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DA ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA

Como visto nos capítulos anteriores, o Jus Postulandi é utilizado pela parte hipossuficiente da relação que não possui condições de arcar com as custas e despesas da demanda processual.

O doutrinador Amauri Mascaro Nascimento96 relata que:

O processo trabalhista importa des pesas que nem todos os trabalhadores estão em condições de efetuar, daí por que, por força de lei, determinados assalariados, de acordo com a sua condição econômica, são isentos do pagamento de custas processuais quando ganham salários de até duas vezes o mínimo mensal, caso em que também t em direito à gratuidade das demais despesas do processo.

Sobre o conceito da assistência judiciária gratuita, Paulo Luiz Schmitt97 disserta: “a assistência Judiciária gratuita é o benefício concedido ao reclamante carente de recursos de propor o processo e utilizar os serviços profissionais de advogado e, inclusive, dos demais profissionais envolvidos no feito.”

A Lei 1.060 de 5 de fevereiro de 1950, segundo Amauri Mascaro Nascimento, prevê a assistência judiciária gratuita para os necessitados, prestada pelo Estado, por advogado indicado pela seção estadual ou subseção municipal da Ordem dos Advogados do Brasil ou por advogado para esse fim designado pelo juiz.

O art. 4º da Lei da Assistência Judiciária Gratuita afirma que: “a parte gozará dos benefícios da assistência judiciária, mediante simples afirmação, na própria petição inicial, de que não está em condições de pagar as custas do processo e os honorários de advogado, sem prejuízo próprio ou de sua família.”98

Sobre a assistência judiciária gratuita, Wagner D. Giglio99 discorre:

A assistência judiciária grat uita abrange a isenção de taxas, selos, custas, despesas de publicação e com honorários de peritos e advogado, e será concedida a quem ganhar menos que o dobro do salário mínimo, ficando assegurado igual benefício ao trabalhador de maior salário, uma vez que

96

NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Curso de direito processual do trabalho. 21. ed. São Paulo: Saraiva, 2002, p. 349.

97

SCHMITT, Paulo Luis. Jus Postulandi e honorários advocat ícios na justiça do trabalho. Sínte se

Trabalhista, Porto Alegre, n. 106, 1997, p. 07.

98

BRASIL. Lei n 1.060, de 5 de fevereiro de 1950. Disponível em:

<http://www.planalto. gov. br/ccivil/LE IS/ L1060.htm>. Acesso em: 20 mar. 2009.

99

provado que sua situação econômica não lhe permite demandar, sem prejuízo do sustento próprio ou da família.

Ainda pelas palavras do autor100, a Lei nº 5.584 de 26 de junho de 1970 confere ao sindicato a assistência gratuita a ser prestada a todo trabalhador da categoria profissional respectiva cujo salário seja de até dois salários mínimos, caso em que, sendo o empregado vencedor da questão, o juiz condena o empregador ao pagamento de honorários advocatícios para o sindicato.

O art. 14 da Lei 5.584/70 relata:

Art 14. Na Justiça do Trabalho, a assistência judiciária a que se refere a Lei nº 1.060, de 5 de fevereiro de 1950, será prestada pelo Sindicato da categoria profissional a que pertencer o trabalhador.

§ 1º A assistência é devida a todo aquêle que perceber salário igual ou inferior ao dôbro do mínimo legal, ficando assegurado igual benefício ao trabalhador de maior salário, uma vez provado que sua situação econômica não lhe permite demandar, sem prejuíz o do sustento próprio ou da família. § 2º A situação econômica do t rabalhador será comprovada em atestado fornecido pela autoridade local do Ministério do Trabalho e Previdência Social, mediante diligência sumária, que não poderá exceder de 48 (quarenta e oito) horas.

§ 3º Não havendo no local a autoridade referida no parágrafo anterior, o atestado deverá ser expedido pelo Delegado de Polícia da circunscrição onde resida o empregado. 101

Sobre os honorários advocatícios, a Súmula n. 219 do Tribunal Superior do Trabalho declara: na Justiça do Trabalho, a condenação em honorários advocatícios, nunca superiores a quinze por cento, não decorre da sucumbência, mas da assistência sindical judiciária gratuita para quem ganha salários inferiores ao dobro do mínimo, ou em razão da situação econômica.

Kleber Waki102 dispõe em seu artigo que por “assistência judiciária” devem ser compreendidos todos os benefícios que se extraem do art. 3º da Lei 1060/50, dentre os quais está o de isenção dos honorários de advogado.

A Lei 10.288 de 2001, ao introduzir o §10º ao art. 789 da Consolidação Das Leis Trabalhistas, que a assistência será prestada ao desempregado, ao que ganhar menos de cinco salários e ao que declarar , sob pena de responsabilidade, sua insuficiência econômica.

A Constituição de 1988 103elevou a assistência aos necessitados ao dever do Estado, em seu art. 5º, LXXIV: "O Estado prestará assistência jurídica integral e

100

GIGLIO, Wagner D. Direito proce ssual do trabalho. 14. ed. São Paulo: Saraiva, 2005, p. 145.

101

BRASIL. Lei n. 5.584, de 26 de jun. 1970. Disponível em:

gratuita aos que comprovarem insuficiência de recursos" . Pelas palavras de Wagner D. Giglio, hoje não subsiste qualquer dúvida de que, diante dos termos claros da Lei n. 5.584/70, recepcionada pela Carta Magna, o encargo de prestar assistência judiciária, na Justiça do Trabalho, foi atribuído ao Sindicato, onde este existir, com exclusão de todas as outras entidades mencionadas na Lei 1060/50.

Ainda sob entendimento de Giglio104, não se exige que o trabalhador seja associado ao sindicato para obter o benefício da Lei 5.584/70, basta apenas, que pertença à categoria profissional pelo órgão de classe.

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