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2.2 Desenvolvimento

2.2.1 Revisão bibliográfica

2.2.1.9 Custo da suplementação no período das águas

Coutinho Filho et al. (2005) relataram que a suplementação de bovinos a pasto tem apresentado resultados variáveis e requer, portanto, estudos mais detalhados.

O uso da suplementação implica em maior capital a ser investido no início do trabalho. Para que essa técnica seja difundida, é necessário que seja economicamente viável, isto é, apresente uma relação positiva custo x benefício, na qual o ganho em peso do animal pague o investimento feito com a suplementação.

Tomich et al. (2002) não encontraram diferenças estatísticas significativas no ganho de peso de novilhos Nelore em pastagens de Brachiaria brizantha e B.

ruziziensis, suplementados com mistura múltipla, durante a época das águas, com consumo de 168 g cabeça-1 dia-1. Porém, ao analisarem o lucro líquido por cabeça (receita - custo de suplementação) encontraram R$ 86,40 cabeça-1 para a mistura múltipla e R$ 84,09 cabeça-1 para o suplemento mineral (controle), com uma relação

foram obtidos por Zervoudakis et al. (2002) ao trabalharem com novilhas mestiças Holandês - Zebu, em pastagem de Brachiaria brizantha, suplementadas diariamente com 0,5 kg de milho e farelo glúten milho (MFGM) ou 0,5 kg de milho e farelo de soja (MFS), durante a época das águas. O tratamento MFGM proporcionou um ganho excedente em relação ao controle (suplemento mineral) de 0,175 kg.cabeça-1 dia-1,

enquanto que o MFS proporcionou 0,212 kg cabeça-1 dia-1, o que significou

R$ 0,25 dia-1 para MFGM e R$ 0,30 dia-1 para o MFS. Os custos da suplementação foram de R$ 0,24 dia-1 para MFGM e de R$ 0,22 dia-1 para o MFS.

Suplementando novilhos em pastagens de B. decumbens e B. brizantha, com uma mistura múltipla na base de 0,2% do peso vivo, Euclides (2001a) observou que os novilhos suplementados apresentaram ganhos médios diários de 740 g dia-1 e os não

suplementados de 535 g dia-1. O custo da suplementação foi de R$ 26,00 novilho-1, e a diferença de cerca de 200 g cab-1 dia-1 em 184 dias significou 36,8 kg de peso vivo ou 1,28@ (52% de rendimento de carcaça). Essa diferença de 1,28@ significou R$ 56,00 (@ = R$ 44,00), ou ainda sugere que este animal possa ser abatido no período seco subseqüente sem ter que permanecer mais uma estação na propriedade.

Ramalho (2006) relatou lucratividade maior por animal e por área em sistemas de recria em pastagens manejadas intensivamente e terminação em confinamento, quando a suplementação nas águas durante a recria foi utilizada em relação ao fornecimento exclusivo de pastagem.

O segmento da pecuária bovina de corte ocorre em um grande número de propriedades em todo território nacional. No entanto, algumas regiões tradicionais na atividade há alguns anos vêm perdendo área para a atividade agrícola, principalmente para produção de grãos em geral e cana-de-açúcar.

A maioria dos pecuaristas, pressionados pela agricultura, teve de escolher entre duas opções: abandonar a área e partir para regiões de fronteira agrícola ou intensificar sua atividade. Portanto, o aumento da produtividade pecuária e a sustentabilidade do sistema produtivo devem ser metas a serem alcançadas pela comunidade produtiva do setor pecuário, sendo que apenas os produtores mais eficientes terão condições de se manterem competitivos.

A pressão sobre as áreas de pecuária torna indispensável estudar os fatores e as forças que estão disponíveis aos produtores para mantê-los na atividade.

Nos últimos dois anos agrícolas, em especial na safra 2004/05, a rentabilidade da agricultura e pecuária caiu expressivamente. Fatores climáticos desfavoráveis e, principalmente, decréscimos do preço recebido pelo produtor, foram os principais fatores que contribuíram para essa situação. A produção de algumas comodities vem crescendo para atender a demanda, tanto no Brasil como em nível internacional. Ocorrendo em muito desses mercados forte inter-relação entre os preços internos e externos.

Os produtores são tomadores de preços e atuam em um mercado caracterizado pela concorrência. A alternativa que resta ao empresário rural é o controle de custos de produção. Para isto, muitas vezes é preciso investir em novas tecnologias e em novos tratamentos/manejos da cultura (Alves et al., 2005).

A informação sobre o custo de produção é uma das ferramentas mais importantes para qualquer atividade produtiva, sendo fundamental para a tomada de decisões dos agentes (Souza, 2005). No setor rural, por exemplo, informações sobre custos de produção passam a ser relevantes na medida em que servem de base para subsidiar uma decisão gerencial de curto, médio e longo prazo, bem como no agregado, ao poder influir na formulação de políticas públicas e estratégias empresariais, sendo ainda importante para um empreendimento agrícola no longo prazo, medindo a capacidade de pagamento de uma lavoura e a viabilidade econômica de uma tecnologia alternativa, entre outras.

Na Figura 7 observa-se o preço deflacionado da arroba do boi gordo (base outubro 2005). Nos anos de 2004 e 2005 o preço da arroba apresentou desvalorizações consecutivas, o que proporciona uma menor receita com o mesmo número de animais vendidos.

Segundo o Cepea/Esalq/USP e a CNA, os custos operacionais totais só nos nove primeiros meses de 2005 acumularam alta de 5,6% no estado de Mato Grosso do Sul. O preço da arroba do boi gordo nesse mesmo período acumulou uma desvalorização de 15,6%. No ano de 2004 os custos acumularam valorização de 12,8% e o preço da arroba do boi gordo apenas 0,97%.

40 45 50 55 60 65 70 75 80 85 90 95 100 105 ju l/9 4 ou t/9 4 jan/ 95 abr /95 ju l/9 5 ou t/9 5 jan/ 96 abr /96 ju l/9 6 ou t/9 6 jan/ 97 abr /97 ju l/9 7 ou t/9 7 jan/ 98 abr /98 ju l/9 8 ou t/9 8 jan/ 99 abr /99 ju l/9 9 ou t/9 9 jan/ 00 abr /00 ju l/0 0 ou t/0 0 jan/ 01 abr /01 ju l/0 1 ou t/0 1 jan/ 02 abr /02 ju l/0 2 ou t/0 2 jan/ 03 abr /03 ju l/0 3 ou t/0 3 jan/ 04 abr /04 ju l/0 4 ou t/0 4 jan/ 05 abr /05 ju l/0 5 ou t/0 5 R$/@

Figura 7 – Preços deflacionados da arroba do Boi Gordo em São Paulo de jul/04 a out/05 – IGP-DI Outubro/2005

Fonte: Cepea-Esalq/USP (2005)

A importância da pecuária bovina na formação do valor total da produção animal do Brasil é extremamente significativa. No entanto, apesar dos volumes significativos de produção, os índices de produtividade da pecuária bovina no país estão aquém da real potencialidade do rebanho.

A avaliação dos custos com a utilização da suplementação durante o período das águas deve proporcionar um perfeito entendimento sobre todos os fatores envolvidos na atividade, analisando não só se os incrementos esperados e reais nos ganhos de peso vivo diário dos animais cobrem os custos com a suplementação, mas analisando o sistema em sua magnitude; os investimentos necessários, os possíveis incrementos na taxa de lotação das pastagens, a redução no tempo de abate, o menor tempo de confinamento, o lucro total obtido por hectare e principalmente a taxa interna de retorno sobre o capital investido ao final de um ano.