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De Colégio Agrícola à Escola Agrotécnica Federal de Castanhal: mudanças

No documento GLEICE IZAURA DA COSTA OLIVEIRA (páginas 197-200)

Com base nas proposições da Reforma da Educação Profissional — REP — (LDB Nº 9394/1996, Decreto Nº 2208/97), foram verificadas as seguintes mudanças no currículo em relação ao modelo implantado pelo Sistema Escola-Fazenda: na estrutura e na diversificação dos cursos, na flexibilidade para a organização do currículo e no perfil estipulado para os egressos.

A flexibilidade na organização do currículo é uma das características das prescrições da REP. Esta flexibilidade relaciona-se a dois aspectos: primeiro, na possibilidade da instituição em estruturar seu currículo em módulos ou disciplinas; e segundo, na adequação dos conteúdos e das propostas dos cursos às necessidades demandadas pelo mercado de trabalho.

No Projeto do Curso Técnico em Agropecuária com Habilitação em Zootecnia e Agricultura está prescrito o perfil esperado dos egressos desses cursos. Abaixo foram elencados os itens que estão em sintonia com os preceitos da REP no que diz respeito às novas habilidades exigidas para o setor produtivo.

No Projeto do Curso Técnico em Agropecuária com Habilitação em Zootecnia (2000, p.6) o perfil exigido é:

Desenvolver a capacidade de gerenciar projetos na área zootécnica; Promover a redução de custos na produção;

Elaborar e analisar projetos nas áreas zootécnicas; Gerenciar e atuar em empresas ligadas ao setor rural; Assessorar projetos e promover a formação de cooperativas; Auxiliar em trabalhos de pesquisa;

Elaborar, aplicar e monitorar programas profiláticos, higiênicos e sanitários na produção animal.

No Projeto do Curso Técnico em Agropecuária com Habilitação em Agricultura (2000, p.32), no perfil exigido, estão elencados os conhecimentos necessários à formação do técnico, que refletem as exigências do paradigma profissional estabelecido pela Reforma da Educação Profissional:

Planejar e executar projetos na área de produção de mudas e sementes; Elaborar, acompanhar e avaliar projetos agrícolas;

Analisar a situação técnica, econômica e social da Região, identificando as atividades peculiares da área a ser implantada;

Organizar e monitorar: A exploração e manejo do solo de acordo com as suas características;

Planejar e acompanhar a colheita e pós-colheita;

Conceber e executar projetos paisagísticos, identificando estilos, modelos, elementos vegetais, materiais e acessórios a serem empregados.

A proposta vivenciada durante o Sistema Escola-Fazenda tinha como preocupação central o aprendizado de procedimentos técnicos. No modelo da Reforma da Educação Profissional, a preocupação relaciona-se a habilidades mais complexas, que envolvem gerenciamento, assessoramento de projetos e até pesquisa. O técnico, além de fazer, gerencia os processos de produção.

Dessa forma, as exigências para a formação pautam-se no aprendizado de processos de gerenciamento, planejamento e assessoramento, o que exige do educando habilidades que vão além dos domínios de meros procedimentos técnicos, permanecendo na formação a relação íntima com o mercado de trabalho, pois, o perfil do técnico mudou devido às novas configurações dos processos de produção.

No que diz respeito aos aspectos que permaneceram, observa-se a dualidade, que no Sistema Escola-Fazenda estava relacionada à organização das disciplinas. Nos modelos prescritos pela REP, esta dualidade se amplia às modalidades do ensino. Pois, de acordo com o Decreto Nº 2.208/1997, Art.5º, “A educação profissional de nível médio terá organização curricular própria e independente do ensino médio, podendo ser oferecida de forma concomitante ou seqüencial a este.”

A independência de uma modalidade de ensino em relação à outra tende a confirmar a histórica divisão entre a formação geral e o ensino profissional, como já dissemos no 3º capítulo, só que agora com outras características. Nesse contexto os pressupostos da história do currículo explicam que algumas características continuam presentes nele, mas algumas vezes com outra denominação.

O quadro construído a seguir tem o objetivo de sistematizar as mudanças e permanências que aconteceram no currículo no período que compreende a promulgação da Lei 5692/71 até o fim da vigência do Decreto Nº 2208/1997, revogado pelo Decreto 5154/2004, atualmente em vigor.

QUADRO 26: De Patronato Agrícola à Escola Agrotécnica Federal de Castanhal - Mudanças e Permanências no Currículo

Patronato Agrícola Manoel Barata Escola de Iniciação Agrícola/ Mestria Agrícola Manoel Barata Colégio Agrícola

Manoel Barata Federal de Castanhal- Escola Agrotécnica PA

Mudanças/

Permanências Decreto Federal Nº 12.893/1918, Decreto Lei Nº 1.957/1920, Decreto Federal Nº 15.149/1921 Lei Nº 5692/71 /Parecer Nº 45 /1972/ Sistema Escola Fazenda LDB Nº 9394/96/ Decreto Nº 2208/1997 Mudanças na Estrutura dos Cursos

Não havia um sistema de ensino organizado, o curso

ministrado no Patronato Agrícola Manoel Barata tinha o objetivo de ensinar um ofício, a leitura e escrita.

A partir desta lei o ensino agrícola passou a ter uma

organização e seqüência. O aluno ao concluir o primeiro ciclo do ensino agrícola recebia o certificado de conclusão do Ensino Primário e ao cumprir o 2º ciclo concluía o Ensino Secundário. O ensino médio e o ensino técnico formavam um sistema único.

O Ensino Médio e o Ensino Técnico foram separados em duas modalidades.

Mudanças na Organização do

Currículo

Ao concluir o curso no Patronato Agrícola não havia possibilidades do menor prosseguir nos estudos, o ensino agrícola era desviculado de outras modalidades de ensino. Os cursos articulavam-se entre si e com outras modalidades de ensino , os alunos poderiam prosseguir seus estudos até o ensino superior, embora na mesma área de ensino. Os conteúdos relacionados ao aprendizado técnico eram ministrados na parte diversificada do currículo . Separadas as duas modalidades: ensino médio e ensino técnico, os conteúdos da formação técnica foram organizados em módulos. Mudança no Perfil de Formação O objetivo dos conhecimentos ministrados no Patronato Agrícola Manoel Barata era regenerar, disciplinar, por meio da reclusão e da aprendizagem de um ofício. Formar capatazes, feitores do campo.

Formar cidadãos patriotas, produtores eficientes, utilizando para atingir este objetivo as disciplinas de História do Brasil, Geografia do Brasil, instrução Moral e Cívica, Canto Orefeônico, Educação Física e as disciplinas de Cultura Técnica. Formar técnicos agrícolas de acordo com os padrões da agricultura industrializada utilizando para este fim a metodologia do SEF, com as disciplinas da parte diversificada ministradas nas UEPS de Agricultura, Zootecnia,

Mecanização Agrícola, Agroindústria e a Cooperativa Escola.

Formar técnicos agrícolas com habilidades de gerenciar, assessorar, pesquisar, elaborar projetos agrícolas e zootécnicos. Elaborar, aplicar e monitorar as técnicas necessárias aos processos produtivos

Permanece a Dualidade

Divisão dos conteúdos e disciplinas em cultura técnica e cultura geral

Permanece a divisão dos conteúdos e disciplinas com outra denominação : Bases Instrumentais, Científicas e Tecnológicas e nas modalidades de ensino: Ensino Médio e Ensino Técnico

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A pesquisa realizada sobre a História do Currículo da EAFC-PA proporcionou-nos conhecer o lugar que esta instituição vem ocupando no cenário da educação profissional, na área Agropecuária brasileira e paraense.

Constatamos que, desde sua fundação como Patronato Agrícola Manoel Barata até a última Reforma da Educação Profissional implementada pela LDB Nº 9394/96 e o Decreto Nº 2208/97, as mudanças que se estabeleceram na instituição tiveram o objetivo de fazer cumprir os projetos e concepções de educação dos projetos de governo em cada período estudado.

A trajetória histórica por nós delineada expressa a análise dos documentos coletados nos arquivos da instituição, que nos deram indícios de que estes foram os períodos de reorganização da instituição na esfera administrativa e curricular. Essa hipótese foi confirmada quando fizemos os levantamentos bibliográficos, mostrando que havia uma relação consistente entre os documentos a respeito da instituição e o cenário social, político e econômico, que influenciaram as políticas para a educação profissional na área agropecuária, e foram adotadas pela EAFC-PA.

Nesse sentido, constatamos que, desde sua fundação como Patronato Agrícola Manoel Barata, a atual EAFC-PA tem sido uma instituição oficial estratégica na implementação das políticas de educação profissional na área Agropecuária.

As análises realizadas com base nas questões norteadoras delineadas para esta pesquisa nos permitem destacar os seguintes aspectos, com relação às prescrições oficiais que foram implantadas na instituição desde sua fundação como Patronato Agrícola Manoel Barata até as recentes reformas em decorrência da LDB Nº9393/96. Cabe ressaltar que foi possível sistematizá-las e verificar de que forma influenciaram nos currículos adotados na instituição.

No levantamento documental por nós realizado constatamos que as prescrições abaixo influenciaram nas mudanças e permanências curriculares da instituição: o Decreto Federal Nº 12.893, de 28 de fevereiro de 1918, o Decreto Lei Nº 1.957, de 17 de novembro de 1920, o Decreto Federal Nº 15.149, de 1º de Dezembro de 1921, a Lei Orgânica do Ensino Agrícola (Decreto- lei Nº 9.613 de 20 de agosto de 1946) e a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional N º4.024/61, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional Nº 5.692/71, o Parecer do Conselho Federal de Educação Nº 45/ 72 e os manuais que explicam a metodologia do Sistema Escola-Fazenda, a LDB Nº 9394/96, o Decreto Nº 2.208/97, o Parecer Nº 16/1999, que trata das Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação

No documento GLEICE IZAURA DA COSTA OLIVEIRA (páginas 197-200)