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de leais súbditos da Coroa a régulos, despóticos e absolutos

Apesar do impacto sem precedentes que o conjunto destas medidas reformistas, aqui sumariamente elencadas, teve no território, deve referir-se que ele não foi o único que espelhava a importância estratégica e a proteção dada aos índios no discurso colonial e nos jogos de poder levados a cabo pelo governador e capitão-general do estado do Grão-Pará.

Uma outra frente protecionista constituiu-se na guerra que Mendonça Furtado abriu em relação aos intermediários, os indivíduos que no período anterior a 1750 – isto é, num período em que ainda não existiam as leis de proteção dos índios acima mencionadas e quando não era respeitada a legislação que sobre estas matérias anteriormente se tinha publicado (por exemplo, a lei de 1 de Outubro de 1680)15 – faziam a ligação entre a sociedade colonial paraense e as sociedades

14 Roller 2010, 438; Mello 2015, 160. 15 Chambouleyron et Bombardi 2011.

ameríndias dos sertões amazónicos. Ou seja, as mesmas pessoas que estavam profundamente envolvidas no comércio das drogas do sertão e, sobretudo, no tráfico de mão de obra escrava, e que alimentavam uma dinâmica social e económica que ligava o interior (e os seus sertões) ao litoral (e aos núcleos urbanos constituídos pelas cidades e povoações em seu redor). Estes intermediários eram, então, os responsáveis por uma parte significativa dos “descimentos de índios”, expressão que designava os mecanismos de obtenção de pessoas com vista à sua conversão ao cristianismo e à sua inserção no mercado de trabalho indígena, necessário a missionários, a colonos e à Coroa.16

Convirá, a esta altura, esclarecer que a primeira metade do século XVIII coincidiu com um período em que a atuação de tropas de resgates e os descimentos privados redobraram nos sertões amazónicos. Estas tropas de resgate eram geralmente constituídas por um capitão e pelo seu assistente, por um ou dois missionários (por norma jesuítas), um escrivão, soldados, comerciantes de escravos e índios recrutados nos aldeamentos missionários. O processo era iniciado com a negociação de um acordo entre o capitão de resgate e as lideranças indígenas locais, cimentado com dádivas de aguardente, missangas e ferramentas. Dava-se seguidamente início à captura dos indígenas pelos sertões. Noutros casos, as tropas praticavam diretamente assaltos às aldeias indígenas, aprisionando os seus habitantes. Os resgatados eram reunidos em “currais”, localizados nas aldeias, e ali ficavam durante o tempo de atuação das tropas. Posto isto, os índios deviam ser objeto de um inquérito conduzido pelo missionário, destinado a apurar a legitimidade do cativeiro e a registar as características físicas dos resgatados. No período de intensificação dos resgates (1740 e 1750), estes registos viriam a revelar‑se cada vez mais sumários. Por isso, mas também devido à natureza eminentemente ilícita do tráfico, estas práticas de captura não podem ser quantificáveis. Embora se possa afirmar que tiveram, sem dúvida alguma, um impacto significativo no despovoamento do território amazónico.17 Márcio Meira mostra, de forma clara, como muitas das

capturas realizadas ao longo desta época foram particularmente violentas e ilegais e como escapavam aos critérios de guerra justa e à validação eclesiástica, compondo

16 Chambouleyron 2013. 17 Dias 2009, 89-92.

os casos considerados “duvidosos” devido à inexistência de “línguas” e à ausência de missionários que legitimassem a captura.18

Pode relacionar‑se estas buscas incessantes de índios para escravizar com, por exemplo, as quebras demográficas provocadas por epidemias de “bexigas”, que, com frequência, grassavam no Maranhão e no Pará. As pestes eram interpretadas, pela sociedade colonial deste período, como “rigorosos golpes da espada da Divina Justiça” desferidos sobre os “bárbaros e selvagens” índios.19 Mas a

intensificação da captura de indígenas deve igualmente associar‑se ao aumento de mão de obra requerida pela sociedade colonial com vista à extração de cacau e de outras drogas do sertão, como o anil, o pau-cravo, o óleo de copaíba, a salsaparrilha e a baunilha, entre outros produtos exóticos, que foram cada vez mais usados nos reinos europeus ao longo do século XVIII.

Entre as regiões-alvo da ação predatória dos grupos de captura humana mencionem-se os rios Negro, Japurá, Orenoco e Branco, considerados, nas descrições de missionários do período, como locais quase inesgotáveis de “índios gentílicos”. Quanto aos grupos étnicos, as capturas recaíam sobre, entre outros, Uaupé, Uariquena, Baré, Baiana, Mabano.20 O objetivo das expedições era capturar

indígenas, descê-los para os núcleos urbanos e reparti-los pela sociedade colonial. Desta forma, alimentava‑se a necessidade voraz de mão de obra compulsiva em Belém, nos aldeamentos missionários e nos povoados coloniais. Era aqui que os índios eram ressocializados em intensos processos de metamorfose, que caracterizavam um quotidiano repleto de tensões, negociações e conflitos.21

Importará ainda sublinhar que, até meados de Setecentos, o mundo de trabalho na Amazónia colonial era dominado, grosso modo, pelas ordens religiosas,

particularmente a Companhia de Jesus e a Província Franciscana de Santo António. Desde a promulgação do Regimento das Missões, datado de 21 de Dezembro de 1686, e a divisão do território amazónico entre as ordens religiosas, ocorrida em 1693, que os missionários detinham a quase exclusividade da administração

18 Meira 1994, 10-12. 19 Chambouleyron et al. 2011. 20 Andrello 2004, 60. 21 Resende 2017.

temporal e espiritual dos índios aldeados.22 Por estes regulamentos, apenas os padres

podiam entrar nas aldeias indígenas, onde exerciam uma autoridade tutelar e coerciva sobre os índios. Esta circunstância dava-lhes condições privilegiadas no acesso à mão de obra indígena, uma questão que foi notada pela sociedade colonial laica e que bastas vezes se tornou num fator de tensão entre moradores e missionários.23

As ordens religiosas assumiram, ao longo da primeira metade de Setecentos, um papel fundamental no assentamento de núcleos urbanos pela bacia hidrográfica amazónica, constituindo redes de povoados que foram indispensáveis à ocupação do território e à sua exploração económica. Estas missões eram igualmente pontos de partida e de apoio às atividades que os missionários realizavam, no sentido de persuadir as populações indígenas aos “descimentos”, e foram uma das causas do imenso poder económico detido pelas ordens religiosas no norte do Brasil.

Mas se as ordens, e muito especificamente os jesuítas, detinham um controlo quase absoluto sobre as populações indígenas aldeadas, houve situações pontuais em que a Coroa vislumbrou alternativas para obter um acesso privilegiado à força de trabalho indígena. De igual modo, também os moradores souberam tirar partido de conjunturas específicas para aumentarem a mão de obra disponível e intensificarem os descimentos privados.24 Era o que, por exemplo, ocorria por altura das já referidas

epidemias de sarampo e varíola, que tão devastadoras consequências tiveram entre os índios das capitanias do Pará e Maranhão.

Barbara Sommer afirma que, no período imediatamente anterior às reformas empreendidas por Mendonça Furtado, as tropas oficiais perderam gradativamente importância na captura legal e ilegal de indígenas em detrimento das expedições privadas. Ou seja, ao longo da primeira metade do século XVIII, assiste-se ao aumento de tropas de resgate capitaneadas por “loyal servants to the crown”,

organizadas e financiadas por particulares, que intensificaram a sua atuação no rio Negro. E cita os nomes de Lourenço de Belfort, Estácio Rodrigues, João da Cunha Correia, Cristóvão Aires Botelho, Francisco Portilho de Melo, Pedro Martins de Braga e Francisco Xavier de Andrade como indivíduos envolvidos nessas ações. 22 Souza e Mello 2009, 85‑94.

23 Dias 2009, 23-25.

A autora calcula que terão descido mais de 10 250 escravizados, que viriam a ser distribuídos pela sociedade colonial paraense.25

Devido ao poder que, quer através de alianças e tratados, quer pelo uso da força, tinham sobre os índios, estes intermediários detinham prestígio sobre vários grupos indígenas. Tal como influenciavam quase todos os estratos da sociedade colonial paraense, que dependia deles no que dizia respeito ao provimento de mão de obra indígena. Ou seja, eram poderosos simultaneamente nos sertões amazónicos e na sociedade colonial. Financiados e apoiados por colonos abastados, enriqueciam com os descimentos consensuais ou forçados de índios, com as capturas ilegais e com a recoleção das drogas do sertão amazónicas.26

O reconhecimento desta atividade é visível nas recompensas que recebiam de governadores e capitães-generais, que os nomeavam para vários postos militares. A atuação de tropas de guerra e resgates era então, e ao longo da primeira metade do século XVIII, considerada como um serviço à Coroa digno de louvor.27

Um outro elemento‑chave que é enfatizado por Barbara Sommer, para a caracterização destes indivíduos, consiste nas ligações matrimoniais que estabeleciam com índias que eram filhas ou parentes de lideranças. A reconhecida abertura das comunidades indígenas às relações de alteridade permitia uma fácil inserção destes indivíduos, considerados amigos e aliados, a quem eram concedidos presentes e mulheres. Devido a estas uniões, aparecem designados, nas fontes da época, com o vocábulo cunhamenas. Ser cunhamena era uma norma utilizada para formalizar as

alianças políticas, comerciais e militares celebradas com os principais indígenas e era um fator decisivo para reforçar um poder que também se media pelo número de aliados e de homens de armas que controlavam. Para além deste vocábulo, aparece ainda um outro termo que lhes está associado: o de “poderosos” ou “régulos do sertão”, que expressa não apenas o poder que detinham, mas que reflete igualmente

o autoritarismo, a incontrolabilidade, a prepotência dos seus comportamentos e atos. Os meados do século XVIII trouxeram, porém, uma mudança significativa a este panorama. As alterações já se prenunciavam com a promulgação da lei de 21 25 Sommer 2005.

26 Sommer 2005, 413, 419. 27 Russell-Wood 2005, 369.

de Março de 1747, que ordenava que as tropas de resgate que andavam dispersas pelos sertões se recolhessem e que se condenassem os culpados no crime “de fazer peças contra a lei”. Tal foi o caso de António e João de Braga, Francisco Portilho de Melo, António Carlos e António Ribeiro da Silva.28

Na opinião de Márcio Meira, ocorreu igualmente uma alteração na forma como o registo dos índios resgatados passou a ser feito. Até esse período, o apresamento de indígenas dos rios Negro e Japurá era marcado pela violência, pela crueldade e pela morte. Mas, a partir desta altura, os assentamentos tornaram-se mais resumidos, destinados a registar as peças e a mostrar como estas seriam catequizadas e destinadas a um trabalho livre e assalariado.29

O aparecimento em cena de Mendonça Furtado acentuou os conflitos motivados pelo confronto entre os objetivos de centralização política e administrativa propostos pelo governador – que tinha como uma das suas prioridades a integração dos indígenas na sociedade colonial – e os interesses dos cunhamenas, que lucravam

substancialmente com os descimentos e com a escravização indígena: “Mendonça Furtado would end a way of life that for generations had brought the cunhamenas power and wealth as the unrulky vanguard of territorial expansion.”30

Chegado a Belém em Setembro de 1751, o governador e capitão-general proclamou, a 4 de Dezembro de 1752, um decreto régio proibindo os homens brancos que viviam dispersos pelos sertões de aceitarem, “a título de mulheres”, as filhas e parentes dos principais ameríndios. Extraditava os culpados destas práticas para Lisboa, condenando-os a serem chicoteados e enviados por um período de cinco anos para as galés. Repare-se como esta medida pode, numa interpretação mais superficial, ser considerada como um paradoxo em relação a uma das “pedras de toque” da política integracionista de Mendonça Furtado para a bacia hidrográfica amazónica: o incentivo dado aos casamentos mistos entre luso-brasileiros e índias.

No entanto, torna‑se perfeitamente justificável se for enquadrada à luz das medidas de cerceamento de poder que o governador queria aplicar aos cunhamenas e aos

“régulos do sertão”. 28 Domingues 2009, 124. 29 Meira 1994, 12. 30 Sommer 2006, 769.

As fontes consultadas em arquivos portugueses, brasileiros, ingleses e espanhóis mostram como estes homens eram muitos, para além de ricos, poderosos e incontroláveis; e como, à revelia da lei de 1752, persistiam nas práticas de cunhamena

e no tráfico indígena.

Tal como já foi feito por Barbara Sommers para a primeira metade do século, noto que continuam a surgir nomes, como é o caso de Francisco Portilho de Melo, Pedro e Francisco de Braga, Manuel Dias Cardoso, Manuel Carlos, o cabo‑de‑esquadra José Moniz, Francisco Xavier de Morais, Francisco Craveiro, José da Costa, Euquério de Brito.

Quem eram, durante este período, os indivíduos cujo negócio, fonte da sua riqueza e base do seu poder, consistia nos “descimentos” e no tráfico de índios escravizados? O que explica as mudanças ocorridas na forma como o poder governativo passou a encarar estes intermediários, agora considerados como uma ameaça ao controlo que o governador e os homens afetos a Pombal pretendiam implantar sobre a Amazónia? Estes evocavam uma autoridade que, em última instância, se destinava a centralizar, sem restrições ou limites, o poder político na pessoa do rei D. José I através do seu representante legítimo, o governador Mendonça Furtado.

À semelhança do que já foi observado para período anterior, considero que as categorias índios e europeus ou dominados e dominantes são desajustadas

para descrever a complexidão das relações de poder que se estabeleceram nos sertões amazónicos em meados de Setecentos.31 Um exemplo claro disso é o

caso que aqui analisamos, o dos régulos e poderosos do sertão envolvidos no tráfico. Senão vejamos. Os intermediários que, por esta altura, atuavam na bacia hidrográfica amazónica tinham origens familiares, sociais e raciais muito diferentes, personificando a diversidade étnica, cultural e social existente nas relações humanas e simbolizando a sofisticação das dinâmicas e dos processos negociais que se constituíam nas zonas mais remotas destes espaços imperiais portugueses.

Os estudos de caso selecionados contribuem para fortalecer este argumento, na medida em que ressaltam a riqueza e a complexidade destes matizes: eram 31 Sommer 2005, 405; Schwartz 1996, 7‑27.

brancos, índios, negros ou miscigenados; alguns tinham nascido no reino, outros no Brasil; eram filhos de pais brancos ou mestiços; as suas mães podiam ser indígenas ou negras, tal como podiam ser “princesas”, filhas e parentes de lideranças, ou escravas. Estes homens podiam deter um estatuto elevado na sociedade colonial e possuir um considerável património urbano e fundiário, que lhes permitia sustentar amplas e complexas redes, constituídas por homens armados e informantes. Eram predominantemente laicos, mas os religiosos também atuavam na captura de indígenas. Falavam português e, conjuntamente, várias línguas e dialetos indígenas. Eram indivíduos que tinham família no mundo colonial; mas também tinham mulheres, filhos e parentes nos mundos indígenas.

Aqui, nos sertões afastados, “sendo filhos da Igreja, admitiam todos os ritos dos gentios”: abandonavam os preceitos da religião católica e vestiam-se como índios; tal como os demais, tomavam nomes indígenas, tatuavam-se com urucu e jenipapo, participavam dos sacrifícios, “fumos” e rituais ligados aos cultos ancestrais: desenterravam os ossos dos antepassados e cultuavam-nos com bebidas alcoólicas, evocações demoníacas e açoitamentos rituais. Como já foi mencionado, tomavam as filhas e as parentes dos principais por mulheres, sendo então a poligamia uma prática comummente seguida. Através de vínculos de consanguinidade e pactos de amizade, asseguravam estatuto, autoridade, riqueza e poder. Controlavam inúmeros aldeamentos indígenas e chefiavam exércitos particulares constituídos por largas centenas de homens armados.

Em suma, estes poderosos do sertão dominavam vários e complexos códigos de conduta e detinham capacidades linguísticas e culturais, diplomáticas e persuasórias que lhes tinham sido transmitidas por seus pais, tios e antecessores, que se tinham dedicado a estas práticas anteriormente; ou, então, que eles iam adquirindo ao longo dos muitos anos de residência entre índios e colonos. Estas competências pessoais eram usadas, sempre que possível, para persuadirem pacificamente os índios a relocalizarem‑se, a descerem.

De entre muitos, quero destacar dois indivíduos cujos trajetos de vida considero serem paradigmáticos de como os mundos indígena e colonial se interligavam de forma inextricável na Amazónia de meados de Setecentos. São eles Pedro de Braga e Francisco Portilho de Melo. Poderosos nos “sertões” e nas

“cidades”, estes homens eram fatores de instabilidade, sobretudo porque eram concorrentes entre si. Eram acusados de promoverem motins entre os índios e as tropas que capitaneavam para apurarem “sobre qual havia de ser mais poderoso e ter mais mulheres”.

O capitão‑de‑descimentos Pedro de Braga era sobrinho e afilhado do já mencionado Pedro Martins de Braga, que, na primeira metade de Setecentos, aparecia como um nome sonante associado ao tráfico indígena.32 Nascido na

freguesia da Sé, em Belém do Pará, onde também foi batizado, Pedro de Braga era um homem poderoso e um régulo do sertão, que tinha aprendido com seu tio a prática dos descimentos privados. Tinha como mãe uma índia, que era escrava na sociedade paraense, enquanto seu pai era um nobre oriundo do reino que tinha ido para a Amazónia em busca de fortuna e terras. Até meados do século XVIII, Braga era um dos tentáculos mais poderosos de uma rede de tráfico que atuava no sertão, constituída pelos seus irmãos – António, Pedro, Sebastião, Francisco, que era também soldado na fortaleza de Mariuá (Barcelos) – e pelos seus cunhados e filhos. Mas este grupo contava ainda com a colaboração dos padres da Companhia de Jesus e de missionários carmelitas, como era o caso do padre José da Trindade. A participação dos religiosos neste tráfico demonstrava, de forma clara, como havia confluência de interesses entre civis e religiosos quando se tratava de descer índios do sertão. Afinal, quando o assunto era os “escravos ameríndios”, o nome de Pedro de Braga figurava entre os fornecedores regulares da Companhia de Jesus e dos Carmelitas.

O outro indivíduo que aqui merece especial destaque é Francisco Portilho de Melo, que durante 20 anos exerceu o posto de soldado na guarnição de Belém e que, pelo menos desde 1737, atuava como capitão-de-descimentos. Também formava uma rede atuante nos sertões do rio Negro, acompanhado por seu pai, Domingos, e por seus irmãos, Nicolau, Domingos e Baltazar; pelos jesuítas Miguel Ângelo e Aquiles Maria Avogadri, pelo alferes Tomás Luís Teixeira e por um cunhado do secretário do governo do estado do Maranhão e Grão-Pará e explorador da bacia hidrográfica dos rios Madeira, Mamoré e Guaporé, José Gonçalves da Fonseca.33

32 Sommer 2005, 419-20.

“Este sujeito por cauza dos muitos annos que tem daquelle certão e boa inteligência com os gentios está com um tal número de índios sujeitos à sua ordem que me persuado passão de seis aldeias e todas opulentas”.34 Era assim que Joaquim

Miguel Lopes da Gama se referia à tropa anónima que Portilho de Melo chefiava, construída por 600-700 homens de armas, mamelucos, brancos, índios, negros e mestiços. Com estes bandos, resistia aos exércitos coloniais e capturava índios. O poder que exercia sobre estas centenas de homens armados era reforçado pelas alianças matrimoniais que estabelecia com as filhas e parentas dos principais. Isso fazia dele um cunhamena.

Os mecanismos de controlo da Coroa no sertão: