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O dano moral decorrente de acidente de trabalho nos contratos de terceirização

Devidamente abordado o assunto de acidente de trabalho, bem como a ligação do acidente de trabalho, em contratos de terceirização neste presente capítulo, é impreterivelmente importante, o levantamento da análise do dano moral em casos que decorram do acidente de trabalho, advindos de um contrato laboral por meio da terceirização.

Como já fora discutido anteriormente neste presente trabalho, o dano moral tornou-se algo corriqueiro com o passar das décadas, ganhou força e passou a ser mais discutido no cenário jurídico de nosso país.

Inevitavelmente, presume-se que o dano moral, venha a ser o prejuízo sofrido por alguém, ao se tratar de casos que envolvam o acidente de trabalho, o dano moral será sofrido pelo empregado subordinado, devemos ter em mente que, o acidente de trabalho é algo que ocorre quase sempre de maneira imprevisível, casual, em que são causados prejuízos físicos e/ou psíquicos para o trabalhador desempenhar sua atividade laboral, sendo que sobre este assunto, brilhantemente relata Delgado (2015, p.669):

As lesões acidentárias também podem causar dano moral ao trabalhador. Este, conforme visto, consiste em toda dor física ou psicológica injustamente provocada em uma pessoa humana. Nesse quadro, a doença ocupacional, a doença profissional e o acidente de trabalho podem, segundo sua gravidade, provocar substanciais dores físicas e psicológicas no indivíduo, com intensidade imediata ou até mesmo permanente, ensejando a possibilidade jurídica de reparação. Ressalte-se que tanto a higidez física, como a mental, inclusive emocional, do ser humano são bens fundamentais de sua vida, privada e pública, de sua intimidade, de sua autoestima e afirmação social e,

nesta medida, também de sua honra. São bens, portanto,

inquestionavelmente tutelados, regra geral, pela Constituição (art. 5º, V e X). Agredidos em face de circunstâncias laborativas, passam a merecer tutela ainda mais forte e específica da Constituição Federal, que se agrega à genérica anterior (art. 7º, XXVIII, CF/88).

Destarte, o dano moral sofrido em razão do acidente de trabalho, insurge-se como um meio onde o subordinado tem um sofrimento em demasia, seu padecimento vai além do infortúnio já ocorrido. Se por um lado, a reparação em razão de um dano material, pode ser dirimida com um valor em dinheiro estipulado, sendo equivalente ao dano material sofrido, por outro lado, o dano moral em um acidente de trabalho, também decorrido em razão do trabalho terceirizado, este, já não pode ser tão facilmente reparado, em razão de que o dano moralmente causado, não se equivale ao dano material, como bem destaca Oliveira (2013, p. 244):

A indenização pelos danos materiais pode até alcançar a recomposição do prejuízo e a “equivalência matemática” norteia os critérios de cálculo. No entanto, a dor da exclusão, a tristeza da inatividade precoce, a solidão do abandono na intimidade do lar, o vexame da mutilação exposta, a dificuldade para os cuidados pessoais básicos, o constrangimento da dependência permanente de outra pessoa, a sensação de inutilidade, o conflito permanente entre um cérebro que ordena a um corpo que não consegue responder, a orfandade ou a viuvez inesperada, o vazio da inércia imposta, tudo isso e muito mais não tem retorno ou dinheiro que repare suficientemente. Na verdade a dor moral deixa na alma ferida aberta e latente que só o tempo, com vagar, cuida de cicatrizar, mesmo assim, sem apagar o registro.

Deste modo, os danos morais em decorrência do acidente de trabalho em contratos terceirizados, fazem-se hoje no cenário atual da esfera jurídica de nosso país, como um meio corriqueiro, em que empregados, buscam a todo o instante não uma reparação, por obviamente ser algo utópico, inatingível, mas sim, uma compensação monetária, face ao seu empregador, tanto a quem é prestado o serviço, quanto a quem toma o serviço. Assim, também consagra Martins (2013, p. 89):

Os acidentes do trabalho também podem dar origem ao dano moral no âmbito trabalhista, quando o empregador incorre em dolo ou culpa no ambiente de trabalho. O empregador tem obrigação de proporcionar ao empregado um meio ambiente do trabalho sadio.

Diante desta premissa, o entendimento que se concebe é de que, ambas as partes, ao que se refere à empresa tomadora ou a prestadora de serviços, são responsáveis por um ambiente, com o regramento básico de salubridade para o melhor desempenho laboral do empregado subordinado.

Algo que faz crescer cotidianamente, a incidência de ações ensejando o reparo do dano moral, sofrido por ventura de um acidente de trabalho em contratos firmados pelo meio terceirizado, é sem dúvida alguma, a negligência por parte da empresa prestadora de serviços com maior repetição, mas também, envolve-se nas empresas tomadoras de serviços, em que estas, também respondem pelos acidentes, e futuras ações de dano moral, envolvendo casos do tipo.

Como bem corroborado neste presente trabalho, o dano moral em face ao acidente de trabalho, em contratos terceirizados, atenuariam-se havendo um maior zelo e uma melhor contribuição, por parte das empresas tomadoras e prestadoras de serviço, em que o empregado está a elas subordinado, direta ou indiretamente. Casos aqui já relatados, comprovam o ineficaz preparo do empregado em seu labor, já que em muitos casos, o grau de probabilidade em que cerca a ocorrência do acidente de trabalho, torna-se maciço, já que o mesmo, labora sem o mínimo cuidado e proteção, ao se falar em proteção individual para o trabalho, como em proteção psíquica para os seus afazeres.

Os problemas envolvidos em contratos terceirizados, que em muitas vezes, inevitavelmente terminam com os acidentes de trabalho, consubstanciam-se com as ações de dano moral, visando a indenização, não somente isto, como também, aquilo que se condiz em relação à proteção do empregado acidentado, bem como, a taxa de punibilidade que, deve ser imposta aos outros dois sujeitos do contrato terceirizado, quais são, as empresas tomadoras e prestadoras de serviços. Perfaz-se deste entendimento, Oliveira (2013, p. 242):

As reflexões dos juristas e a crescente valorização da dignidade da pessoa humana facilitaram a percepção dos dois fundamentos essenciais para justificar a indenização pelos danos morais: a vítima não pode ser deixada ao desamparo, nem os lesantes impunes. Esses dois fundamentos repercutem

seriamente na harmonia da convivência social, porque a vítima desamparada é tomada de revolta e pode cultivar o desejo de vindita; por outro lado, a impunidade dos causadores do dano acaba estimulando a ocorrência de novas lesões.

É deste modo, cediço o entendimento de que, as ações do qual o presente título deste trabalho se dispôs a ensejar, qual seja, as ações de caráter moral, em decorrência do acidente de trabalho em contratos de terceirização, não equivalem-se tão somente a concretização de uma indenização de caráter pecuniário, sendo esta, uma mera compensação em virtude do flagelo e do sofrimento vivenciado, mas também, se produz em efeitos a punição dos envolvidos, que são de todo o modo, os responsáveis pelo trabalho insalubre desempenhado.

Outro ponto que é de suma importância, para o acalento e a diminuição dos conflitos entre o empregado, e a empresa prestadora, bem como, a empresa tomadora de serviços, é a prevenção dos acidentes, já anteriormente citada. É nela que assegura-se um melhor labor para o empregado, e também, questões benéficas para os outros dois sujeitos restantes nesta relação de terceirização.

Nesta premissa, leciona Oliveira (2013, p. 28):

É preciso enfatizar que todos perdem com o acidente do trabalho: o empregado acidentado e sua família, a empresa, o governo e, em última instância, toda a sociedade. Se todos amargam prejuízos visíveis e mensuráveis, é inevitável concluir que investir em prevenção proporciona diversos benefícios: primeiramente, retorno financeiro para o empregador; em segundo lugar, reconhecimento dos trabalhadores pelo padrão ético da empresa; em terceiro, melhoria das contas da Previdência Social e, finalmente, ganho emocional dos empregados que se sentem valorizados e respeitados.

Fica deste modo, notório e cristalino, o entendimento de que a prevenção de acidentes é um dos melhores meios, e porque não dizer, o meio mais eficaz de solucionar e atenuar o risco, bem como, a consumação dos acidentes no dia a dia laboral.

Detém o ordenamento jurídico de uma vasta cognição e lucidez, ao que diz respeito ao regramento aplicado em face do empregador, como bem traz em sua doutrina, Oliveira (2013, p. 204):

Com efeito, em muitas ocasiões, as normas legais ou regulamentares simplesmente apontam diretrizes gerais para a conduta patronal, tais como: adotar precauções no sentido de evitar acidentes; reduzir até eliminar os

riscos existentes no local de trabalho; promover a realização de atividades de conscientização, educação e orientação dos trabalhadores para a prevenção de acidentes do trabalho e doenças ocupacionais; esclarecer e estimular os empregados para a prevenção dos acidentes; identificar situações que venham a trazer riscos para a segurança e saúde dos trabalhadores; prevenir, rastrear e diagnosticar precocemente os agravos à saúde relacionados ao trabalho; elaborar programa visando à preservação da saúde e da integridade dos trabalhadores, por meio de antecipação, reconhecimento, avaliação e consequente controle da ocorrência de riscos ambientais existentes ou que venham a existir no ambiente de trabalho, etc.

A solução para a diminuição de conflitos, envolvendo acidentes de trabalho nos contratos de terceirização, não se é entendida, como uma fórmula geral e capaz de ser aplicada facilmente. No entanto, é cediço de que a prevenção torna-se um meio que envolve eficiência e praticidade no aspecto laboral, evitando a expansão de ações judiciais que, acercam o tema do presente trabalho.

O aspecto eficaz que conduz o empregado para fora da margem de risco de acidente, é com absoluta certeza, o cuidado que deve ter o seu responsável, sendo ele, na maioria dos casos, a empresa prestadora de serviços, mas também, a empresa tomadora, amplificando desta forma, o seu zelo e seu comprometimento para com o seu subordinado, trazendo e oportunizando a ele, maior salubridade e segurança para o desempenho correto do labor.

Levantado o aspecto condizente ao título do presente estudo, é de total relevância, oportunizar o entendimento firmado pelo Tribunal Superior do Trabalho, em relação à temática até aqui desenvolvida, do qual, passa a abordar o próximo e último subtítulo.

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