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De acordo com o Currículo Nacional do Ensino Básico (ME, 2001), é adoptada uma noção ampla de competência, que integra conhecimentos, capacidades e atitudes e que pode ser entendida como Saber em acção ou em uso. Deste modo, não se trata de adicionar a um conjunto de conhecimentos um certo número de capacidades e atitudes, mas sim de promover o desenvolvimento integrado de capacidades e atitudes que viabilizam a utilização dos conhecimentos em situações diversas, mais familiares ou menos familiares aos alunos.

O Currículo Nacional do Ensino Básico (ME, 2001), apresenta o conjunto de competências essenciais de carácter geral e as competências específicas de cada área disciplinar ou disciplina, a desenvolver ao longo de todo o ensino básico através de tipos de experiências de aprendizagem explicitadas para cada ciclo.

O termo competência é referido a um saber em acção ou em uso que mobiliza recursos da mais variada ordem para equacionar e resolver diversos tipos de situações.

A abordagem do processo de ensino - aprendizagem por competências põe assim em evidência a mobilização de recursos que vão desde o saber fazer, os conhecimentos, as capacidades e as atitudes encarados sempre numa lógica de permanente actualização dos diferentes saberes.

A noção de competência apareceu inicialmente ligada ao mundo do trabalho, das organizações e das interacções sociais e só mais recentemente se alargou à escola. A escola, entendida como um espaço privilegiado para a formação de cidadãos intervenientes e activos, surge associada a uma sociedade democrática onde os indivíduos são capazes de pensar por eles próprios e de se organizarem autonomamente de uma forma flexível face às diferentes situações que vão vivendo. A evolução rápida do conhecimento, das tecnologias, dos modos de vida e do mundo cria a necessidade de respostas flexíveis e criativas dos seres humanos face aos problemas do trabalho e da sociedade. Neste sentido, mais do que transmitir um conjunto rígido de conhecimentos a escola tem que desenvolver a inteligência e a capacidade de adaptação às diferenças. Trabalhar por competências não é ignorar as disciplinas e os respectivos programas, mas obriga a passar por uma mudança de práticas e não simplesmente pela adopção de um novo vocabulário para os redigir. Por exemplo, para desenvolver a competência utilizar o vocabulário geográfico em descrições orais e escritas de lugares, regiões e distribuições de fenómenos geográficos, os alunos têm que conhecer o vocabulário

36 geográfico (ex: hemisfério, continente, território, paisagem, bacia hidrográfica, leito do rio, área metropolitana, bairro), mas a finalidade da sua aprendizagem terá de ser a utilização desse vocabulário em situações concretas (observação de fotografias, saídas de campo), atribuindo-lhe sentido.

Com efeito, o desenvolvimento de competências em meio escolar terá que passar pela alteração de práticas dentro da sala de aula, privilegiando-se o recurso a metodologias activas que promovam aprendizagens contextualizadas e significativas. Assim, a estratégia dos professores não se pode restringir à transmissão pura e simples de conhecimentos, mas deverá visar a utilização dos saberes em situações concretas e diversificadas.

A definição das competências a alcançar no final da educação básica tem como referência os pressupostos da Lei de Bases do Sistema Educativo, sustentando-se num conjunto de valores e princípios descritos no QUADRO II.

QUADRO II- VALORES E PRINCÍPIOS NA EDUCAÇÃO BÁSICA

Fonte: ME (2001), “Currículo Nacional do Ensino Básico, Competências Essenciais do Ensino Básico”

Equacionaram-se à luz destes princípios as competências concebidas como saberes em uso, necessárias à qualidade de vida pessoal e social de todos os cidadãos, a promover gradualmente ao longo da educação básica.

Assim, à saída da educação básica o aluno deverá ser capaz de ter atingido as competências gerais descritas no QUADRO III.

• A construção e a tomada de consciência da identidade pessoal e social. • A participação na vida cívica de forma livre, responsável, solidária e crítica.

• O respeito e a valorização da diversidade dos indivíduos e dos grupos quanto às suas pertenças e opções.

• A valorização de diferentes formas de conhecimento, comunicação e expressão. • O desenvolvimento do sentido de apreciação estética do mundo.

• O desenvolvimento da curiosidade intelectual, do gosto pelo saber, pelo trabalho e pelo estudo. • A construção de uma consciência ecológica conducente à valorização e preservação do património

natural e cultural.

• A valorização das dimensões relacionais da aprendizagem e dos princípios éticos que regulam o relacionamento com o saber e com os outros.

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QUADRO III- COMPETÊNCIAS GERAIS DO ENSINO BÁSICO

1. Mobilizar saberes culturais, científicos e tecnológicos para compreender a realidade e para abordar situações e problemas do quotidiano.

2. Usar adequadamente linguagens de diferentes áreas do saber cultural, científico e tecnológico para se expressar.

3. Usar correctamente a língua portuguesa para comunicar de forma adequada e para estruturar pensamento próprio.

4. Usar línguas estrangeiras para comunicar adequadamente em situações do quotidiano e para apropriação de informação.

5. Adoptar metodologias personalizadas de trabalho e de aprendizagens adequadas aos objectivos visados.

6. Pesquisar, seleccionar e organizar informação para a transformar em conhecimento mobilizável. 7. Adoptar estratégias adequadas à resolução de problemas e à tomada de decisões.

8. Realizar actividades de forma autónoma, responsável e criativa. 9. Cooperar com outros em tarefas e projectos comuns.

10. Relacionar harmoniosamente o corpo com o espaço, numa perspectiva pessoal e interpessoal promotora da saúde e da qualidade de vida.

Fonte: ME (2001), “Currículo Nacional do Ensino Básico, Competências Essenciais do Ensino Básico”

7- AS COMPETÊNCIAS ESPECÍFICAS E AS EXPERIÊNCIAS EDUCATIVAS