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Da liberdade civil e política

No documento ADELAIDE MARIA MURALHA VIEIRA MACHADO (páginas 181-200)

PARTE 2. O INVESTIGADOR NA EUROPA E NO MUNDO

3.1. Da descoberta do moderantismo na Revolução Francesa

3.2.1. Da liberdade civil e política

Anos depois, voltando ao período da Restauração Bourbon em França, podemos acompanhar, no Investigador Português, a escolha de tradução e publicação de artigos com agenda política semelhante. De Charles Comte, que juntamente com Charles Dunoyer577 dirigia o jornal intitulado Le Censeur, que se batia por uma total liberdade imprensa, Liberato traduziu e introduziu um artigo publicado em França578, durante os

Cem d

rei [Luís XVIII], era redactor de um jornal

francês sem ser esperado por aqueles que mais interesse tinham em vigiá-lo. O seu jornal constava pois somente de ataques contra o que faziam os ministros do rei, e contra

eles os que animavam o Censor!”579 ias, e ainda com Napoleão a avançar sobre Paris. Nessa introdução apresentou o autor, dando significado à sua luta:

“M. Compte, no tempo do governo do

intitulado Censor, que saía todos os meses num volume em 8vo de mais de 20 folhas para iludir a miserável e impolítica lei da censura; sim bem miserável e impolítica, porque se os jornais e gazetas fossem completamente livres, decerto haveria sido impossível que se houvesse tramado uma contra-revolução tão extensa, sem que o governo a pressentisse e acautelasse; e que enfim Bonaparte tornasse a pôr o pé em território

outros jornais sujeitos à censura régia. Os próprios realistas estavam tão indispostos contra os agentes do rei, que eram

576 Ver Dictionary of the history of ideas, Conservatism, vol. I, p. 477-485 e Liberalism, vol. III,

p. 36-60, Virginia University, 2003. Para todo o capítulo ver sobretudo, Dumont, Louis, Ensaios sobre o individualismo: uma perspectiva antropológica sobre ideologia moderna, Lisboa, 1992, Jaume, Lucien, La liberte et la loi: les origines philosofiques du libéralisme, Fayard, 2000, aavv, Conservative texts: na antthology, Londres, 1991, Viereck, Peter, Conservatism revisited, Westport, 1949

577 Charles Comte (1782-1848) e Charles Dunoyer [1786-1862), posteriormente ligados ao

liberalismo francês

578 “Da impossibilidade de estabelecer um governo constitucional sob um chefe militar, e

particularmente sob Napoleão”IP, Vol. XIII, p. 14-36

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O redactor do jornal português temia, até, que Comte já estivesse preso, “porque homens do carácter de M. Comte são em todo o tempo, e em todos os casos indivíduos que assustam, ou incomodam o despotismo.”580

Reafirmando a sua posição crítica face à situação política antes do retorno de Napole

de opinião pontuais, recusassem qualquer espécie de atitude

exto a malévolos para promov

recuperados, aparecia de novo em França e à cabeça

ão, Comte lembrava, no entanto, que fundara o seu jornal em defesa da Carta Constitucional581, e depois de se colocar, no que dizia respeito a ganhos ou interesse particular, em equidistância, quer de Bourbons, quer de Bonapartistas582, declarava que o seu passado falava por ele, e distinguia-o dos oportunistas políticos de todas as cores583.

Apercebendo-se da gravidade da situação, fazia um apelo de união a todos os que, embora com desacordos

arbitrária ou despótica da parte do poder, e exigissem o respeito da lei constitucional do país.

“Quando o repouso público está ameaçado, ou a segurança do governo se acha comprometida por acontecimentos imprevistos, semelhantes homens não se aproveitam das faltas ou dos erros do governo para excitar os espíritos; bem pelo contrário, eles abandonam todas as discussões, que poderiam servir de pret

er o descontentamento público, e unem-se francamente com todos os que querem defender o governo e a liberdade da sua pátria, qualquer que seja a diferença de suas opiniões, e interesses.”584

Mais adiante, lembrava como Bonaparte se fizera eleger no passado, com a promessa de salvaguardar a liberdade dos franceses, acabando por destruí-la, e agora que liberdade e direitos tinham sido

de um exército rebelde. No mesmo sentido, defendendo a Carta como um pacto

580 IP, Vol. XIII, p.14

581 “Animado constantemente dos mesmos sentimentos, que excitaram o meu ódio contra o

governo imperial, e receoso de ver destruir um acto [Carta Constitucional], de que dependiam a liberdade e a prosperidade de França, resolvi-me a empreender a sua defesa.”IP, Vol. XIII, p. 15

582 “Eu não tenho ligação alguma com a fa

aspiro às mercês de Luís XVIII, assim como não aspirei aos favores de Napoleão… Eu não tive parte mília Bonaparte, nem com a dos Bourbons; e não alguma nas desordens da revolução, e por isto não tenho que recear vinganças contra mim, nem contra os meus.”IP, Vol. XIII, p. 14

tartufos políticos falam a mesma linguagem, que os escritores desintere

o destruir as leis que enos a intenção de chamar de novo o déspota, que os fazia gemer, para destruir

583 “Ora quando os

ssados, que só desejam a conservação das leis, e que se se queixam das injustiças, é com o fim de as verem reparadas e de as prevenirem para o futuro; como poderemos nós distinguir uns dos outros? É somente comparando o seu comportamento passado com a sua doutrina, é principalmente observando o que eles fazem nas circunstâncias delicadas… Homens que só levantaram a voz para defender a liberdade, não podem ter por objecto, quando criticam os actos de um governo moderado,

os protegem; e muito m

um governo com o qual vivem felizes.”IP, Vol. XIII, p. 15

177 | P á g i n a firmad overno, e se era possíve ional. Prática

ada, quais são as suas funções? Assegurar

a cada

segurança das pessoas funda-se em duas coisas: na inde

o entre os franceses e o governo, como legitimamente aceite, via no avanço daquele, que classificava como déspota, um crime de traição585.

Terminava o seu apelo aos franceses, com a definição do seu propósito, que era examinar e demonstrar se a liberdade estava em risco com o actual g

l mantê-la sob Napoleão.

“Assim não se trata aqui do interesse de tal ou tal família; trata-se do interesse de cada um de nós; da segurança dos nossos bens, das nossas pessoas, das nossas leis; numa palavra da nossa liberdade.”586

Citando L’Esprit des Lois, de Montesquieu, iria delimitar, quanto à segurança de pessoas e bens, despotismos e governos moderados, na figura das confiscações, parte importante do Código penal do governo imperial e abolidas pela Carta Constituc

corrente nos governos despóticos, perdia a sua utilidade nos estados, que aquele autor francês apelidava de moderados587.

A partir daí, Comte foi definindo uma ideia actualizada, de governo e monarquia constitucionais. Os cidadãos não tiravam a sua subsistência do governo, mas pelo contrário, era do produto do trabalho e indústria dos governados, que os governos se sustentavam, redistribuindo equitativamente o que já tinham recebido.

“Mas se os governos não produzem n

um a inviolabilidade da sua pessoa; o livre exercício das suas faculdades, em tudo aquilo, que não prejudica os outros; e o gozo ou disposição pacífica das suas propriedades [itálico no texto]. Em toda a parte onde se acham estas garantias, o homem é tão feliz quanto pode ser; enfim é livre: aonde uma delas faltar, o homem é necessariamente infeliz; é escravo…. A

pendência dos tribunais, e na responsabilidade dos ministros de estado.”588

Na verdade, o que aqui se começava a desenhar, e que já tínhamos acompanhado em Barnave, era uma teoria de sociedade civil, que apesar de deter o poder político, como depósito, tinha daí decorrente, como principal objectivo, uma existência

585 “Eu julgo que ultrajaria a razão dos franceses, se pensasse que era preciso demonstrar-lhes,

que nenhum de nós tem direito de decidir a respeito do governo legitimamente estabelecido, e de romper o pacto que nos liga mutuamente; eu já disse noutra parte, que todo o indivíduo que conspirava contra um governo fundado segundo as leis do seu país, era um malfeitor, digno do último suplício; e a aparição de

IP, Vol. XIII, p. 17

erados’, diz o mesmo autor [Montesquieu], ‘é isto muito diferente. A

confisca es; e finalmente

destruiri

Bonaparte em terras de França não me fez certamente mudar de opinião.”IP, Vol. XIII, p.17

586

587 “’Nos Estados mod

ção tornaria incerta a propriedade dos bens, e esbulharia os filhos inocent

a uma família inteira quando se não tratava mais que de punir um criminoso’.”IP, Vol. XIII, p.24/5

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autóno

tucional, possuía em si, não só as garantias requeridas, como por ter sido reconh

antes a maio

dores. A verdad

rte de pensar e de escrever sofrerem o menor obstáculo.”592

tempo do imperador, com o do rei Luís XVIII, concluía que o bem mais precioso do homem, a liberdade, que permitia abrir gradualmente os outros caminhos, era uma

ma em segurança e liberdade589. Logo, o pretender provar-se que a Carta Constitucional garantia melhor estes princípios que Napoleão, tinha uma ligação directa com essa perspectiva, que colocava a segurança e a liberdade individual, como parâmetros da organização política e social.

As constituições eram o garante desta ideia de liberdade e estabilidade590, e a Carta consti

ecida e acordada pelos franceses, tinha a força de lei, o que demonstrava a impossibilidade de o governo actual a destruir, contra a vontade de milhões de franceses capacitados pela liberdade de opinião.

“Do que acabamos de dizer não se deve concluir, que o governo não tem força; porque a impossibilidade de destruir as leis, em vez de ser um sinal de fraqueza, é

r prova de que tem uma força imensa para as fazer executar. Neste caso todas as vontades concorrem com a dele; e é impossível, que estas vontades reunidas encontrem algum obstáculo, que não possam vencer.”591

Salientada a importância do consenso político num espaço de liberdade, Comte faria a actualização histórica da riqueza das nações. Por contraste com a expansão napoleónica, afirmava que o progresso das nações não estava ligado à conquista, a qual nos tempos que se viviam não trazia mais valias, nem vencidos ou vence

eira riqueza residia na liberdade de cada um desenvolver e exercer as suas faculdades.

“A glória e a prosperidade de um estado consistem presentemente na bondade das suas instituições, e na actividade da sua indústria. Ora um povo não pode ter instituições sábias e liberais, nem dar-se a uma grande indústria enquanto os homens não são senhores de desenvolverem livremente as suas faculdades, nem isto pode acontecer enquanto a a

Comparando longamente, sob os diversos ângulos desta perspectiva de garantias e salvaguarda da força da lei, da autonomia de cada um, e da estabilidade política, o

l. XIII, p. 30

589 Ver também aavv, Civil Society: history and possibilities, Cambridge, 2001

590 “O governo de Inglaterra é sem contradição o mais forte que se conhece; e contudo nenhum

seria mais fraco do que ele se quisesse destruir a constituição.”IP, Vol. XIII, p. 30

591 IP, Vo

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quimera, sob o governo despótico de Napoleão593. Na verdade, o regime imperial, no que dizia respeito à divisão e equilíbrio dos poderes executivo e legislativo, estava nos antípod

e.”594

a possibilidade de um retorno, quer ao Antigo regime

as daquele que os franceses tinham aprovado, juntamente com a Carta.

“Numa monarquia constitucional, em que a pessoa do Príncipe deve ser inviolável, este não deve exercer pessoalmente parte alguma do poder executivo; é preciso que o delegue, para que a lei possa achar quem seja responsável em caso de abuso…Por este modo o Governo goza de uma estabilidade constante; porque o chefe é inviolável; e os cidadãos da maior segurança e liberdade possíveis; porque os agentes da autoridade não podem fazer-lhes algum dano sem correrem o risco da responsabilidad

Se na pessoa do rei estivesse Bonaparte, Charles Comte, baseado na sua memória recente que era comum a todos os franceses, afirmava a impossibilidade da manutenção das garantias e liberdade, ultimamente conquistadas pela nação595, porque

passaria a ter um chefe fora do império da lei constitucional, um déspota. Ao apresentar como perigos reais,

596, quer o de aceitar de novo o regime imperial, o autor francês demonstrava que

o primeiro estava descartado, pelo apoio da maioria dos franceses à Carta e ao consequente regime representativo. Quanto ao segundo, este era a razão da sua luta política actual, do apelo que fazia a todos os que se situavam entre os dois extremos, mesmo os que tinham sido seus adversários pouco tempo antes, para que se unissem na defesa do governo, independente dos erros cometidos, e da liberdade sob a lei constitucional.

A construção de um edifício político, com base no direito à oposição e sustentado pelo princípio da liberdade individual, configurava uma ideia de sociedade

593 “À vista do que temos dito, nenhuma comparaç

presente Governo: no tempo do primeiro estávamos sujeitos a umão pode haver entre o Governo Imperial e o jugo de ferro: actualmente podemos dizer que somos livres, e cada um de nós pode defender os seus direitos como melhor lhe parecer.”IP, Vol. XIII, p. 26

594 IP, Vol. XIII, p.32

595 “Se destruirmos esta ordem de coisas e supusermos, que o Príncipe, saindo do lugar que a

constituição lhe destina, se torna de um certo modo agente do poder executivo, se supusermos, por exemplo, que ele toma o comando dos exércitos, é evidente que desde este momento a constituição fica derribada, e os cidadãos privados de segurança e de liberdade.”IP, Vol. XIII, p. 32

596 Comte defendia que fora a recusa em reformar o abuso que perdera definitivamente as antigas

classes privilegiadas: “Em 1789 a Nobreza ocupava todos os lugares na administração, nos tribunais, e no exército; o Clero tinha corporações em todas as terras de França; estas duas classes gozavam de todos os privilégios, e possuíam riquezas imensas; e contudo quando os deputados do povo quiseram efectuar uma reforma, que longos abusos tornavam necessária, as classes privilegiadas não puderam opor-lhes mais que impotentes obstáculos; e por quererem conservar o que deviam abandonar, perderam seus privilégios, os seus títulos, os seus bens, e a sua pátria.”IP, Vol. XIII, p. 28

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civil qu

monarquia constitucional era um horizon

direitos e garantias da sociedade civil.

da república de 1792, abandonando o país. Voltou com a amnistia declarada por Napoleão, mas acabou por incompatibilizar-se com o regime e denunciá-lo como despótico. Na sua defesa da causa monárquica, acusava o imperador de ter subvertido

e, embora politizada, pretendia libertar espaços de existência entre o público e o privado, que permitissem uma vivência onde as faculdades de cada um encontrassem o campo aberto ao pleno desenvolvimento.

Daqui facilmente se depreende que as instituições de liberdade, aqui defendidas, só seriam possíveis através de um governo estável. A Inglaterra surgia como o exemplo de tudo o que atrás foi esboçado, e assim sendo, a

te de garantia também para a França. A regra de ouro, no entanto, ao nível do exercício do poder, era a de que a pessoa do rei teria que ser inviolável e a responsabilidade toda ministerial. O pretendido papel moderador do rei era, portanto, considerado como papel activo e logo, sujeito à crítica. Ora, o que se queria evitar era precisamente a possibilidade de o rei ser alvo de julgamentos, por um lado, e de poder agir arbitrariamente, por outro. Assegurava-se que a pessoa do rei era intocável, mas esvaziava-se a possibilidade do exercício da tirania, sobretudo no que dizia respeito às decisões, de guerra e paz, e de chefia do exército.

Esta posição era clara e espelhava a tão mencionada opinião pública esclarecida francesa, cujo papel era apontar os caminhos e manter uma vigilância crítica constante, sob a perspectiva e em defesa dos

A favor do retorno dos Bourbons desde o primeiro dia, estava o visconde de Chateaubriand597, que publicou uma obra em defesa da monarquia e contra Napoleão598, da qual o Investigador divulgou alguns extractos599.

Para além desta, outras obras de Chateaubriand foram publicadas e publicitadas no jornal português ao longo de vários números600. A razão que torna importante mencionar este autor com algum destaque, para além da admiração expressa por Liberato, é o facto de ele poder representar em França, não só o romantismo, mas também, e sobretudo, o que viria a ser o conservadorismo. Simpatizante da revolução nos seus primeiros tempos, distanciou-se dela a partir da morte do rei e da proclamação

597 François-René de Chateaubriand (1768-1848)

598 “Bonaparte, os Bourbons, e a necessidade de aderir aos legítimos príncipes para felicidade da

França e

I da Europa”IP, Vol. IX, p.563/70

599 “O assunto desta obra, o nome, o carácter, os princípios e os talentos do autor, são dignos de

toda a atenção do público.”IP, Vol. IX, p. 563

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tudo o que a França possuía de bom601, superando todos os excessos que se tinham cometido em nome da revolução.

“Os crimes da nossa Revolução Republicana foram a obra das paixões, que sempre deixam algum recurso; nela houveram desordens, porém não se destruiu a sociedade; a moral foi injuriada, mas não se aniquilou. A consciência conservava alguns remorsos, e uma destruidora indiferença não confundia o inocente com o culpado. Assim as calamidades deste tempo brevemente se curarão. Porém que remédio podem ter as feridas de um governo, que estabeleceu o despotismo como um princípio… Que pretend

liberdade. O despotismo militar, ao hipotecar o futuro

rico604, para da

a eram os valores humanos.

eu fundar a ordem pública não sobre a moral e as leis, mas sobre a força, e os espiões da polícia; e que afectava ver na estupidez da escravidão a paz de uma sociedade bem organizada, fiel aos hábitos dos seus antepassados, e silenciosamente marchando pelos passos das antigas virtudes? As revoluções mais terríveis são sempre preferíveis a um tal estado de coisas.”602

A história demonstrava que, por mais terríveis que os acontecimentos fossem, neles muitas vezes se revelavam talentos e grandiosidades em defesa de causas. Não era assim no despotismo, cuja manutenção só era possível através da força e, consequentemente, da ausência de

dos cidadãos, destruía ainda mais o espírito que os corpos, porque destruía o patriotismo, ao reduzir a nada as fontes que o alimentavam: a história, a moral e a lei603.

Comparando a história antiga com a actualidade na sua obra sobre as revoluções, Chateaubriand procurava enquadrar a revolução francesa no encadeamento histó

í extrair o seu significado. Recuando à Grécia antiga, foi procurando paralelos com os acontecimentos em França. Na verdade, iria encontrar monarquias e repúblicas, e reconhecer que o que estava em caus

“Advirta-se porém que tanto em umas como em outras acharemos os mesmos vícios e as mesmas virtudes posto que debaixo de máscaras diferentes. A coroa Real, a

“Daqui nasce a insensibilidade do coração, e o esquecimento de todos os sentimentos da natureza

s, ou de sentir admiração alguma pelas virtudes.”IP, Vol. IX, p. 569

lução do mundo produziu a revolução de França que

nós pres p. 307

601 “Então principiaram as grandes Saturnais do Reinado [de Napoleão]; os crimes, a opressão, e

a escravidão marcharam de igual passo com a loucura. Toda a liberdade expirou; todos os honrados sentimentos, todos os generosos pensamentos, foram conspirações contra o estado.”IP, Vol. IX, p. 563

602 IP, Vol. IX, p. 565 603

, que conduzem depois ao egoísmo, a todo o desprezo do bem e do mal, e a indiferença da pátria. Assim finalmente se apagam de todo a consciência e os remorsos; e um povo se precipita na escravidão, por ser incapaz ou de ter horror aos vício

604 “Cada revolução é sempre consequência e princípio de outra revolução; de sorte que

rigorosamente bem se pode dizer que a primeira revo enciámos.”IP, Vol. XXI,

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Mitra religiosa, ou o barrete da Liberdade, podem muito bem alterar as fisionomias, mas não alteram o coração humano.”605

Com as devidas diferenças que o tempo colocava em termos culturais e políticos, as causas para os acontecimentos revolucionários eram, em geral, conhecidas606. Tinham a sua raiz nos abusos do poder e traziam, por arrasto, outro género de problem

s solenes que fez de man

as virtudes, uma para o homem, e outra para as nações? Que seria do universo se isto assim fosse?”608

Estabelecia-se uma diferença entre a teoria e a realidade políticas, diferença que punha ambas numa equação que, sem excluir nenhuma delas, fazia entrar outros factores de peso que podiam ajudar a contrariar a imperfeição dos homens, tais como as

as políticos, com os quais era preciso saber lidar e aprender a distinguir.

“Quando os abusos civis e políticos são gerais e pesam fortemente sobre os povos, aquele ou aqueles, que se dizem ser seus libertadores, podem estar sempre seguros de serem bem recebidos.”607

Esta obra escrita em 1797, espelhava o descontentamento perante os excessos do Terror e a instabilidade política constante que a França atravessava. Concordando, em teoria, com o direito de as nações poderem escolher o governo, e nesse sentido, com o facto de as mesmas poderem alterar governo e constituição, e estando também ciente de

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