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Suíte Rio do Poço

No documento Geologia do Terreno Paranaguá (páginas 74-79)

Esta suíte é composta por corpos graníticos leucocráticos, de coloração cinza clara, granulometria inequigranular média, que podem se apresentar foliados ou isótropos. Foram denominados de Suíte Rio do Poço por Lopes (1987a) na região de Paranaguá, e ocorrem por toda extensão do Terreno Paranaguá (desde São Francisco do Sul - SC até Iguape – SP). São

constituídos por K-feldspato, plagioclásio, quartzo, biotita e muscovita. Na maioria dos casos, as feições estruturais e de contato não são conclusivas para a determinação do emplacement desta suíte, porém, sugestões observadas na região de Iguape apontam indícios de contato tectônico com os granitos da Suíte Morro Inglês (figura 4.31).

Algumas das características peculiares observadas nas rochas dessa suíte é a presença de biotita e muscovita e de enclaves microgranulares com formas e dimensões variadas, compostos quase que essencialmente por biotita. Destaca-se a presença mútua de biotita e muscovita com contatos nítidos e regulares sugere formação primária de ambos. A exemplo da Suíte Morro Inglês, nesta suíte também são observadas texturas com epidoto manteando cristais de allanita e com formas euédricas, feições sugestivas de origem magmática.

Ao norte de Guaraqueçaba chama atenção a presença de leucogranitos com textura do tipo Rapakivi, com mateamento de albita em K-feldspato. São sienogranitos porfiríticos com textura hipidiomórfica e isótropa.

BP-10 BP-134

Figura 4.31: Afloramento da Suíte Rio do Poço nas proximidades da BR-277 (BP-10). Observações de campo sugerem contato tectônico entre as suítes Rio do Poço e Morro Inglês, embora muitas vezes essas observações não sejam conclusivas (BP-134).

Foram diferenciadas preliminarmente, função principalmente de variações texturais e mineralógicas, três fácies da Suíte Rio do Poço, denominadas informalmente de fácies leucogranito com duas micas, fácies leucogranito fino e fácies rapakivi.

Fácies Leucogranito com Duas Micas

Esta fácies é representada principalmente por sienogranitos e monzogranitos com texturas xenomórfica e hipidiomórfica, inequigranular média (cristais com até 5 mm, figura 4.32). Apresentam estruturas maciças ou foliações de fluxo magmático, sendo sua trama composta por K-feldspato, quartzo, plagioclásio, biotita, epidoto, muscovita, allanita, apatita e zircão. O K-feldspato destaca-se podendo atingir dimensões de 5mm, subédrico e

vezes ocorre incluso em cristais maiores de K-feldspato, ou mesmo como cristais anédricos intensamente saussuritizados. O quartzo pode apresentar feições de recristalização, tal como contatos poligonizados.

Chama atenção a ocorrência de biotita e muscovita, com contatos regulares e definidos, sugerindo ambas serem de origem magmática. Podem ocorrer enclaves máficos compostos quase que essencialmente por biotitas, com formas ovaladas e dimensões não muito maiores do que poucos centímetros. Ocorre epidoto magmático, como cristais euédricos e manteando allanita, sendo comumente reconhecido como inclusão nas biotitas. Destaca-se também a presença de cristais de apatita com dimensões de até 1,2mm, em porcentagem relativamente alta (2%), figura 4.32.

A foliação magmática é definida por bandamento composicional caracterizado por zonas com variação na porcentagem de máficos, feição que não define planos perfeitos para tomada de atitudes.

Figura 4.32: Prancha com fotomicrografias 5 (a, b, c): Detalhe do leucogranito com duas micas (amostra BP-68). Também se destacam cristais de apatita com dimensões relativamente grandes (polarizadores // = a, c; polarizadores X = b)

Fácies Leucogranito Fino

É representada por sienogranitos e monzogranitos com textura equigranular fina, coloração cinza clara, compostos por K-feldspato, plagioclásio, quartzo e biotita, sendo sua fase acessória composta por apatita, allanita, epidoto e zircão (figura 4.33). Em algumas porções ocorrem megacristais de feldspato subédrico, em pouca porcentagem e de forma

esparsa. Nos litotipos desta fácies ocorrem cristais submilimétricos de pirita, disseminados ou concentrados em porções nodulares.

Freqüentemente apresentam foliação de fluxo magmático marcada por bandas com diferentes porcentagens de minerais máficos, ou até pela orientação das biotitas, embora irregular, definindo o trend geral do fluxo em alguns afloramentos.

Na pedreira da Ribeira localizada na região de São Francisco do Sul – SC, são observados enclaves máficos bandados, com formas e dimensões variadas podendo atingir até 1,5 m (figura 4.33). São gnaisses anfibolíticos compostos por hornblenda e plagioclásio (An 20- 25), com estrutura estromática e dobrada. Alguns enclaves apresentam aspecto de assimilação

por parte do leucogranito fino.

BP-77: São Francisco do Sul - SC BP-77: São Francisco do Sul - SC

BP-114: Joinville BP-73: São Francisco do Sul - SC

Figura 4.33: Prancha com detalhes macroscópicos e microscópico dos leucogranitos finos, com textura predominantemente xenomórfica (BP-77). Presença de enclaves de gnaisse anfibolítico (BP-73) e ricos

em biotita (BP-114).

Fácies Rapakivi

Nas proximidades de Guaraqueçaba – PR ocorrem sienogranitos e monzogranitos porfiríticos, com textura hipidiomórfica a xenomórfica, estrutura maciça, sendo sua trama composta por fenocristais de K-feldspato, plagioclásio, quartzo, biotita, titanita, apatita, allanita

3cm, apresentando freqüentemente bordas de albita (textura rapakivi, figura 4.34). O plagioclásio (An8-17) ocorre como cristais subédricos e anédricos com dimensões sub-

centimétricas, geralmente saussuritizados. O anfibólio (hornblenda) apresenta cristais subédricos a anédricos, com dimensões de até 3mm, freqüentemente associado com óxidos, sericita e epidoto (alteração). A biotita ocorre comumente com bordas substituídas por sericita e epidoto. Dentre os acessórios destaca-se a titanita, podendo ocorrer como cristais euédricos de aproximadamente 2mm.

Na região continental de São Francisco do Sul ocorrem sienogranitos leucocráticos, com biotita ± anfibólio, textura inequigranular média xenomórfica a hipidiomórfica. Ocorrem enclaves máficos ovalados compostos quase que exclusivamente por biotita, com alguns cristais submilimétricos de epidoto. Nesta rocha ocorrem texturas de mateamento de máficos em megacristais de feldspatos, típicas de processos de hibridismo.

BP-13 BP-13

BP-114 BP-114

Figura 4.34: Rochas híbridas da Suíte Rio do Poço. Aspecto macroscópico e microscópico dos leucogranitos com textura tipo Rapakivi (BP-13 e BP-14); na fotomicrografia (polarizadores X) a borda de albita mostra intensa saussuritização. Leucogranito com enclaves ricos em biotita e textura de manteametno máfico em megacristais de feldspato.

No documento Geologia do Terreno Paranaguá (páginas 74-79)

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