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4.2 APURAÇÃO DOS CUSTOS DIRETOS DE PRODUÇÃO

4.2.3 Custos Diretos da Produção Leiteira

A produção leiteira tem como custos diretos de alimentação dos animais como ração, sal e suplementos minerais, silagem, feno e pastagens, além disso, os custos diretos com mão de obra, medicamentos e vacinas aplicadas.

Os custos diretos variáveis da produção leiteira tem a silagem como um de seus custos, realizado em 5/ha na propriedade. Inicialmente seu processo com a

realização da dessecação pré-plantio, para o combate de ervas daninhas invasoras, normalmente é necessário duas aplicações de herbicidas.

Depois disso é tratada as sementes de milho com fungicidas e inseticidas para proteção da semente e início vegetativo. Com o solo já em condições, é realizado o plantio do milho em meados de setembro, com a distribuição de fertilizantes (adubo), e sementes com uma profundidade de 5 cm, espaçamento de 45 cm entre linhas, 3,5 grãos por metro, ou uma média de 20 kg/ha.

Com o milho já nascido é realizado mais uma aplicação de herbicida, para combater as plantas invasoras que não morreram completamente e rebrotaram. Após 45 dias do plantio é realizada a aplicação de ureia (nitrogênio).

A silagem que é disponibilizada diariamente é produzida com plantas de milho, na fase em que o grão estiver em um ponto de amadurecimento parcial (médio), normalmente em janeiro. Nesse sentido a época do corte tem fator determinante na qualidade da silagem. O milho é picado em um tamanho ideal de 1 a 2 centímetros pela máquina ensiladeira e jogado pela pressão em cima das carretas basculantes, e depois transportado e descarregado no silo.

Depois disso, a silagem é esparramada e socada por um trator e constantemente, para maior compactação e eliminação do ar existente no meio das partículas picadas de milho, para evitar o apodrecimento. Por fim, é coberto por uma lona preta, e depois distribuído terra para proteção, e também manter uma boa compactação.

A silagem de milho é essencial na dieta leiteira, método que consiste na fermentação microbiana, devido à ausência de oxigênio, que permite a preservação da forragem durante um determinado período de tempo. Obtendo-se produtos ácidos, conservação que resulta basicamente em ácido láctico, com teor de proteína bruta média de 8%.

O silo deve permanecer fechado por pelo menos 30 dias dependendo da necessidade do produtor, atingindo assim uma boa fermentação e valor nutritivo. As perdas de uma boa silagem variam de 5% a 10%, ao passo que silagens de má qualidade apresentam perdas de 25 a 50%, devido à má compactação e a contaminação por fungos ou microrganismos. A seguir o detalhamento dos processos da produção da silagem.

Quadro 5: Custos diretos variáveis com a produção de silagem

Silagem Valor Ha Cus to/ha Fertilizante (adubo) 2.040,00 5 408,00 Uréia (nitrogênio) 640,00 5 128,00 Sementes de milho 1.449,90 5 289,98 Tratamento de s ementes 45,50 5 9,10 Des s ecação pré plantio 457,50 5 91,50 Herbicida pós plantio 307,50 5 61,50 Ins eticida 187,50 5 37,50 Serviço terceirizado (corte) 1.590,00 5 318,00 Combus tível 633,86 5 126,77 Lona preta 780,00 5 156,00 TOTAL 8.131,76 5 1.626,35

Fonte: Dados da Pesquisa (2015).

Observa-se no quadro 5, que o total dos custos de produção da silagem, correspondem ao total de R$ 8.131,76 em 5/ha cultivados, ou R$ 1.626,35/ha. A dessecação pré-plantio teve um custo de R$ 91,50/ha, já os gastos com fertilizantes (adubo), foi o principal custo do plantio com o valor de R$ 408,00/ha, seguido da semente com um valor de R$ 289,98/ha, e seu tratamento de R$ 9,10/ha.

Depois do plantio foi realizado mais uma aplicação de herbicida no valor de R$ 61,50/ha, uma cobertura de ureia (nitrogênio) de R$ 128,00/ha, e de inseticida num pequeno valor e R$ 37,50/ha.

O serviço terceirizado de corte do milho com ensiladeira, também foi um dos principais gastos da silagem, com um custo total de R$ 1.590,00 e R$ 318,00/ha. Seguindo a lona preta para cobrir o silo teve um custo total de R$ 780,00.

Por fim, os custos com combustível da produção da silagem desde a dessecação até a silagem pronta, realizada por tratores com diferentes consumos de l/hora, que serão detalhados a seguir.

Quadro 6: Detalhamento dos custos com combustível da silagem

Combustível Ha Litros/h Litros/ha Preço/l L/totais Valor/total Dessecação pré plantio 5 5 0,5 2,49 2,5 6,23 Plantio 5 12 10 2,49 50 124,50 Aplicação Uréia 5 5 0,5 2,49 2,5 6,23 Aplicação Inseticida 5 5 0,5 2,49 2,5 6,23 TOTAL - 27 11,5 - 57,5 143,18 Combustivel Hora/totais Litros/h - Preço/l L/totais Valor/total Transporte 8 10 - 2,61 80 208,80 Socagem 8 12 - 2,61 96 250,56 Cobertura do silo 1 12 - 2,61 12 31,32

TOTAL - 34 - - 188 490,68

Fonte: Dados da Pesquisa (2015).

O custo com combustível do cultivo do milho tem um valor total de R$ 143,18 em 5/ha. As aplicações de agrotóxicos são representadas com pequenos valores de R$ 6,23 cada, por ter um consumo por hora trabalhada baixo de 5 l/h e tempo de execução menor, já no plantio existe um consumo maior de 12 l/h e também maior tempo de execução, possuindo um valor de R$ 124,50.

O transporte da silagem até o silo teve um custo de R$ 208,80, com um consumo médio de 10 l/h, o trabalho com a socagem da silagem representa o maior gasto com combustível com R$ 250,56 com um consumo de 12 l/h, as duas etapas com média de 8 horas de trabalho realizado. Por último a cobertura do silo com terra que teve um gasto médio de R$ 31,32 em 1 hora trabalhada, completando o valor total de R$ 490,68.

A alimentação também tem a pastagem de inverno, como um dos custos diretos da produção leiteira. A pastagem de inverno pode ser cultivada por várias variedades, como azevém, aveia e trigo de pastoreio (duplo propósito). A implantação acontece entre março e abril, disponibilizando-se em maio para pastoreio, durando em média até outubro, com a capacidade de suporte de 1 cabeça de gado por hectare em média.

Para a implantação da pastagem de inverno não se realiza a dessecação para não matar o azevém guacho, que rebrota de um ano para outro. A aveia e trigo de pastoreio são plantados a uma profundidade média de 2 cm, com espaçamento de 17 cm e uma média de 80 grãos por metro, ou de 120 kg/ha a 180 kg/ha, juntamente com o fertilizante (adubo). O tratamento de sementes é realizado somente no trigo de pastoreio.

O herbicida sistêmico é usado para controlar principalmente o nabo forrageiro (planta invasora, que também usada para rotação de cultura) que rebrota no inverno, prejudicando a pastagem. No quadro abaixo estão os custos com a pastagem de inverno.

Quadro 7: Detalhamento dos custos da pastagem de inverno

Pastagem de Inverno Valor Ha Custo/ha

Fertilizante (adubo) 1.800,00 6 300,00 Sementes de trigo 1.089,00 6 181,50 Sementes de aveia 576,00 12 48,00 Azevém guacho - 24 - Tratamento de sementes 64,00 6 10,67 Herbicida sistêmico 114,00 24 4,75 Combustível 575,28 24 23,97 TOTAL 4.218,28 24 175,76

Fonte: Dados da Pesquisa (2015).

Em relação ao quadro 7, pode-se notar um custo total na área de 24/ha foi de R$ 4.218,28 ou R$ 175,76/ha. Os custos mais significativos são com fertilizante com R$ 300,00/ha, e as sementes de trigo pastoreio com R$ 181,50/ha, em uma área parcial de 6/ha.

Pode-se perceber que o baixo custo das sementes de aveia que é de R$ 48,00/ha em uma área parcial de 12/ha, e além também do azevém nascer guacho em toda a área de e não apresentando custo nenhum. Nesse sentido também não se investe muito com fertilizante nessas duas culturas, pois há sobra de pastagem no inverno, podendo assim reduzir este custo direto.

Por fim, os custos com tratamento de semente de trigo pastoreio foram de R$ 10,67/ha e o herbicida sistêmico de 4,75/ha. O combustível teve um valor total de R$ 575,28 e R$175,76/ha detalhados no quadro 8.

Quadro 8: Detalhamento dos custos com combustível da pastagem de inverno

Combustível Ha Litros/h Litros/ha Preço/l L/totais Valor/total Herbicida sistemico 24 5 0,5 2,82 12 33,84 Plantio 24 12 8 2,82 192 541,44

TOTAL - 17 8,5 - 204 575,28

No quadro 8, observa-se que os custos com o plantio na área de 24/ha, foram de R$ 541,44, e a aplicação do herbicida sistêmico com valor de R$ 33,84, encerrando os custos com a pastagem de inverno.

Outro custo direto da produção leiteira é pastagem de verão, que são cultivadas capim sudão (aveia de verão), milheto ou sorgo. O plantio é realizado entre setembro e outubro, disponibilizando-se em novembro até março em média, possuindo uma capacidade de 5 cabeças por hectare em média em pastoreio.

Também é a realizada a dessecação antes do plantio, depois é realizado o plantio com distribuição de fertilizantes (adubo), e as sementes já tratadas com fungicidas e inseticidas a uma profundidade de 2 a 3 centímetros, e média de 15 kg/ha a 20 kg/ha. Depois de 45 dias é feita a aplicação de ureia (nitrogênio). A seguir está o detalhamento dos valores dos custos com pastagem de verão.

Quadro 9: Detalhamento dos custos da pastagem de verão

Pastagem de verão

Valor

Ha

Custo/ha

Fertilizante (adubo)

1.360,00

4

340,00

Uréia

512,00

4

128,00

Sementes

475,00

4

118,75

Tratamento de sementes

97,38

4

24,35

Dessecação pré plantio

277,50

4

69,38

Combustível

109,56

4

27,39

TOTAL

2.831,44

4

707,86

Fonte: Dados da Pesquisa (2015).

Na análise ao quadro nove, observa-se que os custos totais da pastagem de verão em uma área de 4/ha, são de R$ 2.831,44 ou R$ 707,86/ha. O maior gasto apresentado foi o de fertilizante (adubo), no valor de R$ 340,00/ha, logo em seguida as sementes com um custo no valor de R$ 118,75 e a cobertura de ureia com um valor de R$ 128,00.

O restantes dos custos são de menor expressão, como o tratamento de sementes no valor de R$ 24,35/ha, e a dessecação pré-plantio no valor de R$ 69,38/ha. Completando o quadro os custos com os gastos do combustível no valor total de R$ 109,56, ou 27,39/ha, como são explicados a seguir.

Quadro 10: Detalhamento dos custos com combustível da pastagem de verão

Combustível Ha Litros/h Litros/ha Preço/l L/totais Valor/total Dessecação pré plantio 4 5 0,5 2,49 2 4,98

Plantio 4 12 10 2,49 40 99,6

Aplicação Uréia 4 5 0,5 2,49 2 4,98

TOTAL - 22 11 - 44 109,56

Fonte: Dados da Pesquisa (2015).

O quadro 10 mostra que os custos com o combustível no plantio são maiores, com um valor de R$ 99,6 e R$ 4,98 na dessecação e aplicação de ureia devido ao menor consumo de por hora trabalhada e execução da atividade.

Na pastagem permanente de tifton e aries também apresentam custos de combustível com a aplicação de adubo orgânico disponível sem custo nenhum por uma produtora de suínos localizada perto da propriedade.

Quadro 11: Detalhamento dos custos com combustível da pastagem permanente

Combustível Há litros/h litros/há Preço/l l/totais Valor/total

Agosto 4 12 8 2,49 32 79,68 Setembro 4 12 8 2,49 32 79,68 Outubro 4 12 8 2,49 32 79,68 Novembro 4 12 8 2,61 32 83,52 Dezembro 4 12 8 2,63 32 84,16 Janeiro 4 12 8 2,61 32 83,52 Fevereiro 4 12 8 2,82 32 90,24 Março 4 12 8 2,82 32 90,24 TOTAL 96 64 - 256 670,72

Fonte: Dados da Pesquisa (2015).

Analisando-se o quadro 11 pode-se notar que o total de combustível gasto foi de R$ 670,72. A variação dos valores totais de cada mês com combustível é referente ao preço que variou de um mês para outro apresentando uma média de R$ 85,00, os custos com óleo diesel durante as aplicações de adubo orgânico, em uma área de 4/ha.

Complementando os custos diretos com a alimentação, que é um pequeno fornecimento de feno. Para a produção do feno é contratado um serviço terceirizado para o corte do azevém, depois de 3 dias com a palha já seca, é realizado a enreilação (amontoação), da palha seca e em seguida enfardados. O custo do feno pronto teve um valor de R$ 1,90 por fardo.

Os custos diretos variáveis do leite tem como principal gasto a ração para lactação de 22% de proteína, disponibilizada 2 vezes ao dia, juntamente com o sal mineral que possuem suplementos minerais necessários para complementação da dieta, e também pequenas doses de homeopatia responsável pelo combate preventivo da mastite (doença intramamário).

Completando os custos diretos da produção leiteira, são os gastos realizados com vacinas e medicamentos. As vacinas como a rinotraqueíte infecciosa bovina (IBR), a diarreia viral bovina (BVD) e a leptospirose, são realizadas contra desordens reprodutivas. Também são feitas vacinas contra o carbúnculo sintomático, a febre aftosa e vermifugação, e importante também salientar a necessidade de seguir um calendário sanitário do rebanho leiteiro para a aplicação de todas as vacinas citadas. Os outros medicamentos são aplicados conforme necessidade como antibióticos, antitérmicos, cálcio etc. Para imprevistos com doenças como tristeza, mastite e recaídas pós-parto. Assim terminado de citar o detalhamento dos processos dos custos diretos da produção leiteira, identifica-se a soma de todos esses custos conforme o quadro doze.

Quadro 12: Custos diretos totais da produção leiteira

Custos diretos ago/14 set/14 out/14 nov/14 dez/14 jan/15 fev/15

Ração 1.493,80 1.612,80 1.568,00 1.218,00 1.281,20 1.573,20 1.238,20 Sal e suplemento mineral 53,90 - 53,90 - 53,90 59,90 59,90 Homeopatia 57,84 57,84 57,84 57,84 57,84 57,84 57,84 Silagem de milho 677,65 677,65 677,65 677,65 677,65 677,65 677,65 Pastagem de inverno 703,05 703,05 - - - - - Pastagem de verão - - 471,91 471,91 471,91 471,91 471,91 Pastagem permanente 79,68 79,68 79,68 83,52 84,16 83,52 90,24 Vacinas e medicamentos 302,20 139,60 122,90 14,50 - 120,50 80,48 Feno 76,00 76,00 76,00 76,00 76,00 76,00 76,00 Mão-de-obra 816,90 816,90 816,90 816,90 816,90 816,90 816,90 TOTAL 4.261,02 4.163,52 3.924,78 3.416,32 3.519,56 3.937,42 3.569,12

Cus tos diretos mar/15 abr/15 mai/15 jun/15 jul/15 TOTAL

Ração 1.545,20 1.215,00 1.440,50 1.485,00 1.584,00 17.254,90

Sal e s uplemento mineral - 89,40 82,35 - 82,35 535,60

Homeopatia 57,84 57,84 57,84 57,84 57,84 694,08 Silagem de milho 677,65 677,65 677,65 677,65 677,65 8.131,80 Pastagem de inverno - 703,05 703,05 703,05 703,05 4.218,28 Pastagem de verão 471,91 - - - - 2.831,44 Pastagem permanente 90,24 - - - - 670,72 Vacinas e medicamentos 89,50 162,50 267,00 91,00 - 1.390,18 Feno 76,00 76,00 76,00 76,00 76,00 912,00 Mão-de-obra 816,90 816,90 816,90 816,90 816,90 9.802,80 TOTAL 3.825,24 3.798,34 4.121,29 3.907,44 3.997,79 46.441,80 Fonte: Dados da Pesquisa (2015).

O gráfico 2 ilustra com mais clareza a porcentagem atingida por cada custo direto da produção leiteira.

Gráfico 2: Representação dos custos diretos da produção leiteira

Fonte: Dados da Pesquisa (2015).

No quadro 12 e gráfico 1, observa-se que os 100% dos custos diretos somaram um total anual de R$ 46.441,80. Verifica-se que os gastos com a ração atingiram o maior valor entre os custos diretos com 37,15%, e um valor de R$ 17.254,90.

A mão de obra que é um custo fixo, o salário de um funcionário teve o valor estimado em R$ 9.802,80 anual, e mensal R$ 816,90, tendo uma participação 21,11% entre os custos diretos de produção leiteira.

A silagem de milho representou o terceiro maior custo com 17,51% e um valor de R$ 8.131,80, seguido da pastagem de inverno com percentual de 9,08% e com um valor de R$ 4.218, 28, já a pastagem de verão com 6,10% dos custos diretos no valor de R$ 2.841,44 e completando os custos com pastagens, a pastagem permanente com 1,44% e valor de R$ 670,72.

Os restantes dos custos atingiram pequenos percentuais com o sal mineral com 1,15% e um valor R$ 535,60, já a homeopatia com 1,49% e um valor de R$ 694,08. As vacinas e medicamentos representaram 2,99% e um valor de R$ 1.390,18 e finalmente os custos com feno de 1,96% e valor um de R$ 912,00, completando o quadro dos custos diretos variáveis.