversão e de minha família.

Esses casos têm em comum a cura interior seguida de conversão. Vale, para esses casos, tudo aquilo que dissemos sobre a cura interior no item que a este precedeu. O caso 12 é típico da peregrinação descrita por Hervieu-Léger em que a pessoa perambula de uma religião para outra à procura de sentido para a sua vida, até poder estabelecer-se temporariamente ou definitivamente em uma determinada religião. Nesse caso, deu-se uma conversão completa ao catolicismo, naquilo que afirmou de “fé consolidada” na vivência dos sacramentos, da crença em Nossa Senhora como sua intercessora, motivada pelas missas de cura e libertação.

O caso 13 é típico da “Cura de Memórias” visto acima em que a pessoa passa por um gradativo processo de cura interior, ao associar a presença viva de Jesus Cristo em sua vida, por meio da fé “professada na PSP”, uma “fé viva e intensa”. Ao atribuir a sua cura ao Espírito Santo “que é muito abrasador, na PSP”, ela demonstra ter assimilado aquilo que é essencial na RCC: a centralidade que ocupa o Espírito

Santo e isso justifica seu engajamento no Movimento Renascidos em Pentecostes, que tem no Pe. X seu fundador (no que também inova em relação a tantos outros padres carismáticos).

O caso 14 é outro tipo específico de peregrinação em que alguém deixa uma igreja, vai para outra e depois retorna. Isso mostra o poder de plausibilidade, de convencimento que a RCC, por meio do Pe. X, exerce sobre as pessoas que vão à PSP. Não só voltou para a igreja de origem como também engajou numa pastoral, a qual lidera, além de ajudar a família a se livrar da depressão e da desintegração.

Temos no caso 15 um processo de cura interior, por diversos problemas que afligem as pessoas nesse caos em que vivemos nos dias de hoje. Quando afirma que obteve cura para todos os seus problemas ao frequentar as missas de cura e libertação, demonstra sua entrega total, sua plena confiança em Deus, por acreditar nos dons carismáticos do Pe. X e também na presença do Espírito Santo, significando não só a sua cura interior, como também a conversão de sua família. Esses casos servem para nos mostrar que aqueles que se aproximam da RCC, especificamente da paróquia PSP, realmente têm suas vidas transformadas, num processo de conversão que implica numa “metanóia”, significando uma mudança de vida para melhor, ou seja, um novo sentido para a vida na religião, de modo específico na RCC, que de outra forma não conseguiria ter.

A conversão que se observa nesses três últimos casos, levando as pessoas a se engajarem em algum serviço pastoral ou movimento na Igreja, de acordo com Csordas (2008, p. 56), “não é necessariamente uma súbita e dramática reestruturação cognitiva”. Ela se dá normalmente após “uma forte crise pessoal”. A predisposição que a pessoa adquire para sua cura interior, ao participar dos SVES, e das missas de cura e libertação, pode ativar um processo endógeno, considerado de forma indireta como sendo a “conversão”, em que as pessoas aos poucos vão se curando de todos os males de ordem psíquica e espiritual que vai lhes surgindo na memória, principalmente o ódio, a inveja e o rancor.

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