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O Espaço Social: O Local de Reprodução da Vida Social

3. ESPAÇO E A QUESTÃO DO ESTADO: A INSERÇÃO DA LÓGICA DO

3.2. Óticas Conceituais sobre o Espaço

3.2.3. O Espaço Social: O Local de Reprodução da Vida Social

O Espaço Social é apenas resultado da concretização da ação do homem sobre o meio. Assim, a ação humana inscreve no Espaço a sua impressão12. Há a efetivação da inter-relação homem/meio, onde as impressões humanas (artificialidades) são expressas sobre materialidade do Espaço, transformando-o. Por isso, o homem passa a ser visto como um ente transformador da realidade espacial, que concretiza suas marcas culturais, produtivas e sociais.

Entretanto, se a ação humana é a responsável pelas impressões sobre o Espaço, o conceito de Espaço Social pode, de tal forma, relacionar-se com a idéia de Espaço Socialmente Construído.

O Espaço Social é a realização das impressões da vida social. Constitui-se num conjunto de marcas artificiais da sociedade sobre a natureza. Significa que a sociedade expressa sua artificialidade sobre o Espaço. Tal artificial é o indício de que a vida social é a responsável pela imposição de novas formas-objetos materiais (casas, pontes, etc.) sobre o Espaço.

O Espaço Social assume o papel de sujeito paciente (sofre a ação) da imposição artificial da sociedade. As cidades e as primeiras comunidades são amplamente artificialidades da vida social. A interferência da sociedade sobre a materialidade natureza-espaço traduz-se na concretização do intento transformador da sociedade. O Espaço Social é, também, a forma de realização material e espacial da sociedade.

De tal forma, surge a definição clara sobre Espaço Social que o reconhece, também, como um conjunto de materialidades (estradas, pontes, etc.) que expressam forma-conteúdo para a reprodução das relações sociais e produtivas. De acordo com Lefebvre (1976, p.30), o Espaço Social é um produto social comprovável e depende, antes de tudo, do contraste e da descrição empírica da sociedade (idealização das artificialidades e sua adaptação ao meio geográfico).

Entende-se, também, que o Espaço Social é conseqüência da divisão social do trabalho. Desta forma, o Espaço Social é o ponto de reunião dos objetos produzidos, ou seja, ponto de efetivação (concretização) das coisas que ocupa a totalidade espacial (florestas, etc.) e seus subconjuntos artificiais (fazendas, estradas, plantações, etc.), efetuando-se de forma objetiva e funcional através da vida social.

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O Espaço Social é um espaço específico, pois é qualificado como foco de implantação de artificialidades da sociedade ou corresponde a um meio geográfico sobre o qual uma determinada sociedade manifesta tanto seus conflitos como contradições (LEFEBVRE, 1972, p.42). O sentido conceitual de Espaço Social é símbolo da reprodução e permanente fator de representatividade do modo social de produção e de suas contradições (Sociedade, Capital e Trabalho).

Deste modo, o Espaço Social é o local sobre o qual se constrói a dialética sócio-espacial. De acordo com Moreira (2002, p.27-28), o Espaço Social pode ser, primordialmente, uma estrutura de atuação espacial da sociedade, ou seja, é produto da necessidade de transformação e experiência de reprodução das relações sociais.

Resultante da evolução nas relações sociais, o Espaço Social é a concretização da implantação das atitudes produtivas da sociedade. Daí passa a ser entendido como Espaço Socialmente Construído. Por isso, o Espaço Social “é a sociedade vista [através de] sua expressão material visível [o Espaço Transformado]”. O Espaço Social é o reflexo das artificialidades concebidas pela sociedade, reproduzindo-se como produto social e histórico. (MOREIRA, 2002, p. 29)

Sendo assim, “o espaço aparece como obra histórica que se produz [e se reproduz], continuamente a partir das contradições inerentes à sociedade, produzidas com base em relações sociais [...]” (MOREIRA, 2002, 38). As relações sociais de produção são refletidas no Espaço, dando os contornos necessários à transformação da estrutura sócio-espacial. O Espaço Social passa a ser resultado das relações próprias da vida social, ou melhor, reflexo das contradições derivadas do modo de produção social, mediante ação do trabalho socialmente materializado na mercadoria.

Para Santos (1992, p.27), o Espaço Social é a sociedade tida como “expressão material visível”. Desta feita, o sentido dado ao Espaço Social é a mesma visão conceitual sobre a interferência transformadora da sociedade como essência, da qual o Espaço torna-se aparência (MOREIRA, 2002, p.30). Isto torna o Espaço Social produto social. (MOREIRA, 2002, p.39)

Santos defende que o Espaço Social, como qualquer outra estrutura social, é um reflexo da sociedade e sua “conseqüente distribuição sobre o território” (SANTOS, 2004, p.181). Resultante disso, considera-se que “[...] o espaço é apenas um fator social, um fenômeno concreto que se impõe a todos os membros da sociedade, sem, todavia, impor-se à [existência da] sociedade em si mesma”. (SANTOS, 2004, p.185)

O Espaço Social, sendo ele o próprio Espaço socializado, torna-se reflexo e condição das práticas sociais, ou seja, é a expressão da própria formação produtiva da sociedade

(ACSELRAD, 2002, p.46). O Espaço Social é, também, um espaço social construído (ACSELRAD, 2002, p.48). Compreende-se que “o espaço aparece como obra histórica que se produz, continuamente a partir das contradições inerentes à sociedade, produzidos com base em relações sociais”. (MOREIRA, 2002, p.58)

O Espaço Geográfico Social aparece como obra histórica do processo social de produção (SANTOS, 2004, p.188). Desta feita, o Espaço Social é o próprio ambiente de concretização das relações sociais de produção. Assim, é possível perceber que a existência de um Espaço Social onde as relações sociais de produção tornam-se perceptíveis, devido às transformações produtivas que incorrem sobre a estrutura espacial. Assim, o Espaço Social é campo histórico do processo produtivo social que transforma a estrutura espacial.

O Espaço, sob forma de Espaço Social, é considerado como “paisagem animada pela sociedade”, tornando-se a “materialização da relação sociedade-natureza”. Assim, há um direcionamento transformador da estrutura especial impulsionado pela relação dialética sociedade-espaço. O Espaço Social é o espaço animado pela sociedade, sendo o local da relação ambígua entre a sociedade e a natureza. (ACSELRAD, 2002, p.58)

O Espaço Social torna-se, pois, dinamizado pelo conteúdo transformador da vida social, ou seja, o espaço dinamizado pelas relações estabelecidas na vida em sociedade, estando assim suscetível às transformações no âmago da forma produtiva social.

O Espaço Social é, também, um campo de forças, onde os agentes sociais demarcam a sua posição relativa, suas relações interpessoais, econômicas e produtivas. É, pois, o Espaço Social o campo de concretização das relações empreendidas pelos agentes sociais, sendo materializados na própria estrutura espacial, através da reprodução de ações e de objetos. O Espaço Social é o Espaço transformado pelas relações sócio-produtivas, criadoras de artificiadades13 e (re)organizadoras.

O Espaço Social é reflexo das diferenças, dos conflitos e das mudanças motivadas pela sociedade. Da mesma forma, é animado pelas transformações impostas pelas relações sociais de produção. Consequentemente, o Espaço Social apresenta-se como espaço de realização das artificialidades oriundas das práticas produtivo-sociais.

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