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Gnaisse Migmatítico de Caieiras

No documento Geologia do Terreno Paranaguá (páginas 60-64)

Esta rocha gnaissica foi observada em uma pedreira abandonada no morro de Caieiras, próxima ao ferry boat em Guaratuba – PR, e nas proximidades do Morro do Mirante, entre Guaraqueçaba e Serra Negra - PR. É representada por termos gnáissicos de cor cinza, composição granítica, textura inequigranular fina a média, foliados e com bandamento pronunciado por intercalações de bandas com diferentes proporções entre máficos e félsicos. É composta por plagioclásio, K-feldspato e quartzo, com bandas mais ricas em biotita e traços de muscovita, com cristais submilimétricos de granada e turmalina verde (figura 4.13). São observados gnaisses monzograníticos com anfibólio, textura fina com porções médias, cortados por granitos hololeucocráticos com textura predominantemente xenomórfica, onde se destacam cristais euédricos de turmalina (figura 4.13).

Sua foliação é definida pela orientação dos cristais de biotita e muscovita, e pelo próprio bandamento, por vezes cortado por bolsões centimétricos de leucossoma, imprimindo aspecto gnáissico - migmatítico. Texturas de feldspato mimetizando líquidos são observadas nessa rocha. Em algumas porções ocorrem variações mais grossas e profiríticas, que lembram os litotipos da Suíte Morro Inglês, contudo, há um amplo domínio dos termos gnáissicos.

BP-288: Morro de Caieiras / Guaratuba - PR BP-288: Turmalinas verdes e granada (polariz. //)

BP-288: feldspato com dissolução BP-15: Morro do Mirante / Serra Negra - PR

Figura 4.13: Fotos das feições macro e micrografias do gnaisse Caieiras. Aspecto bandado com intercalações leucocráticas com biotita, muscovita, granada e turmalina (BP-288). Essas rochas são frequentemente foliadas, com cristais euédricos de granada milimétrica (BP-15).

4.3.2. Sequência Rio das Cobras

Os metassedimentos da Sequência Rio das Cobras ocorrem como faixas alongadas, pouco expressivas, em meio ao comlpexo ígneo. Predominam biotita-quartzo-xisto, muscovita- quartzo-xisto, calco-xisto, ganada-silimanita-sericita-quartzo-xisto, quartzito, biotita-gnaisse, gnaisse granatífero, anfibolitos e biotititos. Na região de Antonina – PR e nas proximidades do Rio Verde (Serra Gigante) ocorrem mármores calcíticos de coloração cinza escura, intensamente deformado, com dobras em padrão assimétrico e desarmônico, por vezes com flanco rompido. Possui bandamento caracterizado por níveis com diferentes graus de pureza, como níveis com sericita, tremolita e/ou biotita.

É possível reconhecer o acamadamento reliquiar S0 em rochas metapelíticas e metapsamíticas, caracterizado por níveis de cor e composição variadas, espessura centimétrica a métrica, contínuos e por vezes com contato gradacional. Tanto nos quartzitos como nos xistos ocorrem níveis mineralizados com sulfeto disseminado, principalmente com pirita e galena.

Localmente, essas rochas apresentam textura milonítica caracterizada pela presença de micrólitons, dobras intrafoliares, dobras com flanco rompido, porfiroblastos rotacionados com sombra de pressão, quartzo ribbon, mica fish, e sigmóides.

Na região de Guaraqueçaba ocorrem paragnaisses com paragênese de metamorfismo na fácies anfibolito alto a granulito. São gnaisses bandados com níveis de granada-silimanita- muscovita-quartzo-xistos, com cristais aciculares de cianita dispostos aleatoriamente (figura 4.14). Por vezes apresentam estrutura milonítica com desenvolvimento de pares S-C, porficlastos de granada milimétrica rotacionada e quartzo ribbon. Na cachoeira do Salto Morato ocorrem xistos verdes compostos por quartzo, muscovita, fucsita, fibrolita, clorita com restos de plagioclásio, intensamente saussuritizado. Podem ser observados níveis centiméttricos ricos em feldspato dobrados, que imprimem o aspecto gnáissico à rocha.

BP-133: cianita e biotita BP-133: silimanita e biotita ± muscovita

Figura 4.15: Fotomicrografias (polarizadores paralelos) de xistos da Sequência Rio das Cobras com paragênese de alto grau.

BP-145: granada com borda de biotita

Em algumas regiões podem ser observadas feições termais e hidrotermais nos metassedimentos da Sequência Rio das Cobras, provavelmente provocadas pela colocação das suítes graníticas do Terreno Paranaguá e da ação de importantes zonas de cisalhamento. Na região da Serra da Prata os metassedimentos da Sequência Rio das Cobras são cortados por veios de quartzo leitoso com espessura variável de 2 cm a 5 m, com pirita, calcopirita e galena. Entre Garuva e Bairro da Glória – SC, a sequência de metassedimentos encontra-se cortada por veios aplíticos de graisens compostos por quartzo, muscovita e feldspato caulinizado (figura 4.16).

Os metassedimentos da Sequência Rio das Cobras ocorrem também como xenólitos internos às suítes ígneas do Terreno Paranaguá, em abundância em certas regiões como nas proximidades de Icapara SP (BP-126) e no ferry boat de São Francisco do Sul (BP-75), figura 4.17. Localizam-se relativamente próximos a importantes zonas de cisalhamento que balizam o Terreno Paranaguá. Nestes locais o contato entre a Sequência Rio das Cobras e as suítes graníticas é tectônico, caracterizado por zonas de cisalhamento que afetam tanto as rochas encaixantes, quanto os granitos (figura 4.18).

Figura 4.16: Aspecto intrusivo de injeções de graisens nos metassedimentos da Sequência Rio das Cobras. Saibreira localizada entre Garuva e Bairro da Glória – SC (BP-102).

BP-126: xenólito de quartzito BP-75: xenólito de filito

Figura 4.17: Xenólitos da Sequência Rio das Cobras em meio ao granito porfirítico da Suíte Morro Inglês.

Figura 4.18: Contato por cisalhamento entre granito da Suíte Rio do Poço (lado do martelo) com granada-silimanita-muscovita-quartzo-xisto da Sequência Rio das Cobras. Nota-se a presença de

Na Zona de Cisalhamento Icapara os xistos da Sequência Rio das Cobras apresentam paragênese típica de metamorfismo de alta pressão e temperatura (BP-133). São xistos de cor avermelhada compostos por quartzo, biotita, muscovita, silimanita, feldspato alcalino, granada e cianita, cristalizados em uma trama finamente foliada, com bandamento composicional. Ocorrem níves granatíferos e níveis com cianita, intercalados com níveis de muscovita-quartzo- xisto e biotita-quartzo-xisto. A foliação apresenta mergulhos de baixo ângulo predominantemente para sul – sudeste, com indicadores cinemáticos sugestivos de movimentação, como porfiroblastos de feldspato alcalino e pares S-C, com indicação de topo para nor-noroeste.

4.3.3. Suítes Graníticas do Terreno Paranaguá

Foram diferenciadas petrograficamente três grandes suítes graníticas de abangência regional ao longo do Terreno Paranaguá, nomeadas como (i) Suíte Morro Inglês, (ii) Suíte Rio do Poço e (iii) Suíte Canavieiras – Estrela. Os estudos macro e microscópicos possibilitaram o melhor entendimento dos litotipos graníticos e suas fácies, com diferentes texturas e estruturas. Nem sempre suas relações de contato são observadas em campo, sendo a cartografia realizada com base no predomínio dos diferentes litotipos dessas unidades.

No documento Geologia do Terreno Paranaguá (páginas 60-64)

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