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Normas brasileiras e europeias são exaustivas ao proteger direitos autorais e os demais direitos decorrentes da propriedade intelectual, fruto de uma longa evolução histórica em ambas as regiões, chegado a caminhar conjuntamente para a melhora no sistema de proteção aos direitos patrimoniais e morais de autor. O caminho em conjunto atravessou algumas convenções e tratados internacionais, como a de Berna e Genebra.

Por tais motivos, as regulações, proibições e limitações caminham também de forma bastante próxima, pois como já observado em capítulo introdutório, a Europa apresenta ambiente internacionalmente importante, sendo muitas vezes modelo para as normativas dos demais países.

Observando-se as duas principais normas abordadas em 2.3 e 3.3, ou seja, a Lei 9.610/98 no Brasil e a Diretiva 2001/29/CE da União Europeia, vê-se claramente a proximidade entre as duas legislações, pelo menos no tocante às proteções que as normas concedem.

A efeitos já comparativos, observa-se o Título III, Capítulo III da Lei 9.610/98 e o Capítulo II, artigos 2º a 4º da Diretiva 2001/29/CE, aos quais não irão ser citados diretamente em função do tamanho, mas de forma indireta, atenha-se ao que segue.

Ambas as normas, mesmo que de forma diferente, garantem ao detentor de direitos autorais o direito exclusivo de autorizar ou proibir qualquer reprodução, distribuição ou disposição ao público, facultando aos detentores de tais direitos e à sua vontade a concessão desses direitos patrimoniais.

Portanto, de forma conclusiva, entende-se que qualquer indivíduo que se fazer valer da posse de uma obra para dispô-la, reproduzi-la ou distribuí-la, estará gerando dano patrimonial a uma propriedade intelectual, ora o direito autoral.

Pimenta e Pimenta dividem em quatro as formas de violação dos direitos autorais, naquelas sem fins lucrativos, as que buscam vantagem econômica e causam dano moral, aquelas

que buscam vantagem econômica e causam dano patrimonial e as que buscam vantagem econômica causando dano moral e patrimonial de direito de autor64

Os autores citados ainda continuam em sua obra abordando os crimes contra a propriedade intelectual, dispondo que é necessário saber-se o produto do crime para que só então se saiba qual foi o direito violado, se apenas patrimonial, apenas moral ou ambos. Ainda exemplificam.

[...] direito moral – a comunicação ao público de uma obra inédita ou de uma modificação na obra sem a autorização do criador; direito patrimonial - a reprodução ou a distribuição ou a comunicação ao público de uma obra intelectual sem autorização do criador, ou ambos.65

Seguindo neste caminho acabar-se-á encontrando a tipificação penal para a violação de direitos autorais, a qual se encontra no artigo 184 do Código Penal. Não sendo este o objeto do presente estudo, passa-se ao próximo ponto deste capítulo.

Mesmo que haja algumas proibições e restrições para a utilização de obras com direitos reservados, há também, em ambas as normas anteriormente citadas, disposições a respeito de exceções e limitações para a extensão destes direitos.

Em legislação nacional, tais exceções e limitações se encontram no Título III, Capítulo IV da Lei 9.61/98, já em normas europeias, disposições em mesmo sentido podem ser encontradas em artigo 5º da Diretiva 2001/29/CE.

No caso da normativa europeia, por se tratar de uma disposição que orienta a legislação dos Estados-Membros do bloco, pode-se encontrar casos em que algumas das sugestões do artigo não se encontram regulamentadas em determinados países. Tal situação se dá pela redação do artigo em seu número 2, que determina que os Estados-Membros "pode prever exceções ou limitações ao direito de reprodução”.66

64 PIMENTA, Eduardo; PIMENTA, Rui Caldas. Dos crimes contra a propriedade intelectual. 2. ed. São

Paulo: Revista dos Tribunais, 2005. p. 154.

65 Ibid., p. 158.

66 UNIÃO EUROPEIA. Diretiva (UE) 2019/790 do Parlamento Europeu e do Conselho, de 17 de abril de

2019. Relativa aos direitos de autor e direitos conexos no mercado único digital e que altera as Diretivas 96/9/CE

e 2001/29/CE. Estrasburgo: Parlamento Europeu, 2019. Disponível em: https://eur-lex.europa.eu/legal- content/PT/TXT/?uri=CELEX:32019L0790. Acesso em: 19 nov. 2020.

Importante se faz menção da existência de exceções ao direito autoral, pois, caso uma reprodução se enquadre nas exceções, não estará cometendo dano proveniente da propriedade intelectual, pois seu uso é legal e autorizado.

Em conclusão à breve seção, tem-se que os danos causados contra a propriedade intelectual são, por óbvio, aqueles atos que se formam em desacordo com as normas dispostas, em ambas as regiões estudadas, sendo as formas mais recorrentes de dano o plágio e a contrafação.

Afonso nos ensina como se dão tais danos, sendo o plágio a cópia, total ou parcial de uma obra e apresenta-la como se sua fosse, para que se configure, não haveria a referência de qualquer um dos autores, pois, caso houvesse não estaria o plagiador apresentando a cópia como se sua fosse, motivo ao que se faz necessário por exemplo, indicar o autor deste pensamento nas notas de rodapé.67

Já a contrafação se diferencia por conta de o reprodutor não ter a intenção de se passar por dono da obra, o agente reproduz a obra de forma indevida, sem autorização e com intenção de obter lucro, configurando o ilícito.68

Dispostos os casos em que se cometerá dano à propriedade intelectual, as exceções que se impõem, segue-se para a abordagem de como se dará a responsabilidade por tais atos, primeiramente em relação ao território nacional e em seguida ao território europeu.

4.3 RESPONSABILIDADE CIVIL PREVISTA NAS NORMAS DE DIREITO AUTORAL

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