• Nenhum resultado encontrado

3.5.1 Estrutura, Plano de Ação e Proposta Pedagógica da Escola

Especial

A Escola Especial presta serviços educacionais por meio de programas destina- dos a Educação Infantil e ao Ensino Fundamental. Além dos cursos, a unidade escolar oferece oficinas pedagógicas que têm por objetivo atender às necessidades laborais e funcionais dos alunos com necessidades especiais.

O acesso à escola é feito por meio do Sistema de Transporte Escolar Municipal. Quanto aos alunos cadeirantes e impossibilitados de usar o Transporte Escolar Munici- pal, são transportados pelo veículo ambulatorial da Secretária de Ação Social.

3.5.1.1 A Escola

Os dados que identificam a Escola estão apresentados no Quadro 5.

Quadro 5. Dados da Escola.

Identificação: Escola Especial

Localização Município da Grande São Paulo Fundação 2003 4 anos Quantidade de alunos atendi- dos na Escola Especial. 142 Equipe 1 Diretor 1 Coordenador 8 Professores 8 funcionários 1 Fisioterapeuta 1 Fonoaudiológico

Formação específica à Educação Especial 1. Diretor: Pedagogo e Psicopedagogo LIBRAS: 40hs (2módulos) Prefeitura Munici- pal de Educação

2. Coordenação Pedagógica: 180hs de APAE (DM)

LIBRAS: 40hs (2módulos) Prefeitura Munici- pal de Educação.

21 anos de experiência com Ed. Especial na APAE

Quadro 5. Dados da Escola (continuação).

Características Popula- cionais

Atende crianças, adolescentes e adultos com necessidades educativas especiais e pessoais decor- rentes de deficiências leves e moderadas que requeiram adaptação curricular e pedagógicas que a escola comum não tem condições de promover. São moradores dos mais diversos bairros do muni- cípio. As famílias dos alunos são geralmente numerosas, muito carentes e com pouca escolaridade.

Observações: A Escola está fixada numa residência comum que foi adaptada segundo a necessidade dos alunos. Possui seis salas de aula; uma sala de informática; uma brinquedoteca; um refeitório; uma secretari- a; uma dispensa; um depósito de materiais; quatro banheiros e uma sala de atendimento suplemen- tar de Estimulação Precoce.As professoras participam, durante o ano letivo, de momentos de for- mação - Hora de trabalhos pedagógicos (HTP) proporcionada na própria unidade sob a responsabili- dade da coordenadora pedagógica e do diretor. A Equipe técnica é formada por fonoaudiólogo, psicólogo e fisioterapeuta que realiza um trabalho itinerante de apoio específico a alguns alunos em especial.

Obs: Dados extraídos da Equipe educacional e Documentos: Proposta Pedagógica

A Escola atende das 7h00 às 18h00. Adota como critérios de agrupamento de alunos e formação de salas a idade, o desempenho e as necessidades específicas dos alunos de acordo com os seguintes procedimentos:

1. Inscrição: A família faz a inscrição na Unidade Escolar para pleitear uma vaga. 2. Avaliação técnica (Saúde / Educação): Momento reservado para o parecer da equipe educacional e da equipe de saúde.

3. Laudo Técnico: Após a inscrição, é feita uma avaliação pela equipe multidisci- plinar (Fonoaudiólogo, Neurologista, Psicólogo, Fisioterapeuta e Pedagogo), na qual deve constar a descrição do perfil do avaliado e a conduta sugerida por essa equipe. Em seguida, a Coordenadora Pedagógica (CP) verifica o desempenho do aluno na es- crita e leitura por meio de atividades dirigidas e entrevistas e, a partir da análise de toda a equipe pedagógica, encaminha o aluno para a sala determinada.

4. Agrupamento / Formação das Salas: Na Educação Infantil, estão os alunos de (0-6 anos); no Ensino Fundamental, os alunos são identificados pelo nível de desenvol- vimento cognitivo e pela competência em escrita e leitura; nas Oficinas Pedagógicas,

pelo nível de desenvolvimento cognitivo10 compreendido na aprendizagem e habilida- des. O critério determinante é o nível de desenvolvimento do aluno; assim, há salas de aula que têm alunos de 13 anos e alunos de 35 anos.

A avaliação, segundo a Proposta Pedagógica, é contínua, de forma a detectar peculiaridades durante o processo de aprendizagem de cada aluno. Compreende verifi- car o desempenho do aluno respeitando seu desenvolvimento biopsicossocial. Desse modo, é caracterizada como compreensiva (respeito à singularidade de cada aluno), configurando-se enquanto instrumento de validação do processo ensino-aprendizagem que permite identificar quais os ajustes que se mostram necessários para garantir o su- cesso escolar do educando.

A metodologia aplicada ao ensino do aluno Surdo foi denominada, pela equipe, como bimodal, no sentido de uma comunicação baseada em duas modalidades da Lín- gua: Oral e Gestual. Essa bimodalidade foi considerada pelos sujeitos da pesquisa pau- tada em sinais, gestos, pantomima e algumas expressões facial e corporal que são utili- zados concomitantemente, por eles, com a língua oral.

A Escola não possui professores especialistas em Educação de Surdo; em razão disso, cria espaços para a formação específica, reconhecendo que são necessários alguns conhecimentos pontuais para atender necessidades específicas dos alunos.

3.5.1.2 Salas de aulas

Quadro 6. Dados das salas de aula. Sala 1 (S1)Alfabetização I

Identificação: Professora P1

Quantidade de alunos Faixa – Etária 12 a 34 anos

Espaço Físico: 4 x 3 m

Características Populacio- nais

Surdez; Deficiente auditivo; Deficiências Múltiplas (surdez e PC); Deficiência leve a moderada; e, Síndrome de Down

Observações: A organização da sala é feita baseada nas dificuldades e capacidades dos alunos. As ativida- des são programadas para atender a todos, respeitando o tempo e a particularidade de cada um.

Sala 2 (S2) Alfabetização II

Identificação: Sala em que ministra aulas de LIBRAS (S2) Professora P2 Quantidade de alunos 32 alunos Faixa – Etária 15 a 25 anos Espaço Físico: 5 x 4 m Características Populacio- nais

Os alunos apresentam: déficit de aprendizagem (problemas emocionais e pessoais); Paralisia Cerebral; Deficiente Auditivo; Síndrome de Down, Déficit de fala; e, Deficiência Mental leve associada a um dos outros itens.

Observações: Ter uma sala que apresenta diferentes deficiências possibilita trocas de experiências, mas é um trabalho "exaustivo". Não é difícil planejar, o que dificulta é administrar: objetivos diferentes; processos de assimilação diferentes; e, também desenvolvimento cognitivo diferente.

* Todos os dados acima foram fornecidos pela Proposta Pedagógica da escola e pelas professoras (P1/P2).

Verificou-se que as salas são identificadas por: Alfabetização I, Alfabetização II. O critério adotado para o agrupamento dos alunos, como já fora colocado, está de a- cordo com a competência da leitura e escrita. No caso dos alunos Surdos, a alfabetiza- ção está na aquisição da segunda língua, na modalidade da escrita; assim, não fre- qüentam uma sala específica, estão agrupados junto aos alunos ouvintes.

A sala (S2) é também um espaço reservado para o ensino de LIBRAS. As aulas de LIBRAS acontecem desde julho de 2007, com o propósito de atender às necessida-

des locais – aprender a Língua de Sinais para comunicação e compreensão entre alu- nos Surdos, alunos Surdos e ouvintes e alunos Surdos e professores. Essas aulas são organizadas por P2 de maneira que reúnam os alunos Surdos com os alunos ouvintes no mesmo ambiente para o ensino da Língua de Sinais. Para as relações sociais é im- portante que os alunos que não apresentam surdez freqüentem essas aulas, para que conheçam e usem os recursos comunicativos próprios dos alunos Surdos para se inter- relacionarem.

Essa prática educativa que implica o ensino de LIBRAS, a socialização desses alunos, educadores e funcionários na perspectiva das relações interativas, por um lado, nos traz alguns questionamentos referentes ao reconhecimento da identidade do Surdo, das diferenças das línguas oral e gestual, e da forma como se situa essa relação. Por outro lado, esses momentos se configuram na relevância do papel social da escola em promover ocasiões que favoreçam a construção de processos relacionais, e também são recursos adotados pela escola para auxiliar pedagogicamente os professores que atuam com esses alunos.

Essa formação, segundo P2, tem contribuído para o aprimoramento pessoal e para a difusão, conhecimento e reconhecimento da Língua de Sinais, sua importância e necessidade, por todos da Instituição.

As aulas são ministradas duas vezes por semana, com a carga horária de quatro horas semanais para os alunos e de duas horas semanais para os professores e fun- cionários da Instituição.

Para todos da equipe escolar, a formação específica em Língua de Sinais é rele- vante para o processo de interação e de ensino-aprendizagem do Surdo. As aulas de LIBRAS também se configuram para atender às dificuldades enfrentadas pela equipe

em ter momentos específicos de formação.

A apresentação desses aspectos da escola foi fundamental para os encaminha- mentos que podem responder à pergunta diretriz desta investigação: As condições ofe- recidas ao aluno Surdo, pelo professor, propiciam aprendizagem significativa?

3.5.2 Entrevista semi-estruturada e situações observacionais

Os dados completos das entrevistas constam do Anexo 3. As situações observa- cionais foram filmadas em um total de 18 horas, em 24 dias espaçados durante os me- ses de agosto, setembro e outubro. São apresentados os recortes selecionados no DVD que consta da análise da presente dissertação, e que aparecem no item 3.6.2 da análise.