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DADOS GERAIS E RECEPÇÃO À ENTREVISTA

No documento Saúde mental no sistema prisional (páginas 87-90)

PARTE I DISSERTAÇÃO 27 1 Introdução

5. RESULTADOS E ANÁLISE

5.1 DADOS GERAIS E RECEPÇÃO À ENTREVISTA

De acordo com a metodologia, buscar-se-ia visitar dezessete unidades e entrevistar os seus dezessete respectivos administradores. Das 17 unidades prisionais da amostra, 12 unidades foram incluídas na pesquisa, sendo que, destas, 11 unidades foram visitadas, e foram realizadas 10 entrevista com os administradores. Não foi realizado nenhum protocolo fechado para estabelecimento de contato com as unidades prisionais, tendo como pressuposto de que as unidades prisionais se tratam de instituições totais (GOFFMAN, 2001) o bastante para evitar atividades suspeitas. O pesquisador dispunha de dois principais métodos para o contato com os administradores: através de correio eletrônico (e-mail) e telefone, ambos disponíveis no endereço eletrônico do DEAP.

Uma vez o trabalho aprovado pelo órgão maior (Departamento de Administração Prisional), e pelo Conselho de Ética da UFSC, todas as unidades prisionais da amostra receberam a proposta de pesquisa através de correio eletrônico (e-mail), com os documentos anexos ao e-mail (Apêndice 1). Nos casos em que houve resposta imediata, partia-se para a marcação de uma data em comum acordo para visitação. Quando não ocorria a resposta do e-mail, o pesquisador partia então para a ligação telefônica, para contato com o administrador da unidade. O processo realizado pode ser resumido de acordo com a figura 3.

Figura 3 - Protocolo de acesso às unidades prisionais

Observou-se que a facilidade de acesso inicial favoreceu a realização da visita e da entrevistas. Das 17 unidades que se entrou em contato, em sete não se pode realizar a entrevista com o administrador, e em seis unidades não foi permitida a entrada para o estudo observacional (Tabela 4). Apenas quatro unidades responderam ao e- mail, e em três unidades (PT1, PT3 e UPA3) os próprios administradores responderam ao e-mail, e noutra a resposta foi dada por funcionário da direção. E-mail para unidade prisional* Ligação telefônica* Visita / entrevista*

Tabela 4– Unidades incluídas na pesquisa

Região Unidades Participação

Observação Entrevista A PT1 + + PS1 + + UPA1 + - B PT2 - + PS2 + + UE1 + + UE2 - - C PS3 + + PT3 + + UE3 - - D UPA2 + - PS4 - - PT4 - - E UPA3 + + PS5 - - F UPA4 + + PS6 + +

Observou-se resistência à realização da pesquisa em oito unidades, de diferentes formas:

 Duas UPAs foram apenas visitadas, ocorrendo apenas a análise observacional, sem a o ocorrência da entrevista com o administrador. Em ambas não houve resposta após envio da proposta da pesquisa por e-mail. Foi realizado contato telefônico com a unidade, porém só se conseguiu falar com o administrador após alguns dias de tentativa. Numa das unidades, em conversa telefônica com o administrador, ele informou que não havia recebido e-mail, que então foi novamente enviado. Em ambas foi agendado o dia para visitação, porém o administrador não se encontrava no local conforme combinado. Entretanto, havia um funcionário da unidade que de modo solícito, apresentou a unidade, inclusive colaborando com informações importantes para a pesquisa.

 Em dois presídios não se conseguiu realizar nem a entrevista, e nem a observação. No PS4, após tentativas frustradas de entrar em contato com o administrador por e-mail e telefone, partiu-se

para a visitação. Porém, não o funcionário que atendeu impediu de entrar, e informou que o administrador estava ocupado recebendo outra visita acadêmica. No PS5, a proposta de pesquisa foi enviada duas vezes para o e-mail principal, não se recebendo resposta. Foi tentado contato telefônico, por alguns dias, e o telefone não estava funcionando. Outro dia em que se conseguiu contato telefônico, o funcionário que atendeu relatou que o diretor não estava disponível, mas que acusou o recebimento da proposta de pesquisa. Não se tendo sucesso em marcar a data de visitação, o pesquisador dirigiu-se à unidade, numa segunda-feira no início da tarde. O administrador não estava no local, e os funcionários não permitiram visitação nas áreas internas.

 Em duas unidades especiais, após envio do email, e não se obter resposta, procedeu-se para o contato telefônico. Em ambas foi possível conversar com o administrador após algumas tentativas, porém houve demonstração de desconfiança. Numa das unidades, foi tentada marcar visita por três vezes através de contato telefônico, porém o administrador nunca se mostrou disponível. Na outra unidade, o administrador solicitou que fosse enviado novamente o e-mail com os arquivos, pois não teria recepcionado o anterior. O e-mail foi reenviado, e, não havendo resposta, procedeu-se a contato telefônico, em que o administrador alegou não conseguir abrir os documentos, solicitando diferente formato. Após envio de novo e-mail com documentos no formato solicitado, novamente não se obteve resposta do administrador. No dia em que o pesquisador dirigiu- se à unidade, não foi possível realizar a entrevista com o dirigente, pois um dos agentes relatou que o mesmo não se encontrava no local.

Em uma UPA, na ausência de resposta ao e-mail, procedeu-se ao contato telefônico. Inicialmente, o administrador solicitou para marcar a consulta em data diferente da requisitada pelo pesquisador. Em nova tentativa, o administrador novamente solicitou data diferente. O pesquisador realizou um terceiro contato, e marcou diretamente com o administrador o encontro, dirigindo-se à unidade em horário combinado. Chegando à unidade, o administrador não se encontrava, e o pesquisador foi recebido por um funcionário da unidade, que apresentou a unidade e forneceu alguns dados.

 Numa penitenciária (PT2), foi possível marcar a entrevista com o administrador após contato telefônico (pois não se obteve resposta do e-mail). Não foi possível fazer a visitação naquele dia por motivo de uma intercorrência interna. Tentou-se proceder a visitação noutro dia, e novamente, não foi permitido realizar a visitação.

 Em outra penitenciária (PT4), tentou-se duas vezes contato via e-mail, sem obtenção de resposta. Ao contato telefônico, não foi possível agendar data em comum com o administrador para visitação. Procedeu-se ao deslocamento até a unidade, porém o administrador não estava disponível e não foi permitida a visitação.

Nas demais unidades, de modo geral, foram bem receptivas para a pesquisa pelos administradores. Destas, os administradores que não responderam e-mails, mas após contato telefônico concordavam em agendar data para visitação e entrevista. Apenas em uma das unidades percebeu-se bastante abertura para visitas, ocorrendo várias visitações de diferentes setores num único dia, e os funcionários são solícitos e orgulhosos em apresentar a unidade aos visitantes.

Das unidades prisionais visitadas, todas são de administração exclusivamente pública, com exceção de uma delas, que é terceirizada Unidades com infra-estrutura precária, pouca organização e superlotação, as interrupções nas entrevistas ocorriam com muita freqüência, chegando, em alguns momentos, a comprometer a qualidade das informações.

5.2 PERFIL DOS ADMINISTRADORES DAS UNIDADES

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