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Dados da região de Arir

No documento Geologia do Terreno Paranaguá (páginas 98-107)

Suíte Canavieiras – Estrela

GRANADA CIANITA

5.1.2. Dados da região de Arir

O padrão estrutural observado para a região de Ariri (figura 5.4) se mostra bastante similar ao discutido para a região de Iguape. Nos perfis realizados entre Ariri e Serra do Mandira (localidade de Itapitangui) e Serra do Mandira e BR 116 (na altura de Jacupiranga) observa-se tanto para as rochas graníticas do Terreno Paranaguá, quanto para os litotipos metassedimentares do Complexo Turvo-Cajati (filitos, quartzitos, metamargas, calciossilicáticas e xistos) uma foliação Sn de direção geral próxima a NEE-SWW, com mergulhos de baixo a médio ângulo com caimentos ora para SSE, ora para NNW.

Na figura 5.13 encontram-se representadas em diagramas Schimidt-Lambert (projeção polar) as superfícies Sn observadas nos terrenos graníticos do Terreno Paranaguá e nas seqüências metassedimentares do Complexo Turvo-Cajati, desde os arredores de Jacupiranga até a Serra do Mandira. As superfícies Sn nos granitos apresentam duas concentrações de pólos nos quadrantes NNW e SSW, bem como uma grande dispersão dos mesmos, sugestivas de dobramentos tardios, conforme observado em campo. Nos metassedimentos os dobramentos tardios apresentam-se mais acentuados, não permitindo uma clara definição das vergências relativas a superfície Sn. Padrão complexo é observado no estereograma da figura 5.13, relativo aos metassedimentos do Complexo Turvo-Cajati, função provavelmente da sobreposição de fases de dobramentos.

N

Sn nos granitos do Terreno Paranaguá (n =17).

N

Sn nos metassedimentos (n=95)

Figura 5.13: Comparação das foliações nos granitos e metassedimentos através de estereogramas das medidas da foliação Sn na região de Ariri – SP.

A figura 5.14 reúne os dados relativos às foliações Sn+1 das rochas metassedimentares que ocorrem entre Ariri e Jacupiranga - SP. São caracterizadas em campo por clivagens de crenulação ou por superfícies oblíquas, em alguns locais com caráter cisalhante. Estas superfícies mostram mergulhos variados, a maior parte de alto a médio ângulo com caimentos tanto para norte, como para sul. A dispersão dessas superfícies reflete dobramentos tardios e ondulações com planos axiais aproximadamente NNE-SSW e NW-SE.

N

Sn+1 nos metassedimentos (n=33)

N

Sn+1 nos metassedimentos (n=33)

Figura 5.14: Estereograma das superfícies Sn+1 nos metassedimentos (densidades dos pólos e traçado das guirlandas nos dobramentos cilindicos, com P.A. com mergulhos subverticais ora para NW, ora para SE).

86 E NW BR-116 / Jacupiranga E` SE Serra do Mandira F` NNW F SSE Serra do Mandira

Vila Sta. Maria

Ariri

REGIÃO ENTRE ARIRI E JACUPIRANGA

Suíte Morro Inglês Suíte Rio do Poço

Sequência Rio das Cobras

Paragnaisse, quartzitos e margas Complexo Turvo Cajati

Sequência de filitos - Turvo-Cajati Terreno Paranaguá Complexo Turvo-Cajati Província Serra da Graciosa

Figura 5.15: Perfís geológicos esquemáticos entre Ariri – Serra do Mandira – rodovia BR-116.

No perfil geológico esquemático (figura 5.15) encontram-se representadas as principais estruturas e unidades litológicas observadas entre a BR-116 (Jacupiranga) – Serra do Mandira e Ariri. Um dos melhores afloramentos de estruturas nos metassedimentos do Complexo Turvo- Cajati no perfil Serra do Mandira – rodovia BR-116 (Jacupiranga), ocorre em um corte de estrada com xistos e filitos (ponto BP-218, figuras 5.6 e 5.8). É possível distinguir pelo menos dois padrões de dobramentos tardios com eixos de direções próximas a NWW-SEE e NE-SW (figura 5.16). sendo D1 caracterizado por clivagens de crenulação, dobras fechadas e isoclinais com direção e mergulho muito próximos à S1 (figura 68). Os planos axiais de D1 são representados pela superfície S2, uma foliação penetrativa que nitidamente transpõe S1. Essas superfícies encontram-se dobradas por um evento D2, caracterizado por dobras abertas e cilíndricas com eixo sub-horizontalizado (figura 68). Os planos axiais de D2 são representados por uma superfície S3, com espassamento centimétrico e localmente penetrativa. Uma hipótese para explicação desse

fato é a presença de mais uma fase de dobramento D3, com desenvolvimento de uma foliação plano axial pouco penetrativa e muito espassada.

N

Sn nos xistos do afloramento BP-218 (n =32).

N

P.A.(D2) nos xistos

Figura 5.16: Estereogramas com as medidas de Sn e planos axiais dos dobramentos D2, com medidas de eixo (+).

5.2. PORÇÃO MERIDIONAL DO TERRENO PARANAGUÁ

O contexto estrutural do Terreno Paranaguá, setor sul, é caracterizado pela freqüente ocorrência de rochas graníticas foliadas, com estruturas de fluxo magmático e feições de milonitização. Além das rochas graníticas, os metassedimentos da Seqüência Rio das Cobras expressam freqüentemente uma deformação por cisalhamento. Esta sequência é representada principalmente por biotita-xistos, muscovita-biotita-xistos, clorita-xistos, cálcio-xistos, xistos granatíferos, quartzo-xistos e quartzitos, metamorfisados na fácies xisto-verde, localmente anfibolito. Foram realizados perfis geológicos nos trechos entre São Francisco do Sul – Garuva (perfil A-B), São Francisco do Sul – Joinville (perfil A’-B’) e Matinhos – Serra da Graciosa (perfil C- D), figuras 5.17 e 5.18.

As áreas limítrofes meridionais são marcadas por importantes zonas de cisalhamento, à exemplo das zonas de cisalhamento Palmital, Alexandra e Cubatãozinho. Essas zonas de cisalhamento de caráter transcorrente têm influência abrangente em grande parte das rochas do Terreno Paranaguá, principalmente em sua porção ocidental, onde baliza o Terreno Paranaguá com os terrenos da Microplaca Luis Alves.

88 O padrão estrutural observado nos setores central (região de Guaraqueçaba) e sul (região de São Francisco do Sul) se mostram relativamente distintos dos analisados para a porção norte (região de Iguape e Ariri). As foliações se mostram mais verticalizadas, com direções predominantemente NNE-SSW. Indicam uma tectônica predominantemente lateral, onde as líneações acopladas aos indicadores cinemáticas (porfiroclastos de feldspato rotacionados e relações Ss x Sc) sugerem cisalhamento transcorrentes sinistrais (figuras 5.19, 5.20, 5.21 e 5.22). Os mergulhos possuem caimentos ora para E, ora para W, indicando redobramentos observados em campo e nos estereogramas, com eixos horizontalizados com direções gerais próximas a E-W e NE-SW.

Figura 5.17: Imagem LANDSAT-7 (ETM+) com a localização do perfil Matinhos - Serra da Graciosa (perfil C- D).

Figura 5.18: Imagem LANDSAT-7 (ETM+) com a localização dos perfís São Francisco do Sul – Garuva (perfil A-B) e São Francisco do Sul – Joinville (perfil A’-B’).

Os padrões observados em campo permitem caracterizar uma foliação Sn presente tanto nas rochas graníticas como nas seqüências metassedimentares do Domínio Paranaguá. Nos gnaisses do Complexo São Francisco do Sul a foliação Sn está associada a geração do

90 bandamento metamórfico. Representa uma primeira fase de deformação nas rochas graníticas (S1), e pelo menos uma segunda fase (S2) de deformação nas seqüências metassedimentares e gnaisses do Complexo São Francisco do Sul (figura 5.19)

As superfícies Sn são caracterizadas por uma foliação penetrativa em praticamente todas as unidades, sub-paralela ao acamadamento reliquiar S0 nos metassedimentos. Nos gnaisses do Complexo São Francisco do Sul essa foliação (Sn) apresenta dobras intrafoliares, boudins e estiramento mineral (figura 5.19). Também são freqüentemente observados micrólitons e blocos rotacionados em meio ao bandamento gnáissico (figura 5.20). Subordinadamente, ocorrem foliações miloníticas Sn+1 que afetam as superfícies Sn.

Figura 5.19: Bandamento gnáissico Sn com dobras (Sn+1). Costão da Praia de Ubatuba em São Francisco do Sul – SC (BP-85). Fotomicrografias da textura milonítica nos gnaisses do Complexo São Francisco do Sul (polarizadores X, largura das imagens = 1 cm).

Figura 5.20: Indicadores cinemáticos nos gnaisses do Complexo São Francisco do Sul, com características de cavalgamentos com topo para leste.

As superfícies Sn+1 evoluem para zonas de cisalhamento transcorrentes com componente obliqua com características de falhamentos transpressivos. Possui direção N-S ou NNW-SSE e mergulhos entre 70º e 80º para oeste, quando não verticalizados, onde a maioria dos indicadores cinemáticos apontam para uma cinemática sinistral (figuras 5.20 e 5.21). Representam zonas de cisalhamento rúptil a rúptil-dúctil que provocam estiramentos, rompimentos de camadas e, localmente, filonitização.

Os metassedimentos da Sequência Rio das Cobras possuem registros estruturais muito semelhantes aos observados nos gnaisses do Complexo São Francisco do Sul, porém, na maioria dos afloramentos o aspecto milonítico não é tão evidente quanto nos gnaisses. Há um aparente zoneamento metamórfico e deformacional, sugerido por diferenças estruturais e no desenvolvimento de paragêneses. Nas regiões de Guaraqueçaba e Antonia, porção central do Terreno Paranaguá, predominam seqüências com granada-silimanita-xistos, cálcio-xistos, mármores e paragnaisses com cianita. Já nas imediações da Serra da Prata e Garuva, porção sul

92 do Terreno Paranaguá, predominam seqüências com quartzitos, quartzitos ferruginosos, biotita- xistos, biotita-muscovita-xistos e cálcio-xistos, também com registro de duas foliações (Sn e Sn+1).

Figura 5.21: Zonas de cisalhamento transcorrentes de direção N-S com indicadores sinistrais. Ponto BP-84, localizado no costão da praia de Ubatuba, Ilha de São Francisco do Sul – SC.

Neste contexto estrutural, as unidades graníticas do Terreno Paranaguá apresentam registros heterogêneos, podendo inclusive apresentar termos isótropos. A Suíte Rio do Poço é a que apresenta os termos menos deformados, sendo em grande parte composta por rochas com estrutura maciça ou com foliação magmática, definida pela variação na porcentagem dos máficos (biotita). As rochas pertencentes a Suíte Morro Inglês apresentam termos isótropos, com foliação magmática ou até mesmo com bandamento gnáissico (figura 5.22). A Suíte Canavieiras – Estrela é a que apresenta os litotipos com deformação mais pronunciada, com termos gnáissicos e miloníticos. Freqüentemente mostra interações de rochas máficas e félsicas, formando, pela deformação superimposta, formas de boudins e sigmóides (figura 5.22).

BP-94: Suíte Canavieiras - Estrela BP-115: Suíte Morro Inglês

Figura 5.22: Aspecto macroscópico das rochas graníticas do Terreno Paranaguá com deformação dúctil- rúptil e dúctil, com termos protomiloníticos e miloníticos.

No documento Geologia do Terreno Paranaguá (páginas 98-107)

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