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4. Desenvolvimento do Trabalho de Campo

1.1. Dados obtidos pela análise dos PCT

1.1.1. Dados de contextualização da turma

Com o objectivo de contextualizar os PCT relativamente à população escolar correspondente começamos pela caracterização das turmas, verificando-se que todos os projectos revelaram indicadores sobre esta temática cuja frequência absoluta das unidades de enumeração atingiu os 100%.

QUADRO N.º 1

PCT FREQ. ABS. UE FREQ. ABS. UR SUBCATEGORIA INDICADORES 1 2 3 4 5 6 N=6 % N=75 %

Turma constituída por 18-21 alunos 1 1 2 33.3 2 2.7 Turma constituída por 22 – 25 alunos 1 1 1 1 4 66.7 4 5.3 Turma com mais alunos do sexo feminino 1 1 2 33.3 2 2.7 Turma com mais alunos do sexo

masculino 1 1 1 1 4 66.7 4 5.3

Idades dos alunos compreendidas entre os

5-7 anos no 1º ano de escolaridade 1 1 2 33.3 2 2.7 Idades dos alunos compreendidas entre os

7-10 anos num 2º ano de escolaridade 1 1 2 33.3 2 2.7 Idades dos alunos compreendidas entre os

7-11 anos no 3º ano de escolaridade 1 1 16.7 1 1.3 Idades dos alunos compreendidas entre os

9-11 anos no 4º ano de escolaridade 1 1 16.7 1 1.3 A maioria dos alunos da turma não

frequentou a pré. 1 1 16.7 1 1.3

A maioria dos alunos que compõem a turma provêm de famílias com fracos recursos económicos e um nível cultural baixo.

3 2 2 33.3 5 6.7

A maioria dos alunos que compõem a turma provém de famílias de um nível sócio económico e cultural médio.

4 1 16.7 4 5.3

A turma é composta por alunos com diferentes níveis socio-económicos e culturais

1 1 16.7 1 1.3

Grande parte dos alunos vive relativamente perto da escola e desloca-se a pé ou em carro ligeiro.

1 1 16.7 1 1.3

A maioria dos alunos utiliza transporte ligeiro ou público para se deslocarem até à escola.

3 1 16.7 3 4

A turma é composta por alguns alunos com muitas dificuldades de aprendizagem principalmente nas áreas da Língua Portuguesa e Matemática

5 1 16.7 5 6.7

A turma é composta por alguns alunos com dificuldades de aprendizagem generalizadas

7 4 6 3 50 17 22.7

CARACTERIZAÇÃO

DA TURMA

A turma é homogénea sem grandes

A turma é composta por alunos que

frequentam o apoio acrescido. 1 1 16.7 1 1.3 Na turma existem 1 ou 2 casos de crianças

do âmbito da educação especial. 1 3 2 33.3 4 5.3 A turma é composta por alunos com

outros problemas de saúde (problemas de linguagem, problemas auditivos, asma, fenda palatina, alergias...)

1 2 2 33.3 3 4

Na turma existem alunos que beneficiam

da acção social. 2 1 2 33.3 3 4

Total 6 100 75 100

Da análise do quadro n.º 1, verificámos que a maioria dos PCT destacam o número excessivo de alunos que compõem as mesmas (22 a 25 alunos) (66.7 %-EU / 5.3%-UR). Tal como podemos inferir, este aspecto dificulta substancialmente o trabalho do docente no que diz respeito a um ensino mais individualizado a nível da sala de aula, principalmente quando este número corresponde a turmas de 1.º ano de escolaridade, como é o caso (P1 e P2). Todos sabemos que a legislação defende turmas equilibradas (em número de alunos) que permitam implementar a diferenciação pedagógica.

«A turma é constituída por vinte e quatro alunos (...), tendo vinte e dois deles, seis anos de idade

e por conseguinte a frequentarem o 1.º ano do 1.ºCEB pela primeira vez, e dois alunos com sete anos, um por não ter conseguido vaga no 1.º ano no ano anterior e outro pelo facto de ser repetente» (P1).

«A turma é constituída por 22 alunos (...), as suas idades estão compreendidas entre os 5 e os 7 anos. Contudo, os alunos actualmente com 5 anos completam os 6 até 31 de Dezembro» (P2).

Este quadro também realça que cerca de 66.7% das turmas são compostas por alunos do sexo masculino, dando especial enfoque ao aspecto das dificuldades de aprendizagem generalizadas que caracterizam muitas das crianças que as compõem (50%-EU / 22.7%-UR), sendo algumas delas do âmbito da educação especial (33.3%- EU / 5.5%-UR).

«O aluno x frequenta o Ensino Especial. Este aluno revela dificuldades a todos os níveis. Além de apresentar um comportamento inadequado, tornando-se muitas vezes perturbador» (P2).

«O aluno y está integrado na turma apesar de estar a frequentar um 2.º ano de escolaridade. Teve sucessivas retenções e apresenta uma baixa auto-estima (...). Está a ser acompanhado pela professora do ensino Especial» (P4)

Tal como já havíamos referido no capítulo anterior relativamente à população alvo, estas crianças apresentam muitas limitações do ponto de vista cognitivo, as quais estão associadas às mais diversas causas, desde problemas de saúde congénitos ou adquiridos (deficiência mental, problemas auditivos e visuais, problemas graves de linguagem entre outros de menor gravidade: asma alergias...), má alimentação, maus- tratos, negligência familiar ou abandono, que acabam por ter repercussões por vezes graves a nível da aprendizagem.

O facto da maioria da população escolar ser composta por rapazes, pode estar relacionada com uma maior incidência de nados vivos do sexo masculino nestes últimos anos na freguesia de Câmara de Lobos, isto relativamente aos primeiros anos de escolaridade (P1, P2) mas, por outro lado, pode estar associado à responsabilização que é atribuída às raparigas desde cedo no que respeita às tarefas do lar e ao acompanhamento e cuidado dos irmãos menores, pelo que são retiradas da escola antes mesmo de completarem a escolaridade obrigatória (P5 e P6) apesar do carácter proibitivo deste tipo de atitude.

Um outro aspecto que sobressai nesta categoria é o da proveniência dos alunos, sendo que muitos deles pertencem a famílias com fracos recursos económicos e um nível cultural baixo. Alguns destes núcleos familiares recorrem à acção social para obterem apoio de material escolar necessário à aprendizagem (livros e material de desgaste: lápis, borrachas esferográficas e cores). Ambos os indicadores apresentam uma frequência absoluta de unidades de enumeração (UE) na ordem dos 33.3%, sendo as unidades de registo (UR) de 6.7% UR.

O quadro apresenta ainda outros dados com menor incidência tais como: crianças que frequentaram a pré-escolar; alunos que estão incluídos no apoio acrescido da escola; proximidade da residência dos alunos à escola; deslocação das crianças até ao estabelecimento de ensino, com uma percentagem mínima de 16.7%.

Apesar deste aspecto não ter sido muito valorizado, sabemos o quanto é importante as crianças frequentarem a pré-escolar antes de entrarem no 1.º CEB, de forma a adquirirem pré-requisitos e regras que lhes permitam interagir com os seus pares e adultos de forma saudável e eficaz. Esta atitude exige ao «educador que seja um bom facilitador de aprendizagens de destrezas, hábitos e normas de conduta social propiciadoras da construção de saberes cimentados no ser capaz de viver em cidadania» desde a mais tenra idade, «cooperando com os outros e em segurança» (Barbosa, 1997: 23).