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3. ANÁLISE DE CURSOS EAD E ESTUDO DE CASO: TELECURSO TEC

3.1 Cursos em Modalidade EaD

Para contextualizar o cenário do estudo de caso deste trabalho, serão apresentados, primeiramente, dois importantes exemplos de cursos na modalidade EaD no Brasil. São eles o Instituto Universal Brasileiro, que por mais de meio século foi uma das principais instituições brasileiras de ensino a distância e o Telecurso 2000, que em outros tempos também foi considerado o principal exemplo de educação a distância no país.

3.1.1 Instituto Universal Brasileiro

O Instituto Universal Brasileiro foi uma das primeiras opções de ensino a distância no Brasil. Há mais de 60 anos, desempenha um papel relevante na aplicação deste método de ensino, colaborando decisivamente para o preparo de profissionais através de cursos profissionalizantes, supletivo e, nos dias de hoje o ensino técnico (IUB, 2012).

O início da história do IUB está ligado a do Instituto Monitor, pois um dos seus fundadores havia sido sócio proprietário do Instituto Monitor fundado em 1939, o qual após desfazer a sociedade, fundou em 1941 o IUB com a família. O IUB iniciou atuando na formação de mão-de-obra para o setor industrial e de serviços, mas logo passou a ofertar cursos de natureza supletiva, preparando alunos jovens e adultos para prestar os exames nos níveis Ginasial e Colegial.

No período de fundação do IUB, mais precisamente a década de 40, caracterizava-se pelo cenário da Segunda Guerra Mundial, com sérias consequências para todo o mundo. O IUB, então, foi criado num momento em que o país vivenciava um período turbulento, a Ditadura Vargas. Tentando se ajustar às transformações ocorridas em todos os setores da sociedade, o Brasil passava pela denominada Revolução Industrial Brasileira.

O IUB surgia, então, com uma tarefa de extrema importância para a recomposição do país, o de formar profissionais capacitados para atuar na prestação de serviços e indústria brasileira (FARIA e VÊCHIA, 2011).

O perfil do aluno do IUB é, e continua sendo, uma maioria oriunda das regiões Norte e Nordeste com renda mensal entre 02 e 06 salários mínimos, desempregado, de mão-de-obra não qualificada e sem profissão específica. Em geral, procuram o curso para garantir o emprego ou para ascender na empresa e tem urgência na obtenção, tanto do conhecimento quanto do certificado. Ou então são desempregados que procuram o curso porque necessitam de escolaridade para candidatar-se a uma função e tem urgência na obtenção do conhecimento e do certificado porque acredita que com isso melhoram suas chances de conseguir uma boa colocação. Por fim, outros procuram cursos a distância para formação pessoal, por ser mais cômodo estudar sem obrigatoriedade de presença, horários e provas ou porque não tem acesso a um ensino presencial.

No início de suas atividades, o IUB utilizava a correspondência como forma de comunicação com seus alunos. Cartilhas e manuais eram enviados, posteriormente os alunos os devolviam com as atividades propostas realizadas.

Os cursos oferecidos eram divididos em dois tipos: os cursos livres ou informais e os cursos formativos educacionais ou regulamentados por lei. Como exemplo de cursos informais, ofereciam: datilografia, taquigrafia, estenografia e eletrônica em rádio. Sobre os cursos regulamentados por lei, oferecia o ensino ginasial, uma espécie de supletivo.

Um dos primeiros cursos profissionalizantes oferecido pelo IUB foi o de Eletrônica em Rádio, o mesmo que continua sendo oferecido até hoje. O objetivo era, e é, o de preparar profissionais para instalação, reparo e montagem de receptores de rádio.

O sucesso foi imenso, tanto que em pouco tempo, o IUB, criado em São Paulo, ampliou sua estrutura, com filiais na cidade do Rio de Janeiro e posteriormente em Brasília, ganhando grande destaque entre as outras instituições como uma das maiores entidades de ensino livre, por correspondência (FARIA e VÊCHIA, 2011).

Atualmente, o IUB oferece cursos técnicos com direito ao Registro Profissional Técnico em Transações Imobiliárias, Secretariado, Secretaria Escolar e Gestão Comercial. Cursos profissionalizantes também são oferecidos, compreendendo mais de 60 modalidades, desde pintura, corte e costura, banho e tosa, eletrônica, mecânica de automóveis, aprendizagem de idiomas, programas de computador, entre muitos outros.

O IUB continua oferecendo cursos supletivos, de níveis fundamental e médio, além do curso de Rádio e Televisão, que foi tido como um dos primeiros cursos de sucesso na década de 40.

A correspondência continua sendo o canal mais utilizado para a comunicação com os alunos, por conta do precário acesso à Internet em muitas regiões e pela abrangência eficiente dos Correios. Porém nos dias atuais também fazem parte dos canais de comunicação: telefone, internet, redes sociais e blog, que contém matérias e dicas sobre o conteúdo dos cursos (IUB, 2012).

3.1.2 Telecurso 2000

Outra referência de qualidade em educação a distância no Brasil é o Telecurso 2000 criado pela Fundação Roberto Marinho, iniciado nos anos 70 e que está em atividade até os dias atuais.

É inegável a importância do Telecurso 2000 na história brasileira do ensino a distância. Segundo Castro (2007) a ideia de EaD de primeira geração, no Brasil, era feita por meio de materiais impressos e tinha como meio de comunicação o correio. Posteriormente iniciou-se a aplicação de recursos audiovisuais como rádio e TV, caracterizando a segunda geração, a qual obteve melhores resultados.

Entre estas duas gerações, o empresário Roberto Marinho – por meio de sua fundação, em 1977 – recebeu financiamento público para realizar projetos de tele- educação. Dentre outras iniciativas, assumiu a responsabilidade por implantar o Telecurso 1° e 2º Grau. Em 1994, começaram os estudos e as implantações de um novo formato para o telecurso: um formato que prezasse pela metodologia e teledramaturgia direcionadas à educação, esse novo formato foi chamado de Telecurso 2000 e atualmente recebe o nome de Novo Telecurso.

O Telecurso é uma tecnologia educacional, reconhecida pelo MEC, utilizado para a diminuição da defasagem idade-ano, Educação de Jovens e Adultos (EJA) e como alternativa ao ensino regular em municípios e comunidades de difícil acesso.

Desde 1995, a Fundação Roberto Marinho, por meio de parcerias com prefeituras, governos e instituições públicas e particulares, já implementou, em todo Brasil, 32 mil salas de aula com a Metodologia Telessala. Com essa metodologia, o professor atua como mediador de aprendizagem, utilizando, em suas aulas, os livros do Telecurso, as teleaulas e material didático complementar – cadernos de cultura,

livros de literatura, dicionários, mapas. A metodologia prevê o ensino das disciplinas por módulos, e não séries, como o ensino regular no país (TELECURSO, 2012).

Neste curso são oferecidas aulas do ensino fundamental, médio e profissionalizante através das emissoras como a TV Globo, o Canal Futura, a TV Cultura, a TV Brasil, a Rede Vida, a TV Aparecida, a Rede Minas, a Rede Genesis e a Globo Internacional, em parceria com a Fundação Roberto Marinho e o SENAI (TELECURSO, 2012).

Com o Telecurso 2000, a televisão começou a ter participação importante no âmbito educacional, contribuindo para o aumento do oferecimento de cursos na modalidade a distância. A possibilidade da transmissão de imagem e som por meio da tecnologia da TV foi, sem dúvida, uma inovação na área educacional.