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DÍMERO NA AVALIAÇÃO DA DISSECÇÃO AÓRTICA AGUDA

CONCURSO MELHOR TEMA LIVRE PÔSTER INICIAÇÃO CIENTÍFICA SBC 2020

D- DÍMERO NA AVALIAÇÃO DA DISSECÇÃO AÓRTICA AGUDA

PAULO HENRIQUE CONTI JÚNIOR1, Paulo Henrique Conti Júnior1, Letícia Pfeilsticker Oliveira de Carvalho2, Giovana Castro de Paula Costa2, Isabella Colicchio de Paula Costa3

(1) Universidade de Brasília (UNB), (2) Centro Universitário do Planalto Central Apparecido dos Santos (UNICEPLAC), (3) Centro Universitário de Anápolis ‑ UniEVANGÉLICA Introdução: A dissecção aguda de aorta (DAA) consiste em uma lesão de clivagem da sua camada média, permitindo penetração de sangue, criando duas luzes:

falsa e verdadeira. É uma condição rara e exige diagnóstico e tratamento precoces.

A manifestação clínica mais comum é a dor torácica aguda, como sensação de “rasgão”, exigindo avaliação criteriosa para exclusão de diagnósticos diferenciais. Embora alguns estudos de imagem, como tomografia, angiorressonância e ecocardiograma tenham precisão no diagnóstico da DAA, há desvantagens para obter um diagnóstico rápido e preciso, como: acurácia, tempo e custo‑benefício. Com o advento de novos estudos, foi proposta a utilização do biomarcador D‑dímero (DD), produto da degradação da fibrina reticulada, associado ao score Aortic Dissection Detection Risk Score (ADD‑RS) em pacientes suspeitos de DAA para afastar o diagnóstico, considerando sua alta sensibilidade nessa condição. Objetivos: Analisar revisões e artigos recentes da literatura e avaliar dados de sensibilidade e especificidade, utilizando ponto de corte de 0,5 µg/mL na dosagem do D‑dímero para diagnóstico/exclusão de dissecção aguda de aorta. Método: Uma revisão sistemática foi realizada utilizando 6 bases de dados, durante o mês de fevereiro e março de 2020, com os termos D‑dímero e dissecção aórtica. A figura 1 ilustra a utilização do modelo de fluxograma PRISMA (principais itens para relatar revisões sistemáticas e metanálises), a fim de fornecer uma visão global do estudo. Para o levantamento, empregou‑se os seguintes critérios: estudos com dados originais de pacientes diagnosticados com dissecção aórtica por métodos de imagem e com suas respectivas dosagens de D‑dímero. Por fim, o limiar de 0,5µg/mL foi usado para definir um achado positivo de DD no plasma, visto que tal valor é amplamente usado para descartar tromboembolismo pulmonar. Resultados: Assim, 18 estudos foram selecionados com dados relevantes para levantamento e dispostos em uma tabela. Neste total de 1772 pacientes, o D‑dímero apresentou valores entre 0,83µg/mL e 25µg/mL, com alta sensibilidade (valor médio [VM] 0,97) e valor preditivo negativo (0,96) elevado. Já a especificidade (VM 0,58) e o valor preditivo positivo (0,6) foram baixos. Conclusões: O nível plasmático D‑Dímero < 0,5µg/mL constitui uma ferramenta de triagem útil para identificar pacientes que não têm DAA, no contexto de dor torácica.

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AVALIAÇÃO DO ÍNDICE DE COMORBIDADE DE CHARLSON E DOS ESCORES CHADS2 E CHA2DS2-VASC NA PREDIÇÃO DE ÓBITO EM PACIENTES COM FIBRILAÇÃO ATRIAL

ANSELMO ARAUJO OLIVEIRA1, Rodrigo Carvalho de Menezes2, Bruno Leonardo Santana Cardoso Santos3, Nivaldo Menezes Filgueiras Filho1

(1) Universidade do Estado da Bahia (UNEB), (2) UNIME, (3) UNIFACS

Introdução: Os escores prognósticos são cada vez mais utilizados em Unidades de Terapia Intensiva (UTI), onde os pacientes internados possuem taxa absoluta de mortalidade dependente da idade e de suas comorbidades. O Índice de Comorbidade de Charlson (ICC) é um método que emprega condições clínicas selecionadas, registradas como diagnóstico secundário (comorbidades), no cálculo do risco de óbito em dez anos. Os sistemas prognósticos CHADS2 e CHA2DS2‑VASc são utilizados para avaliação e estratificação de risco para fenômenos tromboembólicos e o uso de terapia anticoagulante em pacientes portadores de fibrilação atrial (FA), cuja presença implica em deterioração da sobrevida. Objetivo: Avaliar a acurácia dos escores ICC, CHADS2 e CHA2DS2‑VASc para mortalidade precoce de pacientes com FA internados em UTI geral. Métodos: Coorte retrospectiva de pacientes com FA admitidos em uma UTI geral, com tempo de estadia > 24 horas, no período de agosto 2015 a agosto 2018.

Para determinar a normalidade das variáveis estudadas, foi utilizado o teste de D’agostino e, para avaliar as medianas dessas variáveis, foi utilizado o teste de Mann‑Whitney. A acurácia dos escores foi reportada através de valores da área sob a curva ROC (AUROC). Resultados: Foram admitidos 2401 pacientes, dos quais 247 (10,29%) apresentaram FA durante seu internamento e, desses últimos, 27,1% (n = 67) evoluíram a óbito. A média de idade dos pacientes com FA foi de 77,17±12,75, sendo 75,3% do gênero feminino (n = 186), com tempo mediano de internamento de 6 dias (IIQ 3‑11). A mediana em pontos do escore ICC foi de 2,0 (IIQ 1,0‑2,0); CHADS2, 3,0 (IIQ 2,0‑4,0); e CHA2DS2‑VASc, 4,0 (IIQ 3,0 – 5,0) e a área sob a curva ROC foi de 0,53±0,05 (IC 95%: 0,44‑0,62), 0,52±0,05 (IC 95%: 0,43‑0,61) e 0,53±0,04 (IC 95%: 0,45‑0,62), respectivamente. Conclusões: Apesar de a presença de comorbidade ser importante na predição do risco de morrer, os escores ICC, CHADS2 e CHA2DS2‑VASc, nos resultados apresentados nesta coorte, não demonstraram acurácia para predizer mortalidade precoce de pacientes com FA internados em UTI.

VALIDAÇÃO DO ESCORE SHARPEN PARA PREDIÇÃO DE MORTALIDADE INTRA-HOSPITALAR DE INTERNAÇÕES POR ENDOCARDITE INFECCIOSA SOFIA GIUSTI ALVES1, Fernando Pivatto Júnior1, Helena Marcon Bischoff3, Luiz Felipe Schmidt Birk3, Gabriel Seroiska3, Diego Henrique Terra3, Felipe Filippini2, Gustavo Paglioli Dannenhauer2, Daniel Sganzerla2, Marcelo Haertel Miglioranza2 (1) Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA), (2) Instituto de Cardiologia do Rio Grande do Sul (ICFUC), (3) Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA)

Introdução: A endocardite infecciosa (EI) ainda tem elevada morbimortalidade em nosso meio. A aplicação de escores prognósticos pode auxiliar na identificação de pacientes de alto risco e na individualização das decisões terapêuticas; no entanto, a maioria deles foi validada apenas em pacientes cirúrgicos. O escore SHARPEN é um escore específico para EI criado para predição de mortalidade intra‑hospitalar independentemente da realização de cirurgia cardíaca. Objetivos: Validar o SHARPEN em um hospital terciário brasileiro e comparar sua capacidade de predição com a do índice de comorbidades de Charlson. Métodos: Estudo de coorte retrospectivo incluindo todas as internações de pacientes ≥ 18 anos com EI ativa definitiva na instituição entre 2000‑16. As capacidades de predição foram analisadas através das áreas sob a curva ROC (ASC), comparadas através do teste de DeLong.

Regressão de Cox foi realizada para calcular o hazard ratio (HR) de mortalidade intra‑hospitalar das internações com escore SHARPEN elevado. Resultados: Foram estudadas 179 internações, havendo realização de cirurgia cardíaca em 68 (38,0%).

A mortalidade intra‑hospitalar foi de 22,3%. O escore SHARPEN apresentou mediana (IIQ) de 9 (7‑11) pontos e ASC de 0,76 (p < 0,001) para o desfecho mortalidade intra‑hospitalar. Do total de internações, 111 (62,0%) foram consideradas de baixo risco (2‑10 pontos) e 68 (38,0%) de alto risco (11‑20 pontos), com mortalidades de 10,8 e 41,2%, respectivamente (p < 0,001). Charlson apresentou mediana (IIQ) de 3 (2‑6) pontos e ASC de 0,69 (p < 0,001). Na comparação das capacidades de predição de mortalidade intra‑hospitalar, não se observou diferença significativa (p = 0,26).

Nas internações em que os pacientes foram operados, também não evidenciou superioridade (ASC SHARPEN 0,72 vs. Charlson 0,80; p = 0,41). Por outro lado, naquelas em que foi realizado tratamento clínico exclusivo, o escore SHARPEN (AUC = 0,77) foi melhor em relação ao Charlson (ASC = 0,62) na predição desse desfecho (p = 0,03). Na análise multivariável apenas escore SHARPEN > 10 pontos foi preditor independente de morte na internação por EI (HR 2,72, p = 0,006).

Conclusão: O escore SHARPEN apresentou acurácia adequada e foi preditor independente de mortalidade intra‑hospitalar. Visto isso, sua aplicação poderia ser considerada visando otimizar a estratificação prognóstica de pacientes com EI.

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INFLUÊNCIA DO PRODUTO INTERNO BRUTO PER CAPITA NAS INTERNAÇÕES POR CARDIOPATIA REUMÁTICA CRÔNICA NO BRASIL MARIANA CORREIA MOREIRA CRUZ1, Gustavo Silveira Franco1, Lucas Diniz Gonçalves Villas Boas1, Ian Lemos Teixeira Sarno1, Gabriela Fagundes Saffe1, Mariana Tourinho Pessoa Rezende1, Anna Victória de Souza Santos1, Beatriz Tejo Dantas1, Fernanda Brandão Santos1, Luana Maria Batista de Oliveira1, Lara Goes Silva Guimarães1, Katheryne Barbosa de Carvalho1

(1) Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública

Introdução: A Cardiopatia Reumática Crônica (CRC) é uma doença de origem autoimune, desencadeada principalmente pela resposta cruzada tardia do hospedeiro após um quadro de Faringoamigdalite (FA) estreptocócica não devidamente tratado em crianças e adolescentes. Logo, é uma doença característica de países em desenvolvimento, como o Brasil, uma vez que está frequentemente relacionada a fatores socioeconômicos, como pobreza e más condições de vida, variáveis associadas ao Produto Interno Bruto (PIB) per capita. Objetivo: Avaliar a influência do PIB per capita nas internações por cardiopatia reumática crônica na população brasileira.

Metodologia: A partir da plataforma do DATASUS, desenvolveu‑se um estudo ecológico de caráter descritivo e análise de base populacional. Foi feita a coleta de dados sobre internações por Doença Reumática Crônica do Coração em todas as faixas etárias e Faringite e Amigdalite Aguda em menores de 20 anos, entre 2013 e 2019, no subitem

“Epidemiológicas e Morbidade” do item informações em saúde, no qual foi selecionado Morbidade Hospitalar do SUS (SIH/SUS). Foi utilizada a variável ano de notificação.

A estimativa da população total residente e os valores do PIB têm como fonte o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Foi feito o cálculo do coeficiente de incidência de cada doença e uma análise de correlação entre o número de hospitalizações pela CRC e o PIB per capita no mesmo período. Resultados: No Brasil, ocorreram 86.357 internações devido a CRC em todas as faixas etárias e 59.136 internações devido a FA aguda em

< 20 anos, entre 2013 e 2019. Ao se avaliar a probabilidade de internar por CRC, houve uma tendência de declínio (4,40 para 3,65/100.000), enquanto a probabilidade de internar por FA aguda ascendeu (9,91 para 14,43/100.000 < 20 anos), assim como o PIB per capita brasileiro (26,52 para 34,65), durante todo o período analisado. Na análise de correlação entre o PIB per capita e o número de internamentos por CRC, 89,8% da queda dos internamentos foi explicado pelo aumento do PIB per capita, com valor de p = 0,028. Conclusão: Houve uma tendência de declínio na avaliação de probabilidade de internar por DRC entre 2013 e 2019 no Brasil, enquanto a incidência de internações por FA aguda, principal causa dessa doença, aumentou. Dessa forma, a correlação inversa entre o PIB per capita e os internamentos por CRC sugere que o PIB per capita tenha um impacto importante na redução dessas internações.

PERFIL EPIDEMIOLÓGICO E ANÁLISE DAS INTERNAÇÕES POR FEBRE REUMÁTICA AGUDA E DOENÇA REUMÁTICA CRÔNICA DO CORAÇÃO CAROLINA MARIA VIANNA GUIMARÃES1, Gustavo Guimarães Oliveira2, Isabel Cristina Britto Guimarães1

(1) Universidade Federal da Bahia (UFBA), (2) Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública (EBMSP)

Introdução: A febre reumática (FR) é uma complicação tardia da faringoamigdalite pelo estreptococo β-hemolítico do grupo A em populações geneticamente predispostas.

A cardiopatia reumática crônica (CRC) é sua manifestação de maior relevância e a causa mais comum de insuficiência cardíaca em crianças e adultos jovens. Ambas são responsáveis por elevados gastos hospitalares no Brasil e possuem expressiva taxa de mortalidade. Objetivo: Descrever o perfil epidemiológico das internações e analisar o custo total, taxa de mortalidade e número de internações por região por FR e CRC entre 2009 e 2019 no Brasil em crianças até 14 anos. Metodologia: Estudo descritivo baseado em dados secundários notificados no Sistema de Informações Hospitalares do Ministério da Saúde. Resultados: Na FR, as internações predominaram no sexo masculino (54,5%), etnia parda (39,3%) e na faixa etária de 10‑14 anos (47,3%).

As internações predominaram na região Nordeste/NE (45,9%) e Sudeste/SE (26,2%), apresentando, a partir de 2010, tendência a diminuição do número de internações em todas as regiões. Do custo total nacional (3.233.862,88 reais), NE consumiu 45% da verba e SE 28,2%. A menor taxa de mortalidade foi registrada no Sul/S (1,17) enquanto a região NE apresentou a maior (1,4). Já na CRC, as internações predominaram no sexo masculino (53,4%), pardos (35,8%) e entre 10‑14 anos (48,3%) ‑ gráfico 1.

As internações foram mais expressivas no NE (42,1%) e SE (28,3%), apresentando, a partir de 2010, tendência a diminuição do número de internações em todas as regiões. Do custo total nacional (21.998.380,67 reais), NE consumiu 30% da verba e SE 27,6%. A menor taxa de mortalidade foi registrada no NE (1,8), seguido pelo SE (2,48). Conclusão: Na FR e na CRC, as internações predominaram em homens, pardos e entre 10‑14 anos, corroborando com a literatura. Entretanto, prevaleceram no NE e SE, contrariando a mesma, que traz baixa morbidade no SE. Quanto aos gastos, tais regiões mais prevalentes, por investirem mais, possuem baixa taxa de mortalidade de CRC, comprovando eficácia no tratamento, ao passo que, na FR, o NE apresentou a maior mortalidade indicando necessidade de melhorias na terapêutica. Os dados demonstram que a FR continua sendo a principal causa de cardiopatia adquirida na infância nas regiões N e NE, com necessidade de internação nos casos graves. Sendo assim, medidas de profilaxia primária e secundária são fundamentais para redução dos dados apresentados.

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REPERCUSSÕES CARDIOVASCULARES COMO MANIFESTAÇÃO EXTRA-ARTICULAR DA ARTRITE REUMATÓIDE: UMA REVISÃO

ANA CAROLINA PINHEIRO MONICI1, Bruna Martins Moreira da Silva2, Camila Lopes Moreira da Silva1, Caroline Prado Giroto2, Esteffany Cordeiro Gama2, Gabriel Alfredo Rabelo Leite2, Giovanna Barros Cobra Negreiros2, Lívia Gabriela Campos Alves1, Mariana de Amorim Amin Carneiro2, Victória Gonçalves Rodrigues Condé2, Isabella Fernandes3, Leda Maria Sales Brauna Braga1

(1) Centro Universitário de Brasília ‑ UniCEUB , (2) Centro Universitário do Planalto Central Apparecido dos Santos ‑ UNICEPLAC, (3) Universidade Estadual de Santa Cruz ‑ UESC

Introdução: A artrite reumatóide (AR) é uma doença autoimune sistêmica associada com alta incapacidade funcional, mortalidade precoce e prejuízos socioeconômicos.

É caracterizada por inflamação/hiperplasia sinovial, produção de autoanticorpos como fator reumatóide (FT) e antipeptídeo citrulinado (anti‑CCP), destruição da cartilagem/

ossos e manifestações extra‑articulares (MEA) do sistema cardiovascular (CV), pulmonar e esquelético. As MEAs podem ser não graves e graves, como vasculites coronariana.

Objetivos: Essa revisão busca avaliar e apontar as principais repercussões CVs como MEA em pacientes com AR. Metodologia: Trata‑se de uma revisão de literatura, com abordagem qualitativa de artigos em inglês e português, a partir de pesquisas realizadas nas bases de dados eletrônicos PubMed e Scielo, do ano 2006 até 2019.

Resultados: A doença CV é a responsável por 50% da mortalidade entre pacientes com AR. A patogênese dessa MEA ocorre pela elevação dos mediadores inflamatórios, altos níveis de complexos imunes circulantes e do componente C4 do sistema complemento.

Com isso, pode haver acometimento dos vasos, válvulas, miocárdio, pericárdio até no sistema de condução. Uma dessas alterações é a aterosclerose acelerada devido à inflamação sistêmica que aumenta da espessura da túnica íntima‑medial das artérias, principalmente da carótida comum. Além disso, há deficiência na homeostase do colesterol na qual o nível de HDL‑colesterol está reduzido e uma maior prevalência de síndrome metabólica e hipertensão. A hipertensão também pode ser explicada pelo uso de antiinflamatórios não hormonais utilizados no tratamento da AR. Além disso, é observada uma disfunção diastólica explicada pelo comprometimento do enchimento do ventrículo esquerdo (VE) e espessamento do septo interventricular e da parede posterior do VE. A remodelação cardíaca ocorre pela ação do TNF-alfa que sinaliza a via NF-KB que induz a hipertrofia dos miócitos. O acometimento cardíaco pode se manifestar como pericardite, doença miocárdica, vasculite coronariana e comprometimento valvar com espessamento das valvas mitral e aórtica. Conclusão: Todas essas manifestações CVs da AR estão associadas ao alto risco de insuficiência cardíaca e infarto agudo do miocárdio, principais motivos da alta mortalidade. A adoção de medidas preventivas, associada a detecção precoce dessas comorbidades, reduzem os fatores de risco CVs e a morbimortalidade desses pacientes.

PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DE MORTALIDADE POR PERICARDITE AGUDA NO BRASIL ENTRE 2004 E 2018

CAROLINA MARIA VIANNA GUIMARÃES1, Gustavo Guimarães Oliveira2 (1) Universidade Federal da Bahia (UFBA), (2) Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública (EBMSP)

Introdução: A pericardite aguda é um processo inflamatório do pericárdio e pode ocorrer como uma entidade isolada ou secundária a uma doença sistêmica. No Brasil não existem dados epidemiológicos oficiais quanto ao comprometimento do pericárdio e mesmo os da literatura internacional são escassos; estudos de necrópsia sugerem uma incidência variando de 1 a 6%. Sua principal complicação é a efusão pericárdica, podendo levar ao tamponamento cardíaco, que possui alta morbi‑mortalidade.

Objetivo: Descrever o perfil epidemiológico de mortalidade de pericardite aguda entre 2004 e 2018 no Brasil. Metodologia: Trata‑se de um estudo descritivo, baseado em dados secundários, notificados no Sistema de Informações de Mortalidade (SIM) do Ministério da Saúde. Resultados: Houve 1.362 óbitos por pericardite aguda entre 2004 e 2018 no Brasil, com um perfil relativamente crescente. Os óbitos ocorreram mais no Sudeste/SE (56,8%) e Nordeste/NE (22,5%), nas etnias branca (52,4%) e parda (35,6%) e, quanto ao local, em hospitais (66,2%) e domicílios (22,9%). Observou‑se que as 3 características supracitadas mantiveram um padrão de prevalência ao longo dos anos igual ao apresentado. Predominaram no sexo masculino (58,4%), fugindo desse padrão apenas em 2010 e 2011, e na faixa etária de mais que 75 anos (24,4%); nos anos de 2005, 2011, 2017 e 2018, houve uma alteração desse padrão, porém sempre permanecendo acima dos 65 anos, exceto em 2006, que prevaleceu entre 45‑54 anos.

Quanto à escolaridade, o maior número de casos foi observado entre 4‑7 anos de ensino (21,9%), diminuindo com o aumento dos anos de escolaridade (4% em pessoas com mais de 12 anos de ensino). As mortes predominaram, quanto ao estado civil, entre casados (35,4%), seguido por solteiros (34,2%), alternando essa ordem em parte dos anos. Conclusão: Os óbitos por pericardite predominaram no sexo masculino, brancos, em pessoas com mais de 75 anos, com 4 a 7 anos de escolaridade e na região SE.

O perfil crescente de óbitos e a predominância de óbitos em hospitais observados ressalta a necessidade de um maior investimento em profilaxia, diagnóstico e tratamento dessa patologia para que sua morbi‑mortalidade possa ser reduzida. A peça chave para tal redução é em especial o enfoque na prevenção primária, principalmente para os grupos de maior risco, em que a prevalência dessa patologia é maior.

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PROFILAXIA PARA A CARDIOTOXICIDADE ONCOLÓGICA EM PACIENTES COM CÂNCER DE MAMA

EDUARDA ENGROFF GUIMARAES 1, Danielly Reis de Melo Álvares1, Gabriel Inácio Batista Dias1, Gabriela Galiza Medeiros Cavalcante1, Gabriella Braga Ramalho dos Anjos1, Hannah Sousa di Camargo1, Pedro Rubem Ferreira Queiroz de Oliveira1, Rebeca Ferreira Januário1, Rebecca Maria Esteves Barbosa Siqueira1, Rodrigo Mendez Carneiro1, Gabriel Soares Lustosa Victor1, Leopoldo Penteado Nucci2 (1) Centro Universitário do Planalto Central Aparecido dos Santos (UNICEPLAC), (2) Centro Universitário do Planalto Central Prof Aparecido dos Santos

Introdução: A cardiotoxicidade é uma das mais severas complicações no tratamento de neoplasias, em que o uso de quimioterápicos podem gerar significativas disfunções cardiológicas, cursando a insuficiência cardíaca, seja devido peroxidação lipídica e estresse oxidativo dos cardiomiócitos ou pela inativação da neureguilina (NRD). A taxa de mortalidade associada a este fenômeno é superior a 60%, contudo o prognostico pode ser redimensionado, caso haja implementação de medidas profiláticas.

Objetivo: Analisar as evidências sobre as principais medidas profiláticas à cardiotoxicidade associada a diversos antineoplásicos utilizados no tratamento de câncer de mama. Método: O levantamento bibliográfico foi realizado através de busca nas bases eletrônicas PubMed e SciELO, utilizando os descritores: “cardiotoxicity”;

“Prophylaxis”; “Breast Neoplasms”. Definiu‑se critérios de inclusão: artigos na íntegra, na língua inglesa ou portuguesa. Resultados:Foram identificados 20 artigos e selecionados 7 estudos após aplicação dos critérios de inclusão. Os antineoplásicos utilizados no tratamento do câncer mamário dos estudos selecionados, são:

antraciclinas e trastuzamab, e apresentam como efeitos cardiotóxicos, alterações na repolarização ventricular, alterações eletrocardiográficas no intervalo Q‑T ou arritmias ventriculares e supraventriculares. Para reduzir tais efeitos, os estudos selecionados sugerem a implantação dos seguintes métodos profiláticos, além do diagnóstico precoce, por meio do ecocardiograma antes, durante e depois do tratamento: prática supervisionada de atividade física, dieta com baixo teor de gorduras saturadas e restrição salina de até 2.5g de sódio por dia, evitar o consumo de álcool e tabagismo.

Ademais, foram sugeridos cardioprotetores farmacológicos, como os antioxidantes, dezrazoxane e as estatinas. Conclusão: A cardiotoxicidade é um dos principais efeitos adversos associados aos antineoplásicos em câncer mamário. Porém, estes efeitos adversos podem ser reduzidos por meio do diagnostico precoce e os tratamentos farmacológicos e não farmacológicos sem reduzir a eficiência da terapia.

ALTERAÇÕES CARDIOVASCULARES NAS ARBOVIROSES: UMA REVISÃO SISTEMÁTICA

DHAYN CASSI DE ALMEIDA FREITAS1, Philip Henrik Brainin Jensen2, Laura Cordeiro Gomes3, Paulo Henrique Sampaio Valadares1, Thor Oliveira Dantas1, Odilson Marcos Silvestre1

(1) Universidade Federal do Acre, (2) Universidade de Copenhague, (3) Universidade de São Paulo

Fundamentos: As arboviroses causam cerca de 1 bilhão de infecções e 1 milhão de mortes anualmente em todo o mundo. Estudos indicaram que os arbovírus podem afetar o sistema cardiovascular, no entanto, as informações sobre esse tópico são limitadas e de natureza heterogênea. Objetivo: Nosso objetivo é fornecer uma revisão sistemática de estudos clínicos e relatos/séries de casos que avaliam a função cardiovascular em pacientes com arbovírus. Métodos: Dois pesquisadores buscaram no PubMed, Lilacs e Embase, de janeiro a março de 2020, por estudos que reportavam complicações cardiovasculares em pacientes infectados com arbovírus. Foram incluídos os seguintes arbovírus: Dengue, Chikungunya, Febre Amarela e Zika Vírus. Os estudos tinham que relatar parâmetros de função cardiovascular, incluindo eletrocardiograma, exames de imagem, biomarcadores cardíacos ou análise tecidual post‑mortem. Resultados: 102 estudos foram incluídos (50 clínicos e 52 relatos/séries de casos), publicados entre 1968 e 2019 em 28 países. Estudos clínicos: a maioria era do Sul da Ásia (n= 16; 15%) e realizados em contexto hospitalar (n = 86; 84%). Os estudos reportaram casos em Dengue (n = 5.597;

66%), Chikungunya (n = 1.966; 23%), Febre amarela (n = 70; 0,8%), Zika (n = 736; 9%) e co‑infecção Dengue e Chikungunya (n= 35; 0,4%). Os diagnósticos cardiovasculares mais relatados foram morte cardiovascular (n= 574; 7%), miocardite (n = 260; 3%), arritmia (n= 236; 3%) e insuficiência cardíaca (n= 164; 2%). Além disso, houve uma alta frequência de anormalidades sugestivas de acometimento cardiovascular como alterações eletrocardiográficas (n = 524; 6%), ecocardiográficas (n = 209; 2%) e de biomarcadores cardíacos (n = 284; 3%), assim como a presença de derrame pericárdico (n = 82; 1%), cardiomegalia (n = 24; 0,2%), sintomas cardiovasculares (n = 599; 7%) e pressão arterial e/ou frequência cardíaca anormais (n = 1.743; 21%). Relatos/Séries de casos: envolveram principalmente o vírus da Dengue (n = 103; 64%) e as complicações cardiovasculares mais frequentemente relatadas foram miocardite (n = 38; 24%) e morte cardiovascular (n = 31; 19%). Conclusões: Na presente revisão, a maioria dos estudos clínicos envolve o vírus da Dengue e a complicação cardiovascular mais relatada foi morte cardiovascular. Considerando que não tenha sido estabelecida relação de causalidade, são necessários ainda grandes estudos prospectivos adicionais para confirmar uma possível relação entre arbovírus e doenças cardiovasculares.

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IMPORTÂNCIA DAS MEDIDAS CARDIOPROTETORAS DISPONÍVEIS NO TRATAMENTO ONCOLÓGICO - CARDIOPROTEÇÃO E/OU CARDIOTOXICIDADE EM PACIENTES EM TRATAMENTO QUIMIOTERÁPICO

EDUARDA TATICO LAGARES1, Eduarda Tatico Lagares1, Ana Lígia Valeriano de Oliveira1, Aline Lins da Silva1, Andressa Pimentel Afiune1, Anna Karlla Gomes Moreira1, Guilherme Diniz Prudente1, Mercielle Fereira Silva1, Bruna Rodrigues Tinoco1 (1) Pontifícia Universidade Católica de Goiás‑PUC GO

Introdução: Os últimos anos, serviram para desenvolvimento de diferentes esquemas terapêuticos para os tipos de câncer, levando à cura da doença ou aumento de sobrevida e qualidade de vida. A cardiotoxicidade é um obstáculo presente em quimioterápicos, documenta‑se que diferentes agentes antineoplásicos têm potencial cardiotóxico e muitos protocolos têm sido propostos para seu tratamento e prevenção.

Objetivos: Compreender o uso de medidas cardioprotetoras durante tratamento oncológico avaliando os possíveis benefícios e malefícios. Métodos: Revisão sistemática nas bases de dados Pubmed e Scielo com os descritores “cardioprotection”

e “chemotherapy treatment” e “oncological”. Utilizaram‑se como filtro “in the last 5 years” e “Humans”. Aplicou‑se como critério de exclusão artigos que não abordaram a temática proposta. Foram selecionados 15 artigos. Resultados: As antraciclinas são agentes citotóxicos e após sua introdução na terapêutica da oncologia, as taxas de sobrevida aumentaram de 30% para 70%. Nas fases sintomática e assintomática da insuficiência cardíaca, induzida pela cardiotoxicidade crônica da doxorrubicina, estão associadas à pior prognóstico, com taxa de mortalidade de até 50% em um ano.

Uma revisão sistemática analisou os betabloqueadores como agentes cardioprotetores antes do uso de antraciclinas por pacientes oncológicos adultos. Nesta amostra, utilizaram betabloqueador como intervenção e o carvedilol foi o mais frequente (167 pacientes ‑ 25,5%). Seis estudos foram positivos no que tange à cardioproteção desempenhado pelos betabloqueadores mas apenas quatro demonstram diferença significativa na fração de ejeção do ventrículo esquerdo após quimioterapia. Outro agente cardioprotetor analisado é o dexrazoxano (DEX), uma meta‑análise de 2018 mostrou uma significância estatística protetora em casos cardiológicos com o uso do DEX. Porém, foram levantadas preocupações do uso de DEX devido a um possível aumento da supressão da medula óssea, com a meta‑análise de 2011 mostrando maior frequência de leucopenia e anemia. Conclusão: Esquemas de quimioterapia são relacionados a efeitos cardiotóxicos, particularmente no uso à longo prazo. A avaliação cardiológica é necessária, mas o treinamento específico neste campo é escasso.

É importante o conhecimento sobre fatores relacionados ao potencial cardiotóxico e o uso do ecocardiograma (ECO), que deve ser feito no período pré‑quimioterapia, controle durante o curso, no fim do tratamento e durante o seguimento.

CÂNCER CARDÍACO: POR QUE POUCO EXPLANADO?

JUDSON ALMEIDA DE SOUZA JÚNIOR1, Isabella Camargo da Silva1, Valéria Hosana Castro Guimaraes1

(1) Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia

Introdução: O primeiro caso de câncer cardíaco é datado da Idade Média e, desde então, demonstra‑se um desafio diagnóstico e terapêutico. Apesar de ser ressecado desde 1954, ainda hoje, não existem estudos que elejam o melhor tratamento para cânceres cardíacos. Inclusive, essa carência se estende a toda literatura acerca da temática, contribuindo, assim, para seu pouco entendimento e abordagem.

Objetivos: Identificar os fatores que influenciam a escassez de discussões acerca do câncer cardíaco no ambiente acadêmico, clínico e na comunidade externa geral, bem como elucidar a importância da pesquisa sobre o tema. Métodos: Trata‑se de uma revisão sistemática da literatura, na qual as normas preconizadas pelo Centro Cocharne do Brasil foram respeitadas. Inicialmente os dados foram selecionados por três revisores, as buscas foram realizadas nos idiomas português, inglês e espalhol, nas bases de dados dos indexadores Pubmed, Scielo e Medscape, utilizando‑se os seguintes descritores: câncer cardíaco, mixoma e raridade. Foral selecionados artigos publicados entre os anos 2010 a 2020. Após a busca, os revisores extraíram os danos, avaliando, de forma independente a qualidade metodológica dos estudos, a fim de evitar vieses. Resultados: O pensamento, de que os cânceres raramente ocorrem no coração encontra alguns respaldos. Os carcinomas se iniciam em tecidos epiteliais, logo, são infrequentes no coração. Em contrapartida possui estreita relação com os sarcomas, visto que o órgão se constitui, principalmente, de tecidos mesenquimais. A incidência estimada por autópsia dos tumores primários, varia de 0,001% a 0,3%, revelando, assim, importante raridade. Comparativamente, a metástase é 30 vezes mais comum.

Como não há sintomatologia precoce e específica, o desafio é considerar esse diagnóstico para que testes apropriados sejam realizados, em especial, o ecocardiograma. Um agravante é a inexistência de fatores de risco já estabelecidos – o campo de estudo epidemiológico é limitado. Habitualmente, tais tumores apresentam‑se em estágios tardios, com um pior prognóstico. Conclusões: Os tumores cardíacos primários são raros, tornando incomum aventar esta hipótese num primeiro momento.

Ademais, a escassez epidemiológica somada ao tratamento quase que exclusivamente cirúrgico, fazem com que sejam muito pouco abordados clinicamente, assim, quase nunca comentados em âmbito acadêmico e, muito menos, pela população em geral.

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TENDÊNCIA TEMPORAL DAS TAXAS DE MORTALIDADE INTRA-HOSPITALAR POR ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL EM GRUPOS DE IDOSOS YURI BARBOSA ARAÚJO1, Jadyelle dos Santos Teixeira1, Marcio Fellipe Menezes Viana1, Júlia Ferreira Nogueira1, Ana Beatriz Rocha Almeida1, Lucas Pereira Santos1, Emanuel Cardoso Oliveira1, Erika de Lima Vasconcelos1, Pedro Henrique Gomes Castro1, Rafael Alexandre Meneguz Moreno1

(1) Universidade Federal de Sergipe

Introdução: Na área da saúde, o reflexo do envelhecimento pode ser observado na mudança do padrão de morbimortalidade da população. Em idosos, o AVC destaca‑se como uma das principais causas de morbimortalidade, frequentemente necessitando de hospitalização. Objetivo: Examinar a tendência das taxas de mortalidade intra‑hospitalar da população idosa brasileira por AVC (não especificado se isquêmico ou hemorrágico).

Metodologia: Realizou‑se estudo ecológico, com abordagem quantitativa, utilizando dados oriundos do DATASUS, das taxas de mortalidade intra‑hospitalar (TxM) por AVC em idosos, no período de 2001 a 2019. Para a análise da tendência foram estimados modelos de regressão linear para os idosos jovens (60‑79 anos) e quadrática ou cúbica para os muito idosos (≥80 anos), em virtude do comportamento gráfico de cada grupo e da análise do coeficiente de determinação (r²). Em seguida, procedeu‑se à modelagem, considerando as TxM, em %, como variáveis dependentes (Y) e os anos de estudo como variáveis independentes (X). Optou‑se por utilizar a variável centralizada (X‑2010), evitando‑se a auto‑correlação entre os termos da equação de regressão. Devido às variações sutis das TxM, a tendência foi considera de acordo com o coeficiente angular da equação em: decrescente (se < -0,01), constante (se ≥ -0,01 e ≤ 0,01) e crescente (se ≥ 0,01). Resultados: A população foi composta de 885.733 homens (51%) e 847.022 mulheres (49%). Houve redução significativa (p < 0,05) das TxM por AVC entre os idosos em ambos os sexos de 18,34% em 2001 para 16,65% em 2019, representando uma redução relativa de 9,21%. Tal redução foi levemente mais pronunciada nos homens [17,426‑0,152(X‑2010); r² = 0,747; p < 0,001] versus [18,677‑0,059(X‑2010);

r² = 0,318; p < 0,05] nas mulheres. Ao analisar por grupos etários, a redução anual foi mais pronunciada entre a população idosa masculina mais jovem, isto é, entre 60‑69 anos [Y = 14,584‑0,220(X‑2010); r² = 0,849; p < 0,001] e menos intensa na população feminina entre 70‑79 anos [Y = 17,568‑0,078(X‑2010); r² = 0,390; p < 0,001].

O grupo de homens muito idosos foi o único que apresentou tendência constante nas TxM na série histórica (p < 0,05), ao passo que as mulheres muito idosas apresentaram TxM em queda (p < 0,05). Conclusão: As TxM foram decrescentes em ambos os sexos de forma quase semelhante, mas levemente mais intensas nos homens. A tendência constante no grupo de homens muito idosos pode ser reflexo de sua baixa adesão nos programas de prevenção cardiovascular.

AVALIAÇÃO PRÉ-OPERATÓRIA NA CIRURGIA AMBULATORIAL DE BAIXA COMPLEXIDADE

ISABELA CORRALO RAMOS ETCHEVERRIA1, Miguel Antonio Moretti1, Caroline Hamati Rosa Batista1, Pedro Borghesi Poltronieri1, João Fernando Monteiro Ferreira1, Antonio Carlos Palandri Chagas1

(1) Faculdade de Medicina do ABC ‑ Departamento de Cardiologia

Introdução: A avaliação pré‑operatória auxilia na classificação do risco cardiovascular e fornece dados ao cirurgião e ao paciente (pt) que irão ajudar no preparo da cirurgia.

Nas cirurgias ambulatoriais, de baixa complexidade, os critérios para a realização dessa avaliação não são bem definidos nas diretrizes. Ela pode, por exemplo, ser realizada somente pelo cirurgião ou junto com outro especialista. Objetivo: Comparar estratégias de avaliação pré‑operatória e seu impacto na evolução perioperatória de cirurgias ambulatoriais. Metodologia: Estudo longitudinal, prospectivo e controlado com pts submetidos a cirurgias dermatológicas. Foram incluídos pts de baixo e moderado risco pelos critérios do EMAPO (Estudo multicêntrico de avaliação perioperatória para operações não cardíacas). Eles foram divididos em dois grupos: (1) avaliação com o cirurgião; (2) avaliação pelo cirurgião e pelo cardiologista. Tempo de seguimento 7 dias.

Foram analisados dados sobre o procedimento, evolução e eventos adversos. Variáveis avaliadas quanto a sua distribuição (Shapiro-Wilk). Teste χ2 de Pearson para variáveis categóricas e testes T ou teste U de Mann‑Whitney para variáveis contínuas (IC 95%

com p < 0.05). Resultados: Foram avaliados 300 pts (G1 = 200 e G2 = 99) com perda de seguimento de 1 pts. Todos liberados para os procedimentos, sem nenhuma orientação especial ou diferente dos protocolos. Os grupos eram homogêneos, incluindo o EMAPO (G1 = 2.6±3.6 e G2 = 2.7±3.2), exceto pela presença de dislipidemia (G1 = 13,5% e G2 = 23,2% p = 0,03). Nenhum pt apresentou evento cardiovascular (exceto, um evento isolado de uma única medida elevada de pressão arterial durante procedimento no G2) e 3 pts do G2 e 1 pt no G1 com infecção de ferida operatória. O G2 realizou mais exames que o G1 (5.1±1.7 vs 1.3±1.7; p < 0.01). O tempo para a realização da cirurgia foi significativamente menor no G1 (2.7±2.1 meses) em relação a G2 (6.8±4.6 m) com p < 0.01. Conclusão: Não há necessidade de avaliação pré‑operatória com cardiologista e mais exames em pts que realizarão cirurgias dermatológicas ambulatoriais e que já sejam de baixo ou médio risco pelo escore EMAPO. A avaliação com outro especialista e realização de mais exames atrasaram a realização do procedimento, saturando a fila de espera e provavelmente aumentando os custos.

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TAXA DE MORTALIDADE POR INFARTO AGUDO DO MIOCÁRDICO ENTRE 2010 E 2020

JULIA NOGUEIRA FERNANDES DE OLIVEIRA1, Lucas Piason de Freitas Martins1, Fernanda Brandão Santos1, Mariana Correira Moreira Cruz1, Ian Lemos Teixeira Sarno1, Maria Campos Fernandes1, Beatriz Tejo Dantas1, Maria Eduarda Rodrigues de Araújo Dantas de Pinho1, Beatriz Rocha Darzé1, Gabriele Macedo Mascarenhas1, Luana Carvalho Martins Almeida1, Lucas Diniz Gonçalves Villas Boas1

(1) Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública (EBMSP), Salvador, BA

Introdução: Apesar dos diversos avanços nos últimos anos, o Infarto Agudo do Miocárdio (IAM) continua sendo uma das maiores causas de morte no Brasil e no mundo. Estima‑se que cerca de 400.000 casos ocorram por ano no Brasil, culminado em aproximadamente 60.000 mortes. Os grandes avanços da Medicina resultaram em uma redução significativa na mortalidade intra‑hospitalar, entretanto, a taxa de mortalidade geral ainda é alta ‑ por volta de 30% ‑ devido ao grande número de óbitos extra‑hospitalares que ocorrem geralmente antes de qualquer atendimento médico.

Objetivo: Comparar as taxas de mortalidade anuais por IAM entre 2010 e 2020.

Métodos: Trata‑se de um estudo observacional, ecológico e de caráter descritivo, realizado a partir do banco de dados fornecido pelo Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS). Foi feita uma coleta de dados sobre as taxas de mortalidade anuais totais e por sexo no período de 2010 a 2020, no subitem

“Epidemiológicas e Morbidade” do item informações em saúde, no qual foi selecionado Morbidade Hospitalar do SUS (SIH/SUS). O programa Statistical Package for the Social Sciences (SPSS) foi utilizado para realizar a análise estatística, na qual foi utilizada a análise de regressão linear para comparar as taxas de mortalidade anuais totais. Para comparar a diferença entre os sexos, foi utilizada o teste T para amostras independentes. Resultados: A média da taxa de mortalidade ao longo do período foi de 11,42±1,26, com redução estatisticamente significante ao longo dos anos.

A maior taxa de mortalidade foi no ano de 2010 (12,9) e a menor no ano de 2020 (9,13), com tendência temporal descendente e variação média anual de β = -0,371 r2 = (0,953) (p < 0,001). Maiores taxas de mortalidade foram encontradas no sexo feminino (p < 0,001), com média de 13,84±1,52. Conclusões: Corroborando com os dados da literatura, o sexo feminino apresenta maiores taxas de mortalidade por IAM, com diferença estatisticamente significante entre os sexos. Além disso, existe um forte coeficiente de determinação entre os anos e a taxa de mortalidade por IAM, sendo que o tempo explica em até 95,3% a tendência temporal, que se mostra descendente no período de 2010 a 2020.

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