Dados sobre a Modernização da Agricultura Familiar Simãodiense

No município de Simão Dias, o direcionamento da agricultura familiar tradicional para a agricultura moderna capitalista ocorre durante a necessidade de modificação da agricultura consorciada de milho, feijão e fava e a derrocada da pecuária bovina.

As novas formas de produção agrícola moderna substituem o tradicional arado pelo trator e as relações de trabalho no campo se apresentam resumidas na diminuição do trabalho manual pelo uso de novas máquinas agrícolas modernas.

Depois da instalação de políticas públicas agrícolas, como o PRONAF, a estrutura agrícola familiar de Simão Dias conhece uma nova dinâmica modernizadora pautada na mecanização da agricultura familiar, deixando-se de lado a velha rotina anual da aragem animal, da gradiagem animal. Até nos processo de beneficiamento do milho, a modernização da agricultura familiar simãodiense abandona o velho “giral”, substituindo-o pelo trator com debulhador/ensacadora embutidos (Figura 19).

Figura 19: Trator utilizado para o beneficiamento do milho (a bata do milho). Fonte: Pesquisa de Campo, setembro de 2007.

Em Simão Dias, o direcionamento da agricultura familiar tradicional para a agricultura moderna capitalista ocorre durante a introdução de Políticas Agrícolas de incentivos financeiros que afetam a agricultura consorciada de milho, feijão e fava, modificando a forma de preparo tradicional do solo. As novas formas de produção agrícola moderna substituem a agricultura tradicional, baseada no arado, pelo trator e insumos agrícolas (adubos, agrotóxicos).

Na estrutura agrícola familiar modernizada, em Simão Dias, há de se observar que o grau de Investimento em Mecanização das unidades agrícolas familiares apresenta mudanças significativas no volume de uso de tratores. Segundo dados do IBGE, dos 3.052 tratores existentes no estado Sergipe em 1995, 113 tratores (2,03%) estavam em operação no município de Simão Dias.

Entretanto, em 2006, o número de tratores aumenta de 133 para 177 tratores, um incremento, no número de tratores, de 1,41%. Este aumento decorre dos incentivos propostos pelas Políticas Agrícolas modernizantes de crédito rural (a exemplo do Pronaf) que impele agricultor a contratar os serviços de tratores.

TABELA 05 Uso de Tratores em 2007

(Povoados Triunfos, Galho Cortado, Paracatu, Poço Dantas, Barnabé e o Assentamento Fazenda “Maria Bonita”)

Variáveis pesquisadas N° de agricultores Percentual Uso de tratores 18 78.30% Uso de plantadeiras manuais e arados 5 21.70% Total 23 100.00%

Fonte: Pesquisa de Campo.

De acordo com dados da Tabela 05, colhidos em campo, no ano de 2007, dos vinte e três agricultores entrevistados, dezoito agricultores (78,30%) confirmaram o uso de tratores para o plantio. Apenas cinco agricultores (21,7%) afirmaram não utilizar os serviços de tratores. Os tratores são contratados, entre os meses de abril a maio, para o período de preparo do solo (aragem e gradiagem) e para o plantio.

Tal fato induz a afirmativa da modernização da agricultura familiar tradicional no município de Simão Dias. A elevação do uso de tratores para o plantio e a colheita significa dizer que a base agrícola familiar integra-se a lógica da tecnificação capitalista. Desta forma, há a elevação da dependência do agricultor familiar simãodiense em relação às técnicas modernas de produção agrícola.

O uso de insumos agrícolas é difundido nas áreas de agricultura familiar tradicional, no município de Simão Dias, obrigando o agricultor a endividar-se para que haja a possibilidade de sua integração à modernização agrícola.

A compra de adubos químicos e agrodefensivos colocam o agricultor familiar simãodiense num ciclo de dependência financeira em relação aos bancos oficiais (Banco do Brasil e Banco do Nordeste do Brasil). Nos contratos de adesão ao financiamento agrícola, o agricultor se compromete a comprar adubos e agrodefensivos. A comprovação das compras de insumos agrícolas é feita mediante apresentação de notas fiscais. Isto significa dizer que os programas de crédito rural são “braços” financeiros de sustentação do capitalismo agrícola.

Conforme dados do IBGE, entre os anos de 1995 a 1996, em 62,58% dos estabelecimentos simãodienses, há o uso de fertilizantes. Em 32,04% dos estabelecimentos

observados em Simão Dias ocorre o uso de agrotóxicos. Outros usos como assistência técnica, conservação do solo e irrigação totalizaram apenas 5,38%. (Gráfico 01)

Fonte: Censo A gropecuário IBGE, 1995/1996

32.04% 5.38% 62.58% Agrotóxicos Outros Usos Simão Dias

Fertilizantes, Agrotóxicos e outros usos em estabelecimentos (1995-1996)

Fertilizantes

Gráfico 01: Uso de Fertilizantes, Agrotóxicos e outros insumos no município de Simão Dias.

Fonte: Censo Agropecuário, IBGE, 1995/1996.

A difusão dos agrotóxicos ocorre juntamente com a introdução de novas sementes. Assim, relaciona-se o uso de sementes aos danos causados por novas pragas que infestam os milharais em Simão Dias. Uma dessas pragas é a chamada “podridão branca” e o “ferrugem do milho”, um fungo que ataca a espiga, apodrecendo os grãos. Desta forma, o uso de agrodefensivos pode inibir o aparecimento dos fungos e de outras pragas. (Tabela 06)

A partir dos resultados das vinte e três amostras coletadas em pesquisa de campo, 87, 00% dos agricultores usam fertilizantes no plantio. Os que não usam fertilizantes correspondem a 13,00%. Desta forma, verifica-se um crescimento no uso de agrodefensivos nas áreas rurais de Simão Dias, indicando que há novas ações técnicas-produtivas inseridas na estrutura sócio-espacial simãodiense. (Tabela 07)

A partir das amostras colhidas nos Triunfo, Galho Cortado, Paracatu, Poço Dantas, Barnabé e o Assentamento Fazenda “Maria Bonita”, 73,90% dos agricultores familiares utilizam agrotóxicos em suas plantações. Apenas 26,10% dos casos observados não utilizam agrotóxicos.

TABELA 06 Uso de Fertilizantes

(povoados Triunfos, Galho Cortado, Paracatu, Poço Dantas, Barnabé e o Assentamento Fazenda “Maria Bonita”)

váriaveis pesquiisadas

N° de

agricultores Percentual

usam fertilizantes 20 87.00%

não usam fertilizantes 3 13.00%

Total 23 100.00%

Fonte: Pesquisa de Campo.

TABELA 07 Uso de Agrotóxicos

(povoados Triunfos, Galho Cortado, Paracatu, Poço Dantas, Barnabé e o Assentamento Fazenda “Maria Bonita”)

Variáveis pesquisadas Nº de agricultores percentual usam de agrotóxicos 17 73.90% não usam agrotóxicos 6 26,10% Total 23 100.00%

Fonte: Pesquisa de campo.

Denota-se, pois, a abrangência do controle das empresas de insumos agrícolas sobre a EMDAGRO, a qual é responsável pela difusão dos agrodefensivos, adubos e sementes híbridas através dos eventos chamados “Dia de Campo”. O “Dia de Campo” torna-se uma vitrine de produtos das grandes empresas produtoras de insumos como a Bayer, Bunge, entre outras.

Expõe-se que, com o uso de tratores, fertilizantes e agrotóxicos, originaram-se novos objetos e novas ações no Espaço Agrário de Simão Dias. Os novos objetos estão refletidos nas áreas de culturas especializadas em milho, onde se observa a formatação linear das áreas plantadas e dos galpões, onde o milho é estocado durante a colheita. As novas ações se

configuram na constituição de associações entre os agricultores familiares para a obtenção de crédito rural do Pronaf.

A modernização denota apenas a dependência dos agricultores em relação aos aparatos tecnológicos, os quais são introduzidos pelas empresas nacionais e multinacionais através das Políticas Agrícolas.

5.6. A Produção Especializada do Milho na Agricultura Familiar do Município de Simão