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2 NOVAS METODOLOGIAS DE ENSINO

2.1 CURRÍCULOS INTEGRADORES

Temos visto já há algum tempo o surgimento de várias metodologias e organização de currículos que buscam romper com o modelo tradicional de educação. Tais metodologias e currículos procuram promover um ensino mais voltado à realidade do aluno em está inserido, auxiliando-os a compreenderem e atuarem conscientemente na sociedade. Deste modo, os currículos vêem aos poucos se reorganizando de forma que o processo de ensino- aprendizagem esteja baseado em um procedimento que ensine “os alunos a pesquisar a partir dos problemas relacionados com situações da vida real. Entendemos por “vida real” não só o próximo, mas também o modo em que hoje os saberes disciplinares propõem a pesquisa em seus respectivos domínios” (HERNÁNDEZ, 1998, p. 51). Nesta direção Santomé (1998, p. 43) afirma que:

[...] tudo o que se distanciar de suas preocupações e interesses, que não estiver relacionado de alguma maneira com a satisfação de uma necessidade, de um desejo ou buscando evitar algum perigo, dificilmente pode chegar a converter-se em relevante e significativo para quem deve aprender.

Os currículos integradores estão organizados de forma que os alunos aprendam procedimentos, habilidades que ajudem a continuar aprendendo ao longo de sua vida. Desta forma, poderá sempre que necessitar, atualizar os conhecimentos para compreender uma nova situação. Os alunos saberão onde e como buscar estes conhecimentos e sistematizá-los para compreenderem reflexivamente o meio que se encontram. Nesta nova modalidade de currículo também se almeja pelo desenvolvimento do saber ser (atitudes) que, de uma forma ou de outra, contribuem para que o aluno se torne um cidadão responsável e ao mesmo tempo crítico em relação ao que ocorre na sociedade na qual está inserido. Entendemos por crítico aqui, não só aquela pessoa que reclama por algo que não está sendo compatível com o que se espera, mas também aquele sujeito que além de criticar, saiba propor soluções para este problema. Neste sentido, novamente Santomé (1998, p. 27) afirma que:

Se algo está caracterizando a educação obrigatória em todos os países, é o seu interesse em obter uma integração de campos de conhecimento e experiência que facilitem uma compreensão mais reflexiva e crítica da realidade, ressaltando não só as dimensões centradas em conteúdos culturais, mas também o domínio dos procedimentos necessários para conseguir alcançar conhecimentos concretos e, ao mesmo tempo, a compreensão de como se elabora, produz e transforma o conhecimento, bem como as dimensões éticas inerentes a essa tarefa. Tudo isso reflete um objetivo educacional tão definitivo como é o “aprender a aprender”.

Os educadores que defendem um currículo disciplinar baseiam suas escolhas na justificativa de que o currículo disciplinar é a “única forma legitimada pela cultura e pela sociedade” de organizar e ordenar o currículo e que outra forma privaria o aluno de “conhecer o que a civilização foi elaborando ao longo dos séculos mediante o conhecimento científico” (HERNANDEZ, 1998, p. 41). Já no currículo integrado parte-se de temas e problemas relacionados com a vida dos alunos, buscando aprofundar os conhecimentos necessários para compreender as causas e resolver o problema que estão estudando. Partem dos conhecimentos sobre uma situação local para depois ampliá-la para uma visão global, planetária (ZABALA,

1998). Para melhor compreendermos esta distinção entre currículo disciplinar e integrado estabelecemos um quadro comparativo entre os mesmos.

CURRÍCULO DISCIPLINAR CURRÍCULO INTEGRADO

Centrado nas matérias Problemas transdisciplinares

Conceitos disciplinares Perguntas, pesquisa

Conhecimento canônico ou estandardizado Conhecimento construído

Unidades centradas em conceitos disciplinares Unidades centradas em temas ou problemas

Lições Projetos

Estudo individual Grupos pequenos que trabalham por projetos

Livros-texto Fontes diversas

Centrado na escola Centrado no mundo real e na comunidade

O conhecimento tem sentido por si mesmo O conhecimento em função da pesquisa

Avaliação mediante provas A avaliação mediante a portfólios, transferências O professor como especialista O professor como facilitador

Figura 02 - Quadro comparativo entre currículo disciplinar e integrado Fonte: Hernández, (1998, p. 57)

Santomé (1998) afirma que os projetos curriculares integrados podem estar baseados em várias formas de integração. Tais formas serão abaixo detalhadas:

a) Integração correlacionando diversas disciplinas: É estabelecido quando, para compreender determinado conteúdo de uma disciplina, necessitamos de um suporte teórico de outra área de conhecimento. Neste tipo de integração buscamos uma coordenação clara entre as disciplinas, visando superar algum obstáculo;

b) Integração através de temas, tópicos ou idéias: Será realizado através da estruturação de diferentes áreas do conhecimento em torno de um tema, tópico ou uma grande idéia. Neste caso, todas as áreas do conhecimento estão subordinadas à idéia que serve para reger esta proposta de integração;

c) Integração em torno de uma questão da vida prática e diária: Existem problemas em nossas vidas que requerem conhecimentos de procedimentos que não podem ser desenvolvidos no interior de uma única disciplina. Os conteúdos são estruturados em torno de problemas sociais, práticos e transversais, para que facilite seu entendimento; d) Integração a partir de tema e pesquisas decididos pelos estudantes: Estão

mundo. A diferença entre esta modalidade de integração das demais, é que nesta o tema ou problema utilizado como eixo da pesquisa é escolhido pelos alunos;

e) Integração através de conceitos: Existem conceitos que perpassam diversas disciplinas e que podem ser usados como eixos de integração. Tais conceitos podem ser: causa e efeito, mudança, tempo, cooperação. Este tipo de integração é mais voltado para o ensino médio e bacharelado;

f) Integração em torno de períodos históricos e/ou espaços geográficos: Nesta modalidade os momentos históricos e/ou espaços geográficos são utilizados como eixos integradores. Pode-se dentro desta integração discutir, por exemplo, as relações entre povos e nações em um dado momento histórico;

g) Integração com base em instituições e grupos humanos: Esta integração está baseada no estudo de povos (índios, ciganos) e instituições (hospital, penitenciárias, igrejas, etc.);

h) Integração em torno de descobertas e invenções: Neste modelo as principais descobertas são utilizadas com eixo estruturante da pesquisa. Neste tipo de integração os alunos entram em contato com legado cultural acumulado pela humanidade;

i) Integração mediante áreas do conhecimento: Sua estruturação tem por base o agrupamento de disciplinas que possuem semelhanças importantes relacionadas a conteúdos, estruturas conceituais, procedimentos e metodologias de pesquisa.

A organização dos currículos integradores surgiram em diferentes países, mas com um objetivo em comum, realizar um trabalho interdisciplinar, que possibilitasse relacionar os conhecimentos aprendidos com o mundo que o estudante vive. Nestes currículos não se procura preparar exclusivamente os alunos para vida adulta, mas preparar os alunos para sua vida presente, compreendendo o universo que os circundam. Abaixo segue uma pequena explicitação de alguns modelos de currículos integradores para conhecimento do leitor.