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3. ESPAÇO E A QUESTÃO DO ESTADO: A INSERÇÃO DA LÓGICA DO

3.2. Óticas Conceituais sobre o Espaço

3.2.4. O Espaço Geográfico sob o imperativo do Capital

As necessidades do sistema produtivo e econômico vigente - neste caso o sistema produtivo-econômico Capitalista - tornam-se condição histórica de conformação das forças produtivas sobre o Espaço. Assim, concebe-se a idéia de Espaço Controlado pelo Capitalismo, ou seja, o Espaço Emerso no Modo Capitalista de Produção, seguindo, pois, a tendência global de extração do excedente espacial que é a base do sustento do Sistema Capitalista.

Assim, o Espaço Controlado pelo Capitalismo é o espaço das desigualdades entre os que produzem (trabalhadores) e os que expropriam (patrões ou empresários). O Espaço Controlado torna-se a simbologia da confrontação entre o Capital e o Trabalho.

Por conseguinte, o Espaço Controlado pelo Capitalismo pode ser definido, também, como conteúdo de um plano, contido dentro do campo de forças do Capital. Sob tal condição, o Espaço Controlado é tido, relativamente, como Espaço Econômico, inserindo-se num contexto de atuação de forças econômicas de expropriação oriundas do controle espacial do Capitalismo, as quais submetem o excedente social produzido no Espaço, estabelecendo o controle total do próprio Espaço, dentro de uma lógica de utilização e de dominação espacial voltada à continuidade do processo de acumulação do Capital.

O Espaço Controlado é o espaço submetido a uma decisão: a decisão da continuidade do processo de apropriação do excedente espacial pelo Capital. O Espaço Controlado pelo Capital está sob o controle decisório do capital, não abrindo campo para que os trabalhadores possam a colher, espacialmente, os frutos das horas de trabalho necessárias à produção de um bem ou mercadoria.

Contundentemente, o Espaço Controlado pelo Capitalismo é reflexo do processo exploratório dos que detêm o controle dos meios de produção e da extração do excedente sobre os que produzem, verdadeiramente, o excedente.

O Espaço Controlado é um objeto de apropriação. Não pode ser definido como Espaço Determinante - como prega o dogma do Determinismo - mas como determinado segundo uma lógica que é definida pelas esferas público-privado, conformando-se como Espaço Controlado pelas novas práticas sócio-produtivas inerentes ao Modo Capitalista de Produção.

De acordo com Moreira (2002, p.58), o Espaço Controlado pelo Capitalismo é “produto de um bloco histórico dominado por um esquema de regulação, sendo fruto de um ato da superestrutura”. De igual modo, o Espaço Controle pelo Capital converte-se em objeto de

dominação da Superestrutura14, assumindo forma de uma materialidade, sob controle imediato do processo expropriatório do Capital.

Consequentemente, o conceito econômico de Espaço Controlado pode ser desenvolvido, seguindo a idéia de conteúdo de um plano, conteúdo sob a abrangência de um campo de forças impulsionadas pelo modo capitalista de produção ou um conjunto homogêneo. Desta feita, o Espaço Controlado pelo Capitalismo assume forma moldada segundo a lógica da expansão produtiva alicerçada ou inserida pelo Capital15. O Espaço Controlado constitui-se num “espaço” submetido à decisão produtiva (à decisão produtiva capitalista). (MOREIRA, 2002, p.78)

O Espaço Controlado pelo Capital é um produto histórico sob o domínio direto (ou indireto)16 do modo de produção capitalista. Assim sendo, está relegado ao controle do processo de extração especial do excedente. Tal forma de extração contribui para o controle do Espaço, transformando-o segundo a lógica ou necessidade de acumulação de capital. Como tal, a sua definição traduz-se na transformação e no uso do Espaço no processo de criação e expropriação do valor. (SANTOS, 2005, p.58)

O Espaço Controlado pelo Capitalismo é também coadjuvante no processo de transformação sócio-produtiva. Não é, pois, um determinante das mudanças na estrutura social e econômica, mas é o espelho das desigualdades sócio-produtivas geradas pelo próprio modo de produção capitalista. Assim o espaço dominado está incluso no processo de transformação da estrutura sócio-produtiva pelo capitalismo. Tais transformações são oriundas da ampliação do controle capitalista do excedente produzido espacialmente. (SANTOS, 1979, p.208)

De tal modo, defende-se a idéia de que o Espaço Controlado é analisado por intermédio da reconstrução histórica de sua produção e transformação pelos processos produtivos da sociedade. Ademais, o processo de criação e reprodução do excedente, do qual participa o Espaço Controlado, é assumido pela luta de classes criada pelo próprio processo produtivo17 (SANTOS, 1979, p.214).

14

Superestrutura, para Karl Marx, é estrutura representada pelo predomínio do capitalismo (domínio da base econômica) sobre os fenômenos sociais mais amplos, inclusive na esfera política e ideológica. Tal fato concebe ao capitalismo o aporte de superestrutura. (SANDRONI, 1989, p.303)

15

É o caso da especialização produtiva representada pelo emprego massivo de recursos financeiros e tecnologia, porém que promove a dependência financeiro-tecnológica.

16

Entende-se como domínio indireto do Espaço pelo Capitalismo quando ocorre a introdução do modo de produção e do processo de expropriação alicerçados ou travestidos de ações governamentais.

17

Trata-se, pois, da confrontação entre o capital e o trabalho traduzido, historicamente, como luta de classes.produção e do processo de expropriação alicerçados ou travestidos de ações governamentais.

O Espaço Controlado pelo Capital é o Espaço inserido na lógica de reprodução do excedente expropriável pelo modo de produção capitalista. O Espaço Controlado torna-se mundialmente solidário com o processo de transformação espacial ou com as intervenções simultâneas das redes de influência e de poder produtivo e inovador do capitalismo, operando numa multiplicidade de escalas e níveis, desde a escala mundial até a local (SANTOS, 1980, p.166).

O Espaço Controlado pelo Capital constitui-se testemunha de um modo de produção, isto é, torna-se testemunha do abrangente controle capitalista sobre as estruturas sócio- produtivas e sócio-espaciais. (SANTO, 1980, p.138)

Fundamentalmente, Lefebvre (1976, 40) discorre que o Espaço Controlado constitui-se local de concretização das necessidades de produção globalizada, provenientes do processo de geração espacial do valor encabeçada pelo Capitalismo. O Espaço Controlado pelo Capitalismo torna-se freqüentemente reprodutor das formas sócio-produtivas provindas do Modo Capitalista de Produção. Em síntese, o Espaço Controlado pelo Capital depende de uma lógica preexistente, superior e absoluta18. (LEFEBVRE, 1976, p.41a)

Como conceito de Espaço Controlado pelo Capitalismo entende-se o Espaço subsumido à lógica de acumulação de capital nos circuitos espaciais das relações sócio-produtivas pautadas na produção do excedente capitável pelas empresas (pelos capitalistas). (SANTOS, 2002, p.214)

O Espaço Controlado pelo Capitalismo é fruto das contradições presentes durante o controle do Modo de Produção capitalista sobre as estruturas sócio-produtivo-espaciais. Portanto, percebe-se que a conceituação de Espaço Controlado pelo Capitalismo vai além do conceito de Espaço Social, pois o Espaço Controlado pelo Capital é o Espaço Social e o Espaço Econômico, na sua totalidade, controlados pelo Modo de Produção Capitalista.

18

“Ora el espacio depende de uma lógica preexistente, superior y absoluta [...]”.*