• Nenhum resultado encontrado

Análise comparativa da lei brasileira e da lei da união europeia de responsabilização de autor e plataforma por danos autorais a terceiros decorrentes de publicações digitais

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Análise comparativa da lei brasileira e da lei da união europeia de responsabilização de autor e plataforma por danos autorais a terceiros decorrentes de publicações digitais"

Copied!
58
0
0

Texto

(1)

UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA JOÃO VITOR PERTILLE DESTRO

ANÁLISE COMPARATIVA DA LEI BRASILEIRA E DA LEI DA UNIÃO EUROPEIA DE RESPONSABILIZAÇÃO DE AUTOR E PLATAFORMA POR

DANOS AUTORAIS A TERCEIROS DECORRENTES DE PUBLICAÇÕES DIGITAIS

Tubarão 2020

(2)

JOÃO VITOR PERTILLE DESTRO

ANÁLISE COMPARATIVA DA LEI BRASILEIRA E DA LEI DA UNIÃO EUROPEIA DE RESPONSABILIZAÇÃO DE AUTOR E PLATAFORMA POR

DANOS AUTORAIS A TERCEIROS DECORRENTES DE PUBLICAÇÕES DIGITAIS

Monografia apresentada ao Curso de Direito da Universidade do Sul de Santa Catarina como requisito parcial à obtenção do título de Bacharel em Direito.

Linha de pesquisa: Justiça e Sociedade

Orientador: Prof. Agenor de Lima Bento, Esp.

Tubarão 2020

(3)

ANÁLISE COMPARATIVA DA LEI BRASILEIRA E DA LEI DA UNIÃO

EUROPEIA DE RESPONSABILIZAÇÃO DE AUTOR E PLATAFORMA POR

DANOS AUTORAIS A TERCEIROS DECORRENTES DE PUBLICAÇÕES DIGITAIS

Esta Monografia foi julgada adequada à obtenção do título de Bacharel em Direito e aprovada em sua forma final pelo Curso de Direito da Universidade do Sul de Santa Catarina. Tubarão, 07 de dezembro de 2020. ______________________________________________________ Professor e orientador Prof. Agenor de Lima Bento, Esp.

Universidade do Sul de Santa Catarina

______________________________________________________ Prof. José Paulo Bittencourt Júnior, Esp.

Universidade do Sul de Santa Catarina

______________________________________________________ Prof. Erivelton Alexandre Mendonça Fileti, Esp.

Universidade do Sul de Santa Catarina

(4)

Dedico o presente escrito à familiares, amigos e à minha namorada, sem eles nada faria nem seria.

(5)

AGRADECIMENTOS

Primeiramente agradeço aos meus familiares, pais, tios, primos e irmãs, por todo o apoio, amparo, carinho e amor fornecidos ao longo de toda a vida, afeto este que me formou e me possibilitou conquistar as pequenas coisas que conquistei e as grandes que ei de conquistar. À família Testoni, Hayde, Arthur e José Carlos, amigos, também família, que sempre estiveram ao meu lado, sempre com carinho, conselhos, amor e verdadeira amizade.

Às amizades que fiz durante o curso, em especial Isabela, Alice e Beatriz, por todo companheirismo, auxílio e por fazerem do ambiente universitário melhor e mais receptivo desde os primeiros anos.

Aos orientadores que me auxiliaram durante o decorrer de todo o estudo, Prof.ª Milene Pacheco Kindermann, orientadora durante o projeto de pesquisa e Prof. Agenor de Lima Bento, orientador durante a confecção do presente trabalho, ambos foram de suma importância para a conclusão deste.

Por fim, porém de forma alguma com grau de importância menor, à minha namorada, Lara, que me apoiou, suportou, amparou, incentivou e inclusive cobrou durante toda a fase de elaboração da obra, além de todo carinho e amor.

À todos, direciono meus mais sinceros agradecimentos, pois sem qualquer uma dessas pessoas, tal trabalho sequer teria se concluído, ou minimamente teria se tornado mais dificultoso.

(6)

RESUMO

O principal objetivo da presente monografia se resume em analisar as legislações brasileiras e europeias a fim de verificar quais são as responsabilidades conferentes à plataformas e autores de publicação a respeito de danos autorais causados a terceiros. Para tal análise, utilizar-se-á de abordagem qualitativa, nível de pesquisa exploratório e para coleta de dados os procedimentos bibliográfico e documental, tendo em vista que a análise tomará por base livros, artigos e documentos oficiais, parlamentares e jurídicos. Nestes termos, verificou-se que em meios digitais, as plataformas de compartilhamento tem responsabilidades diferentes em ambas as regiões pesquisadas, sendo no Brasil necessário o não atendimento de uma notificação judicial para se configurar a responsabilidade destas e, na Europa, que tais plataformas de compartilhamento comprovem o atendimento a certos requisitos para a não configuração da responsabilidade destas.

(7)

ABSTRACT

The main objective of this undergraduate thesis is to analyze the Brazilian and European legislation in order to verify what are the responsibilities conferred to the platforms and also the authors of the publication regarding Copyright damages caused to third parties. For such analysis, was used a qualitative approach, an exploratory research level and was used bibliographic and documentary procedures for data collection, considering that the analysis will be based on books, articles and official, parliamentary and legal documents. In these terms, it was found that in digital media, the sharing platforms have different responsibilities in both regions surveyed, being in Brazil is necessary to not comply with a judicial notification to configure their responsibility and, in Europe, that such platforms sharing proves the fulfillment of certain requirements for not configuring their responsibility.

(8)

LISTA DE SILGLAS E ABREVIATURAS

LDA – Lei de Direitos Autorais, Lei 9.610 de 1998 MCI – Marco Civil da Internet, Lei 12.965 de 2014

(9)

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ... 7

2 O DIREITO BRASILEIRO DE PROTEÇÃO AO DIREITO AUTORAL ... 13

2.1 EVOLUÇÃO DA REGULAÇÃO DO DIREITO AUTORAL NO BRASIL ... 13

2.2 PRINCÍPIOS DA PROTEÇÃO DO DIREITO AUTORAL NO BRASIL ... 16

2.3 DIREITOS E DEVERES DOS SUJEITOS NO DIREITO AUTORAL BRASILEIRO 17 2.3.1 Direitos morais no direito autoral brasileiro... 19

2.3.2 Direitos patrimoniais no direito autoral brasileiro ... 20

3 O DIREITO DA UNIÃO EUROPEIA DE PROTEÇÃO AO DIREITO AUTORAL24 3.1 EVOLUÇÃO DA REGULAÇÃO DO DIREITO AUTORAL NA UNIÃO EUROPEIA 24 3.2 PRINCÍPIOS DA PROTEÇÃO DO DIREITO AUTORAL NA UNIÃO EUROPEIA . 28 3.3 DIREITOS E DEVERES DOS SUJEITOS NO DIREITO AUTORAL DA UNIÃO EUROPEIA ... 29

4 COMPARAÇÃO ENTRE OS PARÂMETROS LEGAIS DE DIREITO AUTORAL NO BRASIL E NA UNIÃO EUROPEIA QUANTO À RESPONSABILIDADE POR DANOS A DIREITOS AUTORAIS DE TERCEIROS ... 33

4.1 RESPOSABILIDADE CIVIL POR DANOS A TERCEIROS... 33

4.2 DANOS PROVENIENTES DE PROPRIEDADE INTELECTUAL ... 35

4.3 RESPONSABILIDADE CIVIL PREVISTA NAS NORMAS DE DIREITO AUTORAL NO BRASIL ... 37

4.4 RESPONSABILIDADE CIVIL PREVISTA NAS NORMAS DE DIREITO AUTORAL DA UNIÃO EUROPEIA ... 40

4.5 ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE O DIREITO BRASILEIRO E O DIREITO DA UNIÃO EUROPEIA QUANTO À RESPONSABILIDADE POR DANOS DE DIREITOS AUTORAIS NO AMBIENTE DIGITAL ... 44

5 CONCLUSÃO ... 50

(10)

1 INTRODUÇÃO

O compartilhamento de mídias em redes sociais ou plataformas de armazenamento de mídias é algo bastante comum para os usuários de aplicativos e plataformas. Uma pessoa gosta de uma figura, uma imagem, grava um vídeo e o compartilha, mas muitas vezes não se dá conta de que em uma mera foto, música ou o próprio software de edição contém propriedades autorais que são protegidas.

O campo digital tem se tornado cada vez maior e mais abrangente. São vários os ramos laborais abertos com a evolução tecnológica e a globalização por meio virtual. Praticamente todas as pessoas que estão hoje inseridas nos contextos de mídias sociais acompanham algum criador de conteúdo, uma pessoa que cria e compartilha entretenimento ou conhecimento, seja pela via do Instagram, Facebook, Twitter, Youtube, WhatsApp ou outros meios.

Um meio bastante utilizado para o entretenimento são os “memes”, imagens de alguma situação engraçada ou jocosa relacionadas a frases de cunho humorístico em sua maioria. Entretanto, algo que passa despercebido refere-se às propriedades daquela imagem e quem tem direito a elas. Como exemplo podemos citar o “meme” da Nazaré Tedesco, personagem fictícia da novela “Senhora do Destino”, transmitida pela emissora “Globo” entre os anos de 2004 e 2005; a imagem utilizada pertence à emissora que produziu a telenovela, mas é amplamente divulgada em plataformas digitais.

Outro problema bastante recorrente com a crescente publicação de mídias tem sido o direito autoral sobre músicas em vídeos, ou seja, uma pessoa produz um conteúdo visual e inclui na edição um áudio que pertence a terceiros. Para sanar problema como estes algumas plataformas têm adotado medidas para fiscalizar esta utilização.

Em uma plataforma de compartilhamento de vídeos, o Youtube, produtores de conteúdo recebem um valor monetário relativo ao número de visualizações que tiveram em seus vídeos. Porém, se em algum desses vídeos o autor utilizar mídias pertencentes a terceiros, sejam essas mídias músicas ou até mesmo outros vídeos, esses terceiros podem enviar uma notificação de violação de direitos autorais, ou seja, há uma averiguação que se dá pelo terceiro lesado e quem é prejudicado e responsabilizado é o próprio publicador.

O Youtube dá opções para aquele que notifica determinado conteúdo. O proprietário pode tanto bloquear a visualização de vídeos inteiros como gerar receitas com o vídeo,

(11)

veiculando anúncios e compartilhando os lucros com o usuário que fez o envio, e até mesmo rastrear as estatísticas de visualização do vídeo. Entretanto ainda é um sistema falho, por não ser possível revisar humanamente e individualmente cada vídeo com direitos reservados, e com isto algumas pessoas passaram a se aproveitar desta ferramenta, notificando conteúdos sobre os quais não tinham direito.

Para aqueles que recebem notificações em seus vídeos, mesmo utilizando a forma aceitável do uso de conteúdos com direitos autorais, seja devido a um engano ou erro na identificação do conteúdo, pode-se enviar uma contra notificação. Após isso, o reclamante terá prazo de 10 dias úteis para comprovar a abertura de ação judicial para manter da remoção do vídeo.1

Mesmo com as formas individuais que as plataformas adotam, como por exemplo, esta do Youtube, o plenário do Parlamento Europeu aprovou em 26 de março de 2019 o texto sem ressalvas da Directive on Copyright in the Digital Single Market, a fim de resguardar e proteger os direitos autorais. Para tanto, a lei prevê que a partir da vigência dela, as plataformas digitais passem a ser responsáveis pelo compartilhamento de mídias com direitos autorais reservados, contrário do que acontece hoje, em que o responsável é o publicador.

A União Europeia se formou em 1993 a partir de um antigo bloco, a Comunidade Econômica Europeia (CEE). Este antigo grupo visava incentivar a cooperação econômica entre os até então 6 países participantes (Alemanha, Itália, França, Bélgica, Luxemburgo e Países Baixos) para superarem o pós guerra. Com a formação do novo bloco outros 22 países aderiram a ideia.

Hoje constituem União Europeia 27 países (Reino Unido deixou o bloco em 31 de janeiro de 2020), que se organizam em comum em áreas como economia, saúde, ambiente, relações externas, segurança, migração e justiça.2

Conforme site oficial da União Europeia, no âmbito jurídico, para que haja um ordenamento jurídico parecido entre os países membros existe um Parlamento Europeu que tem poderes legislativos. Dentre os poderes legislativos, está o de elaborar uma Diretiva. A Diretiva

1 ALPHABET INC. Youtube, 2005. Direitos autorais no Youtube. Disponível em:

https://www.youtube.com/intl/pt-BR/about/copyright/#support-and-troubleshooting. Acesso em: 05 maio 2020.

2 UNIÃO EUROPEIA. A UE em poucas palavras. Disponível em:

(12)

é um texto de aplicação geral a todos os países membros da União Europeia, mas que antes de ser aplicado deve ser objeto de transposição para o ordenamento jurídico nacional, ou seja, direciona como se deve aplicar a norma aprovada, mas a forma de aplicação é exclusiva dos países e só produzirá efeitos após a sua transposição.3

A Diretiva da União Europeia sobre o Direito de Autor, no entanto, ressalva, em seu artigo 17, que as plataformas poderão não ser responsabilizadas se:

a) Envidaram todos os esforços para obter uma autorização; e

b) Efetuaram, de acordo com elevados padrões de diligência profissional do setor, os melhores esforços para assegurar a indisponibilidade de determinadas obras e outro material protegido relativamente às quais os titulares de direitos forneceram aos prestadores de serviços as informações pertinentes e necessárias e, em todo o caso; c) Agiram com diligência, após recepção de um aviso suficientemente fundamentado pelos titulares dos direitos, no sentido de bloquear o acesso às obras ou outro material protegido objeto de notificação nos seus sítios Internet, ou de os retirar desses sítios e envidaram os melhores esforços para impedir o seu futuro carregamento, nos termos da alínea b).4

Dessa forma, mesmo que existam as ressalvas, as plataformas seriam as principais responsáveis pela publicação de conteúdos com direitos reservados a terceiros e que não tenham sido devidamente pagos por isso, ou seja, a partir de uma publicação, quem responderia por ela seriam diretamente plataformas como Facebook, Twitter, Youtube, entre outros, não mais o publicador do conteúdo.

Essa medida poderia fazer com que essas plataformas tivessem que averiguar individualmente cada publicação, para que não fossem atingidas por processos relativos aos direitos autorais de mídias compartilhadas. Acontece que o número de informações compartilhadas em redes sociais nos dias de hoje é volumoso e uma averiguação prévia seria de certa forma impossível, o que poderia acarretar na simples retirada desses sites da Europa.

Para que se tenha a exata noção de que essa é uma possibilidade fática, podemos usar como exemplo a plataforma de buscas Google, que, conforme notícia do jornal The Guardian, retirou da Espanha a aba Google News, exclusiva à sites de notícias, por conta de uma lei do

3 EUROPA. Diretivas da União Europeia. Disponível em:

https://eur-lex.europa.eu/legal-content/PT/TXT/?uri=LEGISSUM%3Al14527. Acesso em: 06 maio 2020.

4 UNIÃO EUROPEIA. Diretiva (UE) 2019/790 do Parlamento Europeu e do Conselho, de 17 de abril de

2019. Relativa aos direitos de autor e direitos conexos no mercado único digital e que altera as Diretivas 96/9/CE

e 2001/29/CE. Estrasburgo: Parlamento Europeu, 2019. Disponível em: https://eur-lex.europa.eu/legal-content/PT/TXT/?uri=CELEX:32019L0790. Acesso em: 05 maio 2020.

(13)

país que obrigaria a plataforma a pagar por cada acesso ao link que ocorresse por meio da plataforma de agregadores de notícias.5

Havendo esta nova lei estrangeira, num ambiente internacionalmente importante como é o europeu, com novas diretrizes sobre o compartilhamento de obras com direitos reservados, apresenta-se a necessidade de identificar e entender como situações similares acontecem no Brasil e quem seria o responsável pela divulgação de imagens ou sons de propriedade de terceiros.

Para tal entendimento, surge a pergunta “Quais são as responsabilidades das plataformas e dos autores de publicações sobre danos autorais causados a terceiros no Brasil em comparação com o ambiente da União Europeia?”

De forma prévia ao estudo, deduz-se que a resposta para tal questionamento seria de que, no novo ordenamento jurídico europeu, a responsabilidade pela publicação seria da plataforma que agregou tal conteúdo publicado, mas essa regra não se aplica no Brasil em que a cabe a responsabilidade do indivíduo publicador sobre o compartilhamento e divulgação de conteúdos com direitos autorais reservados a terceiros.

Para que haja maior clareza com relação aos conceitos que se utilizarão ao decorrer do estudo, utilizar-se-á das seguintes definições:

Responsabilidade do indivíduo publicador de conteúdos na internet: segundo

Gagliano, a responsabilidade pressupõe o dano a alguém, violando uma norma jurídica e ficando subordinado à obrigação de reparar seu ato, portanto, seria responsável o indivíduo que causou danos a outrem com seu conteúdo publicado na internet, no caso em questão violando a norma de direitos autorais.6

Responsabilidade da plataforma de publicação de conteúdos na internet:

utilizando-se da mesma definição doutrinária do item anterior para responsabilidade, neste caso, as plataformas digitais seriam as responsáveis por sanar o dano decorrente de uma publicação que violasse direitos autorais, mesmo que essa publicação fosse realizada por um usuário.

5 KASSAN, Ashifa. Google News says ‘adiós’ to Spain in row over publishing fees. The Guardian, Madrid,

16 de dez. de 2012. Disponível em: https://www.theguardian.com/world/2014/dec/16/google-news-spain-publishing-fees-internet. Acesso em: 06 maio 2020.

6 GAGLIANO, Pablo Stolze; PAMPLONA FILHO, Rodolfo. Novo curso de direito civil, v.3: responsabilidade

(14)

Danos a direitos autorais: representam danos aos direitos autorais as modalidades,

previstas no artigo 29 da Lei 9.610/98, as publicações que não tiverem autorização prévia do autor da obra, sendo, portanto, o cometimento destes atos sem a prévia autorização do autor da obra causa danos aos direitos autorais.

Demonstrado o grande problema que passa a afetar usuários de plataformas digitais e detentores de direitos autorais, observa-se que a presente pesquisa tem relevância social uma vez que direitos autorais estão em toda parte. Cada objeto físico ou digital tem autoria reservada a quem o desenvolveu ou criou. O estudo vem discutir quem seriam os responsáveis pela infração de utilizar de material com direitos reservados no ambiente digital.

Motivado pelo interesse no assunto dos direitos autorais e pela observância da nova diretriz europeia a respeito do tema, o que possivelmente trará influências ao mundo todo no que se refere a esse tipo de regulamentação, buscou-se uma forma de combinar o interesse pessoal do pesquisador com o interesse social para realização do estudo.

Em relação às mídias digitais, muitos são os casos de compartilhamento de vídeos ou imagens pertencentes a outras pessoas ou empresas, não dando o reconhecimento necessário aos criadores, a quem tem direitos autorais sobre determinado conteúdo, o que implica em violação de propriedade intelectual. Portanto, é um tema atual e ainda pouco divulgado à maioria da população, que atualmente vem crescendo como usuários de mídias digitais e também como fornecedores de materiais midiáticos, muito em razão do acesso aos smartphones e outras tecnologias de acesso fácil ao mundo digital.

No âmbito do direito autoral existem trabalhos já realizados em diferentes campos, como música e livros. Mas o que difere nesta pesquisa é a relação entre as novas leis aprovadas no âmbito da União Europeia e dos seus países membros em comparação com o direito brasileiro no tocante à identificação da responsabilidade sobre mídias com direitos autorais que tenham sido compartilhadas sem a devida autorização.

A Directive on copyright in the Digital Single Market em seu artigo 17 evidencia que no caso de uma pessoa partilhar sem autorização obras protegidas por direito de autor os responsáveis seriam os prestadores desse serviço de compartilhamento, responsáveis inclusive por colocarem à disposição do público esse conteúdo.

Para atingir o resultado esperado, configura-se como objetivo geral do estudo a comparação entre as leis brasileiras e da União Europeia de responsabilidade por compartilhamento de mídias com direitos autorais reservados em plataformas digitais

(15)

Bem como devem classificar-se os objetivos específicos de descrever como está organizado o ordenamento jurídico brasileiro quanto aos direitos autorais em ambiente digital; Expor o parâmetro legal definido no âmbito da União Europeia para tratamento dos direitos autorais em ambiente digital; Comparar as leis brasileiras e da União Europeia quanto à responsabilização de publicadores e plataformas por danos a direitos autorais de terceiros na divulgação de mídias.

Desta forma, a pesquisa quanto ao procedimento para coleta de dados será bibliográfica e documental. Sendo bibliográfica tendo em vista que se utilizará de fontes como livros e artigos para tentar explicar o problema a partir delas e documental pois, além das fontes referidas, ainda se utilizará de documentos oficiais, parlamentares e jurídicos.7 Quanto ao nível será exploratória, pois visa ter abordar uma visão mais ampla sobre o assunto estudado, proporcionando “[...] maior familiaridade com o objeto de estudo.”.8 Quanto à abordagem será qualitativa, uma vez que irá se analisar palavras, de forma subjetiva, observando as percepções

que os sujeitos pesquisados tem a respeito de determinada situação-problema.9

E se dará utilizando-se da Directive on Copyright in the Digital Single Market, lei europeia sobre proteção de direitos autorais, e da Lei 9.610/98 do ordenamento jurídico brasileiro também relacionado a direitos autorais, além de buscar em livros e artigos para o entendimento, construção e formulação da pesquisa. Priorizar-se-á a análise dos ordenamentos jurídicos citados para concluir qual a real responsabilidade do publicador e da plataforma agregadora sobre as mídias com direitos autorais de terceiros.

O desenvolvimento do trabalho construir-se-á abordando primordialmente a evolução da regulação dos direitos autorais, seguido pela abordagem principiológica e avaliando direitos e deveres dos sujeitos no direito autoral brasileiro e europeu, após tal estudo proceder-se-á ao objeto do presente trabalho, analisando comparativamente a responsabilidade civil dos sujeitos em ambos os locais de estudo, finalizando, por óbvio, com a conclusão do estudo e a lista de referências utilizadas.

7 LEONEL, Vilson; MOTTA, Alexandre de Medeiros. Ciência e pesquisa. 2 ed. Palhoça: Unisul virtual, 2007. p.

112 e 146.

8 Ibid., p. 100.

9 LEONEL, Vilson; MOTTA, Alexandre de Medeiros. Ciência e pesquisa. 3 ed. Palhoça: Unisul virtual, 2011. p.

(16)

2 O DIREITO BRASILEIRO DE PROTEÇÃO AO DIREITO AUTORAL

No presente capítulo, frisa-se pela abordagem do direito autoral no Brasil, suas normas, princípios, direitos e deveres dos sujeitos detentores e utilizadores de obras protegidas pelo direito de autor no Brasil, para tanto, faz-se necessária primordialmente um estudo da evolução dessa legislação no país.

2.1 EVOLUÇÃO DA REGULAÇÃO DO DIREITO AUTORAL NO BRASIL

A proteção aos direitos autorais no Brasil tem seu primeiro registro a partir da Lei de 11 de agosto de 1827, nas Faculdades de Direito de Olinda e São Paulo10, onde os “Lentes” deveriam elaborar seus materiais didáticos e após passarem pela aprovação da Assembléia Geral, estes, gozariam de direitos de exclusividade sobre tais obras pelo prazo de dez anos, conforme se vê:

Art. 7.º - Os Lentes farão a escolha dos compendios da sua profissão, ou os arranjarão, não existindo já feitos, com tanto que as doutrinas estejam de accôrdo com o systema jurado pela nação. Estes compendios, depois de approvados pela Congregação, servirão interinamente; submettendo-se porém á approvação da Assembléa Geral, e o Governo os fará imprimir e fornecer ás escolas, competindo aos seus autores o privilegio exclusivo da obra, por dez annos.11

Apesar de já em época imperial haver Lei direcionando aos autores direitos por suas obras, a referida somente se aplicava ao caso citado, não sendo aplicável aos demais autores.

Aos demais, as primeiras regulamentações da matéria se deram a partir da promulgação do Código Criminal e do primeiro Código Penal, em 1830 e 1890 respectivamente, contudo, estes não conferiam direitos aos autores, apenas visavam proibir a contrafação, falsificação.12

Somente em 1891 fora conferido à autores a exclusividade pela reprodução, seja pela imprensa ou por qualquer outro meio mecânico, conforme se verifica em artigo 72, §26 da Constituição Republicana, que inclusive se referia à extensão desse direito aos herdeiros do

10 MANSO, Eduardo J. Vieira. O que é direito autoral. São Paulo: Brasiliense, 1987. p. 16.

11 BRASIL. Lei de 11 de agosto de 1827. Crêa dous Cursos de sciencias Juridicas e Sociaes, um na cidade de S.

Paulo e outro na de Olinda. Rio de Janeiro: Dom Pedro Primeiro. Disponível em:

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lim/LIM.-11-08-1827.htm. Acesso em: 14 out. 2020.

(17)

autor, pelo tempo que Lei específica determinasse13. Tal legislação se deu em 1896, sob o número 496, que ficou conhecida como Lei Medeiros de Albuquerque, isto porque seu redator foi o escritor e político que deu nome à referida Lei, esta conferia o prazo de exclusividade de 50 anos a partir da primeira publicação, ou 10 anos para traduções.14

A Lei de Medeiros de Albuquerque foi a primeira legislação específica direcionada à Direitos de Autor no Brasil, tendo sua vigência até a publicação do primeiro Código Civil, em janeiro de 1917, o qual conceituava tais direitos somente como propriedade15, não sendo mencionado qualquer direito moral em relação à utilização, reprodução, publicação ou transmissão por terceiros que não fossem detentores dos direitos autorais da obra violada.

Em 1973, cerca de oitenta anos após a última Lei autônoma, fora promulgada a de número 5.988, que passava regular os direitos autorais no Brasil, contudo, nesta época, logo após se desligar do corpo do Código Civil a jurisprudência ainda o aplicava, em muitas prejudicando sanções que imporiam a violação de Direitos Autorais.16

Após a sequência de legislações que cominou em nova Lei autônoma, chegou ao momento em que a internet dava seus primeiros passos, causando em locais mais precavidos o animus de pensar a respeito de como se daria juridicamente a relação com tal ferramenta. Esta que chegaria ao Brasil somente em 1988, conjuntamente com a atual Constituição Federal, a qual também trouxe em seus vastos incisos do artigo 5º, dois direcionados ao direito autoral, sendo eles o XXVII e XXVIII.

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: XXVII - aos autores pertence o direito exclusivo de utilização, publicação ou reprodução de suas obras, transmissível aos herdeiros pelo tempo que a lei fixar; XXVIII - são assegurados, nos termos da lei:

a) a proteção às participações individuais em obras coletivas e à reprodução da imagem e voz humanas, inclusive nas atividades desportivas;

13 SILVA JÚNIOR, Osvaldo Alves. Direitos Autorais: uma visão geral sobre a matéria. São Paulo: Âmbito

Jurídico, 2010. Disponível em: https://ambitojuridico.com.br/cadernos/direito-civil/direitos-autorais-uma-visao-geral-sobre-a-materia/. Acesso em: 19 out. 2020.

14 MANSO, Eduardo J. Vieira. O que é direito autoral. São Paulo: Brasiliense, 1987. p. 17 15 MANSO, loc. cit.

(18)

b) o direito de fiscalização do aproveitamento econômico das obras que criarem ou de que participarem aos criadores, aos intérpretes e às respectivas representações sindicais e associativas;17

Contudo, antes da chegada da nova constituinte, vários tratados e decretos foram assinados pelo país a fim de avançar na proteção aos direitos autorais e chegar a patamares em que outros países se encontravam. Para isso, tomando como base o período de 1971 a 1998, foram cerca de sete dispositivos legais, dentre convenções, como a de Berna, Universal e Genebra e Decretos, como 76.905/75, relativo à fonogramas e 75.541/75, que instituiu a Organização Mundial da Propriedade Intelectual (OMPI).18

Em um período com vários tratados e decretos sendo promulgados, culminou-se em novo dispositivo legal e autônomo, a Lei nº 9.610, de 19 de fevereiro de 1998, lei esta que “Altera, atualiza e consolida a legislação sobre direitos autorais e dá outras providências.”, estando em vigor até hoje, é didática com relação ao que se deve considerar com publicação, transmissão, emissão, retransmissão, distribuição, comunicação, reprodução, contrafação, além de definir outros termos como obras, audiovisual, fonograma, editor, produtor.19

Após a promulgação da LDA, foi em 2014 que se estabeleceu nova norma com disposições a respeito de Direitos Autorais, o Marco Civil da Internet estabelece a responsabilidade de plataformas em casos de publicações de terceiros, objeto alvo do presente estudo.20

17 BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado Federal.

Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acesso em: 20 out. 2020.

18 MARCIAL, Fernanda Magalhães. Os Direitos Autorais, sua proteção, a liberalidade na Internet e o

combate à pirataria. São Paulo: Âmbito Jurídico, 2010. Disponível em:

https://ambitojuridico.com.br/edicoes/revista-75/os-direitos-autorais-sua-protecao-a-liberalidade-na-internet-e-o-combate-a-pirataria/. Acesso em: 19 out. 2020.

19 BRASIL. Lei nº 9.610, de 19 de fevereiro de 1998. Altera, atualiza e consolida a legislação sobre direitos

autorais e dá outras providências. Brasília, DF: Presidência da República. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9610.htm. Acesso em: 19 out. 2020.

20 BRASIL. Lei nº 12.965, de 23 de abril de 2014. Estabelece princípios, garantias, direitos e deveres para o uso

da Internet no Brasil. Brasília, DF: Presidência da República. Disponível em:

(19)

2.2 PRINCÍPIOS DA PROTEÇÃO DO DIREITO AUTORAL NO BRASIL

Princípios são, no direito, norteadores de normas e disposições legais, são estes que embasam legislações a fim de protegê-los. Nas palavras de Miguel Reale.

[...] princípios gerais de direito são enunciações normativas de valor genérico, que condicionam e orientam a compreensão do ordenamento jurídico, quer para a sua aplicação e integração, quer para a elaboração de novas normas. [...]21

No âmbito autoral, Gandelman22 classifica como dez os princípios norteadores desse direito, sendo eles:

O das ideias, não que estas estariam propriamente protegidas ou nestes termos, mas sua materialização, a forma material que uma ideia ganharia seria protegida pelo direito autoral, obras literárias, artísticas, visuais, fonograma, dentre as demais maneiras de expressá-las.

Do valor intrínseco, segundo a observação do autor, as obras não seriam atribuídas à titularidade com base em uma “qualidade intelectual”, a proteção se daria em virtude da criação de uma obra, sem levar em consideração a qualidade de seu conteúdo.

Da originalidade, este princípio aduz que a proteção se dá através da original forma do autor em expressar o conteúdo apresentado, independentemente de ser o conteúdo novo ou não. A exemplo podemos levar em conta a presente obra e a de Gandelman, no capítulo relacionado aos princípios, esta toma como base a obra do autor citado, contudo, a forma de se expressar difere da fonte de pesquisa, garantindo a originalidade e a proteção contra utilizações não autorizadas.

Ao princípio da territorialidade deve-se atentar ao momento, a partir da expansão da conexão com a internet e as inúmeras publicações feitas diariamente neste meio, muitas vezes este princípio é atingido, isto porque as obras publicadas em território nacional gozam de proteção por conta de sua legislação pátria, não podendo norma brasileira incidir em território diverso. Para que haja tal proteção é que são necessários os diversos tratados a este respeito, o

21 REALE, Miguel. Lições Preliminares de Direito. 27. ed. São Paulo: Saraiva, 2002. Acesso restrito via Minha

Biblioteca. p. 331.

22 GANDELMAN, Henrique. De Gutenberg à internet: direitos autorais na era digital. 4. ed. Rio de Janeiro:

(20)

que amplia a proteção à obras publicadas em território nacional para os demais países assinantes do mesmo tratado.

O princípio dos prazos se refere ao tempo a que as obras estariam protegidas antes de cair em domínio público, ou seja, o tempo pelo qual os autores gozariam da proteção contra a reprodução, cópia ou qualquer utilização que não tenha sido devidamente autorizada.

Da autorização, princípio este que estabelece anterioridade da permissão para a utilização de determinada obra, tornando ilegal qualquer forma de uso sem a devida e expressa autorização do titular do direito autoral.

De mesma forma em que se designa o princípio da autorização, há limitadores a este, chegando-se ao princípio da limitação, que como sua própria denominação já diz, impõe limitações à exigência de autorização, sendo dispensáveis em determinadas ocasiões, novamente cita-se a presente obra, que não obteve autorização prévia e expressa de Gandelman para tomar como base sua obra.

Ao princípio da titularidade confere-se a desnecessidade de registro para certificar o titular de tal obra, a menção deste como autor confere à ele os direitos relativos à propriedade da obra em questão.

A fim de conferir proteções diferentes à obras de caráter diferentes, o princípio da independência garante ao detentor de direitos autorais a independência de uma obra à outra, ou seja, um autor que detém um livro e uma versão audiodescritiva deste, tem a possibilidade por exemplo, de, ao realizar um contrato de utilização ou reprodução fornecer apenas umas delas, não sendo obrigado a fornecer a outra em conjunto.

Por fim, Gandelman classifica o suporte físico como princípio do direito autoral, garantindo que “a simples aquisição do suporte físico ou exemplar contendo uma obra intelectual protegida não transmite ao adquirente nenhum dos direitos autorais dela.”23

2.3 DIREITOS E DEVERES DOS SUJEITOS NO DIREITO AUTORAL BRASILEIRO

Para elucidar melhor à quem são aplicadas as normas dispostas na LDA/98, é necessário conhecer os sujeitos do direito autoral, bem como seus deveres e garantias.

23 GANDELMAN, Henrique. De Gutenberg à internet: direitos autorais na era digital. 4. ed. Rio de Janeiro:

(21)

Primordialmente, o sujeito do direito autoral nada mais é do que o autor ou titular de autoria de obra intelectual24 dotada do princípio da originalidade, que conforme explicitado em seção anterior, seria a obra que tem forma original de o autor transmitir o conteúdo. Faz-se necessário também citar outro princípio neste caso, sendo o da titularidade, pois não há a necessidade de registro para aduzir o criador de determinada obra, sendo este, também sujeito do direito autoral. Por último, referencia-se à seção anterior, ao classificar o princípio do suporte físico como essencial a tal classificação, uma vez que a aquisição de uma obra não transmite direitos de autor ao comprador.

Ainda em questão primordial à abordagem de fato dos direitos e deveres, deve-se proceder à natureza jurídica destes, os quais se dividem em morais e patrimoniais, em direitos reais e pessoais. Ribeiro faz sua consideração a respeito da natureza jurídica dos direitos de autor, tratando estes com característica sui generis.

[...] a proteção recai tanto sobre o aspecto patrimonial quanto sobre o pessoal, sem que nenhuma das finalidades elimine a outra. O autor é, portanto, senhor soberano de sua obra: ele a elabora, ele dispõe se e como ela será exposta e explorada, ele aufere os lucros. Sua obra pode ser explorada de diversas formas e ele dita as regras (dentro do permitido pela legislação, obviamente) e colhe os frutos de todas elas.

Estas prerrogativas elevam o direito autoral a uma categoria peculiar dentro da legislação, sendo considerado um direito sui generis.

Foi a maneira encontrada para reunir as duas principais facetas do direito autoral e é a posição hoje adotada pela legislação brasileira, o que se depreende do fato de que há lei própria para regulamentar o direito autoral (a já citada Lei n.º 9.610/98), não se podendo valer simplesmente das normas sobre Direito das Coisas tampouco das normas sobre direitos da personalidade, no Código Civil.25

Conforme Pimenta e Pimenta “Em linhas gerais, o direito autoral tem, ao mesmo tempo, características de direito pessoal e de direito real [...]”26, portanto, o presente se prosseguirá, primeiramente tratando a respeito dos direitos morais e por seguinte dos materiais.

24 GANDELMAN, Henrique. De Gutenberg à internet: direitos autorais na era digital. 4. ed. Rio de Janeiro:

Record, 2001. p. 38.

25 RIBEIRO, Ana Clara Alves. Direitos autorais: natureza jurídica e breve análise das consequências da sua

definição. Monografia (Pós graduação em Direito Civil e Processo Civil) - Instituto Tocantinense de Pós Graduação. Gurupi/TO, 2016. Disponível em:

https://www.academia.edu/30263023/Direitos_autorais_natureza_jur%C3%ADdica_e_breve_an%C3%A1lise_d as_consequ%C3%AAncias_da_sua_defini%C3%A7%C3%A3o_2016_. Acesso em: 29 out. 20.

26 PIMENTA, Eduardo; PIMENTA, Rui Caldas. Dos crimes contra a propriedade intelectual. 2. ed. São

(22)

2.3.1 Direitos morais no direito autoral brasileiro

Para Gandelman, o direito moral é o “[...] que garante ao criador o controle à menção de seu nome na divulgação de sua obra e o respeito à sua integridade, além dos direitos de modificá-la, ou de retirá-la de circulação [...]”27

A Lei de direitos autorais é taxativa em seu artigo 24 ao estabelecer quais seriam os direitos morais do autor.

Art. 24. São direitos morais do autor:

I - o de reivindicar, a qualquer tempo, a autoria da obra;

II - o de ter seu nome, pseudônimo ou sinal convencional indicado ou anunciado, como sendo o do autor, na utilização de sua obra;

III - o de conservar a obra inédita;

IV - o de assegurar a integridade da obra, opondo-se a quaisquer modificações ou à prática de atos que, de qualquer forma, possam prejudicá-la ou atingi-lo, como autor, em sua reputação ou honra;

V - o de modificar a obra, antes ou depois de utilizada;

VI - o de retirar de circulação a obra ou de suspender qualquer forma de utilização já autorizada, quando a circulação ou utilização implicarem afronta à sua reputação e imagem;

VII - o de ter acesso a exemplar único e raro da obra, quando se encontre

legitimamente em poder de outrem, para o fim de, por meio de processo fotográfico ou assemelhado, ou audiovisual, preservar sua memória, de forma que cause o menor inconveniente possível a seu detentor, que, em todo caso, será indenizado de qualquer dano ou prejuízo que lhe seja causado.28

Portanto, é expresso em lei que autores e titulares de direitos de autor tem preservação moral de suas obras. Afonso ainda disserta a respeito das características que revestem os direitos morais de autor, dotando estes como absolutos por terem efeito sobre todos, impenhoráveis por não poderem ser objeto de caução ou propriamente de penhora e irrenunciáveis pois não pode o autor abandonar voluntariamente. Quanto a inalienabilidade, aduz que “[...] não se transferem. Quando da morte do autor o que se transfere não é o direito propriamente dito e sim o seu exercício [...]”.29

27 GANDELMAN, Henrique. De Gutenberg à internet: direitos autorais na era digital. 4. ed. Rio de Janeiro:

Record, 2001. p. 37.

28 BRASIL. Lei nº 9.610, de 19 de fevereiro de 1998. Altera, atualiza e consolida a legislação sobre direitos

autorais e dá outras providências. Brasília, DF: Presidência da República. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9610.htm. Acesso em 29 out. 2020.

29 AFONSO, Otávio. Direito autoral: conceitos essenciais. Barueri, SP: Manole, 2009. E-book. Acesso restrito

(23)

Ainda, Afonso caracteriza os conteúdos que o direto moral do direito autoral compreende, divido-os em direitos de inédito, o qual garante ao autor a faculdade de expor sua obra ao público ou mantê-la no âmbito privado; o direito à paternidade, assegurando-lhe o direito de o autor ter seu nome associado à sua obra, podendo se dar a qualquer tempo; o direito à integridade dá ao autor a segurança de que sua obra permaneça original, sem que ninguém possa modificá-la, alterá-la podendo o autor se opor a tais adulterações que prejudiquem ou agridam sua condição de autor; o direito à modificação, esta feita pelo próprio autor, fato que faz com que não se fira característica anterior, tal modificação pode se dar a qualquer tempo, mesmo após publicação; por último, o direito ao arrependimento, garantindo ao autor o direito de retirar sua obra da veiculação pública ou suspender autorização anteriormente cedida para que terceiro utilize de tal obra.30

Portanto, a título de direitos morais de autor e titulares de autoria, são garantidos os direitos o de reivindicar, à paternidade, à integridade, o de conservar, de modificar, de se arrepender e ter acesso a exemplar único, além das garantias de inalienabilidade, impenhorabilidade, irrenunciabilidade, além de serem absolutos tais direitos.

2.3.2 Direitos patrimoniais no direito autoral brasileiro

Como explicitado anteriormente, o direito autoral é dotado de direitos morais e patrimoniais, este último abrangerá questões relacionadas a obra em si, não levando-se em consideração a relação pessoal do autor com sua criação.

Tal direito patrimonial recai sobre os poderes do autor de usar, dispor, fruir e autorizar sua utilização ou fruição por terceiros, no todo ou em parte.31 O artigo 28 da LDA/98 dispõe expressamente sobre os direitos patrimoniais do autor, sendo os mesmos expressos na citada obra de Pimenta e Pimenta.

30 AFONSO, Otávio. Direito autoral: conceitos essenciais. Barueri, SP: Manole, 2009. E-book. Acesso restrito

via Minha Biblioteca. p. 37.

31 PIMENTA, Eduardo; PIMENTA, Rui Caldas. Dos crimes contra a propriedade intelectual. 2. ed. São

(24)

Para Gandelman, é o “[...] que visa regular as relações jurídicas da utilização econômica das obras intelectuais.”32. Afonso inclusive estabelece não necessidade de haver uma relação exaustiva de possíveis usos, facultando entre as partes acordantes a possibilidade de fracionar tais usos, como exemplo, o autor cita as relações de espaço e tempo da autorização para utilização de tal obra33, ou seja, em um acordo entre criador e utilizador de determinada obra, estes podem determinar onde tal utilização terá autorização e por quanto tempo.

Nos termos de Pimenta e Pimenta “Adquire-se um dos ou todos os direitos autorais patrimoniais por ato entre vivos, pela cessão feita pelo autor, ou por terceiro detentor de tais direitos, em termos totais ou parciais, a título provisório ou definitivo, que se fará por escrito e presumir-se-á onerosa.”34

A proteção aos direitos patrimoniais de autor se regem a partir do Título III, Capítulo III da Lei 9.610/98 (LDA), especificamente, o artigo 29 dispões dos casos em que é necessária a expressa autorização do autor para utilização de obra de sua criação.

Art. 29. Depende de autorização prévia e expressa do autor a utilização da obra, por quaisquer modalidades, tais como:

I - a reprodução parcial ou integral; II - a edição;

III - a adaptação, o arranjo musical e quaisquer outras transformações; IV - a tradução para qualquer idioma;

V - a inclusão em fonograma ou produção audiovisual;

VI - a distribuição, quando não intrínseca ao contrato firmado pelo autor com terceiros para uso ou exploração da obra;

VII - a distribuição para oferta de obras ou produções mediante cabo, fibra ótica, satélite, ondas ou qualquer outro sistema que permita ao usuário realizar a seleção da obra ou produção para percebê-la em um tempo e lugar previamente determinados por quem formula a demanda, e nos casos em que o acesso às obras ou produções se faça por qualquer sistema que importe em pagamento pelo usuário;

VIII - a utilização, direta ou indireta, da obra literária, artística ou científica, mediante: a) representação, recitação ou declamação;

b) execução musical;

c) emprego de alto-falante ou de sistemas análogos; d) radiodifusão sonora ou televisiva;

e) captação de transmissão de radiodifusão em locais de freqüência coletiva; f) sonorização ambiental;

g) a exibição audiovisual, cinematográfica ou por processo assemelhado;

32 GANDELMAN, Henrique. De Gutenberg à internet: direitos autorais na era digital. 4. ed. Rio de Janeiro:

Record, 2001. p. 37.

33 AFONSO, Otávio. Direito autoral: conceitos essenciais. Barueri, SP: Manole, 2009. E-book. Acesso restrito

via Minha Biblioteca. p. 39.

34 PIMENTA, Eduardo; PIMENTA, Rui Caldas. Dos crimes contra a propriedade intelectual. 2. ed. São

(25)

h) emprego de satélites artificiais;

i) emprego de sistemas óticos, fios telefônicos ou não, cabos de qualquer tipo e meios de comunicação similares que venham a ser adotados;

j) exposição de obras de artes plásticas e figurativas;

IX - a inclusão em base de dados, o armazenamento em computador, a microfilmagem e as demais formas de arquivamento do gênero;

X - quaisquer outras modalidades de utilização existentes ou que venham a ser inventadas.35

Para tanto, é evidentemente garantido ao autor a proteção patrimonial de suas obras e criações, seja ela para utilização, fruição e disposição, contudo, há de estabelecer os limites a que tais determinações alcançam pois, mesmo que haja proteções contra as formas de utilização da obra, há casos em que tais determinações não são afetadas, sendo dispostas em artigo 46 da LDA/98, conforme se vê:

Art. 46. Não constitui ofensa aos direitos autorais: I - a reprodução:

a) na imprensa diária ou periódica, de notícia ou de artigo informativo, publicado em diários ou periódicos, com a menção do nome do autor, se assinados, e da publicação de onde foram transcritos;

b) em diários ou periódicos, de discursos pronunciados em reuniões públicas de qualquer natureza;

c) de retratos, ou de outra forma de representação da imagem, feitos sob encomenda, quando realizada pelo proprietário do objeto encomendado, não havendo a oposição da pessoa neles representada ou de seus herdeiros;

d) de obras literárias, artísticas ou científicas, para uso exclusivo de deficientes visuais, sempre que a reprodução, sem fins comerciais, seja feita mediante o sistema Braille ou outro procedimento em qualquer suporte para esses destinatários;

II - a reprodução, em um só exemplar de pequenos trechos, para uso privado do copista, desde que feita por este, sem intuito de lucro;

III - a citação em livros, jornais, revistas ou qualquer outro meio de comunicação, de passagens de qualquer obra, para fins de estudo, crítica ou polêmica, na medida justificada para o fim a atingir, indicando-se o nome do autor e a origem da obra; IV - o apanhado de lições em estabelecimentos de ensino por aqueles a quem elas se dirigem, vedada sua publicação, integral ou parcial, sem autorização prévia e expressa de quem as ministrou;

V - a utilização de obras literárias, artísticas ou científicas, fonogramas e transmissão de rádio e televisão em estabelecimentos comerciais, exclusivamente para demonstração à clientela, desde que esses estabelecimentos comercializem os suportes ou equipamentos que permitam a sua utilização;

VI - a representação teatral e a execução musical, quando realizadas no recesso familiar ou, para fins exclusivamente didáticos, nos estabelecimentos de ensino, não havendo em qualquer caso intuito de lucro;

VII - a utilização de obras literárias, artísticas ou científicas para produzir prova judiciária ou administrativa;

35 BRASIL. Lei nº 9.610, de 19 de fevereiro de 1998. Altera, atualiza e consolida a legislação sobre direitos

autorais e dá outras providências. Brasília, DF: Presidência da República. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9610.htm. Acesso em 30 out. 2020.

(26)

VIII - a reprodução, em quaisquer obras, de pequenos trechos de obras preexistentes, de qualquer natureza, ou de obra integral, quando de artes plásticas, sempre que a reprodução em si não seja o objetivo principal da obra nova e que não prejudique a exploração normal da obra reproduzida nem cause um prejuízo injustificado aos legítimos interesses dos autores.36

A fim de exemplificar o disposto em artigo anterior, toma-se como base a presente obra, que, ao se utilizar de obras para a criação de outra obra, faz por citar as preexistentes, tornando-se assim um uso legal para as criações citadas, não ferindo os direitos patrimoniais de autor dos criadores, mesmo que não haja autorização preexistente.

Determinados sujeitos, direitos, deveres, bem como, disposições legais e principiológicas do direito autoral brasileiro e sendo o objeto do estudo uma análise comparativa entre os direitos de autor no Brasil e na União Europeia, procede-se a necessidade de abranger os mesmos temas em relação a legislação do Bloco Europeu, ao passo que se faz no seguinte capítulo.

36 BRASIL. Lei nº 9.610, de 19 de fevereiro de 1998. Altera, atualiza e consolida a legislação sobre direitos

autorais e dá outras providências. Brasília, DF: Presidência da República. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9610.htm. Acesso em 30 out. 2020.

(27)

3 O DIREITO DA UNIÃO EUROPEIA DE PROTEÇÃO AO DIREITO AUTORAL

No terceiro capítulo, frisar-se-á por entender o funcionamento dos direitos autorais europeus, para isso é necessário que se aborde a evolução do direito autoral nesta região, seguido pelos princípios que a regem e por fim, entendendo quais seriam tais privilégios para os sujeitos abrangidos pelo direito autoral, estudos que passam a se fazer a seguir.

3.1 EVOLUÇÃO DA REGULAÇÃO DO DIREITO AUTORAL NA UNIÃO EUROPEIA

No âmbito europeu os direitos de autor nem sempre foram reconhecidos através de normas e disposições legais, mas era certo que a partir da introdução da escrita na Grécia, em 700 a.c., traria mudanças, pois a introdução de uma cultura letrada criaria abismos entre a que se iniciava e a anterior.37

Em tempos romanos a única proteção dada aos autores era a moral, não havia disposição legal a fim de garantir alguma proteção às suas obras, mas havia a consciência de sempre se reconhecer que tais obras eram bens de seus autores, impondo-se sanções morais, como o repúdio público aos contrafatores, motivo pelo qual se sabe e tem registro até os tempos atuais de quem era a autoria destas obras.38

Até tais tempos, a reprodução de obras ainda se dava se forma manual e mesmo que alguém se apropriasse destas, ainda levaria demasiado tempo para a reprodução e divulgação como se proprietário fosse. A maior preocupação com a proteção da autoria de obras passaria a se dar a partir do desenvolvimento da imprensa, com Gutemberg, no século XV, a partir da impressão gráfica.39

Portanto, anteriormente a Gutenberg, o direito autoral, por não ter legislação específica, se redigia a partir do direito de propriedade, pois aquele que era autor de uma determinada obra era proprietário de um objeto material.40 Tal realidade começou sua mudança após Gutenberg

37 GANDELMAN, Henrique. De Gutenberg à internet: direitos autorais na era digital. 4. ed. Rio de Janeiro:

Record, 2001. p. 29.

38 MANSO, Eduardo J. Vieira. O que é direito autoral. São Paulo: Brasiliense, 1987. p. 8 – 9. 39 GANDELMAN, op. cit., p. 30.

40 AFONSO, Otávio. Direito autoral: conceitos essenciais. Barueri, SP: Manole, 2009. E-book. Acesso restrito

(28)

e o reconhecimento do copyright, primeiramente com o Licensing Act. de 1662, que já proibia a impressão de qualquer livro que não estivesse devidamente licenciado.41 Gandelman afirma que esta era uma das maneiras de se fazer uma censura prévia, uma vez que os livros que, de alguma forma, ofendessem os interesse dos licenciadores não eram publicados.42

Após, em 1709, fora publicado no Reino Unido o Copyright Act., o próximo avanço na concessão de direitos aos autores de obras, nesta se fazia presente também na preservação de das obras do autor, onde a Coroa concedia proteção contra cópias pelo período de 21 anos após o registro formal.43

Em 1789 foi a vez da Revolução Francesa trazer evolução a este tema, conceituando os direitos morais ao autor, trazendo à tona alguns dos aspectos citados em 2.3.1, como o ineditismo, a paternidade e a integridade, sendo estes direitos inalienáveis e irrenunciáveis, prezando pela conservação da obra, mesmo que haja a cessão dos direitos patrimoniais da obra.44

Configurada a existência de fato dos direitos autorais, através de normas, a evolução deste direito na Europa se deu através de tratados, até a constituição do bloco europeu em 1983, que passou a orientar a legislação dos países membros através de diretivas e leis, aprovadas pelo parlamento Europeu. A fim de estender a evolução desta regulação, passa-se a discorrer a respeitos dos tratados assinados pelos principais países Europeus, seguido pelas diretivas que orientam os direitos de autor a partir da formação da União Europeia.

O primeiro dos Tratados referentes ao direito autoral foi o de Berna, assinado em 1886 por países como Bélgica, França, Alemanha, Itália, Espanha, Suíça e Reino Unido, ganhando a adesão de outros 172 países nos anos seguintes.45 A convenção foi revista pela última vez em Paris, em 1971, mas traz como principal ponto a colaboração entre os signatários para a proteção de obras literárias e artísticas em todos os países unionistas do tratado.

41 CHARLES II, 1662: An Act for preventing the frequent Abuses in printing seditious treasonable and

unlicensed Bookes and Pamphlets and for regulating of Printing and Printing Presses. British History Online. Disponível em: https://www.british-history.ac.uk/statutes-realm/vol5/pp428-435. Acesso em: 10 nov. 2020.

42 GANDELMAN, Henrique. De Gutenberg à internet: direitos autorais na era digital. 4. ed. Rio de Janeiro:

Record, 2001. p. 31.

43 GANDELMAN, loc. cit. 44 Ibid., op. cit., p. 32.

45 WIPO-Administered Treaties: Contracting Parties > Berne Convention. WIPO. Disponível em:

(29)

Após Berna, foi Roma quem sediou a convenção relativa aos direitos autorais, no ano de 1961, garantindo a artistas, produtores de fonogramas e organizações de radiodifusão contra a reprodução não autorizada ou para fins diferentes do autorizado de suas obras ou as quais teriam direitos.46 Mesmo em meio a Guerra Fria, vários foram os países que hoje integram a União Europeia e aderiram a convenção, como Áustria, Alemanha (ocidental), Dinamarca, França, Itália e Espanha, algo que poderia já indicar que tais países estavam indo de encontro a um ponto comum em suas legislações, o que mais tarde veio a formar o bloco econômico europeu.

Além das duas convenções citadas, ainda houveram outras, como a de Genebra, relativa a fonogramas e a Universal sobre os direitos de autor. A partir da formação da União Europeia, com a existência de um parlamento europeu, direcionando a legislação dos países integrantes através de diretivas, o direito autoral continuou a ter um caminho semelhante para esses países. São quatro as principais diretivas que tratam de direitos autorais desde a formação da União Europeia, iniciando pela 96/9/CE, dispondo a respeito do direito autoral de bases de dados, ferramenta de extrema valia e que o parlamento europeu notou não ter proteção jurídica suficiente à autoria destas, salienta-se que os direitos autorais protegidos nesta diretiva são relativos exclusivamente ao sistema de bases de dados, não se estendendo para as obras nela indexadas.47

A fim de harmonizar a legislação dos Estados-Membros, em 2001 o Parlamento Europeu aprovou a diretiva 2001/29/CEE, onde, por meio de seu artigo 2º garante a autores, artistas intérpretes ou executantes, produtores de fonogramas, produtores de primeiras fixações de filmes e organismos de radiodifusão a exclusividade para autorizar ou proibir reproduções, sejam elas diretas ou indiretas, temporárias ou permanentes, no todo ou em parte e por qualquer meio ou forma.48

46 SUMMARY of the Rome Convention for the Protection of Performers, Producers of Phonograms and

Broadcasting Organisations (1961). WIPO. Disponível em:

https://www.wipo.int/treaties/en/ip/rome/summary_rome.html. Acesso em: 10 nov. 2020.

47 UNIÃO EUROPEIA. Diretiva 96/9/CE do Parlamento Europeu e do Conselho de 11 de Março de 1996.

Relativa à proteção jurídica das bases de dados. Estrasburgo: Parlamento Europeu, 1996. Disponível em: https://eur-lex.europa.eu/legal-content/PT/TXT/?uri=CELEX%3A31996L0009&qid=1604548452916. Acesso em: 10 nov. 2020.

48 UNIÃO EUROPEIA. Diretiva 2001/29/CE do Parlamento Europeu e do Conselho, de 22 de Maio de

(30)

Novamente visando harmonizar a legislação dos Estados-Membros, desta vez em virtude da disparidade entre o prazo de proteção dos direitos de autor, em 2006 foi publicada a diretiva 2006/116/CE, estabelecendo tal proteção durante toda a vida e após a morte pelo prazo de 70 anos, isto para obras literárias, a diretiva também estabelece prazo igual para obras audiovisuais ou cinematográficas.49

Chega-se enfim a diretiva 2019/790, a qual reconhece um nível elevado de proteção dos direitos autorais, mas faz a ressalva de que a rápida evolução tecnológica muda também a forma de se criar, produzir, distribuir e explorar, motivo que fez com que o parlamento europeu redigisse a nova diretiva, visando o futuro, isso porque “[...] a insegurança jurídica mantém-se, tanto para os titulares de direitos como para os utilizadores, no que diz respeito a determinadas utilizações de obras e outro material protegido no contexto digital.”50

Tal diretiva, em seu artigo 17, orienta que os serviços de compartilhamento tenham um acordo de concessão de licenças para com os autores, e que tal acordo compreenda também atos realizados pelos utilizadores da plataforma. Tal determinação se dá para a proteção aos direitos de autor, os quais tem sido amplamente violados em território virtual.

A última diretiva é o objeto de estudo do presente trabalho, visando compreender a quem seria atribuída a responsabilidade por publicações de conteúdos com direitos autorais reservados, contudo, anteriormente faz-se necessária a compreensão dos princípios que orientam tais regulações, bem como os direitos a que estão vinculados os sujeitos do direito autoral.

informação. Estrasburgo: Parlamento Europeu, 2001. Disponível em: https://eur-lex.europa.eu/legal-content/PT/TXT/?uri=CELEX%3A32001L0029&qid=1604548536995. Acesso em: 10 nov. 2020.

49 UNIÃO EUROPEIA. Diretiva 2006/116/CE do Parlamento Europeu e do Conselho de 12 de Dezembro

de 2006. Relativa ao prazo de proteção do direito de autor e de certos direitos conexos. Estrasburgo: Parlamento

Europeu, 2006. Disponível em:

https://eur-lex.europa.eu/legal-content/PT/TXT/?uri=CELEX%3A32006L0116&qid=1604548663420. Acesso em: 10 nov. 2020.

50 UNIÃO EUROPEIA. Diretiva (UE) 2019/790 do Parlamento Europeu e do Conselho, de 17 de abril de

2019. Relativa aos direitos de autor e direitos conexos no mercado único digital e que altera as Diretivas 96/9/CE

e 2001/29/CE. Estrasburgo: Parlamento Europeu, 2019. Disponível em: https://eur-lex.europa.eu/legal-content/PT/TXT/?uri=CELEX:32019L0790. Acesso em: 10 nov. 2020.

(31)

3.2 PRINCÍPIOS DA PROTEÇÃO DO DIREITO AUTORAL NA UNIÃO EUROPEIA

A Directive on Copyright in the Digital Single Market (2019/790), traz em sua redação a seguinte disposição: “A presente diretiva respeita os direitos fundamentais e observa os princípios reconhecidos, nomeadamente, na Carta. Deste modo, a presente diretiva deverá ser interpretada e aplicada nos termos desses direitos e princípios.”51 Portanto, a busca por tais princípios se dará na Carta de Direitos Fundamentais da União Europeia.52

A primeira, destaca-se o artigo 11 da Carta, o qual garante a liberdade de expressão, sendo abrangente a extensão deste, se dando em relação a liberdade opinativa, de receber e transmitir informações ou ideias, respeitando o pluralismo das comunicações sociais. Como se sabe, tal princípio tem importância no âmbito dos direitos autorais, pois é por meio de suas obras que escritores, artistas, intérpretes, músicos e entre outros expressam suas opiniões, tanto políticas quanto vivenciais.

O artigo 17 da Carta garante o princípio do direito à propriedade, colocando a propriedade intelectual neste meio. Pode-se perceber que a ideia de uma obra como propriedade, vista nos tempos romanos, se mantém ainda hoje, com a diferença legislativa às obras e às demais propriedades.

No 21º artigo da Carta de Direitos Fundamentais, tem-se a “não discriminação”, constante no Título III, do princípio da Igualdade, atenta-se para o dispositivo de número dois deste artigo, o qual proíbe a discriminação em razão da nacionalidade. Em um bloco econômico, formado por diversos países e havendo uma regulação uniforme para todos, é essencial que o tratamento de uma obra oriunda de determinada nacionalidade não tenha direitos diversos de uma obra de uma segunda nacionalidade.

O que nos leva ao princípio da Imparcialidade, disposto intrinsicamente no artigo 47, garantindo que os tribunais julgadores de lides deverão ser imparciais.

51 UNIÃO EUROPEIA. Diretiva (UE) 2019/790 do Parlamento Europeu e do Conselho, de 17 de abril de

2019. Relativa aos direitos de autor e direitos conexos no mercado único digital e que altera as Diretivas 96/9/CE

e 2001/29/CE. Estrasburgo: Parlamento Europeu, 2019. Disponível em: https://eur-lex.europa.eu/legal-content/PT/TXT/?uri=CELEX:32019L0790. Acesso em: 11 nov. 2020.

52 UNIÃO EUROPEIA. Carta de Direitos Fundamentais da União Europeia. O Parlamento Europeu, o

Conselho e a Comissão proclamam solenemente como Carta dos Direitos Fundamentais da União Europeia o texto a seguir reproduzido. Estrasburgo: Parlamento Europeu, 2007. Disponível em:

(32)

Portanto, procede-se ao princípio da proporcionalidade, este, disposto tanto no artigo 49 da Carta, quanto em artigo 17, número 5 da Diretiva 2019/790, garantindo que:

Para determinar se o prestador de serviço cumpriu as obrigações que lhe incumbem por força do n.o 4, e à luz do princípio da proporcionalidade, devem ser tidos em conta, entre outros, os seguintes elementos:

a) O tipo, o público-alvo e a dimensão do serviço e o tipo de obras ou material protegido carregado pelos utilizadores do serviço; e

b) A disponibilidade de meios adequados e eficazes, bem como o respetivo custo para os prestadores de serviços.53

Tal princípio, conforme dita o referido artigo 49 da Carta, aduz que não será aplicada pena mais grave do que o aplicável no momento da infração, ou seja, mesmo que haja lei posterior agravando a infração, a punição se dará conforme a lei vigente na data da infração.

Citada a Diretiva relativa aos direitos de autor, aproveita-se também para dispor o princípio da remuneração adequada, previsto em artigo 18 desta Diretiva, o qual garante que os Estados-membros assegurarão o direito de o detentor de direitos autorais receber remuneração adequada e proporcionada sobre a transferência de direitos de obra protegida.

Alguns dos princípios manifestam-se também como direitos dos autores, o que não obsta que sejam citados como princípios, pois como visto em 2.2, princípios nada mais são que normas de valor genérico que orientam o ordenamento jurídico.54

Contudo, mesmo que haja visto os princípios que orientam os direitos de autor, não significa que são somente estes seus direitos, motivo que faz necessária a seguinte sessão.

3.3 DIREITOS E DEVERES DOS SUJEITOS NO DIREITO AUTORAL DA UNIÃO EUROPEIA

Ao observar a Diretiva 2019/790, subtrai-se os sujeitos do direito autoral como os próprios autores de obras, aqueles que, de algum modo detenham direitos autorais sobre

53 UNIÃO EUROPEIA. Diretiva (UE) 2019/790 do Parlamento Europeu e do Conselho, de 17 de abril de

2019. Relativa aos direitos de autor e direitos conexos no mercado único digital e que altera as Diretivas 96/9/CE

e 2001/29/CE. Estrasburgo: Parlamento Europeu, 2019. Disponível em: https://eur-lex.europa.eu/legal-content/PT/TXT/?uri=CELEX:32019L0790. Acesso em: 11 nov. 2020.

54 REALE, Miguel. Lições Preliminares de Direito. 27. ed. São Paulo: Saraiva, 2003. Acesso restrito via Minha

(33)

determinadas obras, os utilizadores destas obras e traz também as plataformas de compartilhamento de mídia como sujeitos destes direitos e deveres.

Colocar plataformas de compartilhamento de mídias como sujeitos de tais direitos e deveres expande a abrangência e proteção para os produtores, autores e detentores de direitos autorais, pois, por certo, quando se estende a responsabilidade à grandes empresas, há também a maior garantia de ressarcimento em casos de violação destes direitos. No entanto, tal discussão terá continuidade mais à frente.

O estudo dos direitos e deveres desses sujeitos se dará com base na Diretiva 2001/29/CE, relativa à harmonização dos direitos de autor e direitos conexos. Tal diretiva, conforme já citado em 3.1, expõe a necessidade de a legislação dos Estados-Membros prever o direito exclusivo de autorizar ou proibir reproduções, sejam elas diretas ou indiretas, temporárias ou permanentes, no todo ou em parte, sejam elas por quaisquer meios e formas para os seguintes sujeitos:

a) Aos autores, para as suas obras;

b) Aos artistas intérpretes ou executantes, para as fixações das suas prestações; c) Aos produtores de fonogramas, para os seus fonogramas;

d) Aos produtores de primeiras fixações de filmes, para o original e as cópias dos seus filmes;

e) Aos organismos de radiodifusão, para as fixações das suas radiodifusões, independentemente de estas serem transmitidas por fio ou sem fio, incluindo por cabo ou satélite.55

Em redação praticamente idêntica à anterior, o artigo 3º da Diretiva citada garante aos mesmos sujeitos e relativas às mesmas obras o exclusivo direito de autorizar ou proibir qualquer comunicação ao público de suas obras em favor dos autores e o direito exclusivo de autorizar ou proibir a colocação à disposição dos público aos demais sujeitos. Atenta-se para a sutil diferença entre a exclusividade dos sujeitos, ao qual ao autor será a comunicação ao público e aos demais a colocação à disposição.

55 UNIÃO EUROPEIA. Diretiva 2001/29/CE do Parlamento Europeu e do Conselho, de 22 de Maio de

2001. Relativa à harmonização de certos aspectos do direito de autor e dos direitos conexos na sociedade da

informação. Estrasburgo: Parlamento Europeu, 2001. Disponível em: https://eur-lex.europa.eu/legal-content/PT/TXT/?uri=CELEX%3A32001L0029&qid=1604548536995. Acesso em: 12 nov. 2020.

Referências

Documentos relacionados

CONSIDERANDO que o médico que utilizar a telemedicina sem examinar presencialmente o paciente deve decidir com livre arbítrio e responsabilidade legal se as informações recebidas

O objetivo deste trabalho é analisar a qualidade das águas superficiais da lagoa do bairro Nossa Senhora Aparecida, em Pirapora, Minas Gerais, a partir dos

RESULTADOS DOS TRÊS PROJETOS MUNICIPAIS APOIADOS PELO PROGRAMA LIFE: PIGS – Projeto Integrado para Gestão de. Suiniculturas (2000-2003), REAGIR – reciclagem de Entulho no Âmbito

Sensibilização da pele: Com base nos dados disponíveis, os critérios de classificação não são cumpridos. Mutagenicidade em células germinativas

manifestações clínicas (incluindo convulsões generalizadas), alteração da atenção e da fala, perda de memória, neuropatia periférica e polineuropatia (doença que afeta um

Diante desse quadro, o Instituto de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper) desenvolveu o presente estudo sobre os custos de produção do café das montanhas do

koji prihvatiše Put Života, prebivaju u Svetlosti Elohima.. Oni, koji prihvatiše Put Života, prebivaju u Svetlosti

Na edição seguinte das Paralimpíadas, em Londres (2012), obteve mais três medalhas de ouro, nas provas individual, estilo livre e por equipe.. Atualmente, afirma a