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VI. Lista de siglas

3 Estado da arte

3.3.1 Dados, informação e conhecimento

Segundo Rao (2012) a cultura organizacional depende da confiança entre as pessoas que é estimulada por uma gestão que cria um ambiente onde se cria e partilha conhecimento. Este conhecimento, no entanto, está assente em informação tratada pela organização tendo por base dados em bruto gerados ao longo das atividades das organizações.

Dados, informação e conhecimento são assim três conceitos chave, sendo que o conhecimento é visto como um fator de vantagem competitiva nas organizações, pois ao fomentar o desenvolvimento individual e a sua partilha pela organização, melhora o desempenho de toda a organização segundo Davenport e Prusak (1998) e Tiwana (2003). De acordo com Caldeira (2009), a representação de conhecimento pode estar associada ao que denomina como conceito, enquanto representação de um objeto ou acontecimento que entra na composição de um sistema, visto igualmente como convenção social que pode ser representada e transferida para o modelo de dados. Ao ser enquadrado no sistema, permite uma interação e gestão, integrada numa lógica de inferência, tratamento, distribuição e alinhamento continuo para proteção evolutiva da sua mutação, mantendo coerente o conceito e sua evolução, num contexto de volume enorme de dados, conceitos e relações. Dados são factos que ocorrem nas organizações sendo que a informação corresponde a uma organização desses dados e por sua vez o conhecimento corresponde à informação organizada de acordo com um determinado sentido. Por definição em dicionário, o conhecimento é o que permite tornar presente aos sentidos um objeto de modo a obter um entendimento ou representação adequado. Mas associado ao conhecimento, podemos ainda relacionar os conceitos de representação (descrever factos, pessoas e ideias através de símbolos), raciocínio (argumentar) e aprendizagem (pensamento para obter conhecimento).

Tiwana (2003) refere que o conhecimento está presente nos documentos, processos, práticas e normas. Para Davenport e Prusak (1998), o conhecimento não é somente dados ou informação, mas sim uma mistura formada por experiências, valores, informação de contexto e perspicácia hábil que proporciona uma estrutura para a avaliação e incorporação de novas experiências e informação, tendo origem e aplicação na mente humana. Nas organizações, costuma estar embebido não só nos documentos ou repositórios, mas também em rotinas, processos, práticas e normas organizacionais. Para Nonaka (1994), existem dois tipos de conhecimento e formas de conversão de conhecimento entre estes tipos, tal como apresentado na Figura 3.5 e que se pode resumir da seguinte forma:

• Tipo de conhecimento tácito: reside na mente humana e depende da sua experiência. Corresponde a modelos mentais, esquemas, paradigmas, crenças e pontos de vista que permitem a um indivíduo posicionar-se no mundo;

• Tipo de conhecimento explícito: encontra-se em formas externas como documentos e bases de dados. Corresponde a conhecimento objetivo, racional e codificado, permitindo como tal a sua representação em linguagens formais.

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Figura 3.5: Modelos de criação de conhecimento, adaptado de Nonaka (1994).

Sobre as formas de interação ou conversão de conhecimento, Simard e Rice (1996) refere que o conhecimento resultante das interações entre indivíduos, torna-se importante em termos de gestão enquanto recurso, na medida em que pode contribuir como vantagem competitiva e otimização do desempenho da organização. Nonaka (1994) refere que essas formas de interação correspondem a quatro combinações:

• Socialização: transformação de conhecimento tácito em tácito, também conhecido como aprendizagem a partir de troca de experiências entre indivíduos ou processos de raciocínio;

• Externalização: conversão de conhecimento tácito em explicito, através da representação de conhecimento;

• Combinação: composição de conhecimento explicito com outros conhecimentos explícitos, levando normalmente à geração de novos conhecimentos explícitos;

• Internalização: conversão de conhecimento explícito em tácito, por aprendizagem de conhecimento explícito disponibilizado, ou como resultado da combinação de conhecimento explícito.

A representação de conhecimento pode ser vista ainda como a aplicação lógica de ontologias no sentido de construir modelos computacionais para determinados domínios permitindo a sua utilização em processos raciocínio, como referido por Sowa (2000a). Neste sentido, o conhecimento é representado por ontologias enquanto descrição de conceitos e relações que existem entre eles, como um vocabulário, o que constitui um universo de discurso representado com algum formalismo declarativo sobre os qual os agentes devem comprometer-se para poderem comunicar nesse universo de discurso, sem terem de lidar com uma teoria geral do conhecimento, de acordo com Gruber (1993). Sowa (2000b), considera ainda que desta forma pode-se então criar modelos computacionais para determinados domínios, mas visto como um tema multidisciplinar que cruza as teorias e técnicas da lógica (estrutura formal e regras de inferência), ontologias (tipo de coisas que existem num determinado domínio) e computação (sem modelos computacionais a lógica e ontologias não podem ser implementadas em programas de computadores).

Socialização

Externalização

Internalização

Combinação

Conhecimento explícito

Conhecimento tácito

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Para construir estes modelos computacionais, utilizam-se esquemas, que podem ser procedimentos (sequência de instruções em linguagens de programação), regras (bases de dados de expressões em lógica formal de predicados utilizando-se linguagens como o Prolog), redes (grafos com nós como objetos e arcos como relações, utilizando-se redes semânticas e mapas cognitivos) e estruturas (extensão das redes, em que cada nó é uma estrutura designada por Slot com valores, como utilizado pelos frames e scripts), RDF (Resource Description Framework) e OWL. Representar o conhecimento é assim construir Ontologias para permitir a partilha de conhecimento, possibilitar a reutilização, tornar o domínio explícito e analisar o domínio de conhecimento onde operamos, como indicado por Noy e McGuiness (2001). Daí a importância da representação de conhecimento, segundo Davis et al. (2010), que refere ainda que permite entender e descrever a riqueza do mundo, podendo ser entendida em função dos cinco papéis principais que desempenha:

• Substituto das coisas, permitindo raciocinar em vez de agir sobre o mundo;

• Conjunto de comprometimentos com ontologias que permitem identificar de que forma é que se pensa sobre o mundo;

• Parte da teoria do raciocínio no sentido em que representa o conceito fundamental do raciocínio, ou seja, o conjunto de inferências que ratifica e o conjunto de inferências que recomenda;

• Meio para a computação eficiente, pois representa a forma como se organiza a informação para facilitar a aplicação das inferências recomendadas;

• Linguagem utilizada para o ser humano se exprimir acerca do mundo.