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CARACTERIZAÇÃO DO CAMPO DE PESQUISA

2.2 DE VOLTA À EMEI: 2ª FASE DO TRABALHO DE CAMPO.

Em outubro do segundo ano desta pesquisa, retornei ao campo para continuar as observações após uma leitura compreensiva mais aprofundada do referencial teórico da pesquisa. Esse maior embasamento possibilitou elaborar as principais questões que nortearam as observações junto às professoras e às crianças (Anexo 4). A leitura de LUDKE e ANDRÉ (1986) acerca da observação auxiliou muito a retomada dessa fase da pesquisa, na medida em que as observações passaram a ocorrer de uma forma mais sistemática.

No dia três de outubro do segundo ano da pesquisa, procurei a Secretaria Municipal de Educação e Cultura – SMEC para obtenção de uma autorização para retornar à EMEI. A responsável pelas EMEIs solicitou que fossem entregues um projeto e um ofício, nos quais deveriam estar especificados os objetivos da pesquisa, as ações que seriam desenvolvidas e um cronograma. É importante lembrar que no segundo ano da pesquisa, houve mudança de governo municipal e, por conseguinte, a Secretaria de Educação, como todas as outras Secretarias, passou a ser dirigida por uma nova equipe.

No mesmo dia em que fiz a solicitação, os documentos foram enviados à SMEC. A resposta, no dia seguinte, foi positiva. O projeto havia sido encaminhado à diretora da unidade escolar, juntamente com a solicitação de autorização para a pesquisa.

Fiz contato telefônico com a diretora, que marcou para o dia oito de outubro, uma segunda-feira, um encontro. Nesse dia, pela manhã, teve lugar uma conversa preliminar, em que foram explicados à diretora os objetivos do retorno à EMEI. Foi passada, então, a relação de cada turma, com o turno e a professora responsável. Conjuntamente, foi decidido realizar um sorteio para se determinarem as turmas que iriam ser observadas.

Esse processo indicou para o trabalho de observação duas turmas de cada idade, pertencentes a turnos diferentes. Inicialmente, pensamos em observar uma turma de cada idade, mas durante a conversa com a diretora, chegamos ao consenso de que seria mais adequado abranger turnos diferentes para justamente não diferenciar professoras. A diretora alertou que o melhor processo para a indicação das turmas a serem observadas seria mesmo o sorteio, pois alguma professora, se não fosse uma das escolhidas, poderia inferir que seu trabalho não era considerado bastante bom para ser observado.

Ficou decidido que a observação ocorreria durante três dias, no mínimo, em cada sala, o que significou dedicar seis dias para cada idade. Ao todo, o trabalho de observação perfez 21 dias, nos diferentes turnos e turmas. Entretanto, para algumas turmas, foi necessário dedicar mais dias, especialmente aquelas de 5 e 6 anos, que realizavam rotinas diferentes das demais turmas e atividades mais diversificadas.

Combinamos que a observação começaria já no dia seguinte, às 8 horas. No início, as observações começavam às 8 horas, no turno da manhã, e às 13 horas e 30 minutos, no turno da tarde. Posteriormente, as observações passaram a ocorrer logo no início do período, às 7 horas e 30 minutos horas e às 13 horas, mesmo porque, nessa primeira meia hora, quando os alunos chegavam e era organizada a sala para as atividades, era possível observar também a chegada das crianças e as falas das mães -- ou de outros responsáveis -- que as levavam. Mostrou-se importante inteirar-se o máximo possível do que acontecia, da chegada à saída das crianças, pois esse maior conhecimento de suas rotinas contribuiria muito para o posterior trabalho de análise.

Na elaboração de uma agenda para as observações, notou-se que haveria semanas interrompidas por feriados e festas. Mesmo assim, ficou combinado com as professoras que seriam feitas as observações também nessas semanas com feriados, pois não era necessário que se dedicasse uma semana inteira para todas as idades e turmas; mesmo em semanas interrompidas, seriam observadas seis turmas, sendo duas de cada idade, nos dois períodos.

O primeiro dia de observação foi bastante dispersivo. Conversei com as professoras e lhes entreguei, como havia sido prometido, as fitas gravadas que continham as entrevistas cedidas por elas no ano anterior. Elas estavam bastante eufóricas com a semana das crianças (relacionada com o Dia das Crianças), preparando atividades e materiais para elas. Ofereci ajuda, caso precisassem. Comentavam que fariam um cavalinho-de-pau com cabo de vassoura e cabeça de cartolina para as crianças. A idéia era que, a cada dia, elas tivessem um brinquedo diferente.

Ao observar uma atividade de rotina no parque, notei que a turma de quatro anos estava com as turmas de cinco e seis anos. Para que esse encontro aconteça, primeiramente cada professora planeja as outras atividades de forma para que todas essas crianças estejam livres na hora do parque. Depois, a professora se posiciona de modo que possa vigiá-las e garantir que não se machuquem. Às crianças, agrada muitíssimo ir ao parque e as professoras acreditam que usufruir esse espaço é importante.

A professora mantinha-se recortando um pequeno elefante de papel, cujo molde havia sido dado por outra professora. Enquanto a professora vigiava e cuidava das crianças, interagia com elas e também com as outras professoras. A partir desse primeiro dia, as observações seguiram as rotinas diárias, atentando-se para as falas e os fatos que posteriormente seriam reproduzidos. Em alguns momentos, refletia acerca do observado e realizava descrições da sala, das atividades, da escola e do modo de proceder das professoras. Seguiam dessa forma as anotações no Diário de Campo.

Após o término do trabalho de observação, ao final do ano, retomei o referencial teórico, que orientou a elaboração das temáticas para as análises das entrevistas e das observações realizadas nos dois anos de coleta de dados (ver Anexo 5).

Para se proceder à análise, foram usadas as entrevistas com as dez professoras de sala, com as duas professoras de Educação Física e com a diretora, bem como as observações das turmas em que todas as professoras atuavam e as observações do primeiro ano da pesquisa. Para iniciar a análise das entrevistas e das observações, usei como exemplo o trabalho de GALVÃO (1996) por considerá-lo um bom estudo de caso em uma pré-escola e pela Autora ter utilizado, com muita propriedade, observações acerca da rotina diária dessa instituição.