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T-Learning: limites e possibilidades em televisão digital interativa

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Academic year: 2017

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FACULDADE DE ARQUITETURA, ARTES E COMUNICAÇÃO

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM TELEVISÃO DIGITAL

Nirave Reigota Caram

T-LEARNING: LIMITES E POSSIBILIDADES EM TELEVISÃO DIGITAL INTERATIVA

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Nirave Reigota Caram

T-LEARNING: LIMITES E POSSIBILIDADES EM TELEVISÃO DIGITAL INTERATIVA

Trabalho de Conclusão de Mestrado apresentado ao Programa de Pós-Graduação em Televisão Digital: Informação e Conhecimento da Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação, Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, para obtenção do título de Mestre em Televisão Digital sob a orientação do Prof. Dr. José Luis Bizelli.

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Caram, Nirave Reigota.

T-Learning: Limites e possibilidades em televisão digital interativa / Nirave Reigota Caram, 2012.

101 f.

Orientador: José Luís Bizelli

Dissertação (Mestrado) – Universidade Estadual

Paulista. Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação, Bauru, 2012 1. Televisão Digital. 2. Ensino a Distância. 3. Tecnologias de Informação e Comunicação. 4. T-Learning. I. Universidade Estadual Paulista. Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação. II. Título.

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Nirave Reigota Caram

T-LEARNING: LIMITES E POSSIBILIDADES EM TELEVISÃO DIGITAL INTERATIVA

Área de Concentração: Comunicação, Informação e Educação em Televisão Digital

Linha de Pesquisa: Educação Assistida por Televisão Digital

Banca Examinadora:

Presidente/Orientador: Prof. Dr. José Luis Bizelli

Instituição: Faculdade de Ciências e Letras, Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, Araraquara.

Prof.1: Dr. Marcos Américo

Instituição: Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação, Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, Bauru.

Prof. 2: Dr. Sebastião de Souza Lemes

Instituição: Faculdade de Ciências e Letras, Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, Araraquara.

Resultado: Aprovada

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A Leninha, minha mãe, por ser meu espelho e sempre estar ao meu lado.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço ao meu orientador prof. Dr. José Luis Bizelli pela confiança, incentivo e amizade, que com o bom humor de sempre, me acompanhou nestes quase dois anos de estudos.

Agradeço especialmente aos meus pais, que me inspiraram e incentivaram para o ingresso na vida acadêmica.

Meu agradecimento especial a Lucas Azevedo pela dedicação na elaboração do vídeo do aplicativo, pela parceria de estudos, de trabalho e de vida, por todo o carinho, por todo o cuidado e por todas as risadas. Com certeza, o nosso encontro não aconteceu por acaso.

Aos meus amigos de toda a vida que sempre ouvem as minhas lamentações e comemoram as minhas vitórias.

Ao meu amigo Fred que me fez companhia em cada linha digitada. Aos meus tios Rose e Marcos pelo incentivo aos estudos.

Aos meus avós por olharem por mim.

Aos meus colegas de trabalho por dividirem a mesma alegria de lecionar. Aos meus alunos que torceram por mim.

Ao prof. Dr. Marcos Américo por acreditar neste trabalho e contribuir para sua finalização.

Ao prof. Dr. Sebastião de Souza Lemes por aceitar compor a banca de qualificação e defesa deste trabalho.

A todos os docentes do programa de pós-graduação em Televisão Digital que, de forma direta ou indireta, contribuíram para o meu crescimento.

Aos meus colegas discentes do programa de pós-graduação em Televisão Digital pela troca de experiências.

Aos funcionários do departamento de pós-graduação pela simpatia, atenção e muitos atendimentos prestados.

Ao Centro Paula Souza por me permitir realizar esta pesquisa em uma das suas Unidades de Ensino.

Aos alunos e professores da Escola Técnica Estadual de Ibitinga, cenário do estudo de caso. Agradecimento especial à diretora Marinete Aparecida Assencio da Silva e à professora Roberta Ducci Popi pela prestatividade e acolhimento.

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RESUMO

CARAM, Nirave Reigota. T-Learning: Limites e Possibilidades em Televisão Digital Interativa. Trabalho de Conclusão (Mestrado em Televisão Digital: Informação e Conhecimento) – FAAC – UNESP, sob orientação do professor Dr. José Luis Bizelli, 2012.

A presente dissertação tem como objetivo investigar os limites e possibilidades do T-learning em Televisão Digital Interativa. O foco é o ensino a distância (EaD) para obtenção de educação formal, ou seja, cursos EaD que resultem em certificação reconhecida. O trabalho recupera algumas iniciativas que enfrentaram esse desafio e discute as novas possibilidades que se abrem com a Televisão Digital, a partir da interatividade. Neste cenário, é necessário pensar como os cursos já existentes podem migrar para essa nova plataforma e como novos cursos podem ser formulados. Para o campo, foi definido como centro da atenção os cursos de uma instituição que trabalha com educação formal EaD: o Telecurso Tec, do Centro Paula Souza que funciona através de parceria com o Governo do Estado de São Paulo e a Fundação Roberto Marinho. Os atores investigados em coleta de dados qualitativa são os alunos da modalidade semipresencial de uma Unidade de Ensino desta instituição. O objetivo é entender as dificuldades em cursos desse formato, compreendendo o que um aluno de curso EaD necessita.Desta forma, será possível pontuar como a Televisão Digital poderá atender tais necessidades. Esta dissertação, portanto, busca, em um primeiro momento, analisar o uso das TICs em cursos EaD já existentes e, em um segundo momento, realizar um estudo de caso mais aprofundado, com os alunos do Telecurso Tec para pontuar questões relevantes para a migração do curso para a TV Digital. E por fim, propor uma aplicação interativa para o Telecurso Tec.

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ABSTRACT

CARAM, Nirave Reigota. T-Learning: Limits and Possibilities in Interactive Digital Television. Dissertation (Master em Digital Television: Information and Knowledge) - FAAC - UNESP, guidance of professor Dr. José Luis Bizelli, 2012.

This dissertation aims to investigate the limits and possibilities of the T-learning in Interactive Digital Television. The focus is distance education (DE) to obtain formal education, in other words, distance education courses that lead to recognized certification. The work recovers some initiatives that have faced this challenge and discusses the new possibilities that open up with the Digital Television from de interactivity. In this scenario, it is necessary to think like the existing courses can migrate to this new platform and as new courses can be formulated. For the field research, was defined the center of attention courses of an institution that works with formal education distance learning: the Telecourse Tec, from Centro Paula Souza that works through partnership with the Government of the State of São Paulo and the Roberto Marinho Foundation. Actors investigated in qualitative data collection are students of a semipresential modality Education Unit of this institution. The goal is to understand the difficulties in this format courses, understanding what a student needs a DL course. This way, it will be possible punctuate as Digital Television can meet those needs. This dissertation therefore seeks, at first, to analyze the use of ICTs in distance education courses already exist and, in a second time, make a more detailed case study with students of Telecourse Tec to punctuate relevant issues to migration of the course for Digital TV. And finally, propose an interactive application for the Telecourse Tec.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 01 - Ícone de alerta sobre interatividade --- 64

Figura 02 - Opção de login --- 65

Figura 03 - Login e senha --- 66

Figura 04 - Menu do aplicativo Telecurso Tec --- 66

Figura 05 - Menu “Aula” --- 67

Figura 06 - Submenu “Competência” - Página 1 --- 67

Figura 07 - Submenu “Competência” - Página 2 --- 68

Figura 08 - Submenu “Recrutamento” --- 68

Figura 09 - Submenu “Recrutamento” e Wiki --- 69

Figura 10 - Menu “Atividades” --- 69

Figura 11 - Menu “Atividades”e Exercício 01 --- 70

Figura 12 - Resposta do Exercício 01 --- 70

Figura 13 - Menu “Fórum” --- 71

Figura 14 - Menu “Fórum” e Tópico 03 --- 71

Figura 15 - Comentários Tópico 03 --- 72

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO --- 11

1. EAD E AS NOVAS TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO --- 13

1.1 A Educação na Sociedade da Informação --- 13

1.2 O Ensino a Distância --- 15

1.3 Contribuição das TICs no Ensino a Distância --- 21

1.3.1. As Tecnologias de Informação e Comunicação --- 23

1.3.2. Sistemas de Gestão de Aprendizagem --- 25

2. TELEVISÃO DIGITAL INTERATIVA --- 28

2.1 Televisão Digital --- 28

2.2 Televisão Digital no Brasil: SBTVD e Ginga --- 31

2.3 Interatividade --- 34

2.4 T-Learning: EaD e Televisão Digital --- 38

2.4.1 T-Learning --- 39

2.4.2 Casos de Uso do T-Learning --- 42

3. ANÁLISE DE CURSOS EAD E ESTUDO DE CASO: TELECURSO TEC --- 44

3.1 Cursos em Modalidade EaD --- 44

3.1.1 Instituto Universal Brasileiro --- 44

3.1.2 Telecurso 2000 --- 46

3.2 Cenário do Estudo de Caso: Telecurso Tec --- 47

3.2.1 Etec Ibitinga --- 50

4. PESQUISA DE CAMPO: TELECURSO TEC--- 52

4.1 Análise de Relatório de Pesquisa Quantitativa: Satisfação Alunos Telecurso Tec --- 52

4.1.1 Perfil dos Alunos --- 53

4.1.2 Avaliação dos Materiais Didáticos --- 54

4.1.3 Avaliação do Conteúdo e Organização do Curso --- 54

4.1.4 Avaliação Geral --- 55

4.2 Caracterização e Metodologia da Pesquisa de Campo – Fase 1 --- 55

4.3 Relatos de Pesquisa – Fase 1 --- 55

4.4 Análise dos Resultados de Pesquisa – Fase 1 --- 60

5. PROPOSTA DE APLICAÇÃO INTERATIVA PARA O TELECURSO TEC --- 63

6. VALIDAÇÃO DOS RESULTADOS --- 74

6.1 Caracterização e Metodologia da Pesquisa de Campo – Fase 2 --- 74

6.2 Relatos de Pesquisa – Fase 2 --- 75

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CONSIDERAÇÕES FINAIS --- 81

REFERÊNCIAS --- 86

APÊNDICES --- 91

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INTRODUÇÃO

Por muito tempo o ensino a distância foi visto como um “estepe”, utilizado somente quando as modalidades presenciais de educação falhavam. Com isso, as pessoas criaram uma visão negativa sobre sua metodologia, considerando-o como um sistema educacional dirigido somente para uma parcela desfavorecida (financeiramente ou intelectualmente) da população. Os primeiros cursos a distância eram oferecidos por correspondência, posteriormente o rádio passou a ser utilizado, então veio a televisão analógica e a internet.

Como mais de 90% dos lares brasileiros possuem uma televisão, cria-se maior identificação com o aparelho quando comparado ao computador ligado à internet. Desta forma, utilizar o t-learning (ensino através da televisão) parece mais viável quando o objetivo é expandir o acesso da população à educação.

A TV Digital já foi criada com esse propósito, utilizá-la para melhorar a educação do país seria somente colocar em prática uma de suas premissas. De acordo com o Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão a TV digital nasceu com os seguintes objetivos:

Art. 1º Fica instituído o Sistema Brasileiro de Televisão Digital SBTVD, que tem por finalidade alcançar, entre outros, os seguintes objetivos: I - promover a inclusão social, a diversidade cultural do País e a língua pátria por meio do acesso à tecnologia digital, visando à democratização da informação; II - propiciar a criação de rede universal de educação à distância; III- estimular a pesquisa e o desenvolvimento e propiciar a expansão de tecnologias brasileiras e da indústria nacional relacionadas à tecnologia de informação e comunicação (BRASIL, 2003).

Tendo como objetivo propiciar a educação para a sociedade brasileira, os educadores devem utilizar-se da plataforma TV digital para desenvolver cursos formais em diferentes níveis – fundamental, médio, técnico e superior – com novos formatos a fim de contribuir com a democratização da educação. Visto que o Brasil é um país com uma área territorial extensa e em vários estados o acesso à educação é limitado, a TV digital pode ser utilizada para possibilitar a formação de pessoas que até o momento encontram-se marginalizadas dos processos de educação formal.

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planejarem como o conhecimento pode ser transmitido nesta nova televisão, para levar ao maior número possível de pessoas, este direito fundamental.

Sendo assim, esta dissertação tem como principal objetivo: compreender as necessidades e dificuldades dos alunos para pontuar melhorias e adaptações para propor a migração de cursos a distância baseados em outras tecnologias de informação e comunicação para a Televisão Digital. Já a questão problemática que embasa esta pesquisa é: Como oferecer cursos a distância já existentes por meio da televisão digital interativa?

Como objetivos específicos temos: definir e analisar Ensino a Distância e Tecnologias de Informação e Comunicação; definir e analisar Televisão Digital Interativa e sua relação com o Ensino a Distância e o T-learning; pontuar cursos na modalidade EaD e suas TICs; analisar o Telecurso Tec através de pesquisa de campo qualitativa; pontuar melhorias e adaptações para a migração do Telecurso Tec para a Televisão Digital Interativa e propor uma aplicação interativa para TV digital do Telecurso Tec.

Para tanto, a metodologia empregada foi a Pesquisa Exploratória Bibliográfica e Documental e Pesquisa Qualitativa: Estudo de Caso. A coleta de informações teve início com a pesquisa bibliográfica, onde foram levantadas referências dos temas educação, ensino a distância, T-learning e TV digital. Posteriormente, a pesquisa documental foi realizada com uma investigação sobre os cursos a distância escolhidos.

Como segunda etapa, foi realizada a pesquisa qualitativa em instituição de ensino a distância selecionada: Centro Paula Souza com o Telecurso Tec, oferecido pela Etec de Ibitinga. Esta coleta de dados foi realizada através de entrevistas individuais em profundidade com alunos, para colher percepções sobre os métodos e tecnologias utilizados atualmente para propor um aplicativo para o Telecurso Tec.

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1. EAD E AS NOVAS TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO

1.1 A Educação na Sociedade da Informação

A sociedade a qual vivemos é caracterizada por uma diversidade social, econômica e cultural, onde a informação passou a ser o produto mais valioso. O cenário social na atualidade é mediado pelas novas tecnologias de informação e comunicação, as chamadas TICs, que interferem nas estruturas sociais, exigindo adaptações nos campos comercial, político, social, cultural e educacional.

Este cenário é configurado por Castells (1999) como Sociedade da Informação ou Sociedade em Rede. Sendo suas características mais marcantes a mobilidade, o acesso à informação e a velocidade em que opera, criando oportunidades de colaboração e de construção coletiva do conhecimento através de mídias convergentes.

Castells (1999) caracteriza a atual sociedade como movida pelo Capitalismo Informacional, conceito que descreve a tecnologia de informação como o paradigma das mudanças sociais provenientes da virada do século XX para o século XXI. Assim, a revolução tecnológica ocorrida nesta virada, tornou-se ferramenta básica do capitalismo informacional.

A diversidade cultural trazida por esta sociedade foi denominada por Jenkins (2008) de Cultura da Convergência, que provoca uma mudança de comportamentos na busca de informações e na construção de conteúdos coletivos, que se realizam no ambiente virtual.

[...] é conveniente lembrar que a sociedade contemporânea está passando por uma série de modificações estruturais que nos obrigam a reavaliar aquilo que estamos fazendo em Educação, e tentar alinhar este esforço à realidade que existe fora da instituição acadêmica (LITTO, 1998).

Essa mudança de comportamento da sociedade acontece devido às novas formas de relacionamento com as mídias. A essência da convergência encontra-se na maneira como o conteúdo é veiculado, através de uma inteligência coletiva que provoca comportamentos migratórios de diversos públicos que habitam o ciberespaço na busca de experiências (JENKINS, 2008).

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modelo pedagógico, agora mediado pela tecnologia. O uso das novas tecnologias de informação e comunicação para transformar o processo de ensijno-aprendizagem, objetiva torná-lo mais atrativo para uma geração que nasceu e cresceu na era da informação. A forma de adquirir o conhecimento desta geração se contrapõe completamente às formas tradicionais de ensino, onde o conhecimento é apenas ‘transmitido’, tendo a figura do professor como o detentor supremo de todo o conhecimento. Como afirma Lemes (2007) “A mera transmissão de conhecimentos, ou mesmo o estímulo à utilização funcional desses conhecimentos, tendem a não apresentar resultados satisfatórios em uma sociedade marcada pela tecnologia.”

Como a nova geração é dotada de capacidade de aprendizado diferenciada, Tapscott (1999) defende que o aprendizado deve ser alterado de ‘transmitido’ para ‘interativo’, onde o professor passa de transmissor para facilitador do conhecimento. O que demandaria uma profunda reciclagem dos professores, ideia essa repudiada pelas figuras mais conservadoras da educação.

O consumo das novas tecnologias de comunicação, em especial da internet e da televisão são uma realidade inquietante, não só pela quantidade de tempo que diariamente são dedicados a estes meios, mas também, pelos valores das mensagens transmitidas. Hoje em dia, praticamente tudo é visto pela tela da televisão ou pela tela do computador. Assim, é necessário que a instituição escolar esteja preparada para educar com estes meios. A educação terá de formar pessoas que irão enfrentar um mundo diferente do nosso, o digital. Consequentemente, terá que fazer com que estas pessoas sejam competentes na utilização dessas novas tecnologias (AMARAL, et al,

2004, p.54).

Segundo Andrade, et al (2011) a adesão das novas tecnologias à educação é extremamente importante, uma vez que facilita o acesso ao conhecimento e permite que o aprendiz tenha autonomia para escolher entre as diversas fontes de pesquisas.

Um computador ligado à internet é hoje ferramenta diária de trabalho e não um requinte. Esse meio permite não só a difusão como também a otimização do saber científico. Basta um exemplo: bibliotecas antes inacessíveis a pesquisadores distantes são disponibilizadas por tais recursos (LEMES, 2007).

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Quando se fala de usar novas tecnologias em favor da educação para uma geração que se formou na escola tradicional, o desafio é enorme. Por isso, pode-se dizer então, que é urgente a integração das TICs nos processos educacionais, isso porque elas já estão presentes em todas as esferas da vida social na atualidade. Quanto à educação a distância, o conceito tende a se transformar, pois uma tendência futura é a união do ensino presencial e a distância, em formas novas e diversificadas que incluirão um uso muito maior das TICs (BELLONI, 2003).

1.2 O Ensino a Distância

O ensino a distância acontece quando aluno e professor não estão presencialmente em uma instituição de ensino, participando de atividades e interagindo com uma classe. Castro (2007) afirma que a educação a distância absorve um processo de ensino-aprendizagem que não implica na presença física do professor indicado para ministrá-lo no lugar onde é recebido, ou um processo ensino-aprendizagem no qual o professor está presente apenas em certas ocasiões ou para determinadas tarefas.

Moore e Kearley (2008) concordam com essa ideia e definem os processos de EaD como situações onde alunos e professores, em locais diferentes, durante todo ou grande parte do tempo, estabelecem uma relação de ensino-aprendizagem. Porém acrescentam que como as figuras de professor e aluno estão em locais distintos, torna-se necessário o uso de algum tipo de tecnologia para transmitir informações e lhes proporcionar um meio para interagir:

Educação a distância é o aprendizado planejado que ocorre normalmente em um lugar diferente do local de ensino, exigindo técnicas especiais de criação do curso de instrução, comunicação por meio de várias tecnologias e disposições organizacionais e administrativas especiais (MOORE e KEARLEY, 2008, p.2).

Somente com o uso das tecnologias de informação e comunicação, é possível realizar o que se prescreve nos documentos oficiais:

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Para estabelecer o ensino a distância, as instituições se organizam de acordo com o público-alvo em questão e suas características de infraestrutura. Assim, existem três tipos de regime de aprendizado a distância, são eles:

- EaD puro: realizado pelo aluno com características de autodidata, em que tem condições de escolher o melhor horário e local para seu estudo, não sendo necessária nenhuma atividade presencial, exceto os exames finais.

- EaD: é caracterizado pela exigência de algumas atividades presenciais pelo aluno, como por exemplo a frequência esporádica em sala de aula para determinadas atividades como seminários e oficinas.

- Mistos de EaD e educação convencional: caracterizado quando a instituição de ensino presencial oferece atividades complementares em EaD. O MEC autoriza por meio da Portaria 4.059, de 10-12-04 que até 20% da carga total do curso siga o modelo semipresencial e seja ministrada via web (COELHO, 2007 apud SIMÃO, 2011, p.11).

Para entender o ensino a distância hoje, é necessário analisar o seu contexto histórico, pois ao contrário do que muitos pensam, esta modalidade de ensino surgiu muito antes da popularização da Internet. Desta forma, Moore e Kearley (2008) dividiram a evolução da EaD em cinco gerações, que ilustram a sua evolução ao longo dos anos.

Primeira Geração: Geração Textual

A primeira geração do EaD, que teve início da década de 1880, foi chamada de geração textual por utilizar as correspondências para a transmissão do conhecimento. Esta modalidade de ensino foi criada pelas primeiras escolas com fins lucrativos e era conhecida também como estudo em casa ou estudo independente, pelas universidades.

O objetivo dos primeiros educadores por correspondência era usar a tecnologia, da época, para chegar até aqueles que, de outro modo, não poderiam se beneficiar dela.

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Segunda Geração: Geração Analógica

A segunda geração do ensino a distância, que teve início na década de 30, foi chamada de geração analógica por realizar sua transmissão por meio de rádio e televisão. Quando o rádio surgiu no início do século XX, educadores o viram como grande possibilidade de difusão do conhecimento. No entanto, o rádio não atendeu às expectativas devido aos diferentes interesses entre emissoras e instituições de ensino.

Já a televisão, com as TVs educativas, obteve mais sucesso que o rádio por conta de contribuições empresariais. Nesta geração foram oferecidos tanto cursos de curta-duração, como cursos de nível superior e surgiu a transmissão de cursos pela TV a cabo e os chamados Telecursos, que integravam programas de televisão com livros didáticos.

No Brasil, temos o exemplo do Telecurso 2000, que oferece, até hoje, ensino supletivo, técnico e profissionalizante utilizando televisão e material impresso.

Terceira Geração: Geração das Tecnologias de Comunicação

A terceira geração, que se iniciou no final da década de 60, foi caracterizada por mudanças significativas no contexto no EaD. Surgiu o Projeto de Mídia de Instrução Articulada (AIM – Articulated Instructional Media Project), que tinha como principal objetivo agrupar várias tecnologias de comunicação para propagar o ensino com custo reduzido.

As tecnologias utilizadas eram materiais impressos, correspondência para orientações, transmissão por rádio e televisão, conferências por telefone, kits para experiências em casa e recursos de bibliotecas locais.

Ainda nesta geração, em 1967, foram criadas as Universidades Abertas (UAs) que usavam o rádio e a televisão para transmitir seus conteúdos. As UAs foram criadas pelo governo britânico e não eram vinculadas a outra instituição presencial, como às AIMs. As UAs eram instituições totalmente voltadas à finalidade de ensino a distância a qualquer pessoa que se interessasse.

Quarta Geração: Geração da Teleconferência

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Entretanto, era necessário o uso de equipamentos específicos para a transmissão e recebimento de áudio e imagens.

No início a tecnologia utilizada era a audioconferência, realizada através de telefones comuns, em que era possível estabelecer a bidirecionalidade. Posteriormente foi possível realizar a teleconferência por conta das transmissões via satélite, porém esta era uma comunicação de mão única. Assim, na década de 90, a videoconferência se tornou realidade através das linhas telefônicas de fibra óptica que permitiam uma transmissão maior de dados, possibilitando a comunicação nos dois sentidos.

Quinta Geração: Geração Digital

Esta geração, em que estamos inseridos até os dias de hoje, se utiliza do suporte de recursos tecnológicos modernos, as TIC, baseadas no computador e na internet.

Estas novas tecnologias possibilitaram uma nova fase no ensino a distância. Com a Internet, os cursos poderiam ser acessados de qualquer localidade e horário do computador pessoal dos alunos. Sendo possível o acesso a textos, vídeos, áudio e outras ferramentas importantes de comunicação, como os chats e fóruns de debate.

A quinta geração, a que estamos inseridos desde o ano 2000, está apoiada nas novas tecnologias de informação e comunicação e sua principal característica, a possibilidade de estabelecer maior interatividade entre aluno e professor. Como maior exemplo das novas TICs, temos a internet e a televisão digital que será foco neste trabalho.

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Quadro 1 - As Cinco Gerações do EaD

Fonte: Gomes (2008), adaptado de Moore e Kearsley (1996).

Como foi possível observar através da sua passagem histórica, o ensino a distância, ao longo dos anos, traçou uma história de avanços e retrocessos. No início do século XX, tornou-se uma modalidade de ensino capaz de atender a todos os níveis, em programas formais, aqueles que resultam em certificação, e em programas informais, cujo objetivo é oferecer a capacitação para a melhoria no desenvolvimento das atividades profissionais.

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passando de 166 para 225. O número de alunos cresceu 150%, passando de 309.957 para 778.458 no mesmo período (MUGNOL, 2009).

Apesar do progresso recente da educação a distância, muitos dos seus principais pontos estratégicos ainda não foram discutidos com a profundidade necessária. Pode-se destacar como pontos ainda controversos na EaD, os seus objetivos, a forma de transmissão, os provedores da tecnologia, a população-alvo dos cursos ofertados, a formação e organização dos projetos pedagógicos, os métodos de avaliação de aprendizagem, entre tantos outros. São também carentes de regulamentação o sistema de acompanhamento do aprendizado dos alunos, a formação dos professores, as diferentes metodologias utilizadas, a avaliação do resultado do processo de ensino aprendizagem, os critérios de credenciamento de novas instituições e autorização de novos cursos, entre outros (MUGNOL, 2009, p.337).

Algo muito questionado em relação ao EaD é o fato de não possuir, necessariamente, a presença física do professor em sala de aula. Porém, isso não diminui em nada a eficácia do EaD no que diz respeito ao processo de ensino-aprendizagem. Pelo contrário, a capacidade do professor de entender, mediar e estimular os alunos através das novas tecnologias disponíveis deve ser ainda maior. O esforço de ambas as partes torna-se essencial para que a transmissão do conhecimento aconteça de forma eficaz.

No modelo de educação a distância, o aluno deve ser a figura central de todo o processo de construção e de reconstrução do conhecimento, em um ambiente colaborativo de aprendizagem sob orientação do professor. Também deve ser o ponto de partida de todo o planejamento e, consequentemente, da avaliação. A intenção desse processo avaliativo deve propiciar comunicação e informação, de modo que seja possível monitorar, apoiar e aperfeiçoar a aprendizagem do discente. E isso exige muito mais um acompanhamento formativo do que o controle ou a classificação de resultados (SILVA, 2009, p.32).

Com a inserção das TICs, o EaD passa a permitir uma modificação nas noções de tempo e de espaço, tornando-os relativos. Isto porque, não possuindo local e horários previamente definidos como o ensino presencial, o processo de ensino-aprendizagem vai acontecendo conforme os interesses e necessidades de professores e seus alunos (CASTRO, 2007).

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valores ao aprendizado, tornando os alunos co-participantes da construção do conhecimento.

1.3 Contribuição das TICs no Ensino a Distância

A introdução das TICs no meio educacional vai de encontro com um debate constante na busca por alternativas para atender a necessidade de tornar o processo de ensino-aprendizagem diferente. A geração, inserida na sociedade da informação, lida de forma natural com as tecnologias e com a construção colaborativa de conteúdos, incorporando assim, o que Pierre Lévy (1999) denominou Inteligência Coletiva, um dos pilares da Cultura da Convergência, também descrita por ele.

Neste contexto, o aparecimento das novas Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs) na presente sociedade da informação, reconfigurou o cenário comunicacional e, consequentemente, o educacional, na medida em que o modelo linear de transmissão de informação, passou a ter outras configurações e a interação entre os agentes (emissor e receptor) passou a ser o ponto-chave. Sendo assim, a comunicação passou a ser uma atividade recíproca, com bidirecionalidade.

Em um mundo globalizado, no qual as relações sociais são pautadas pela intensidade e velocidade das informações, não tem como não discutir como a educação fica neste contexto, em que se demandam novas formas de ensinar.

A demanda social e política pela introdução das TICs em todos os ambientes sociais, principalmente educacionais, se tornam uma realidade, devido às novas características da sociedade contemporânea. Desta forma, alguns pesquisadores têm defendido que na presente sociedade da informação e do conhecimento torna-se necessário um novo modelo pedagógico mediado pela tecnologia.

O uso de tais tecnologias tem como objetivo transformar o processo de ensino-aprendizagem, tornando-o mais atrativo para uma geração que nasceu e cresceu na era da informação e que, devido a isso, está cada vez mais imersa no mundo virtual, distanciando-se da realidade objetiva que a cerca (WEILER, 2006).

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É fundamental compreender, porém, que somente a adoção de recursos tecnológicos não torna o processo educacional diferente é preciso que esses recursos sejam utilizados como uma nova linguagem para novos conteúdos. Se assim não acontecer, o resultado será apenas uma mudança para permanecer o mesmo, ou seja, a reprodução do velho modelo, antes transmitido segundo uma lógica analógica e agora transmitido de forma digital (BIZELLI, CARAM, 2011).

O pensar digital rompe com as formas antigas de intelecção, introduzindo a interatividade que destrói com a imagem de um receptor passivo - o telespectador das redes de televisão - e cria as premissas básicas do novo modelo de educação para a sociedade da informação.

As mídias devem ser utilizadas não como meros instrumentos tecnológicos. Elas podem servir como meio de incentivar e despertar o desejo pela pesquisa e participação, tornando o ambiente de aprendizagem colaborativo (MUNHOZ, 2002, p.49).

A educação voltada aos meios tecnológicos visa à apropriação coletiva do conhecimento, proporcionando um saber interativo (WEILER, 2006). O uso das novas TICs na educação traz consigo uma matriz que transforma o aprendizado via conteúdos transmitidos para conteúdos interativos (TAPSCOTT, 1999).

Apesar de não fazer parte do presente estudo, é importante citar que a educação não se restringe apenas aos ambientes formais de ensino, nos quais o aluno recebe um certificado ou diploma. A educação também acontece em meios informais, onde conteúdos diversos são absorvidos.

As TVs educativas foram criadas inicialmente com esta finalidade, como exemplo pode ser citada a TV Cultura que sempre dispôs em sua grade programas de conteúdo educativo, principalmente para o público infantil. Se por um lado, os educadores precisam absorver as TICs no seu ‘fazer’ dentro das salas de aula, por outro lado, é preciso que eles tenham ciência de que conteúdos educativos já estão presentes na TV e internet.

Mesmo os conteúdos informais tendem a ser utilizados em ambientes formais, como quando um professor leva um vídeo de uma matéria de telejornal para ser discutido em sala de aula.

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espaço retangular provido de carteiras e da mesa do professor e com a lousa e o giz, o desafio é enorme.

Só através do olhar de alunos interagentes do mundo virtual, capazes de perceber e entender as possibilidades advindas do uso das novas tecnologias, é que a escola pode mudar. Os docentes têm que reconhecer o potencial das novas tecnologias como aliado de seu trabalho e não como substituto da figura do professor. É necessário, então, pontuar, de forma inequívoca, todo o potencial do uso novas tecnologias na educação (BIZELLI, CARAM; 2011).

1.3.1. As Tecnologias de Informação e Comunicação

Desta forma, podemos pontuar três importantes meios tomados como ferramentas educacionais que embasam o estudo de caso que será exposto posteriormente neste trabalho: a televisão analógica, a internet e a TV digital interativa.

Televisão analógica

Devido à popularização dos preços dos aparelhos, dos interesses da veiculação de produtos comerciais nas grandes emissoras, da linguagem atrativa e do fácil acesso, a televisão analógica rapidamente se tornou a principal – e muitas vezes a única – fonte de informação da população brasileira1.

A televisão surgiu com o intuito de fornecer à sociedade: entretenimento, informação e educação. O mercado televisivo atende as duas primeiras funções, já a terceira – a da educação – sempre ficou em plano secundário nas grades de programação de emissoras privadas, que se sustentam por meio da venda de espaço publicitário. Em mais de cinquenta anos de existência, a televisão brasileira nunca foi utilizada em todo seu potencial para a educação (SCHIAVONI, 2011).

Até as emissoras de TVs que surgiram com a finalidade de levar educação à população, as TVEs, não obtiveram sucesso em seus objetivos. Elas tiveram que enfrentar anos de história de desregulamentação, que as fez renderem-se às práticas de TVs comerciais, captando recursos necessários no mercado para manter a qualidade de suas programações, desviando-as, assim, de seu propósito inicial.

1 Segundo dados, 98% das residências possuem pelo menos um televisor (COMITÊ GESTOR DA

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Desta forma, é admirável que algumas experiências, como exceção, tenham obtido sucesso em seus objetivos educacionais, como o Telecurso 2000.

No uso da televisão na educação, o sujeito se constitui, à frente da tela, apenas como um espectador. Sendo impossível efetuar, de fato, a atividade de interação, ferramenta tão necessária para a educação. Com o surgimento da internet, a esperança era a de que o problema da falta de intervenção presente no meio televisivo fosse superado (SCHIAVONI, 2011).

Internet

Este meio tecnológico que teve sua difusão em 1999 foi, sem dúvida, o mais revolucionário inserido na Sociedade da Informação. Com a rede de computadores, a educação coloca à disposição dos estudantes diversos conteúdos de interesses específicos, introduzindo outros estímulos à aprendizagem além da figura do professor como total detentor do conhecimento. O aluno tem a possibilidade de ter acesso ao conteúdo, antes mesmo da aula acontecer.

A Internet é um gigante baú de informações, todas guardadas esperando para serem consumidas, com grandes potencialidades e variedades. Porém, muitas vezes, há uma falta de estrutura no montante de informações, diferentemente do que ocorre em uma biblioteca, por exemplo. O que deixa o usuário sem orientação e instrução para suas pesquisas.

Neste cenário cabe, então, ao professor promover o seu uso, esclarecendo dúvidas e direcionando o aluno a pensar e a aprender-a-aprender através deste meio. O professor deve ser um incentivador da aprendizagem, propiciando uma troca de saberes (WEILER, 2006).

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Por isso que utilizar a internet na educação formal requer um planejamento, para que os alunos sejam estimulados a utilizar este recurso da forma correta e em todo o seu potencial.

Nos dias de hoje a internet também é muito utilizada na educação formal. Cada vez mais são oferecidos cursos de capacitação, graduação e pós-graduação na modalidade EaD, os quais têm como plataforma principal a rede mundial de computadores. Os alunos baixam conteúdo dos sites, assistem vídeo-aulas, participam de chats com tutores e outros alunos, além de postar trabalhos utilizando a Internet.

Não podemos deixar de lado a educação informal neste processo. Pois é infinita a quantidade de informações encontradas na Internet que podem contribuir para a formação intelectual de uma pessoa. A Internet é uma fonte de cultura e conhecimento de extrema importância, que deve sempre ser considerada.

Televisão Digital

Enquanto a televisão corresponde ao meio mais eficaz de disseminação de informação no Brasil, a TV digital surge como um novo modelo de comunicação fundamentado em tecnologia digital de transmissão de informação.

O presente trabalho tem como temas centrais, o ensino a distância e a televisão digital, esta utilizada como tecnologia de informação e comunicação para a transmissão do conhecimento com o objetivo de viabilizar a educação formal dos indivíduos. Sendo assim, este trabalho apresenta um capítulo inteiro dedicado a esta nova TIC e o seu uso no ensino a distância.

1.3.2. Sistemas de Gestão de Aprendizagem

Para entender os Sistemas de Gestão de Aprendizagem, é necessário entender também o termo Ambiente Virtual (AV). Enquanto o ambiente virtual, mais nomeado de Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA) corresponde ao espaço propício para estabelecer o processo de ensino-aprendizagem, os Sistemas de Gestão de Aprendizagem (SGA) são softwares desenvolvidos com base em uma metodologia pedagógica para auxiliar a promoção do ensino presencial ou semipresencial (SIMÃO, 2011).

Os Sistemas de Gestão de Aprendizagem (SGA) ou Learning Management

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ensino-aprendizagem, pois permitem organizar as ofertas de situações didáticas e acompanhar a construção do conhecimento individual dos alunos por meio de registro de discussão, reflexão e colaboração.

Sendo assim, estes sistemas oferecem suporte ao ensino a distância via web através de funcionalidades de armazenamento, distribuição e gerenciamento de conteúdos, além de recursos de comunicação entre os participantes. Deste modo, é possível registrar e apresentar as atividades dos alunos, bem como seu desempenho, além da emissão de relatórios, propiciando o aperfeiçoamento do processo de ensino-aprendizagem (MONTEIRO, et al, 2010).

Desta forma, os SGA proporcionam e facilitam diversas formas de interação, as que ocorrem entre alunos e alunos, entre alunos e conteúdo e entre alunos e professor. São características importantes deste tipo de sistema:

Recursos interativos;

Controle das atividades e monitoramento das interações e acesso dos alunos;

Gestão do conteúdo por parte dos instrutores, possibilitando a criação de cursos e organização das informações de forma que os usuários encontrem facilmente o que precisam;

Sistema colaborativo de aprendizagem, que permite o trabalho em grupos de forma a promover a interação e compartilhamento de conteúdos;

Customização de recursos por parte do aluno.

Segundo Passos (2006 apud Monteiro, et al, 2010, p.3) os Sistemas de Gestão de Aprendizagem têm trazido vantagens às práticas educativas, tais como:

Redução de custos;

Rápida distribuição e alteração dos conteúdos; Permite ao aluno fazer seu próprio recurso;

Recursos interativos como e-mail, fórum, sala de discussão, videoconferências, entre outros, que sistematizam as intervenções;

Disponibilidade a qualquer hora e local.

Como maiores exemplos de Sistemas de Gestão de Aprendizagem temos o TelEduc e o Moodle. Estes SGAs estão entre os mais utilizados para compor Ambientes Virtuais de Aprendizagem para cursos presenciais e semi-presenciais.

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usuários, o que o torna de fácil uso para pessoas que não são da área da informática e não possuem grande habilidade em lidar com ferramentas computacionais. O TelEduc possui recursos agrupados em três grupos: coordenação, comunicação e administração. São eles: correio eletrônico, fórum de discussão, chat, videoconferência e editor de texto colaborativo.

Já o Moodle é um SGA que se tornou popular entre educadores de todo o mundo. Foi desenvolvido por Dougiamas e Taylor com o objetivo de apoiar e promover a integração entre pessoas interessadas em desenvolver ambientes de aprendizagem construtivista. Entre os recursos disponíveis estão: o chat, materiais, avaliação do curso, diário, fórum, glossário, lição, pesquisa de opinião, questionário, tarefa, trabalho com revisão e wiki. O Moodle foi homologado pelo MEC como plataforma oficial para educação a distância no Brasil (SIMÃO, 2011).

Para entender os recursos disponibilizados pelos SGA é preciso, primeiramente, analisar a divisão dos mesmos de acordo com a interatividade que proporcionam aos usuários em ensino a distância. A divisão ocorre da seguinte forma:

Sem interatividade: quando o usuário apenas recebe informações disponibilizadas, sendo uma comunicação unilateral.

Com Interatividade: quando o usuário pode interagir, retornando informações, sendo, então, uma comunicação bidirecional. Os recursos interativos podem ainda ser classificados de acordo com o tempo de resposta da interação:

a) Síncrono - quando a resposta é fornecida no mesmo momento em que a pergunta é enviada. Exemplos: chats e videoconferências,

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2. TELEVISÃO DIGITAL INTERATIVA

2.1 Televisão Digital

A televisão digital é uma nova mídia que estabelece uma nova relação de comunicação com o telespectador, podendo gerar mudanças significativas em seus hábitos. Neste novo modelo, o telespectador tem a possibilidade de deixar de somente assistir à TV e passar a, também, interagir com ela a partir de seus diferentes serviços e funcionalidades.

A interatividade, então, se apresenta como uma das principais características deste novo meio, possibilitando ao usuário uma posição mais ativa à frente do aparelho. Desta forma, a televisão digital não oferece mais apenas programas baseados em áudio e vídeo, introduzindo em sua prestação de serviços, jogos, textos e outros conteúdos adicionais que acompanham a programação ou aparecem como aplicativos independentes (WAISMAN, 2006).

Assim, a televisão digital interativa chega com uma proposta de oferecer a seus usuários, a transmissão de imagens e som de alta qualidade, multiprogramação e interatividade. Desta forma é visível que não se trata de um meio com as mesmas características do já amplamente conhecido: televisão analógica.

Apesar de a televisão digital já estar disponível em diversas partes do mundo, com maior penetração em países desenvolvidos, os aspectos da interatividade são diferentes entre eles. Cada país, no processo de digitalização da televisão, implanta tecnologias e desenvolve linguagens de produção de acordo com seus interesses e possibilidades locais.

O Reino Unido tem a mais avançada televisão interativa do mundo, a BBCi (British Broadcast Company Interactive). Por sempre ter investido em programas interativos, a BBCi, é atualmente a principal referência para outros produtores no mundo todo (TEIXEIRA, 2009).

A tecnologia digital para televisão já vem sendo utilizada em suas transmissões em localidades como Estados Unidos, Europa (principalmente o Reino Unido) e Japão há alguns anos.

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1993. A data inicial para desligar os sinais analógicos neste país foi, inicialmente, marcada para 2004 e logo já foi adiado para um período de 2010 a 2015. Porém, o apagão nos Estados Unidos ocorreu em junho de 2009, deixando três milhões de usuários sem sinal.

Já na Europa, o padrão utilizado é o DVB (Digital Video Broadcasting), que teve sua fundação em 1993. A Europa conta com muitos países utilizando a TV digital, cada um com suas particularidades individuais, porém a maioria da população é usuária do padrão DVB via satélite.

Por fim, o Japão utiliza o ISDB-T (Integraded Services Digital Broadcasting

Terrestrial) desde 2003, atendendo milhões de residências nas regiões de Tóquio, Nagoya e Osaka. Na copa de Pequim, em 2006, houve uma popularização da televisão digital por parte da população japonesa, onde foram vendidos mais de 1 milhão de receptores (SOUZA, 2011).

Becker e Montez (2005) apontam algumas vantagens importantes da televisão digital. A mais perceptível é, sem dúvida, a conservação da qualidade do sinal. Digitalmente, a imagem é muito mais imune a interferência e ruídos, ficando livre de “chuviscos” e “fantasmas”, comuns na televisão analógica. Na transmissão digital, os sinais de som e imagem são representados por uma sequência de bits e não mais por uma onda eletromagnética analógica ao sinal televisivo.

Porém, as vantagens da televisão digital não se resumem em qualidade de imagem e som, há outras vantagens importantes, tanto em nível técnico como em nível social. Uma delas, muito citada, é a interatividade.

A TV analógica esgotou suas possibilidades de melhoramento tecnológico, não sendo possível atender às demandas advindas da Era do Conhecimento. Pois para haver qualquer tipo de comunicação entre o transmissor e o telespectador é necessário outro meio de comunicação, seja telefone, internet ou carta. A televisão digital atende esta necessidade desde que tenha um canal de retorno.

Outro serviço muito importante que pode ser oferecido pela TV digital é o acesso à internet, promovendo a inclusão digital. Prover o acesso à internet pela TV não traz só novos telespectadores, mas também novos internautas atualmente excluídos do mundo virtual pela falta de acesso a esta tecnologia (BECKER e MONTEZ, 2005).

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Segundo Schiefler (2011, p.6): “A TV digital caracteriza-se como uma nova ferramenta para o desenvolvimento social e da democracia”. E para tanto, novos parâmetros de democracia da informação devem ser planejados, pois assim será possível horizontalizar o acesso à informação e realizar uma transformação social. Isto porque a maleabilidade do meio digital permite uma interferência e manipulação das mensagens por parte dos usuários, gerando novas necessidades comunicacionais.

Quanto mais as novas tecnologias vão ganhando espaço na vida dos cidadãos, mais vão se rompendo as lealdades e as identidades de base territorial. A internet alarga os sentidos e as capacidades humanas através de uma viagem que é, na maioria das vezes, solitária. Interage-se com a vida através da tela do computador. Mesmo quando se pensa a TV Digital Interativa como meio de imersão para o mundo das TICs, formula-se o desafio de trazer o computador do quarto para a sala de visitas, ou seja, do uso pessoal para o familiar, já que a TV é o ponto de encontro da casa (BIZZELI, 2010, pg.79).

Quando pensamos em TV interativa, devemos entender que estamos tratando de um novo conceito televisivo: onde a emissão em fluxo unilateral deixa de existir e o antes mero telespectador passa a responder diretamente para os conteúdos de seu convívio. Essa é a interação, é a recreação da mídia televisão como conhecemos e de seu papel na vida dos atuais telespectadores que já fazem parte de uma sociedade cibernética e que habitam segundo o conceito de Bizelli (2010), as chamadas “cidades radicais”:

Cidades Radicais, ou seja, aquelas Cidades Digitais que radicalizaram sua conduta em três direções: 1) conectaram todos os cidadãos através de infovias públicas e construíram uma base virtual da malha urbana que – através de um ERP – é capaz dar novas habilidades a agentes públicos, políticos e cidadãos na disputa de interesses e na tomada de decisões; 2) inves tiram para que os administradores públicos e as equipes de governo tenham educação continuada para o trabalho; e 3) transformam suas estruturas governativas em ossaturas porosas à participação popular, principalmente para reconstruir as lealdades afetadas pela forma individual de apropriação das TICs (BIZELLI, 2010, p.69).

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[...] quanto mais as mídias se multiplicam mais aumenta a movimentação e interação ininterrupta das mais diversas formas de cultura, dinamizando as relações entre diferenciadas espécies de produção cultural. A multiplicação das mídias tende a acelerar a dinâmica dos intercâmbios entre as formas eruditas e populares, eruditas e de massa, populares e de massa, tradicionais e modernas, etc (SANTAELLA, 1996, p.31).

Como é possível perceber no discurso de Santaella (1996) a multiplicação das mídias tende a acelerar os processos comunicacionais, permitindo que através deles surjam reivindicações e necessidades novas advindas desses processos. Ao mesmo tempo em que fornece ferramentas para mudanças profundas na própria estrutura social, partindo da democratização da informação e conhecimento, disponíveis nessas novas plataformas.

No entanto, deve-se ressaltar que tal democratização é condicionada ao acesso aos meios comunicacionais que surgem, não sendo ainda uma realidade geral, devido a fatores econômicos condicionantes. Assim, se faz necessário entender que o acesso a essa digitalização e a esse conteúdo, é condicional à estrutura urbana que pode ou não dar condições aos seus cidadãos de ter acesso a esta tecnologia.

2.2 Televisão Digital no Brasil: SBTVD e Ginga

Este novo modelo de televisão é capaz de oferecer uma série de novidades para a maior parte da sociedade brasileira: um número maior de canais - multiprogramação, melhor definição de imagem e som, portabilidade da transmissão digital, comunicação interativa e acesso a serviços on-line.

Para entender a história da TV digital no Brasil, é preciso apresentar questões referentes à sua implantação no país. No Decreto 5.820, de 26 de junho de 2006 foram regulamentadas inúmeras característica da televisão digital no Brasil. O governo federal brasileiro, tratou a regulamentação da TV digital como uma contribuição significativa a um veículo de comunicação que, durante décadas, manteve-se praticamente estagnado tecnologicamente.

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cultural e regional do país e que tem a televisão como principal fonte de informação, entretenimento e cultura (SOUZA, 2011).

Então, em 2006, o Brasil adotou o padrão ISDB-T como “camada física” para o Sistema Brasileiro de Televisão Digital Terrestre (SBTVD-T). Optou-se pelo padrão japonês após avaliação pesquisas realizadas ao longo do ano de 2005, e que foram propostas diversas inovações, pelos diferentes consórcios, em todas as camadas do sistema (TEIXEIRA, 2009).

Na ocasião da cerimônia de assinatura do decreto sobre a implantação do SBTVD-T, o ministro das comunicações, Hélio Costa, afirmou que o novo sistema incorporaria inovações tecnológicas aprovadas pelo Comitê de Desenvolvimento. O decreto impõe um marco na comunicação audiovisual do Brasil frente ao cenário de convergência digital. Em seu artigo 4°, é possível observar que o governo intencionou assegurar essa nova tecnologia ao público em geral, de forma livre e gratuita.

Sobre o chamado “apagão analógico”, que consiste no desligamento do sistema analógico de transmissão, no Brasil ficou previsto para 2016. Sendo assim, um período de 10 anos para adaptação a partir da assinatura do decreto, período este muito questionado pelos especialistas da área.

O Sistema Brasileiro de Televisão Digital Terrestre (SBTVD-T), criado com a intenção de ser um sistema convergente, tem a interatividade como uma de suas principais aliadas no processo de inclusão social e digital. Para isso, foi criado o middleware Ginga, que será comentado ainda neste capítulo.

Dessa forma podem ser elaboradas aplicações interativas que funcionem nos televisores e conversores (set-top-boxes) de todos os fabricantes, possibilitando, entre outros, acesso à internet, operações bancárias (T-Banking), comércio eletrônico (T-Commerce), participação em enquetes, escolha de ângulos e câmeras que deseja assistir, personalização da programação e muito mais, através do controle remoto.

Com o objetivo de assegurar sua influência, através do artigo 13, o governo reserva para si quatro canais de transmissão. As finalidades destes canais são:

Canal do Poder Público: para a transmissão de atos, trabalhos, projetos, sessões e eventos do Poder Executivo;

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Canal de Cultura: para transmissão destinada a produções culturais e programas regionais;

Canal de Cidadania: para transmissão de programações das comunidades locais, bem como para divulgação de atos, trabalhos, projetos, sessões e eventos dos poderes federal, estadual e municipal (TEIXEIRA, 2009).

O Ginga é um middleware aberto do Sistema Brasileiro de Televisão Digital (SBTVD), resultado da união entre os laboratórios Telemídia da PUC-Rio e LAVID da

UFPB. Middleware é uma camada de software posicionada entre o código das

aplicações e a infra-estrutura de execução (plataforma de hardware e sistema operacional). Um middleware para aplicações de TV digital consiste em máquinas de execução das linguagens oferecidas, e bibliotecas de funções, que permitem o desenvolvimento rápido e fácil de aplicações.

O Ginga é constituído por um conjunto de tecnologias padronizadas e inovações brasileiras que o tornam a especificação de middleware mais avançada. Este middleware é subdividido em dois subsistemas principais interligados, que permitem o desenvolvimento de aplicações seguindo dois paradigmas de programação diferentes. Esses dois sistemas são chamados de Ginga-J, para aplicações em Java e Ginga-NCL, para aplicações em NCL (TEIXEIRA, 2009).

O middleware decodifica a linguagem de programação – que pode ser em

ambiente declarativo, Nested Context Language (NCL) e LUA, ou em ambiente imperativo, com a linguagem Java – e envia essas informações decodificadas para o OS (Sistema Operacional) gerenciar e aplicar o conteúdo presente na programação. O NCL, linguagem declarativa padrão do Ginga, é semelhante à maioria das linguagens declarativas presentes nos outros middlewares de televisão digital do mundo, baseada em conteúdo UML, XHTML e ECMAScript. O padrão americano ATSC, europeu DVB e o próprio ISDB-T japonês, possuem a funcionalidade de XHTML-like para aplicações interativas declarativas.

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2.3 Interatividade

O termo interatividade teria sido adotado na década de 60, no contexto da informática, com o objetivo de qualificar a nova relação “mais flexível” entre usuário e computador. Este termo é recente, pois foi incorporado pelos dicionários da língua portuguesa apenas nos últimos 30 anos. Entretanto o conceito de interação, o qual interatividade é derivada, vem de longe e pode ser a base para se entender a origem e o significado de interatividade.

Becker e Montez (2005, p.47) relatam que na física, a interação “refere-se ao comportamento de partículas cujo movimento é alterado pelo movimento de outras partículas”. Em sociologia e psicologia social a premissa é “nenhuma ação humana ou social existe separada da interação”. Já na filosofia, existem diversas abordagens sobre interação, “como é o caso do pragmatismo e sua maneira de enxergar o ser humano”. Nos estudos referentes à geografia e a biologia, o termo também está presente, “a meteorologia se ocupa, por exemplo, das interações entre componentes dos oceanos e atmosfera terrestre para avaliar a variação climática do planeta” e “a biologia explora o conceito nas explicações sobre genética”.

Alguns autores definiram interatividade como um termo muito mais associado à tecnologia, de forma que hoje até podemos esquecer as suas diversas aplicações em outras áreas do conhecimento.

Os conceitos de interação e interatividade vêm sendo usados com diferentes significados nos últimos anos, especialmente relacionados às novas tecnologias de informação e comunicação (TICs). O conceito “interatividade” é de fundamental importância para o estudo da comunicação mediada, da educação a distância, da engenharia de software

e de todas as áreas que lidam com a interação máquina e homem-homem via meios digitais interativos. Sendo assim é impossível definir um conceito único de interatividade (WAISMAN, 2006, p.26).

Santaella (1996) afirma que a interatividade, ocorre entre um emissor e um receptor que devem estar em uma mesma sintonia em um processo de comunicação. E tal processo resulta em uma interatividade entre ambos. Santaella afirma também que em um processo de comunicação, toda pergunta gera uma resposta e, toda resposta gera outra resposta, criando um círculo vicioso que resulta na interação entre pessoas ou coisas.

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Os conhecimentos não partem, com efeito, nem do sujeito (conhecimento somático ou introspecção) nem do objeto (porque a própria percepção contém uma parte considerável de organização), mas das interações entre sujeito e objeto, e de interações inicialmente provocadas pelas atividades espontâneas do organismo tanto quanto pelos estímulos externos (PIAGET, 1996, p.39 apud Waisman, 2006, p.26).

Logo, o conhecimento é construído interativamente entre sujeito e objeto e entre sujeito e outro sujeito. Porém no processo de ensino-aprendizagem no ensino a distância, a interatividade só pode acontecer em sua totalidade quando existir um canal de retorno, ou seja, quando o aluno puder estabelecer uma comunicação com tutores/professores e também colaborar na produção de conteúdos.

Desta forma, os termos “interação” e “interatividade” possuem estreita relação que deve ser analisada. Alguns autores distinguem os termos, outros derivam interatividade de interação e há autores que preferem não utilizar o termo interatividade (TEIXEIRA, 2009).

Neste trabalho a definição de Becker e Montez, que distingue os termos é utilizada, por ser entendida como a mais adequada em um trabalho que se propõe a analisar cursos EaD baseados em tecnologias de informação e comunicação.

Becker e Montez (2005, p.49) distinguem os conceitos “A interação pode ocorrer diretamente entre dois ou mais entes atuantes, ao contrário da interatividade que é necessariamente intermediada por um meio eletrônico, usualmente um computador”.

Algumas características importantes devem ser pontuadas neste trabalho, pois as mesmas devem ser prevalecidas quando o objetivo for que a interatividade seja estabelecida de fato:

Interruptabilidade: cada um dos participantes deve ter a capacidade de interromper o processo e ter a possibilidade de atuar quando julgar necessário;

Granularidade: refere-se ao menor elemento após o qual se pode interromper. Em uma conversação, poderia ser uma frase ou uma palavra. Portanto, para que haja interatividade, essas circunstâncias devem ser levadas em conta;

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Previsão limitada: existe uma dificuldade em programar todas as indagações possíveis. Apesar disso, um sistema interativo deve prever todas as instâncias possíveis de ocorrências;

Não-default: o sistema não deve forçar a direção a ser seguida por seus participantes. A inexistência de um padrão predeterminado dá liberdade a seus participantes, remetendo ao princípio da interruptabilidade, pois diz respeito à possibilidade do usuário parar o fluxo de informações ou redirecioná-lo (BECKER e MONTEZ, 2005, p.51).

Crocomo (2007) divide a interatividade na televisão digital em três níveis: - Nível 01 ou interatividade local: ocorre quando a unidade receptora não possui acesso ao canal de retorno, e desta forma, o usuário pode interagir localmente com os conteúdos e aplicativos recebidos pelo broadcast em seu set-top-box;

- Nível 02 ou interatividade parcial: quando o usuário possui acesso ao canal de retorno, mas este não está presente durante todo o tempo. Utiliza-se como canal de retorno geralmente via telefônica/modem. É necessária a ação (mesmo que automática, via terminal de acesso) de “abrir” o canal para envio dos dados e a conexão é realizada apenas para essa transmissão dos dados;

- Nível 03 ou interatividade plena: utilizando para o canal permanente de retorno as tecnologias como ADSL, Wimax e a via cabo de televisão, é possível enviar e receber informações, incluindo vídeos. É neste nível que o usuário da televisão digital pode deixar de ser telespectador, e passar a ser um co-autor, já que os vídeos e notícias de sua comunidade podem integrar pautas e programas da televisão digital interativa.

Também é possível classificar as mídias em quentes e frias, de acordo com o seu nível de interatividade. As mídias quentes são aquelas que não deixam nenhum, ou muito pouco, espaço de interação, pois distribuem mensagens prontas, sem a possibilidade de intervenção, como por exemplo o rádio, cinema, fotografia e teatro. Já as mídias frias são as que permitem interatividade, deixando um lugar livre, onde os usuários poderão preencher ao interagir, como por exemplo a televisão, telefone e computadores (BECKER e MONTEZ, 2005).

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onde o usuário tem a possibilidade de participar efetivamente da comunicação e contribuir com a construção do conteúdo da programação. (TEIXEIRA, 2009)

A seguir serão relacionados serviços que requerem e não requerem canal de retorno na televisão digital, conforme Waisman (2006, p.37).

Teletexto: transmissão de dados incluindo áudio de vídeo. A interatividade proposta refere-se à seleção de dados dentro de um sinal recebido. Não há canal de retorno, é uma mensagem de mão-única, semelhante a escolha de canais pelo controle remoto.

EPG (Guia Eletrônico de Programação): permite a seleção de canais e serviços por parte do usuário. Pode conter opções como programação individual de favoritos, gravar programas mais assistidos, etc. A interatividade oferecida está na personalização da programação. Também é uma interatividade de mão-única, não requerendo canal de retorno.

Propaganda Interativa: pode utilizar ou não canal de retorno dependendo do tipo de produto e resposta requerida do usuário. Por exemplo, algumas propagandas influenciam os usuários a preencherem formulários rápidos para a criação de relacionamento, entregando brindes ou marcando serviços de experimentação.

Vídeo sob Demanda: é uma das aplicações mais utilizadas e aceitas por parte dos usuários. Oferece: filmes, esportes, shows ao vivo, etc, de forma gratuita ou paga. Requer canal de retorno uma vez que o programa selecionado para compra deve ser informado à operadora. A interatividade restringe-se a seleção do programa e confirmação da compra.

Múltiplas câmeras: é uma forma restrita de interatividade que não exige canal de retorno. O usuário escolhe diferentes ângulos para assistir a determinado programa, muito utilizada no esporte. A interatividade oferecida restringe-se à seleção de alguma atividade no menu.

Banco: aplicativo interativo que exige canal de retorno para realizar transações bancárias.

Governo eletrônico: permite acesso ao PIS, marcar consultas, envio de declaração de imposto de renda, etc, por isso, exige canal de retorno.

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Quiz ou enquetes: mais sofisticada que a votação, por ser utilizada em situações de competição. Requer canal de retorno para ser estabelecida, já que utiliza a interatividade de mão-dupla.

Apostas: serviço interativo de apostas em bingos, corrida de cavalos e outros tipos de loteria. Requer canal de retorno e utiliza interatividade semelhante a da Internet.

Jogos: muito explorado em televisão digital. A interatividade é restrita, há a necessidade do canal de retorno se usuários forem jogar em rede.

T-commerce: este serviço oferece compras pela TV, semelhante ao que é usado na Internet. É necessário canal de retorno para efetivar a compra (WAISMAN, 2006, p.37-40).

2.4 T-Learning: EaD e Televisão Digital

De acordo com o Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão a TV digital nasceu com os seguintes objetivos:

Art. 1º Fica instituído o Sistema Brasileiro de Televisão Digital SBTVD, que tem por finalidade alcançar, entre outros, os seguintes objetivos: I - promover a inclusão social, a diversidade cultural do País e a língua pátria por meio do acesso à tecnologia digital, visando à democratização da informação; II - propiciar a criação de rede universal de educação à distância; III- estimular a pesquisa e o desenvolvimento e propiciar a expansão de tecnologias brasileiras e da indústria nacional relacionadas à tecnologia de informação e comunicação (BRASIL, 2003).

Tendo em vista que é objetivo dessa nova plataforma, propiciar a educação e inclusão social para a sociedade brasileira, a televisão digital deve ser utilizada para desenvolver cursos na modalidade EaD.

Desta forma, a aplicação da TV digital no ensino a distância, deve ser pensada com o foco na possibilidade da interatividade, que pode transformar o processo de ensino-aprendizagem, que pode deixar de ser unilateral para ser bilateral, onde professor e aluno participam conjuntamente da produção de conhecimento.

Imagem

Fig. 01: Ícone de alerta sobre interatividade
Fig. 02: Opção de login
Fig. 03: Login e senha
Fig. 05:  Menu “Aula”
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Referências

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